Os Olhos do Destino ( Drarry)
Prólogo
Como seria se eu fosse de um mundo mágico, um mundo sem preconceito ou religião? Como seria ter uma família completa? Como seria poder amar o garoto que gosto sem medo de ser pego por alguém?
Eu julgo que seria maravilhoso.
É irónico que o mundo natural seja horrível. Eu sinto, vejo e ouço o quão terrível é a realidade. O quanto eu queria fugir de um lugar que deveria ser seguro, mas não era.
A religião diz que tudo o que vemos, ouvimos ou sentimos é pecado. Por exemplo: não se deitar com alguém do mesmo sexo, não se transformar em um íncubo ou súcubo.
Isso é considerado pecado.
Tudo o que fazemos é considerado pecado. Um desses pecados é não aceitar a preferência dos outros e não permitir que o ser humano tenha o livre-arbítrio que os deuses lhe deram.
Quem são essas pessoas para contrariar os deuses? Acho irônico que aqueles que dizem segui-los vivam em uma longa mentira.
Talvez os próprios deuses nos vejam como perfeitos do jeito que somos, enquanto os humanos insistem em impor regras e julgamentos.
Ah, mas o que isso tem a ver com a minha história? Cinicamente, tudo tem a ver com a minha história.
Afinal, cada crença, cada julgamento e cada decisão que tomamos refletem na forma como enfrentamos os desafios do nosso mundo, seja ele mágico ou real.
ABC gritando
Sussurro~
interrompi…
(pensamento)
*Ação*
"Deboche"
😊😑😤emoção
■Conversando no cll
Ligação📳
encerrou a ligação📴
cantando 🎶
Srª. Pott
VOCÊ É UMA VERGONHA, HENRY LIAN POTT.
Srª. Pott
Além de ser um inútil, tinha que ser homossexual. Eu preferia você morto do que isso.
Srª. Pott
Você é uma decepção, para mim e para seu pai. Quero ver o que você vai falar para ele.
Henry Lian Pott
Mas mãe, qual é o problema de eu gos...
* Deu um, tapa no rosto do meno e gritou*
Srª. Pott
HENRY! NÓS JÁ CONVERSAMOS SOBRE ISSO, ISSO É ERRADO. EU TE ENSINEI TUDO SOBRE O QUE É CERTO, E FICAR COM OUTRO MENINO É ERRADO.
Srª. Pott
*Respirei fundo e olhei-lhe com nojo e decepção.*
Eu não vou, mas não fala nada, quero ver o que o seu pai vai fazer com você.
Srª. Pott
Vai para o seu quarto, tira a sua blusa e fica de joelhos no chão, de frente para a sacada, onde está o anjo.
Henry Lian Pott
Tá! bom, senhora.
*Saí correndo, subindo as escadas apressado, os passos ecoando pela casa vazia enquanto meu coração batia forte. Cheguei ao meu quarto, a porta batendo com força atrás de mim, e rapidamente me dirigi até a sacada, ainda sentindo o olhar da minha mãe queimando minhas costas.*
Henry Lian Pott
(Você deve estar se perguntando por que eu estou assim, ou porque minha mãe está gritando só porque eu gosto de meninos. Ou talvez até perguntando quem eu sou.)
Henry Lian Pott
(Desculpe por não estar em um momento confortável para me apresentar de uma maneira boa, porque, o senhor estava comigo no momento que passei o preconceito ou algum erro meu.)
Mas vou apresentar-me:
O meu nome é Henry Lian Pott, tenho 14 anos, e não tenho ninguém além dos meus pais, que nem posso chamar de pai ou mãe. Eu chamo-os de Senhor ou senhora por opção deles, claro, mas só fora de casa. Em casa, sou tratado como empregado, lixo, puta... E muitas outras coisas. Eu tô tão cansado desse lugar que, às vezes, só às vezes, eu chego a pensar que a única saída seria-me matar.
Henry Lian Pott
(Mas eu não tenho coragem suficiente para fazer isso, eu não mereço morrer. Eu não quero morrer. Eu quero ser feliz, ser completo, sem ter medo de amar ou de ser amado, sem que isso me machuque.)
Henry Lian Pott
(Mas aqui estou, de joelhos no chão dentro do meu quarto, de frente para a varanda onde havia uma linda estátua de anjo. Sempre que eu estava triste, eu vinha até ali e contava para ela sobre os meus desejos e o que eu passava.)
Henry Lian Pott
(Os meus pais colocaram ela ali para me disciplinar, mas aparentemente não funcionou. E, olhando bem, parece que até uma simples estátua feita de mármore tem mais carinho e respeito por mim do que os meus próprios pais.)
Henry Lian Pott
(*Lágrimas desciam dos meus olhos, sentindo o peso de não ter feito simplesmente nada, só pelo ato de gostar de um menino e quase beijá-lo... Só isso.*)
Henry Lian Pott
(Por que há tanto preconceito com isso? Qual é a diferença entre um casal de mulheres e um casal de homens? A única diferença é o corpo, mas o amor... o amor é um amor único, mesmo que eu não tenha esse amor, eu sei que ele existe.)
Henry Lian Pott
(Amor, paixão, é outras formas de amor. Não há diferença, é tudo igual: fazer, sentir, amar, beijar, acordar diariamente ao lado do seu corpo na sua cama.)
Henry Lian Pott
(Responda-me, qual é a diferença? Ah! e mesmo que porque seja fora dos padrões religiosos, porque é fora do seu conforto e entendimento, eu não vejo problema nisso, mas os outros sim.)
Henry Lian Pott
(Não há diferença, é tudo igual e de mesma intensidade. Os deuses não nos julgariam por sermos ou não sermos, eles deram-nos a opção de escolher a nossa decisão.)
Henry Lian Pott
(Mas, fazer o quê? Pessoas dessa categoria não deveriam ser respeitadas, mas não podemos nos tornar monstros iguais a elas, não é, mesmo?)
Ouvi a porta do primeiro andar bater forte, seguida de gritos de um homem — meu pai — com a minha mãe. As palavras que consegui distinguir foram aterradoras: ele dizia que iria-me matar. Senti meu corpo se congelar enquanto ouvia os passos pesados subindo as escadas, rápidos e bruscos, o som das botas ecoando pelo corredor. A cada passo, parecia que o chão tremia sob o peso da raiva dele.
