04

Lily deu uma risadinha.

“Ah, eu não sei disso.”

O pai dela pegou a bagagem de Lily e piscou por cima do ombro. “É melhor ir enquanto ainda está claro.”

“Vejo você mais tarde, amorzinho.”

"Tchau, mãe!" Lily acenou por cima do ombro, mas então parou e correu de volta, jogando os braços em volta da cintura de Emily, seus cachos castanhos caindo em cascata ao redor de sua cabeça. "Eu te amo tanto!" Suas roupas novas diziam que ela era uma pré-adolescente e crescida, mas seus abraços doces revelaram que a doce garotinha que Emily conhecia ainda estava lá.

“Eu também te amo.” Emily escondeu suas lágrimas.

O pai dela piscou novamente. “Ligaremos todos os dias se você quiser.”

Emily assentiu. Era bobagem que ela estivesse se emocionando com aquilo. Ela só ia se divertir com alguns velhos amigos que, por acaso, tinham a sua idade, eram atraentes e homens — e que, coincidentemente, continuavam solteiros. E mesmo que Emily também estivesse solteira agora, ela deveria poder passar um tempo com eles sem chamar tudo de encontro. Ela balançou a cabeça. Que confusão complicada.

Ela estaria lá principalmente a negócios, de qualquer forma. A primeira cúpula dos príncipes reais seria a oportunidade de networking do século, e ela não perderia isso por nada.

Ela observou Lily ir embora na limusine dos pais até o carro virar no quarteirão seguinte.

Timothy Parsons pigarreou atrás dela. O mordomo deles fazia parte da família desde antes que Emily pudesse se lembrar. “Ah, Parsons. Lá vai ela.”

"Ela realmente quer, senhora. E se não me engano, a senhora logo virá?"

Emily levantou o pulso para verificar as horas. "Meu Deus. Você tem razão." Ela subiu as escadas correndo. Já estava quase pronta, mas ainda queria se refrescar um pouco e revisar sua lista uma última vez. Seus quartos davam para os fundos da propriedade deles em New Hampshire. Havia um poço antigo lá que sempre a fazia sorrir. Corria o boato de que soldados revolucionários e depois soldados da União haviam bebido do poço deles.

O pai dela tinha instalado uma grade no topo dela alguns anos atrás. E quando Emily e Lily se mudaram de volta, Emily ficou muito grata por a ameaça potencial de cair ter sido eliminada.

Quando Emily era mais nova, ela costumava revirar os olhos para os lembretes da mãe para ficar longe do poço. Ela achava que Emily estava querendo cair? Mas quando se tornou mãe, ela finalmente apreciou a vigilância da mãe.

Sua mãe estava certa sobre quase tudo. Até sobre o ex-marido de Emily. Ela a avisara sobre ele, mas aceitara sua decisão de se casar com ele e o amara apesar de todos os seus defeitos. Até Emily vir até ela, tremendo e chorando por causa da agressão. Então, ela se tornara a defensora de que Emily precisava, a forte fachada de resistência a qualquer pensamento de voltar para Jackson. Sua mãe não o mencionara mais depois disso. Também não mencionara Rhett — pelo menos não pelo nome —, mas a lembrança dele pairava à margem de qualquer conversa sobre sua vida amorosa.

Ela jogou seu maiô, bolsa de maquiagem e saltos favoritos na mala e fechou o zíper. "Estou pronta", ela gritou.

Parsons a chamou pelo interfone. “O carro chegou. Vou pedir para o motorista vir buscar sua bagagem.”

"Obrigada. E obrigada por sempre cuidar de tudo enquanto estamos fora."

“Sempre foi um prazer.”

Quando tudo estava arrumado e ela estava a caminho do aeroporto, ela se recostou no assento e fechou os olhos. O piloto mandou uma mensagem dizendo que o jato estava pronto para decolar. Tudo o que ela tinha que fazer era subir a bordo e ela partiria. Ela sorriu. O Mediterrâneo. Velhos amigos. E novos. E Rhett. Ela sentiu seu rosto franzir. O que ela faria com Rhett? Ignorá-lo, possivelmente. Talvez ele não viesse?

Ela balançou a cabeça. Impossível. Pelo que ela sabia, ele era o cérebro por trás daquela reunião da realeza. E ela tinha sido convidada. Ela poderia ter sido adicionada à lista por qualquer número de pessoas, simplesmente por ser amiga de infância da maioria delas. Mas ela suspeitava fortemente que Rhett estivesse envolvido.

Ela sorriu. Nico. Os irmãos Valdez. Mal podia esperar para vê-los novamente. E Seraphina. Fazia tempo demais. Aquela garota estava conquistando o mundo. Ela tinha tanto orgulho dela — de sua escrita, de seu trabalho ambiental. Seraphina estava mudando literalmente o traçado do Mediterrâneo.

Ela tomou um gole da bebida. Pedira à equipe que lhe trouxessem homus no avião. Assim que decolassem, ela acalmaria os roncos no estômago. A menos que fossem causados por algo além de fome.

Rhett, o que é isso?

Ela afastou a lembrança dos seus sentimentos por ele, mas a imagem dele não seria sufocada. Alto, olhos brilhantes, postura confiante. Como seria comandar uma sala como ele fazia? E quando eles namoraram, os olhos dele só a viam. Ela cravou as unhas na palma da mão. O jeito como ele a olhava a fazia se sentir a pessoa mais importante do mundo.

Ela sentia falta dele? Ela certamente sentia falta de como se sentia quando estavam juntos. Mas o término havia arruinado a amizade deles, e ela havia perdido não apenas o namorado, mas também a melhor amiga. E foi então que ela se voltou para Jackson. Ele era tudo o que Rhett não era. Ele não era ocupado. Ele não era organizado. Ele não tinha nada para fazer além de sair com ela, e ela adorava ser o centro do mundo dele. Mas ela logo percebeu que o que ela pensava serem pontos fortes, eram na verdade problemas graves. E com eles vinha um temperamento rápido e poderoso, que ela desafiava o tempo todo, até mesmo a ponto de reações violentas dele. Tudo sobre Jackson lhe dizia que ela havia cometido um erro ao deixar Rhett ir. Ela precisava dele, ansiava por sua maneira lógica de ver o mundo, mas o havia empurrado para muito longe para alcançá-lo.

Pela centésima vez, ela se questionou se deveria ir ao evento dos príncipes. Será que ela realmente queria participar da competição de esqui aquático? Sua equipe, Mountain Blue, competia todos os anos, mas ela não precisava participar.

Ela não queria ter o coração partido novamente por um cara ocupado demais para ter o tipo de relacionamento que ela esperava. E não queria que ele tivesse a impressão errada. Sua vida estava desmoronando — seu casamento fracassado, seus negócios em crise —, mas ela não precisava que ele consertasse as coisas para ela. Ela só queria ser amiga de novo. Seu coração doía para compartilhar confidências com ele. E, mais do que tudo, ela só queria vê-lo.

Ela passou os minutos restantes da viagem tentando não pensar em Rhett. Ela tinha outros motivos para voar através do oceano nos quais precisava se concentrar. E ela deveria estar fazendo parte do seu trabalho. Ela sabia que sua equipe estava esperando a aprovação de várias partes do projeto.

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