Segundo minha mãe, jantar de noivado acontecerá neste sábado. Ela e a mãe da minha futura noiva se encarregaram de cada detalhe, desde a escolha do cardápio até as flores da decoração. E, como ela mesma disse com orgulho, Norma Moreau está encantada com o enlace entre nossas famílias. Mas, sinceramente, como ela não estaria? Estou sendo obrigado a casar com alguém como parte de um “negócio”, e que essa parte está salvando a família dela da miséria total.
O que me deixa ainda mais irritado é o fato de meu pai ter me obrigado a comprar o anel de noivado pessoalmente. Ele poderia muito bem ter enviado um funcionário ou até escolhido ele mesmo, mas não... Ele queria que eu participasse, que eu “me envolvesse”, como se isso fosse um gesto nobre e significativo. No fundo, ele está determinado a transformar a minha vida em um completo pesadelo.
Para evitar a humilhação de escolher sozinho o símbolo do meu próprio martírio, levei comigo Luke, meu melhor amigo. Ele, ao menos, tem bom gosto e senso de humor.
— Não era pra você estar babando enquanto escolhe o anel da sua belíssima noiva arranjada? — ele zombou assim que entramos na joalheria mais luxuosa do centro.
— Eu nem conheço a garota, Luke. Aposto que é uma sem sal que aceitou isso por desespero. Só uma mulher desesperada toparia um casamento arranjado. Isso tudo parece piada. — murmurei, olhando para as vitrines reluzentes.
— Você realmente deixou seu velho irritado dessa vez, pra ele te empurrar pra algo assim.
— Não preciso que você me lembre, ok? Agora escolhe logo a merda do anel e vamos sair daqui.
Luke sorriu com ironia, mas levou a tarefa a sério. E acertou. O anel era belíssimo. Um aro de platina finamente polido, com um diamante central lapidado em forma de coração, cercado por delicadas safiras azul-claras que refletiam a luz em tons celestes. Era caro, discreto e elegante — e, sinceramente, bom demais para alguém que nem conheço.
Depois da compra, fiz o que qualquer homem revoltado e emocionalmente esgotado faria: fui com Luke a uma boate. Precisava relaxar, apagar a realidade. E em meio a luzes estroboscópicas, música alta e copos de uísque, encontrei uma mulher. Bonita, sedutora, e, o melhor: disposta. Levei-a ao meu apartamento como tantas outras vezes — querendo apenas esquecer. Seu corpo encaixava perfeitamente ao meu, suas mãos sabiam onde tocar, e sua boca dizia tudo o que eu queria ouvir. Eu a devorei como se quisesse rasgar a dor do meu peito. Ela era fogo e tinha um perfume doce. A noite foi longa, intensa. E eu dormi achando que tinha vencido o destino, ao menos por algumas horas.
Mas acordei no inferno.
O celular tocava sem parar. Mensagens. Ligações. Notificações de sites de fofoca. E então vi: “EXCLUSIVO: CEO Christopher Velasquez protagoniza noite quente com jornalista misteriosa — ela conta tudo!”
A reportagem trazia detalhes da nossa noite — muitos verdadeiros, outros inventados — e frases enaltecendo meus “talentos”. A mulher era uma jornalista infiltrada, ávida por atenção. Descreveu meu corpo, meus movimentos, minhas palavras... e disse que nunca tinha sido tão bem “entrevistada”.
Fechei o celular com raiva. Eu estava estampado em todas as manchetes. Outra vez.
Cheguei na mansão e mal tive tempo de respirar.
— O que foi que eu te disse, Christopher?! — gritou meu pai, jogando um cinzeiro de cristal que por pouco não me acertou. — Como você sai para comprar um anel de noivado e no dia seguinte vira a estrela pornô dos jornais?
— Bom dia, papai. O senhor poderia ter me matado com isso, sabia? — ironizei, tentando não perder a compostura.
— Eu devia te dar uma surra, seu irresponsável! — ele vociferava, andando em círculos. — O que os pais da sua noiva vão pensar agora?
— Eu não me importo com o que eles pensam. Eles deviam agradecer de joelhos por eu aceitar esse noivado ridículo! E comprei o bendito anel, como o senhor mandou. Missão cumprida.
O rosto de meu pai estava vermelho como nunca. A mandíbula trincada. Ele se aproximou, olhos faiscando.
— Você tem feito um ótimo trabalho como CEO, mas preste atenção: mais uma palhaçada dessas e te tiro da presidência e te coloco pra trabalhar na portaria da empresa! Vai entender bem o valor da vergonha!
Eu ri, mas no fundo sabia que ele seria capaz. Ele sempre cumpre suas ameaças.
— O senhor não faria isso... — disse, provocando.
— Duvida? — rebateu ele com um sorriso sinistro. — Até o casamento, se comporte. E trate de manter seu... “piu piu” dentro das calças, como sua mãe diria.
Foi nesse momento que mamãe entrou na sala, bufando.
— Rubens! Isso é coisa que se diga?
Ele resmungou algo e se afastou, deixando espaço para que ela tomasse a frente.
— Querido, você é um homem... e homens têm necessidades. Mas seja mais discreto. Daqui a poucos dias terá uma esposa. Uma mulher para te amar. Como você precisa.
— Vocês vivem em um mundo de fantasias. — resmunguei. — Aceitei esse casamento por obrigação. Não significa que vá amar alguém que me foi enfiada goela abaixo.
— Você ainda vai se surpreender — disse mamãe com um brilho nos olhos. — Lorena é linda. Educada, sensível. Trabalha no Atelier, sonha com seu próprio negócio. Você deveria pensar em investir no sonho dela. Depois do casamento, poderia ajudá-la a abrir o próprio Atelier. Seria um bom começo.
Tive que rir.
— Primeiro, mamãe, nossas ideias de “beleza” são bem diferentes. Segundo, já fiz caridade demais com essa família. Comprei a empresa falida deles por um ótimo valor, garantindo que vivam bem até a velhice. Isso já é mais do que suficiente.
Não pretendo gastar dinheiro com os projetos ou desejos profissionais dessa moça,
Mamãe suspirou fundo, claramente frustrada.
— Ao menos, seja educado, Christopher. Trate-a com respeito. Não se transforme em um homem frio. Homens assim acabam sozinhos... e eu não desejo isso pra você.
— Enquanto ela não interferir nos meus assuntos, eu também não me meto nos dela. — finalizei, seco.
Ela olhou para meu pai com um suspiro de derrota.
— Acho melhor esses dois morarem conosco, Rubens. Pelo menos no começo. Assim evitamos um homicídio.
— Nem pense nisso! — gritei, erguendo as mãos. — Vou morar no meu apartamento com ela. E ninguém vai meter o nariz no meu casamento, está claro?
A conversa terminou com minha mãe bufando, meu pai revirando os olhos e eu me perguntando: como diabos minha vida virou isso?
E o pior ainda está por vir.
O sábado está cada vez mais perto.
Pais de Christopher
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Atualizado até capítulo 66
Comments
Claudia
Christöpher no início é assim mesmo os dois querendo se matar , mais basta acontecer algo bem sério que tudo muda e depois vão dar risadas e agradecer aos pais por isso🤭🤭♾🧿
2025-04-15
1
Arminda Celebrini
UIIIII 🤪🤪 A ENTREVISTA DEVE TER SIDO MUITOOOOOOO BOA.
2025-04-02
1
Arminda Celebrini
EITAAAAAAA . CRISTOPHER FOI FIRME COM OS PAIS.
2025-04-03
1