De repente, observei a porta do meu quarto ser chutada com violência. O som da madeira sendo atingida fez meu coração acelerar, e o grito dele ressoou pelo corredor, agudo e cheio de fúria. A raiva do meu pai era palpável, e tudo o que eu conseguia fazer era ficar ali, paralisado, sem saber o que esperar.
Sr. Pott
LEVANTA, HENRY! EU VOU TE BATER ATÉ EU VER SANGUE EM TODO O SEU CORPO! VOCÊ VAI GRITAR EM ALGUMA HORA, AGORA LEVANTA! AGORA!
(levantei-me lentamente, com as pernas trémulas e o coração batendo descontrolado. Me virei para encarar o meu pai. Vi o seu rosto se retorcer de nojo e raiva. Se fosse a primeira vez que eu visse aquele olhar, eu estaria apavorado, mas, infelizmente, já estava acostumado com isso.)
(Vi ele aproximando-se rapidamente e, com violência, puxou os meus cabelos, fazendo-me encarar os seus olhos penetrantes. Ele sibilou com raiva, quase se esvaindo em fúria.)
Sr. Pott
Mesmo que grite, faça escândalo ou até implore, eu não vou parar até te ver morto!
(Eu apenas olhei para ele, sem conseguir reagir, e fechei os meus olhos, já sentindo o primeiro soco vir em cheio. Não senti nada, exceto pela dor latejante, apenas sabia que ainda estava vivo, porque o meu coração batia forte e a dor me fazia perceber que o sangue escorria pela minha boca.)
(Ele jogou-me no chão com força, e fui ficando ali, caído, sem forças. Ele afastou-se e foi pegar um canivete que tinha deixado por perto, como se tivesse preparado tudo com antecedência.)
(Se aproximou de mim novamente, com olhos cheios de desprezo, e disse:
Sr. Pott
Você é tão nojento... Não sei nem como dizer o quanto estou decepcionado com você. E os deuses não estão diferentes de mim.
Sr. Pott
Mas vou livrar o mundo de uma escória como você.
(Ele começou a mutilar o meu corpo, rasgando as minhas roupas e deixando-me nu, como se fosse uma forma de punição. Eu não conseguia entender o que estava a acontecer, mas sabia que estava me afundando em um abismo profundo de dor e humilhação.)
(Aí, ele afastou-se, e foi quando vi a minha mãe entrar, acompanhada de dois homens.)
Srª. Pott
Querido, está aqui o que você pediu.
(Vi que os homens sorriram maliciosamente para mim. O meu pai, com um sorriso cruel, disse:
Sr. Pott
Pode fazer o que quiser, mas não é para matá-lo. Se ele desmaiar ou parecer morto, me chama.
(Eu vi ele sair do quarto, me deixando sozinho com os dois homens. Eles se aproximaram de mim, rindo, e um deles falou:
puto
Olha só que gracinha... Sempre sonhei em foder essa bundinha.
(Não era só ele, o outro também se divertia, e ambos começaram a me tocar, me forçando a aceitar as suas agressões. Cada movimento era uma dor insuportável, que cortava a minha alma. Eu não sabia quanto tempo isso durou, mas parecia uma eternidade de sofrimento.)
(Eu gritava, implorava para pararem, mas não funcionava. Eles me batiam, enforcavam-me, e cada vez mais eu me sentia desaparecer, como se a minha alma estivesse a ser arrancada de mim.)
(Desmaiei várias vezes, sem saber quanto tempo havia passado. Quando acordei, eles haviam parado de tocar-me, e saíram do quarto, rindo de mim, me chamando "ótima puta". Eu estava fraco demais para reagir, e não consegui-me concentrar nas palavras deles.)
(Foi então que alguém entrou no quarto. A voz soava cheia de nojo quando ele falou:
Sr. Pott
Como foi? Foi como você desejou, você não decidiu? Essa é a consequência da sua abominação.
(As lágrimas desceram pelo meu rosto, molhando o travesseiro. Eu sentia a presença dele se aproximando, e me virou, colocando algo na minha boca.)
Sr. Pott
Agora você vai para o submundo do inferno, de sofrimento, até que você veja que errou.
(Ele puxou meus cabelos com força, me arrastando para fora do quarto. Me virou de costas para a escada e, ao olhar para ele, vi a indignação, a raiva e o nojo nos seus olhos. Mas havia outro sentimento ali, algo mais profundo que eu não consegui identificar, mas senti como se fosse um misto de desprezo e satisfação.)
Sr. Pott
Que Deus lhe mostre o quanto você está errado.
(Eu podia sentir tudo em câmara lenta, o mundo se tornando pesado e escuro. Eu sentia que estava a perder a consciência lentamente, os meus órgãos já começavam a falhar. Mesmo assim, no fundo da minha mente, eu disse baixinho:
Henry Lian Pott
Deus, obrigado por esse livramento do inferno.
(E então... morri. Sem mais, nem menos.)
Segunda chance
Henry Lian Pott
(O que aconteceu? Onde eu estava? Por que sentia o cheiro de flores?)
(Isso era a morte? Isso era o inferno? Sempre imaginei que morrer seria uma experiência dolorosa, algo que me faria arrepender-me de cada escolha errada. Mas, surpreendentemente, não senti nada. Nenhuma dor, nenhum peso, apenas um silêncio absoluto.)
Henry Lian Pott
(Então, percebi que estava boiando na água. A superfície fria envolvia meu corpo, mas não me puxava para o fundo. Era como se eu flutuasse sem esforço, como se aquela fosse minha nova realidade.)
(Quando finalmente abri os olhos, o mundo ao meu redor parecia diferente. Tudo estava mais claro, mais nítido, como se uma névoa antes invisível tivesse sido dissipada.)
Henry Lian Pott
(Quando olhei para cima, percebi que estava deitado, encarando diretamente o teto. Aos poucos, minha visão se ajustou, e então compreendi onde estava: uma caverna. Mas não uma caverna comum.)
(O ambiente ao meu redor era majestoso, quase etéreo. Não lembrava em nada as cavernas escuras e úmidas que conhecia, tampouco os grandiosos templos da mitologia grega. Ainda assim, havia uma beleza única ali, algo quase sagrado.)
(Meus olhos vagaram pelo espaço, absorvendo cada detalhe com fascinação. As paredes de pedra eram cobertas por vinhas e plantas que subiam elegantemente, como se a natureza tivesse moldado aquele lugar com um propósito especial. Na água onde eu flutuava, delicadas flores boiavam na superfície, espalhando um aroma suave e agradável.)
