Os Olhos do Destino ( Drarry)
Prólogo
Como seria se eu fosse de um mundo mágico, um mundo sem preconceito ou religião? Como seria ter uma família completa? Como seria poder amar o garoto que gosto sem medo de ser pego por alguém?
Eu julgo que seria maravilhoso.
É irónico que o mundo natural seja horrível. Eu sinto, vejo e ouço o quão terrível é a realidade. O quanto eu queria fugir de um lugar que deveria ser seguro, mas não era.
A religião diz que tudo o que vemos, ouvimos ou sentimos é pecado. Por exemplo: não se deitar com alguém do mesmo sexo, não se transformar em um íncubo ou súcubo.
Isso é considerado pecado.
Tudo o que fazemos é considerado pecado. Um desses pecados é não aceitar a preferência dos outros e não permitir que o ser humano tenha o livre-arbítrio que os deuses lhe deram.
Quem são essas pessoas para contrariar os deuses? Acho irônico que aqueles que dizem segui-los vivam em uma longa mentira.
Talvez os próprios deuses nos vejam como perfeitos do jeito que somos, enquanto os humanos insistem em impor regras e julgamentos.
Ah, mas o que isso tem a ver com a minha história? Cinicamente, tudo tem a ver com a minha história.
Afinal, cada crença, cada julgamento e cada decisão que tomamos refletem na forma como enfrentamos os desafios do nosso mundo, seja ele mágico ou real.
ABC gritando
Sussurro~
interrompi…
(pensamento)
*Ação*
"Deboche"
😊😑😤emoção
■Conversando no cll
Ligação📳
encerrou a ligação📴
cantando 🎶
Srª. Pott
VOCÊ É UMA VERGONHA, HENRY LIAN POTT.
Srª. Pott
Além de ser um inútil, tinha que ser homossexual. Eu preferia você morto do que isso.
Srª. Pott
Você é uma decepção, para mim e para seu pai. Quero ver o que você vai falar para ele.
Henry Lian Pott
Mas mãe, qual é o problema de eu gos...
* Deu um, tapa no rosto do meno e gritou*
Srª. Pott
HENRY! NÓS JÁ CONVERSAMOS SOBRE ISSO, ISSO É ERRADO. EU TE ENSINEI TUDO SOBRE O QUE É CERTO, E FICAR COM OUTRO MENINO É ERRADO.
Srª. Pott
*Respirei fundo e olhei-lhe com nojo e decepção.*
Eu não vou, mas não fala nada, quero ver o que o seu pai vai fazer com você.
Srª. Pott
Vai para o seu quarto, tira a sua blusa e fica de joelhos no chão, de frente para a sacada, onde está o anjo.
Henry Lian Pott
Tá! bom, senhora.
*Saí correndo, subindo as escadas apressado, os passos ecoando pela casa vazia enquanto meu coração batia forte. Cheguei ao meu quarto, a porta batendo com força atrás de mim, e rapidamente me dirigi até a sacada, ainda sentindo o olhar da minha mãe queimando minhas costas.*
Henry Lian Pott
(Você deve estar se perguntando por que eu estou assim, ou porque minha mãe está gritando só porque eu gosto de meninos. Ou talvez até perguntando quem eu sou.)
Henry Lian Pott
(Desculpe por não estar em um momento confortável para me apresentar de uma maneira boa, porque, o senhor estava comigo no momento que passei o preconceito ou algum erro meu.)
Mas vou apresentar-me:
O meu nome é Henry Lian Pott, tenho 14 anos, e não tenho ninguém além dos meus pais, que nem posso chamar de pai ou mãe. Eu chamo-os de Senhor ou senhora por opção deles, claro, mas só fora de casa. Em casa, sou tratado como empregado, lixo, puta... E muitas outras coisas. Eu tô tão cansado desse lugar que, às vezes, só às vezes, eu chego a pensar que a única saída seria-me matar.
Henry Lian Pott
(Mas eu não tenho coragem suficiente para fazer isso, eu não mereço morrer. Eu não quero morrer. Eu quero ser feliz, ser completo, sem ter medo de amar ou de ser amado, sem que isso me machuque.)
Henry Lian Pott
(Mas aqui estou, de joelhos no chão dentro do meu quarto, de frente para a varanda onde havia uma linda estátua de anjo. Sempre que eu estava triste, eu vinha até ali e contava para ela sobre os meus desejos e o que eu passava.)
Henry Lian Pott
(Os meus pais colocaram ela ali para me disciplinar, mas aparentemente não funcionou. E, olhando bem, parece que até uma simples estátua feita de mármore tem mais carinho e respeito por mim do que os meus próprios pais.)
Henry Lian Pott
(*Lágrimas desciam dos meus olhos, sentindo o peso de não ter feito simplesmente nada, só pelo ato de gostar de um menino e quase beijá-lo... Só isso.*)
Henry Lian Pott
(Por que há tanto preconceito com isso? Qual é a diferença entre um casal de mulheres e um casal de homens? A única diferença é o corpo, mas o amor... o amor é um amor único, mesmo que eu não tenha esse amor, eu sei que ele existe.)
Henry Lian Pott
(Amor, paixão, é outras formas de amor. Não há diferença, é tudo igual: fazer, sentir, amar, beijar, acordar diariamente ao lado do seu corpo na sua cama.)
Henry Lian Pott
(Responda-me, qual é a diferença? Ah! e mesmo que porque seja fora dos padrões religiosos, porque é fora do seu conforto e entendimento, eu não vejo problema nisso, mas os outros sim.)
