Silêncio nas Sombras

Nos dias seguintes, Aurora começou a perceber pequenas mudanças em sua rotina. Primeiro, coisas banais: a sensação de que não estava sozinha, mesmo quando seu apartamento estava trancado. Um som leve de passos quando estava no banho. Uma sombra no espelho que desaparecia quando ela virava.

Na segunda-feira, ao sair para o trabalho, notou que sua planta na varanda havia sido regada. Ela não fazia isso há uma semana. Pensou ter esquecido, mas algo parecia... errado. Ao voltar para casa naquela noite, percebeu que a colcha da cama estava arrumada de forma diferente. E ela tinha certeza de que havia deixado desarrumada.

O telefone tocou de madrugada. Quando atendeu, do outro lado só havia silêncio. Nenhuma respiração, nenhum ruído. Apenas um silêncio opressor. Aurora desligou e tentou ignorar, mas seu coração batia acelerado. Foi apenas um trote? Ou havia algo a mais por trás disso?

A sensação de estar sendo observada se intensificava. Ela começou a notar padrões. Sempre que saía do prédio, um carro preto estacionado na esquina parecia estar lá, desligado, com os vidros escuros. Quando entrava em um café, às vezes sentia um movimento estranho no canto do olho, como se alguém tivesse acabado de virar a cabeça rápido demais, evitando que ela o visse.

Na quarta-feira, um envelope apareceu sob sua porta. Dentro, havia apenas uma única rosa vermelha e um bilhete escrito à mão:

"Você fica linda sob a luz vermelha."

O medo de Aurora explodiu em seu peito como uma labareda. Não era mais paranoia. Alguém estava ali. Alguém sabia onde ela morava. Seu primeiro instinto foi ligar para a polícia, mas ela hesitou. O que diria? Que um homem misterioso a olhou fixamente numa boate e agora ela estava recebendo rosas? Eles ririam. Chamariam de coincidência, de exagero.

Na sexta-feira, exatamente uma semana depois da noite na boate, Aurora recebeu outra mensagem. Desta vez, diretamente em seu celular. Um número desconhecido.

"Saudade de mim? Nos vemos em breve."

Ela soltou o telefone, que caiu no chão com um som seco. O jogo estava apenas começando. E agora, não havia mais volta.

As noites seguintes foram insones. Aurora passou a dormir com uma faca ao lado da cama. Seus sonhos eram entrecortados por imagens do homem da boate. Em alguns, ele apenas a observava de longe. Em outros, ele estava mais perto, falando seu nome em um tom rouco e hipnótico. E em um sonho, ele estava dentro do seu quarto, debruçado sobre ela, seus dedos traçando lentamente sua clavícula.

A realidade e a fantasia começaram a se confundir. Aurora sentia-se presa em uma teia invisível, uma dança em que cada passo já estava ensaiado. A questão não era mais "se" ele apareceria, mas "quando". E, mais aterrorizante ainda, ela não sabia se queria fugir ou ser encontrada.

Na noite de sábado, ela ouviu um ruído na porta de seu apartamento. Como se alguém estivesse deslizando um dedo pela madeira. Ela prendeu a respiração e se aproximou, sentindo o coração martelar dentro do peito. Ao olhar pelo olho mágico, não havia ninguém. Mas, ao abrir a porta, encontrou um novo envelope no chão. Dentro, um bilhete: "Já estou mais perto do que imagina."

Ela gritou. Mas ninguém respondeu. O silêncio era absoluto.

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Comments

Nalu Correa

Nalu Correa

meu Deus eu já teria me cacado toda e eu iria na mesma boate só pra ver o misterioso aí sim eu diria pouca e boa pra ele depois quem sabe o que aconteceria

2025-04-20

4

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