(Movido pela curiosidade e pela estranha sensação de tranquilidade que o ambiente me proporcionava, nadei até alcançar a borda e saí da água. Foi então que notei algo surpreendente. Meu corpo estava... diferente.)
Henry Lian Pott
(Não havia mais marcas, feridas ou cicatrizes. Toda a dor que antes me atormentava parecia ter desaparecido completamente. Minha pele, no entanto, parecia mais pálida do que o normal, mas não sabia dizer se era apenas impressão minha.)
(Meus olhos continuaram percorrendo o ambiente até que, entre as formações rochosas, avistei uma saída. Sem pensar duas vezes, dei um passo à frente, pronto para descobrir onde aquele caminho me levaria.)
(A lua pairava majestosa no céu, tão próxima que parecia quase ao alcance das mãos. As nuvens, suaves e etéreas, deslizavam lentamente, tingidas por tons prateados e avermelhados pelo reflexo da luz lunar. A cena era hipnotizante, surreal, como se eu estivesse em um paraíso escondido do mundo — um lugar que eu sequer sabia nomear.)
( o meu olhar vagou pelo ambiente, absorvendo cada detalhe. Pilares imponentes sustentavam a estrutura do templo, erguidos com uma grandiosidade que evocava algo divino. A arquitetura mesclava o esplendor dos templos antigos com a harmonia da natureza ao redor. Tudo ali parecia existir em perfeita sintonia, como se o tempo e o espaço tivessem parado para preservar aquela beleza.)
(Eu não sabia por que estava ali. Não lembrava como havia chegado, tampouco se aquele lugar era real ou apenas um sonho. Mas, de alguma forma, nada disso importava. Pela primeira vez em muito tempo, senti uma paz genuína. Estava simplesmente existindo, absorvendo a grandiosidade do momento.)
(Diante de mim, havia um banco esculpido em pedra clara, estrategicamente posicionado de frente para um grande reservatório de água cristalina. Para mim, parecia uma piscina — ou talvez um lago esculpido à mão, perfeitamente integrado ao ambiente. A superfície refletia o céu estrelado, e a lua, de um branco intenso com nuances avermelhadas, cintilava sobre a água como uma joia rara.)
(Sentei-me no banco, permitindo-me apenas contemplar. O silêncio era profundo, mas não opressor. Era o tipo de silêncio que abraçava, que trazia conforto. O tipo de silêncio que faz você se perder em pensamentos sem perceber o tempo passar.)
Henry Lian Pott
(Mas então, esse silêncio foi quebrado.)
(Um som veio da minha esquerda. Um ruído sutil, mas distinto — algo se movendo entre as sombras do templo. O meu corpo ficou tenso por instinto, e minha respiração, que até então estava tranquila, se tornou contida.)
Henry Lian Pott
(Eu não estava sozinho.)
Henry Lian Pott
(Foi então que vi um pequeno animal.)
(Ele não se parecia com nada que eu já tivesse visto antes. Era como uma bolinha de luz dourada, flutuando suavemente no ar, emitindo um brilho quente e reconfortante. Fiquei parado, observando-o com fascínio, enquanto ele inclinava a cabeça para o lado, como se me estudasse com a mesma curiosidade.)
(A pequena criatura começou a se mover, aproximando-se de mim com leveza, girando ao meu redor algumas vezes antes de pousar delicadamente sobre meu ombro. O seu calor era sutil, quase como o toque do sol em uma manhã fria.)
Henry Lian Pott
( o meu olhar seguiu a direção para onde a criatura dourada estava voltada. Foi então que a vi.)
(Das sombras do templo emergiu uma cobra magnífica, o seu corpo completamente branco, brilhando sob a luz prateada da lua. Cada movimento seu, era gracioso, quase hipnotizante, como se deslizasse sobre o próprio ar. Os seus olhos eram profundos, inteligentes, e havia algo nela que transmitia mais do que simples instinto animal.)
(Ela parou a alguns passos de mim, erguendo ligeiramente a cabeça, como se estivesse me observando com cautela. Não havia ameaça no seu olhar, apenas uma silenciosa pergunta. Era como se estivesse pedindo permissão para se aproximar.)
Henry Lian Pott
(Sem hesitar, acenei levemente com a cabeça.)
(A cobra avançou sem pressa, deslizando pelo chão de pedra com uma elegância quase real. Subiu pelo banco ao meu lado, se enroscando suavemente enquanto me encarava. Os seus olhos brilhavam, e, por um instante, tive a estranha sensação de que ela sorria-me.)
Henry Lian Pott
— Nossa, você é tão linda... Qual é o seu nome, florzinha? — murmurei, minha voz saindo quase em um sussurro, como se temesse quebrar o encanto daquele momento.
(Com cuidado, estendi a mão para tocar a sua cabeça. O contato foi diferente do que eu imaginava. A sua pele não era fria e áspera como a de uma cobra comum, mas sim incrivelmente lisa e sedosa, com um leve calor que tornava o toque agradável.)
(Ela não recuou. Pelo contrário, pareceu aceitar o meu gesto, movendo-se com suavidade. Lentamente, deslizou para longe da sua posição inicial e começou a se enrolar ao redor do meu braço. O seu corpo branco e reluzente se moldava com precisão aos meus movimentos, como se aquilo fosse a coisa mais natural do mundo.)
(Quando alcançou os meus ombros, acomodou-se ali, aninhando-se de maneira tranquila. Como um gesto instintivo, comecei a acariciar delicadamente a sua cabeça, sentindo a sua textura macia sob os meus dedos. Para minha surpresa, ela permaneceu imóvel, quase como se estivesse desfrutando do carinho.)
Henry Lian Pott
(Um pequeno sorriso formou-se nos meus lábios.)
(Eu não sabia o que aquela cobra realmente era, mas havia algo nela que transmitia uma estranha familiaridade. Como se, de alguma forma, estivéssemos conectados.)
Lianna • serva do Deuses
— É a primeira vez que ela deixa alguém fazer isso.
Henry Lian Pott
— Aahhh! — soltei um grito de susto, levantando-me abruptamente. O meu coração disparou ao ouvir aquela voz suave e baixa, mas cheia de presença.
Henry Lian Pott
(Virei-me rapidamente para encarar a origem do som e, diante de mim, estava uma mulher de beleza imponente.)