Henry Lian Pott
(Não há diferença, é tudo igual e de mesma intensidade. Os deuses não nos julgariam por sermos ou não sermos, eles deram-nos a opção de escolher a nossa decisão.)
Henry Lian Pott
(Mas, fazer o quê? Pessoas dessa categoria não deveriam ser respeitadas, mas não podemos nos tornar monstros iguais a elas, não é, mesmo?)
Ouvi a porta do primeiro andar bater forte, seguida de gritos de um homem — meu pai — com a minha mãe. As palavras que consegui distinguir foram aterradoras: ele dizia que iria-me matar. Senti meu corpo se congelar enquanto ouvia os passos pesados subindo as escadas, rápidos e bruscos, o som das botas ecoando pelo corredor. A cada passo, parecia que o chão tremia sob o peso da raiva dele.
De repente, observei a porta do meu quarto ser chutada com violência. O som da madeira sendo atingida fez meu coração acelerar, e o grito dele ressoou pelo corredor, agudo e cheio de fúria. A raiva do meu pai era palpável, e tudo o que eu conseguia fazer era ficar ali, paralisado, sem saber o que esperar.
Sr. Pott
LEVANTA, HENRY! EU VOU TE BATER ATÉ EU VER SANGUE EM TODO O SEU CORPO! VOCÊ VAI GRITAR EM ALGUMA HORA, AGORA LEVANTA! AGORA!
(levantei-me lentamente, com as pernas trémulas e o coração batendo descontrolado. Me virei para encarar o meu pai. Vi o seu rosto se retorcer de nojo e raiva. Se fosse a primeira vez que eu visse aquele olhar, eu estaria apavorado, mas, infelizmente, já estava acostumado com isso.)
(Vi ele aproximando-se rapidamente e, com violência, puxou os meus cabelos, fazendo-me encarar os seus olhos penetrantes. Ele sibilou com raiva, quase se esvaindo em fúria.)
Sr. Pott
Mesmo que grite, faça escândalo ou até implore, eu não vou parar até te ver morto!
(Eu apenas olhei para ele, sem conseguir reagir, e fechei os meus olhos, já sentindo o primeiro soco vir em cheio. Não senti nada, exceto pela dor latejante, apenas sabia que ainda estava vivo, porque o meu coração batia forte e a dor me fazia perceber que o sangue escorria pela minha boca.)
(Ele jogou-me no chão com força, e fui ficando ali, caído, sem forças. Ele afastou-se e foi pegar um canivete que tinha deixado por perto, como se tivesse preparado tudo com antecedência.)
(Se aproximou de mim novamente, com olhos cheios de desprezo, e disse:
Sr. Pott
Você é tão nojento... Não sei nem como dizer o quanto estou decepcionado com você. E os deuses não estão diferentes de mim.
Sr. Pott
Mas vou livrar o mundo de uma escória como você.
(Ele começou a mutilar o meu corpo, rasgando as minhas roupas e deixando-me nu, como se fosse uma forma de punição. Eu não conseguia entender o que estava a acontecer, mas sabia que estava me afundando em um abismo profundo de dor e humilhação.)
(Aí, ele afastou-se, e foi quando vi a minha mãe entrar, acompanhada de dois homens.)
Srª. Pott
Querido, está aqui o que você pediu.
(Vi que os homens sorriram maliciosamente para mim. O meu pai, com um sorriso cruel, disse:
Sr. Pott
Pode fazer o que quiser, mas não é para matá-lo. Se ele desmaiar ou parecer morto, me chama.
(Eu vi ele sair do quarto, me deixando sozinho com os dois homens. Eles se aproximaram de mim, rindo, e um deles falou:
puto
Olha só que gracinha... Sempre sonhei em foder essa bundinha.
(Não era só ele, o outro também se divertia, e ambos começaram a me tocar, me forçando a aceitar as suas agressões. Cada movimento era uma dor insuportável, que cortava a minha alma. Eu não sabia quanto tempo isso durou, mas parecia uma eternidade de sofrimento.)
(Eu gritava, implorava para pararem, mas não funcionava. Eles me batiam, enforcavam-me, e cada vez mais eu me sentia desaparecer, como se a minha alma estivesse a ser arrancada de mim.)
(Desmaiei várias vezes, sem saber quanto tempo havia passado. Quando acordei, eles haviam parado de tocar-me, e saíram do quarto, rindo de mim, me chamando "ótima puta". Eu estava fraco demais para reagir, e não consegui-me concentrar nas palavras deles.)
(Foi então que alguém entrou no quarto. A voz soava cheia de nojo quando ele falou:
Sr. Pott
Como foi? Foi como você desejou, você não decidiu? Essa é a consequência da sua abominação.
(As lágrimas desceram pelo meu rosto, molhando o travesseiro. Eu sentia a presença dele se aproximando, e me virou, colocando algo na minha boca.)
Sr. Pott
Agora você vai para o submundo do inferno, de sofrimento, até que você veja que errou.
(Ele puxou meus cabelos com força, me arrastando para fora do quarto. Me virou de costas para a escada e, ao olhar para ele, vi a indignação, a raiva e o nojo nos seus olhos. Mas havia outro sentimento ali, algo mais profundo que eu não consegui identificar, mas senti como se fosse um misto de desprezo e satisfação.)
Sr. Pott
Que Deus lhe mostre o quanto você está errado.
(Eu podia sentir tudo em câmara lenta, o mundo se tornando pesado e escuro. Eu sentia que estava a perder a consciência lentamente, os meus órgãos já começavam a falhar. Mesmo assim, no fundo da minha mente, eu disse baixinho:
Henry Lian Pott
Deus, obrigado por esse livramento do inferno.
(E então... morri. Sem mais, nem menos.)
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