Chamem os Bombeiros Porque Eu Tô Pegando Fogo

ANA JÚLIA-

Ana Júlia entrou no apartamento e nem tirou o sapato. Largou a bolsa no sofá, chutou os saltos pro lado e pegou o celular:

Grupo “As Três Mosqueteiras”

ANA:

GENTEEEEEEE

ALGUÉM AÍ COM SINAIS VITAIS ESTÁVEIS?

PORQUE EU NÃO TÔ BEM

Dois segundos depois, chamada de vídeo iniciada.

— O QUE ACONTECEU? — Mariana apareceu de cabelo preso num coque torto e uma taça de vinho na mão.

— Ele te levou pra passear de balão ou o quê?! — Letícia surgiu com um pote de sorvete.

— Você tá com cara de quem foi abduzida pelo amor. — Thaís entrou por último, com máscara facial e tudo.

Ana Júlia se jogou no sofá, segurando o celular como se tivesse acabado de ganhar um Oscar:

— Meninas… Lorenzo. É isso. É sobre ele. É sobre o universo. É sobre destino. Eu tô completamente apaixonada por um cappuccino com olhos castanhos!

— O que ele fez?! — gritou Letícia. — Fala logo antes que eu morda o controle remoto.

— Ele... foi doce. Inteligente. Ouvia quando eu falava. Fez piada de Taylor Swift, Mariana!

— MEU DEUS. — disse Mariana. — Ele é fluente em "mulher"? Isso é quase trapaça emocional.

— E no final — continuou Ana, dramatizando com a mão no peito — ele me perguntou se podia me dar um beijo na bochecha. Eu quase desmaiei. Eu acho que suspirei alto. Parecia personagem de filme francês.

Thaís gargalhou:

— Amiga, você tá apaixonada. Isso é grave. Vou procurar um psicólogo pra nós todas.

— Vocês acham que é cedo pra procurar vestidos de madrinha? — Letícia perguntou. — Só pra eu me organizar com antecedência.

— Gente, não brinca... mas brinca sim. Porque se ele continuar assim, eu acho que vou acabar casando com esse homem e escrevendo no convite “Desde o elevador”.

As quatro caíram na risada.

— Só faz um favor. — disse Mariana. — Marca logo o segundo encontro. Porque se você não fizer isso, a gente faz por você e vai acabar mandando emoji demais.

Ana riu, jogando a cabeça pra trás no sofá.

— Tá bom. Amanhã eu respondo.

— AMANHÃ?! — as três gritaram.

— Tá, tá! Mais tarde. Mas vou fazer charme, ué. Não posso me entregar toda de uma vez.

— Amiga, você já tá toda entregue. — Thaís falou. — E ele também. Esse Lorenzo… veio pra ficar.

LORENZO -

“Ela Me Virou do Avesso”

Lorenzo entrou em casa e largou as chaves no aparador da entrada. Encostou a porta devagar, como se não quisesse acordar o universo — ou talvez só ainda estivesse tentando entender o que tinha acabado de acontecer.

— Que mulher... — murmurou, sorrindo sozinho.

Ele tirou o casaco, chutou os sapatos pro lado, foi até a cozinha e abriu a geladeira, pegando um suco qualquer sem nem olhar o sabor. Encostado no balcão, com o copo na mão e o coração disparado, puxou o celular do bolso e fez o que qualquer ser humano em estado de encantamento faria: ligou pros irmãos.

Chamada em grupo: "Trio DNA de Confusão"

Participantes: Lorenzo, Bianca (a irmã mais velha), e Rafael (o irmão do meio).

BIANCA

RAFAEL

BIANCA:

— Se for mais um delivery cancelado, juro que bloqueio você.

RAFAEL:

— Ou se for mais uma história de “eu juro que essa pizza de gorgonzola me olhou diferente”, tô fora.

LORENZO:

— Gente, cala a boca. Eu conheci ela.

RAFAEL:

— Ela quem? A dona da pizzaria concorrente?

BIANCA:

— Lorenzo... você tá com essa voz de “fui atropelado pelo cupido e ainda agradeci”. Me conta. Agora.

Ele suspirou, fechando os olhos.

— O nome dela é Ana Júlia. A gente se conheceu no elevador do prédio dela. Eu fui levar contrato pra um cliente, e ela entrou… e, pronto. PÁ. Amor à primeira respirada.

RAFAEL:

— Tá, mas calma. Ela era muito bonita e você fez o quê? Derrubou os papéis? Travou? Falou da previsão do tempo?

— Quase tudo isso, sim. Mas acreditem se quiser, ela riu das minhas piadas. E não aquelas risadinhas educadas, não! Risada com dente, com olho brilhando, com alma!

BIANCA (rindo):

— Lorenzo apaixonado é meu tipo favorito de entretenimento. Continua!

— A gente saiu pra um café hoje. Ela chegou com um vestido preto, um sorriso absurdo e uma presença que parece que ocupava o ar inteiro ao redor. A gente conversou sobre tudo. Juro, parece que eu conheço essa mulher há anos.

RAFAEL:

— Aí no fim você beijou, levou pra casa e já tem os nomes dos filhos?

— Errado. No fim, eu pedi pra dar um beijo na bochecha. E ela deixou. Com um sorriso que parecia o pôr do sol inteiro na cara dela.

BIANCA:

— Lorenzo... você tá com voz de que vai mandar flores amanhã de manhã. Você tá ferrado, irmão.

— Eu tô. Felizmente ferrado. E o pior é que eu tô rindo sozinho, lembrando da maneira como ela mexia a mão enquanto falava. E como ela falava dos sonhos dela como se tivesse certeza de que vai realizá-los. Ela me deu vontade de… sei lá… ser alguém ainda melhor. Só pra estar à altura.

RAFAEL:

— Eita. Deu ruim. Bateu.

BIANCA:

— Posso ajudar com o buquê, com o pedido de namoro, com o vestido de noiva, qualquer coisa. Só não estraga, pelo amor de Deus.

LORENZO (rindo):

— Eu prometo. Mas se ela aceitar me ver de novo, já é meio caminho andado.

RAFAEL:

— Irmão, relaxa. Você já tá no caminho certo. Só... continua sendo você. E se ela enxergou isso tudo no primeiro encontro, já tá meio apaixonada também.

Lorenzo desligou a ligação com o coração mais leve, mas a cabeça completamente envolta por uma única certeza:

Ana Júlia tinha chegado como um furacão, mas o tipo de furacão que reorganiza as coisas no lugar certo.

***Esta obra está sob contrato com a NovelToon, e a pirataria, como a reimpressão sem permissão, é estritamente proibida.***

***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***