(Sua pele era clara, mas levemente bronzeada, como se tivesse sido beijada pelo sol. Os longos cabelos negros deslizavam por seus ombros como uma cascata de seda, adornados por uma coroa dourada ricamente detalhada, reluzindo sob a luz da lua. Os seus lábios avermelhados contrastavam perfeitamente com a sua expressão enigmática, mas eram seus olhos que realmente me prenderam.)
(Eles eram dourados. Não apenas na cor, mas na intensidade. Eram como dois sóis ardendo no lugar de olhos, penetrantes e hipnotizantes, carregando uma sabedoria antiga e insondável.)
(Seu traje era tão majestoso quanto ela. Vestia um tipo de corpete dourado, que sustentava os seus seios com elegância, e uma saia fluída azul e dourada, perfeitamente ajustada à sua cintura, destacando as suas curvas com sofisticação. Os acessórios que usava — colar, brincos e braceletes — pareciam feitos do mais puro ouro, cada detalhe esculpido com precisão.)
(Havia uma aura de mistério ao seu redor. O seu semblante era frio, a sua postura firme. Ela não parecia ser uma mulher que gostava de conversas desnecessárias. E, ainda assim, sua presença era impossível de ignorar.)
Lianna • serva do Deuses
— Desculpe, pequeno Harry. É um prazer conhecê-lo. Meu nome é Lianna, serva dos Deuses.
(Ela curvou-se levemente diante de mim em sinal de respeito. Surpreso, fiz o mesmo, retribuindo o gesto. Os seus olhos dourados arregalaram-se por um breve instante, como se a minha atitude a intrigasse. Ela parecia querer perguntar. Por que você se curvou diante de mim?)
Henry Lian Pott
(–Sem precisar dizer nada, respondi a sua pergunta silenciosa com um sorriso gentil.)
Henry Lian Pott
— Isso não seria justo — expliquei. — Você curva-se com respeito, então porque eu não faria o mesmo? Além disso, você e eu somos iguais, mesmo que pareça… mística. Ah! e a senhora é linda.
Henry Lian Pott
°*Sorri abertamente, um daqueles sorrisos que fazem os olhos se fecharem levemente.*°
☆°●°●°•ALERTAR DE GATILHO•°●°●°☆
☆°●°●°•MENTAL•°●°●°☆
Lianna • serva do Deuses
(Observei o seu sorriso, e, por um momento, foi como se nada do que aconteceu algumas horas atrás importassem. Como se a sua morte trágica nunca tivesse acontecido.)
(Mas a verdade era cruel.)
Lianna • serva do Deuses
(Senti lágrimas quentes escorrerem pelo meu rosto, e, junto a elas, uma dor insuportável tomou conta de mim.)
Lianna • serva do Deuses
(Por que ele sorri assim? Como pode alguém, que sofreu tanto, sorrir dessa maneira? Ele não fez nada de errado… Ele é tão puro, tão lindo. Como um ser humano poderia conseguir destruir uma vida tão especial?)
Lianna • serva do Deuses
(Harry percebeu a minha expressão e franziu a testa, confuso. Antes que ele pudesse perguntar algo, fiz um simples gesto: abri os braços para ele.)
Lianna • serva do Deuses
(Ele hesitou por um instante, claramente surpreso. Então, sem dizer nada, avançou e abraçou-me.)
Lianna • serva do Deuses
(A força com que ele se agarrou a mim fez o meu coração se apertar. Pude sentir, em cada tremor do seu corpo, a dor acumulada nos seus catorze anos de vida.)
Lianna • serva do Deuses
(Os lamentos, os desejos sussurrados ao vazio, as súplicas silenciosas que ele fazia todas as noites. Sempre estive ao lado dele, observando, ouvindo. Mas agora, ele estava ali, nos meus braços, chorando baixinho, sem conseguir expressar tudo o que sentia.)
Lianna • serva do Deuses
(Apertei-o contra mim, sentindo sua fragilidade, sua necessidade desesperada de conforto. E, naquele momento, desejei com todas as forças que ele nunca mais precisasse chorar sozinho.)
☆•°●°•Fim do gatinho•°●°•☆
Sentado no banco de pedra, conversamos como se fôssemos velhos amigos… ou até mesmo uma família.
Havia algo reconfortante na sua presença, algo que me fazia sentir seguro, acolhido. Ela conhecia-me tão bem que, em certo momento, não pude evitar a pergunta:
Henry Lian Pott
— Como você sabe tanto sobre mim?
°*Lianna sorriu suavemente antes de responder:
Lianna • serva do Deuses
— o seu anjo sempre ouviu você… independente do momento.
As suas palavras tocaram algo profundo dentro de mim. Os meus olhos se encheram de lágrimas, e algumas escaparam antes que eu pudesse contê-las.
Henry Lian Pott
(Então, era ela?)
Era Lianna quem sempre esteve comigo nos meus piores momentos, quem me confortava sem que eu sequer soubesse. Um calor diferente preencheu o meu peito, uma felicidade genuína que há muito tempo eu não sentia.
Depois de um tempo conversando, ela levantou-se e disse:
Lianna • serva do Deuses
— Vamos! Os Deuses querem conhecê-lo e conversar com você.
°*Enquanto caminhávamos, ela começou a me explicar onde estávamos.*°
Lianna • serva do Deuses
— Este é o Reino dos Deuses e das almas que escolheram servi-los. Aqueles que fazem essa escolha permanecem aqui, auxiliando os seres divinos em suas tarefas.
Ela também me contou sobre a minha morte. Explicou o que aconteceu comigo, os processos pelos quais passei… Mas curiosamente evitou falar sobre os meus pais. Por isso, me senti grato.
Mas nada poderia me preparar para a grandiosidade daquele lugar.
O mundo ao meu redor parecia feito de ouro, prata e cobre, misturados com tons vibrantes que transformavam tudo em um verdadeiro paraíso. Cada construção reluzia sob a luz celestial, como se cada detalhe fosse obra de algo divino.
Criaturas místicas caminhavam entre nós, algumas com feições humanas, outras com traços mágicos que eu jamais havia visto antes. Todos me cumprimentavam de forma respeitosa, como se me reconhecessem, como se eu fosse um deles.
Uma sereia de cabelos azulados e pele perolada se aproximou e entregou-me uma pulseira de ouro. A sua voz era melodiosa, quase hipnotizante.
