CAPÍTULO 4

     Fiquei em silêncio, parado no meu escritório enquanto observava Olívia Hale sair como uma tempestade furiosa. A porta se fechou com um estalo seco, mas sua presença... ainda pairava no ar. O perfume sutil, a fúria nos olhos, a altivez nas palavras. Aquela garota não fazia ideia da linha que cruzou, mas eu faria questão de mostrar o preço.

Audácia.

Ela ousou me desafiar. Me recusar. Me enfrentar como se não soubesse com quem estava lidando.

Mas saberia… em breve.

Caminhei até minha mesa com passos calculados e peguei o celular. Meus dedos dançaram na tela até encontrar o número dele. Jhon.

Ele atendeu no primeiro toque.

— Senhor Miller. — Sua voz era firme, atenta. Sempre pronta.

— Escute com atenção, Jhon. — minha voz saiu baixa, mas afiada como navalha. — Quero um dossiê completo sobre uma pessoa. Nome: Olívia Hale. Vinte e três anos. Estudante de Direito. Descubra tudo. Família, histórico, rotina, vínculos, relacionamentos, amizades, ambições... até mesmo os segredos que ela esconde no fundo da alma. Quero saber de cada respiração que ela deu nos últimos cinco anos. Se ela tem uma fraqueza, qualquer que seja, eu quero em minhas mãos. Para ontem. Você me entendeu?

— Sim, senhor. Vai ter tudo isso antes do sol nascer.

Desliguei sem dizer mais uma palavra.

Olívia Hale.

Ela não era como as outras. Ela me enfrentou. Ela me rejeitou. E isso... só me atiçava ainda mais.

    Caminhei até a parede de vidro e encarei a cidade lá embaixo, mergulhada em luzes artificiais e sombras reais. Suspirei, a mandíbula cerrada, os punhos fechados.

— Eu nunca fui rejeitado. — murmurei para mim mesmo, o gosto amargo da novidade queimando na língua. — Elas se dobram, se oferecem, imploram… cada uma delas faria qualquer coisa por um olhar meu. Mas ela… ela vai aprender. Vai entender. Porque ninguém vira as costas para Dante Miller sem pagar o preço.

O silêncio foi interrompido pelo toque do celular. Olhei o visor. Mamãe.

Suspirei, irritado, mas atendi.

— Filho, finalmente! Achei que tinha desaparecido do mapa. — a voz dela veio como veludo envolto em espinhos.

— Mãe… eu ando atolado em compromissos. A senhora sabe como minha rotina é infernal. — disse, mantendo o tom polido, mas distante.

— E desde quando isso é desculpa para esquecer a própria mãe? — ela retrucou com aquele tom doce demais para ser inofensivo. — Você precisa de uma pausa, Dante. Venha jantar comigo esta noite. Já mandei prepararem sua refeição preferida... E não, não aceito recusas.

Hesitei. Minha mãe era uma mulher inteligente. Manipuladora. E sempre tinha uma segunda intenção por trás de cada convite.

— Tudo bem, eu vou. — respondi, por fim, num tom que deixava claro que não estava rendido. — Mas não espere que eu fique por muito tempo.

— Ah, meu querido… só o tempo suficiente para conversarmos. — disse ela, com um sorriso que quase podia ser ouvido. — Estarei te esperando. — E desligou.

     Meu coração ainda martelava no peito, as mãos trêmulas de pura raiva e desespero. Eu estava arruinada. Totalmente. Tudo por causa daquele cretino egocêntrico, arrogante e… maldito Dante Miller.

Como eu pude ser tão estúpida? Quem em sã consciência enfrenta o homem mais poderoso do setor jurídico de Nova York e espera sair ilesa?

     Suspirei pesadamente, encostada na porta do meu pequeno apartamento em Manhattan. Uma casinha simples, alugada com sacrifício, sustentada por bolsa de estudos e dois empregos de meio período. Larguei minha bolsa no sofá rasgado e me joguei na poltrona velha, esticando as pernas e encarando o teto mofado.

— E agora… o que eu faço? — murmurei, apertando os olhos para conter as lágrimas.

     Peguei o celular para ligar para Ethan, meu melhor amigo na faculdade, a única pessoa que entenderia o que eu estava sentindo. Mas, antes que pudesse discar, a tela se acendeu com um número desconhecido.

Atendi, hesitante.

— Alô?

— Olívia… — a voz do outro lado me fez congelar. Era minha mãe.

— Mãe? Por que está me ligando de outro número? — perguntei já em alerta. Quando se trata da minha mãe, isso nunca é um bom sinal. Ela tinha um talento especial para atrair o caos.

— Não pergunta nada, Olívia, só me escuta. Eu… eu tô presa. — a voz dela soou trêmula, como se estivesse segurando o choro.

Meu corpo inteiro enrijeceu.

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Comments

Maria Cruz

Maria Cruz

Pronto está aí o ponto fraco dela e é aí que ele vai entrar cortando igual faca 🔪 afiada no mamão🤦‍♀️🙅‍♀️

2025-04-12

5

Selma

Selma

O mimadinho ficou com o ego ferido porque foi rejeitado. Idiota, tomara que ela lhe faça sofrer bem muito.

2025-04-12

4

Sandra Camilo

Sandra Camilo

que triste, a Olivia é u.a guerreira

2025-04-12

2

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