O caminho para Tryx

Narrador

O sol já nascia no horizonte quando Kan e Icelo se despediam de seus pais. A emoção no ar era palpável.

— Vamos sentir muito a sua falta! — disseram Liz e Rubeth, com os olhos marejados.

Liz, sempre preocupada, fez sua última recomendação:

— Comam direito, tomem banho, escovem os dentes e sempre façam o certo!

Rubeth, por sua vez, manteve um tom mais firme:

— Mostrem a todos de onde vocês vieram. Nunca se esqueçam de suas raízes.

A mãe de Icelo, Yui, sorriu gentilmente.

— Boa sorte, e tomem cuidado no caminho.

Kan e Icelo se entreolharam e, com um sorriso determinado, responderam em uníssono:

— Podem deixar! Até logo!

E assim, partiram.

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Narrador

O pequeno vilarejo escondido do mundo, onde cresceram, logo ficou para trás. O lugar era cercado por árvores adornadas com flores Syn, plantas mágicas que repeliam monstros. Mas, além daquela segurança natural, o mundo lá fora era vasto e perigoso.

Os garotos enfrentaram diferentes ambientes em sua jornada até Tryx: desertos ardentes, terras congeladas e até antigas masmorras. Durante o caminho, pequenos monstros surgiam, mas Icelo sempre assumia a liderança, protegendo Kan, que ainda não dominava sua magia.

— Ah... Icelo! Você sempre faz tudo, chega a ser irritante! — reclamou Kan, frustrado.

Icelo apenas riu.

— Você devia agradecer em vez de reclamar. Estamos vivos, e alguns nem têm essa sorte.

Após mais um dia exaustivo de viagem, os dois pararam para descansar. Icelo concentrou sua mana e, com um gesto ágil, conjurou uma chama sobre galhos secos, criando uma fogueira.

Kan, olhando para as chamas, suspirou.

— Icelo...

— Fala.

— Você acha que vão nos separar? Comparado a você, sou só um plebeu comum. Não tenho magia, não tenho habilidades, nem mesmo técnicas de cura... Sou completamente inútil.

Icelo sorriu, balançando a cabeça.

— Haha, isso não é verdade. Você ainda não sabe, mas—

De repente, um som estranho veio da moita. Os dois se levantaram rapidamente, preparados para qualquer coisa. Mas o que surgiu foi um pequeno idoso, frágil, à beira da morte. Ele cambaleou e caiu sobre a fogueira, sua voz fraca e vacilante.

— K... K... I... Ic... A... Arm—

Antes que pudesse terminar sua frase, seu corpo se desfez em partículas de mana, sumindo no ar. Tudo que restou foram duas espadas, brilhando no chão.

Icelo olhou intrigado.

— O que foi isso...?

Kan engoliu em seco.

— Eu sinceramente não sei... Mas ele disse as iniciais dos nossos nomes. Talvez... isso seja para nós.

Ele se aproximou das armas, mas, ao tentar tocá-las, uma barreira de proteção surgiu, impedindo-o. Nela, letras mágicas brilharam, formando uma mensagem:

"Até que sua vontade seja infame, não poderás erguer a verdade."

Kan arregalou os olhos.

— Oh...

Icelo suspirou.

— Vamos deixar isso para depois. Precisamos descansar. Amanhã, chegamos à Academia Tryx.

— Certo...

Os dois se deitaram, mas enquanto dormiam profundamente, uma pequena divindade desceu do limbo, sorrindo travessa.

— Um pequeno presente... Não precisam agradecer.

Ela estendeu as mãos sobre os jovens e aplicou dois selos mágicos sobre eles. Um pentágono com runas antigas brilhou em seus corpos.

— Isso vai ajudá-los em momentos de extremo perigo. Boa sorte, hahaha!

E, num piscar de olhos, desapareceu.

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Narrador

Após cinco horas de jornada, Kan e Icelo finalmente chegaram à capital, onde se erguia a imponente Academia Tryx. O local era grandioso, repleto de torres majestosas e seres fantásticos.

— Icelo!! Isso aqui é enorme! Tem até dragões! — exclamou Kan, empolgado.

Icelo sorriu.

— Verdade... Este é o lugar perfeito para mostrarmos o resultado dos nossos treinos.

Kan olhou para os lados e arregalou os olhos.

— Nossa, tem barracas de comida! Vamos?

Icelo cruzou os braços.

— Primeiro, precisamos nos matricular. E olha o tamanho da fila...

Kan bufou, frustrado.

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Narrador

Enquanto esperavam na fila, Kan e Icelo começaram a notar as pessoas ao redor. Um demi-humano, meio humano e meio elfo. Uma elfa de longos cabelos prateados. Um humano segurando um grimório mágico. Todos pareciam notáveis.

Ao entrarem na academia, foram designados para uma sala repleta de nobres. E, como esperado, o preconceito logo se manifestou.

— Oh... Vejo que temos alguns hereges aqui. Devemos dar as boas-vindas — disse um dos nobres, lançando um olhar de desprezo para Kan e Icelo.

Kan não percebeu a provocação, mas Icelo sim.

— Quanto tempo falta, Icelo...?

— Espero que sua magia seja do tamanho da sua impaciência...

Foi então que um grupo de nobres se aproximou. Um deles se adiantou.

— Eu sou Lichtenberger Van Hish, da Casa Hish, classe B. Vejo que são novos por aqui. Não se preocupem, vamos cuidar muito bem de vocês.

Icelo não hesitou.

— Não precisamos de um fracote como você, não é, Kan?

Kan hesitou.

— Bem... Classe B? Tão novo e já tem esse ranking...?

Lichtenberger sorriu maliciosamente.

— Hum... Kan, certo? Como um sem magia pode simplesmente entrar aqui? Você é uma vergonha para a academia, não é, pessoal?

Os cochichos começaram. O olhar de desprezo dos outros alunos era sufocante. Kan sentiu o coração apertar.

"Eu..."

Mas antes que pudesse responder, a sala inteira ficou em silêncio. As luzes começaram a piscar de forma linear — acendendo e apagando. Uma aura densa tomou conta do ambiente.

Icelo avançou, seu olhar roxo brilhando como brasas prestes a explodir.

— Retire o que disse sobre meu amigo.

Lichtenberger sorriu, desafiador.

— E se eu recusar?

Icelo apertou o cabo de sua arma, aquela que encontraram na jornada até a academia.

— Teremos que encontrar uma magia para consertar seu rosto depois do que vai acontecer.

A tensão era palpável.

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Narrador

Enquanto isso, no limbo, a pequena divindade tomava chá com outras entidades superiores.

— Vejo que já vai começar... — murmurou uma delas.

Uma figura imponente, o deus ferreiro Hefesto, tomou a palavra.

— Afinal... Hefesto, por que esses jovens são tão especiais? Você até forjou armas próprias para eles.

Hefesto riu alto.

— Hahahah! Quer mesmo saber por quê? Simples...

Ele encarou as demais divindades, sua presença esmagadora.

— Um deles é perfeito demais... e o outro é seu oposto. Um trará a salvação, e o outro, a destruição.

O silêncio reinou entre os deuses. Então, Hefesto deu um aviso severo:

— Peço que não intervenham... Ou teremos uma terceira guerra.

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Narrador

Kan sentia-se esmagado pelos olhares da sala. Sua vontade de continuar enfraquecia. Mas, de repente, a arma que havia tentado pegar começou a brilhar intensamente.

A mana ao seu redor oscilou.

Kan arregalou os olhos.

— "Arrebatar?"

E assim, o destino de Kan e Icelo começava a se desenrolar...

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