Sereia
— Se algum dia precisar entrar na água e temer se afogar, basta dizer "Místico Do Mar". Esta pulseira garantirá a sua segurança.
Antes que eu pudesse agradecer, Lianna cruzou os braços e soltou um resmungo teatral:
Lianna • serva do Deuses
— Olha só, você tem sorte! Eu já pedi uma dessas para ela antes, mas sabe o que me disse? Que eu usaria para coisas obscenas!
°*Ri com o seu tom indignado.*°
A Lianna que eu conhecia antes, fria e distante, parecia ter se dissipado. Agora, ela era divertida, espontânea, cheia de vida. Como se, ao meu lado, pudesse finalmente mostrar um lado seu que poucos conheciam.
Seguimos em frente até que uma longa escadaria de mármore branco e dourado surgiu diante de nós. Os degraus levavam a um templo — ou talvez um castelo — imponente e grandioso. A construção se erguia majestosamente contra o céu, brilhando com uma luz própria.
Durante o caminho, Lianna fez questão de me apresentar a todos os místicos que cruzavam nosso trajeto. A cada apresentação, a sua voz carregava um misto de orgulho e alegria.
Lianna • serva do Deuses
— Olha, este é o meu protegido! Ele veio! Eu disse a vocês que ele chegaria ao Templo dos Deuses, haha!
°*Ela sorria e ria toda vez que falava de mim.*°
Senti algo estranho dentro de mim ao vê-la agir assim. Era admiração? Orgulho? Alegria de alguém que fala sobre um familiar querido?
Henry Lian Pott
(Eu não sabia.)
Mas, por algum motivo, Lianna parecia uma mãe que cuida de seu filho, mesmo que não fosse minha mãe.
Henry Lian Pott
(E eu queria que fosse.)
Por fim, chegamos ao Reino dos Deuses.
Autora:Aris Santos
N/A : vocês que escolhe qual das duas combina com o texto abaixo.
Não havia portas. A entrada era um grande arco aberto, permitindo uma visão clara de todo o horizonte. O vento ali era diferente, carregava algo além do comum… algo divino.
Henry Lian Pott
(E então os vi.)
Doze Deuses estavam sentados em seus tronos, as suas presenças irradiando poder e imponência. Alguns me observavam diretamente, enquanto outros mantinham os seus rostos ocultos por véus de luz ou sombras, impossíveis de distinguir.
Henry Lian Pott
(Eu estava diante dos Deuses. E todos os olhos — visíveis ou não — estavam voltados para mim.)
Autora:Aris Santos
Esse é tronos deles, só imagine que têm 12 lugares.
Vi uma mulher negra de cabelos pretos e cacheados, volumosos como uma grande coroa. Ela sorria radiante enquanto caminhava em minha direção com os braços abertos. Vestia um elegante vestido preto tomara-que-caia, acompanhado de longas luvas negras que cobriam seus braços por completo. Assim que chegou perto, me envolveu em um abraço caloroso e disse com ternura:
Noctyra• Deusa da Noite
— Meu pequeno Harry, que eu te abençoe. Você é lindo e puro, exatamente como Lianna falou. Você é especial.
A sua voz era suave, porém carregada de poder, como se cada palavra tivesse um significado profundo.
Antes que eu pudesse reagir, senti a presença de outra pessoa—ou melhor, percebi que não havia sentido sua presença antes. Um homem alto, de pele clara, se aproximou. Os seus olhos dourados brilhavam como o ouro mais puro, e seus longos cabelos, de um branco prateado, caíam um pouco abaixo dos ombros. Ele vestia uma túnica branca simples, mas detalhada de forma sutil, exalando uma majestade silenciosa.
O seu semblante era sério, quase severo, mas havia algo a mais na sua expressão. E então, para minha surpresa, ele inclinou-se e depositou um beijo suave em minha testa. Quando ergueu o rosto, lágrimas douradas escorriam por suas bochechas.
Azarion• Deus do Destino
— Me perdoe... — ele murmurou com tristeza. — Eu tentei mudar o seu destino, mas não estava ao meu alcance...
Fiquei surpreso. Um deus estava chorando? Mesmo sem entender completamente, respondi com sinceridade:
Henry Lian Pott
— O senhor fez o que pôde. Não se culpe por algo que estava além do seu poder. O que importa é que tentou, e isso já significa muito.
Uma terceira voz soou, grave, mas cheia de carinho:
Xyphoros• Deus do Caos
— O pequeno Harry está certo, meu amor. Eu disse-lhe que não precisava se culpar. Você fez tudo o que podia.
O dono da voz era outro homem, vestido com uma túnica vermelha adornada com linhas douradas. Ele usava um pano vermelho cobrindo a cabeça e, sobre ele, uma coroa de ouro puro. O seu rosto estava oculto por uma máscara feita do mesmo metal, mas seu tom de voz transbordava afeto. Ele aproximou-se e abraçou o homem de branco de maneira protetora e carinhosa.
A cena intrigou-me, e, com minha curiosidade natural, perguntei inocentemente:
Henry Lian Pott
— Vocês dois... estão juntos?
Os dois entreolharam-se e sorriram antes que o homem de branco respondesse:
Xyphoros• Deus do Caos
— Sim. Não são apenas os mortais que se apaixonam. Os deuses também amam—mas para toda a eternidade.
Henry Lian Pott
(Fiquei surpreso e, em simultâneo, feliz. Saber que o amor transcendia até mesmo os deuses me confortava.)
Enquanto os três deuses tomavam seus lugares, percebi que Lianna estava sentada ao meu lado. Eu não havia notado a sua presença até aquele momento. Olhei para eles e, ainda confuso, perguntei:
Henry Lian Pott
— Desculpem a pergunta, mas... quem são vocês? E por que desejam falar comigo... uma mera alma?
Os três deuses se entreolharam antes de voltarem seus olhares para mim. A mulher negra foi a primeira a falar, sua voz carregava serenidade e um certo brilho maternal.
Noctyra• Deusa da Noite
— Eu sou Noctyra, a Deusa da noite e dos segredos enterrados no tempo. O que foi perdido encontra refúgio em meu domínio, e aqueles que buscam conhecimento proibido sempre acabam sob minha vigília.
Ela sorriu com doçura, mas havia algo misterioso e insondável em seus olhos profundos. Então, o homem de túnica branca tomou a palavra. Sua voz era grave, mas suave como a brisa da manhã.
