Na manhã seguinte, Miguel buscou Clara e suas amigas, uma por uma, em suas respectivas casas. A viagem até o rancho levou cerca de uma hora, e o caminho foi repleto de expectativa e conversas animadas.
Quando o carro finalmente passou pelos portões do local, as três ficaram boquiabertas com o que viram. A propriedade era imensa, cercada por altos muros de pedra e repleta de árvores exuberantes, com folhas de tons variados e formas curiosas, parecendo ter saído de uma paisagem de outro país. O ar ali parecia mais puro, o clima mais leve — um refúgio escondido da correria da cidade.
Assim que passaram pela guarita, o segurança acenou para Miguel com um sorriso, já o reconhecendo. Ele retribuiu com um aceno discreto, acostumado à recepção calorosa.
Ao avançarem pela estrada interna, as meninas começaram a notar outros ranchos ao longo do caminho. Cada um parecia pertencer a alguém muito rico. construções luxuosas, varandas amplas com redes, piscinas impecáveis, cavalos bem cuidados, e jardins que mais pareciam saídos de uma revista. Fato era: aquele claramente não era o tipo de ambiente ao qual elas estavam acostumadas.
Isa e Ana trocaram olhares surpresos, enquanto Clara observava tudo em silêncio, ainda absorvendo a nova realidade que se apresentava diante delas.
Elas atravessaram o portão principal do rancho de Miguel, impressionadas com a paisagem ao redor. O local era cercado por uma natureza exuberante, e logo à frente se destacava a casa principal. uma construção de arquitetura moderna, com grandes janelas de vidro, linhas retas e um toque sofisticado que contrastava com o ambiente rural ao redor.
— Vamos — disse Miguel, desligando o carro e abrindo a porta do motorista. Enquanto as meninas saíam do veículo ainda admiradas com o lugar, ele foi até o porta-malas e começou a retirar as malas de cada uma.
— Aqui é lindo — comentou Clara, olhando ao redor com um sorriso leve, encantada com o cenário.
— Fico feliz que tenha gostado — respondeu Miguel, sincero. — Podem aproveitar o quanto quiserem. Essa casa agora é de vocês também, pelo menos durante o fim de semana.
Ao entrarem na casa, foram recebidas por uma sala ampla e luxuosa, com pé-direito alto, um lustre moderno pendurado no centro, móveis elegantes em tons neutros e uma enorme parede de vidro que oferecia vista para uma área externa com piscina e jardim.
Isa e Ana, esquecendo qualquer cerimônia, se jogaram no sofá macio com um suspiro de alívio e animação.
— Imagina como devem ser os quartos… — comentou Isa, olhando ao redor com brilho nos olhos.
Miguel soltou um sorriso discreto, percebendo o quanto elas estavam se sentindo impressionadas exatamente como ele havia planejado.
— Vocês vão adorar os quartos... — disse Miguel, sorrindo. — Mas só pra avisar: a Clara vai dormir comigo — A declaração pegou Clara totalmente de surpresa. Ela arregalou os olhos, indignada com o que acabara de ouvir.
— Como é? — retrucou, cruzando os braços — Miguel fingiu não notar o tom na voz dela e continuou, tranquilo.
— Por que vocês não aproveitam pra trocar de roupa? Vou levá-las ao lago. Os quartos de vocês ficam no andar de cima, subindo aquela escada. O último quarto no fim do corredor é o meu.
Isa e Ana, ainda empolgadas com tudo, se levantaram animadas, pegaram suas malas e seguiram o caminho indicado, trocando risadinhas enquanto subiam. Clara, por outro lado, permaneceu parada na sala, olhando para Miguel com expressão séria.
— Por que eu dormiria com você? — perguntou, sem esconder o incômodo.
Ele se aproximou alguns passos, mantendo o olhar firme no dela, mas com um tom sereno.
— Porque eu só tenho esse fim de semana pra te convencer a aceitar minha proposta. Mas não se preocupe — disse, com um meio sorriso —, vou manter nosso acordo. Não vou tocar em você… a menos que você mesma peça isso.
A última frase saiu com um tom de provocação leve, quase como uma brincadeira. Apesar de tentar manter a pose, Clara não conseguiu evitar um sorriso tímido, que escapou sem que ela percebesse.
Me convencer... ou me comprar? — retrucou Clara, com o olhar firme.
— Você é sempre tão difícil assim? — Miguel soltou a pergunta sem pensar muito, num tom mais leve do que deveria.
— E você quer casar comigo sem me aceitar como eu sou? —rebateu rapidamente, sem hesitar.
Miguel respirou fundo, sentindo o peso da conversa.
— Posso fazer uma pergunta sincera? — disse, olhando nos olhos dela. — Por que você me odeia tanto? É por causa daquela vez… que falei mal da sua religião? Se for isso, me desculpa.
Clara se sentou devagar no sofá, sentindo o tecido macio sob as mãos. Suspirou antes de responder:
— Não, Miguel. Eu não te odeio. Só não gosto das suas atitudes. Não concordo com o jeito que você vive… com a forma como lida com as pessoas, com tudo sempre girando em torno do dinheiro.
Ele se aproximou um pouco mais, sério.
— Pra isso dar certo, a gente precisa se entender. E eu repito: você me deu esse fim de semana pra tentar te convencer. Então, por favor... abaixa esses muros. Só por esses dias. Depois disso, se ainda quiser ir embora, eu não vou impedir.
Clara não conseguiu decifrar se as palavras dele eram completamente sinceras ou ensaiadas. Mas, de algum jeito, elas pareciam fazer sentido. E isso a desarmou um pouco.
— Tá bom — respondeu, num tom mais baixo, quase como uma trégua temporária.
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Atualizado até capítulo 57
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