Azarion• Deus do Destino
— Eu sou Azarion, aquele que tece os caminhos do destino e lê as profecias escritas nas estrelas. Nenhum fio da vida se desenrola sem que eu tenha visto sua trama. Você, Harry, é mais do que um mero espírito... Seu caminho já foi previsto muito antes de seu nascimento.
Selphora• Deusa da Runas
— Eu sou Selphora, guardiã das runas e do conhecimento ancestral. As palavras esquecidas e os encantamentos há muito perdidos ainda sussurram para mim, e apenas aqueles dignos podem ouvir seus chamados.
Vorthan• Deus das Sombras
Vorthan• Deus das Sombras
— Eu sou Vorthan, aquele que caminha entre sombras e sussurros. Os mistérios que o mundo teme são meu domínio, e aquilo que não pode ser visto... eu enxergo claramente.
Luminara• Deusa da Luz
— Eu sou Luminara, a guardiã da luz e protetora dos justos. Onde há trevas, minha chama brilha. Nenhum coração sincero está verdadeiramente sozinho, pois minha luz sempre encontra aqueles que precisam dela.
Nyxtheris• Deusa do Eclipse
Nyxtheris• Deusa do Eclipse
— Eu sou Nyxtheris, aquela que caminha entre a luz e as trevas. A magia proibida dança em minhas mãos, pois o que é temido também pode ser fonte de poder. A pergunta não é se o conhecimento deve ser buscado... mas se você é forte o suficiente para carregá-lo.
Mortivis• Deus dos Espíritos
Mortivis• Deus dos Espíritos
— Eu sou Mortivis, guardião dos espíritos e vigia do véu que separa a vida da morte. Nenhuma alma cruza para o outro lado sem que meus olhos a vejam. O ciclo da existência é inevitável, mas mesmo na morte, há propósito.
Tenebros• Senhor dos Pesadelos
Tenebros• Senhor dos Pesadelos
— Eu sou Tenebros, aquele que governa os pesadelos e os labirintos da mente. O medo é meu domínio, e aqueles que ousam desafiar suas próprias sombras... são os que mais me interessam.
Eldrith• Guardião da almas perdidas
Eldrith• Guardião da almas perdidas
— Eu sou Eldrith, guardião das almas errantes e dos feitiços que jamais deveriam ser lançados. Entre os esquecidos, sou aquele que escuta seus lamentos.
Vaelthor• Deus da Criação
Vaelthor• Deus da Criação
— Eu sou Vaelthor, aquele que molda o princípio da magia e da existência. Tudo que foi criado tem minha marca, e cada encantamento ressoa em minha essência.
Xyphoros• Deus do Caos
— Eu sou Xyphoros, o caos, a anarquia da magia! O inesperado é minha arte, e a instabilidade... meu maior prazer.
Seraphis• Deusa dos portais
Seraphis• Deusa dos portais
— Eu sou Seraphis, guardiã das passagens entre os mundos. Onde há uma porta, há um caminho... e onde há um caminho, há um destino a ser seguido.
Segunda chance/Parte 02
"Nem mesmo os deuses podem mudar o destino, mas uma segunda oportunidade pode reescrever a história."
Azarion• Deus do Destino
Azarion sentado em seu lugar com um olhar sereno, sua voz carregando a firmeza de alguém que compreendia os caminhos do destino.
Azarion• Deus do Destino
— Meu anjinho, estamos aqui porque queremos lhe oferecer uma proposta — uma nova vida. Eu, que teço os fios do destino, e Seraphis, que guarda os portais entre as realidades, vimos uma oportunidade única. Após conversarmos, todos concordamos que você merece uma "Segunda Chance".
Senti meu coração — ou o que restava dele — acelerar. O choque me impediu de responder imediatamente. Antes que eu pudesse dizer algo, Seraphis virou sua cabeça em minha direção como ser ela enxergasse através do tecido que escondia seus olhos, sua presença oscilando entre o presente e o intangível.
Seraphis• Deusa dos portais
— Quando Lianna veio até nós, uma semana antes do seu destino se cumprir, ela implorou para que salvássemos sua vida ou mudássemos seu destino — explicou ela. — Mas, mesmo que Azarion alterasse o curso do futuro, o resultado seria o mesmo... ou talvez até pior. No entanto, vimos uma brecha, uma possibilidade. Eu, como guardiã das dimensões, busquei em minhas realidades alternativas e encontrei uma onde você poderia viver... não mais como um espírito marcado pelo sofrimento, mas como uma pessoa viva, com uma nova história para escrever.
Azarion assentiu, sua expressão carregada de um misto de felicidade e esperança.
Luminara• Deusa da Luz
— Eu vi todas as suas vidas passadas — continuou Luminara, sua voz suave, mas firme. — Em todas elas, você sofreu. Em todas elas, você foi privado do amor, da liberdade e da felicidade. Foi uma injustiça. Eu fui a primeira a quem Lianna procurou, e diante do que testemunhei, decidi que você merece algo diferente. Você merece amor. Você merece paz. Você merece uma oportunidade real de ser feliz.
O silêncio caiu sobre todos os deuses presentes. Seus olhares pousaram sobre mim, esperando minha resposta. Eu ainda estava tentando assimilar o que significava receber uma dádiva tão imensa. Antes que pudesse reagir, Selphora, a guardiã do conhecimento, falou com gentileza:
Selphora• Deusa da Runas
— Você não precisa sentir-se obrigado a aceitar essa segunda chance. Mas quero que saiba que, independentemente da sua escolha, você é digno dela. Eu mesma vi quem poderia ser sua nova família e os laços que formaria. E, como prova da minha bênção, concedo a você o dom de enxergar a verdade nas palavras e intenções dos outros. Ninguém poderá enganá-lo sem que perceba. Através das runas e do conhecimento arcano, você será capaz de compreender os segredos ocultos de sua nova realidade.
Henry Lian Pott
(*Meus olhos se arregalaram.*) (Era difícil acreditar que, mesmo após a morte, eu poderia receber algo assim. Uma segunda chance... para ser amado, para ser quem eu sou, para amar quem eu quisesse sem medo.)
Antes que meus pensamentos se perdessem, uma risada baixa e despreocupada ecoou pelo espaço. Xyphoros, o deus do caos, cruzou os braços e me encarou com um brilho que apareceram atrás de sua máscara.
Xyphoros• Deus do Caos
— Vou lhe contar uma coisa — disse ele, sua voz carregando um tom surpreendentemente reconfortante. — Independentemente do que aconteça, você sempre será o dono da sua própria vida. Sempre haverá aqueles que tentarão te prender com preconceitos, seja por religião, identidade, roupas ou até pelo jeito como você fala. O mundo pode ser cruel, mas nada disso importa se, dentro de você, você souber quem realmente é. A vida que lhe oferecemos agora é sua para viver do jeito que quiser — e não como os outros esperam que você viva.
Henry Lian Pott
(As palavras dele encontraram um lugar profundo dentro de mim. Sim, era isso que eu queria. Uma família, amigos, um amor verdadeiro. E, acima de tudo, ser aceito, sem ser espancado ou rejeitado por quem eu sou.)
Eu respirei fundo, sentindo um calor novo preencher meu peito.
Henry Lian Pott
— Eu não sei o que essa nova dimensão reserva para mim — admiti, minha voz trêmula, mas determinada. — Mas saber que existe ao menos um fio, por mais fino que seja, que me liga ao amor... e que eu posso superar minhas vidas passadas, já me faz feliz. Obrigado por enxergarem em mim o que ninguém mais viu.
Meus joelhos cederam e caí no chão, fazendo uma reverência profunda, minha testa tocando o solo. As lágrimas desceram sem que eu pudesse controlá-las.
Eu nunca havia recebido um presente em vida... e jamais imaginei que seria os deuses a me concederem um.
Às vezes, aqueles que as pessoas dizem que irão julgá-lo ou criticá-lo têm 98% de chance de, na verdade, permanecer ao seu lado e aceitá-lo como você é.
Os deuses não estão aqui para julgá-lo. Eles não o punirão por não gostar do fruto que lhe foi dado. Afinal, foi o próprio Criador quem nos concedeu o dom da escolha. O livre arbítrio é uma dádiva, e cabe a cada um de nós decidir como viver e qual caminho seguir.
O verdadeiro julgamento não vem dos deuses, mas das próprias correntes que permitimos que nos prendam.
Acordei no mesmo lugar onde despertei pela primeira vez, mas, desta vez, estava deitado sobre uma cama ao lado do reservatório de água.
Sentei-me lentamente, tentando assimilar tudo o que havia acontecido. Minha mente logo retornou à conversa que tive com os deuses. Um sorriso suave surgiu em meus lábios ao lembrar de suas palavras. Depois que caí de joelhos diante deles, continuamos conversando sobre algumas questões importantes relacionadas à nova dimensão. No entanto, apenas o essencial foi discutido—eles já haviam feito muito por mim, e isso era mais do que suficiente para me sentir grato.
De repente, um par de olhos azuis surgiu em minha mente. Era uma lembrança difusa do sonho que tive.
Vi um homem loiro, de olhos azul-acinzentados, como um mar profundo e misterioso. Seu sorriso era o mais amoroso que eu já tinha visto em alguém, e sua presença emanava uma sensação de calor e segurança. Ele era incrivelmente belo, mas, infelizmente, não consegui ver seu rosto completamente—apenas fragmentos de imagens dispersas, como peças de um quebra-cabeça incompleto.
O mais estranho era que eu não o conhecia. Nunca o tinha visto antes, nem mesmo no Reino Celestial.
Na primeira vez que sonhei, a visão também era vaga. Eu me via como um espectador, observando dois jovens em um campo próximo a um castelo ou templo indistinto. Um deles tinha cabelos rebeldes e usava óculos redondos, e estava em pé sobre um balanço, enquanto o outro, um homem loiro, o segurava. Os dois estavam se beijando. Ambos vestiam camisas sociais brancas e calças pretas. Eles pareciam conectados de alguma forma, mas a cena era embaçada, e eu não conseguia compreender seu significado.
Meus devaneios foram interrompidos pela voz suave de Lianna.
Lianna • serva do Deuses
— No que você está pensando tanto?
Pisquei algumas vezes antes de responder:
Henry Lian Pott
— Apenas um sonho... Sobre um homem loiro, de olhos azul-acinzentados, que parecem um mar profundo.
Assim que terminei de falar, o reservatório de água tremeu levemente. Uma sereia emergiu da superfície e apoiou-se na borda com graciosidade. Seu olhar era sereno, e sua voz melodiosa parecia mais um canto do que palavras comuns.
Sereia
— Isso se encaixa na mitologia das sereias — disse ela suavemente. — Quando uma sereia canta e há alguém dormindo por perto, independentemente do gênero, seu canto pode induzir sonhos com a pessoa com quem terá um vínculo profundo, aquele que será seu amado e pai de seus filhos. Como você dormiu aqui duas vezes, e esse reservatório tem passagens subterrâneas que ecoam nosso canto, pode ser que tenha tido vislumbres do seu destino.
A sereia falava com naturalidade, mas sua voz era hipnotizante, carregada de um encanto irresistível.
Porém, uma única palavra ficou ecoando em minha mente.
Henry Lian Pott
(Filhos...)
(Ter filhos...?)
(Engravidar e ter filhos com meu amado...?)
(Isso é impossível!)
Meu coração disparou, e um calor subiu pelo meu rosto.
Henry Lian Pott
— Homens não engravidam — protestei rapidamente. — Isso é impossível! Nunca ouvi falar de algo assim!
Lianna sorriu de canto e, antes que eu pudesse continuar, interrompeu-me com um tom tranquilo:
Lianna • serva do Deuses
— Nada é impossível. Existe uma frase que diz: "Temos que fazer o impossível se tornar possível." Nem todas as dimensões seguem as mesmas regras. Algumas possuem leis diferentes, e há realidades onde homens podem, sim, engravidar.
Ela fez uma pausa, como se estivesse organizando seus pensamentos, e então prosseguiu:
Lianna • serva do Deuses
— Por exemplo, em uma das realidades dos bruxos e trouxas, existem dois tipos de feitiços de gravidez. O primeiro é chamado de "Vínculo", um encantamento realizado após o casamento. Esse feitiço conecta os parceiros em todas as formas possíveis, tornando seu amor intenso e profundo. O segundo feitiço é chamado "Vínculo Eterno". Como o próprio nome sugere, ele não pode ser desfeito. Se os parceiros deixarem de se amar, sentirão um vazio crescente, e, aos poucos, sua essência será consumida até que desapareçam completamente. Já o feitiço do "Vínculo" comum pode ser revertido caso seja necessário.
Ela suspirou levemente e finalizou:
Lianna • serva do Deuses
— Existe ainda outro feitiço, mas não falarei sobre ele agora. Está na hora de você se preparar para encontrar os deuses. Depois do banquete, será sua hora de partir.
Engoli em seco, sentindo um misto de emoções dentro de mim. Ainda não sabia o que me esperava nessa nova vida, mas uma coisa era certa: minha existência jamais seria a mesma
Todos estavam sentados em seus lugares, conversando, rindo, abraçando-se e trocando cumprimentos, como se fossem velhos amigos reunidos após uma longa jornada. A cena parecia surreal. Depois da minha morte, eu jamais imaginei que testemunharia algo assim. Eu achava que apodreceria no fogo do inferno, no mais profundo abismo de dor e sofrimento. Achei que passaria três milhões de anos em agonia, sendo consumido pela melancolia e castigado pelos pecados que me disseram ser imperdoáveis.
O inferno não é como dizem. Ele pode ser um lugar terrível, mas apenas para aqueles que temem sua escuridão. Para os que já viveram nele, o inferno se torna apenas uma extensão de sua própria existência. Ele se molda aos seus pecados, assim como o oceano: quanto mais fundo você vai, maior a pressão e mais difícil é respirar. O inferno segue essa mesma lógica—quanto mais pecados carrega, mais torturante se torna a eternidade.
Mas não é assim para todos.
Alguns são levados ao céu, outros ficam no meio-termo, e no fim, não há grande diferença entre um lado e o outro. Ambos contêm as mesmas forças, apenas refletidas como o inverso um do outro.
Enquanto estive aqui, conversei com deuses, entidades místicas e seres que nunca imaginei que existiam. Descobri que não há apenas um Deus, mas muitos—os da mitologia grega, romana, nórdica, africana e tantas outras. O mundo era vasto, repleto de divindades e forças além da compreensão humana. E, no fim, percebi que todos eles eram fragmentos de uma única essência, divididos por diferentes personalidades e propósitos.
Seraphis, uma das divindades presentes, ergueu-se e anunciou com sua voz firme, porém acolhedora:
Seraphis• Deusa dos portais
— Chegou a hora, irmãos… e pequeno Harry Potter.
Acenei para todos, sentindo um misto de ansiedade e resignação. Então, segui ao lado de Seraphis e Lianna, enquanto outros deuses caminhavam atrás de nós.
À nossa frente, uma imensa porta dourada se abriu, revelando um salão grandioso. O espaço era vasto, semelhante a uma câmara de trono. Correntes pesadas pendiam do teto e se espalhavam pelas paredes, cruzando-se como se selassem um poder oculto. No centro da sala, três espelhos resplandeciam com luz própria, refletindo algo além da realidade.
E bem no meio, fincada no chão, havia uma espada. Correntes enredavam sua lâmina, ligando-a a incontáveis outras que pareciam se estender pelo infinito.
Seraphis posicionou-se diante da espada e me olhou com seriedade.
Seraphis• Deusa dos portais
— Pequeno Harry, quando girar essa espada, você deverá atravessar a porta do meio. Entendeu?
Acenei com a cabeça, absorvendo suas palavras.
Quando me virei, vi todos os deuses alinhados, formando uma espécie de círculo cerimonial. Um deles, Azarion, deu um passo à frente e ergueu a mão em minha direção.
Azarion• Deus do Destino
— Abençoado seja por mim, Harry. Eu concedo a você o dom dos Vislumbres do Futuro—você poderá enxergar fragmentos do que está por vir, mas sem controle sobre o que será revelado.
Uma energia percorreu meu corpo, como se uma onda de conhecimento se agitasse dentro de mim.
Em seguida, Luminara aproximou-se. Sua presença era cálida, envolta em uma luz reconfortante.
Luminara• Deusa da Luz
— Abençoado seja por mim, Harry. Eu concedo a você o Toque da Esperança—essa bênção revigorará os feridos e concederá força mental para resistir ao desespero.
Senti um calor gentil preencher meu peito, como se uma chama de esperança houvesse sido acesa dentro de mim.
Então, Noctyra, envolta por um manto escuro, caminhou até mim e me abraçou. Sua voz era um sussurro carregado de mistério.
Noctyra• Deusa da Noite
— Abençoado seja, pequeno Harry. Eu concedo a você a Bênção do Véu Estrelado—terá a habilidade de se esconder nas sombras e ouvir segredos sussurrados pelo vento.
O abraço dela foi breve, mas deixou em mim a sensação de que eu me tornaria parte da própria noite quando precisasse.
Tenebros foi o próximo. Ele se curvou levemente, e, por respeito, fiz o mesmo.
Tenebros• Senhor dos Pesadelos
— Como imaginei que corresponderia à honra, concedo-lhe minha bênção, jovem Harry. Respeite sempre os outros, independentemente de sua posição, e essa dádiva será sua. — Ele ergueu a mão. — Abençoado seja vossa presença. Eu concedo a você o Pesadelo Vivo—o poder de projetar ilusões aterrorizantes na mente de seus inimigos.
A sensação foi diferente das outras. Era como se uma sombra pulsante se formasse dentro de mim, esperando o momento certo para ser despertada.
Meus joelhos quase cederam sob a pressão das bênçãos, mas antes que eu caísse, senti um abraço apertado. Era Lianna.
Lianna • serva do Deuses
— Sempre estarei ao seu lado, pequeno Harry. Você é especial, lembre-se disso.
Lianna se afastou ligeiramente e abaixou-se, permitindo que a grande cobra branca deslizasse até ela. Eu já a conhecia bem — seu corpo era longo, quente ao toque e de textura lisa, diferente do que muitos imaginariam.
Lianna • serva do Deuses
— Ela já te escolheu há muito tempo — Lianna disse, guiando-a até mim.
A serpente subiu pelo meu braço e se acomodou em meu pescoço, como se sempre pertencesse ali.
Lianna • serva do Deuses
— Ela entrará no portal com você, mas desaparecerá por um tempo. No momento certo, retornará.
Acariciei sua pele quente, sentindo uma estranha conexão. Eu sabia que ela voltaria.
Seraphis foi a última a se aproximar.
Seraphis• Deusa dos portais
— Abençoado seja o sortudo. Eu concedo a você o Salto Dimensional—com esse dom, poderá viajar instantaneamente para qualquer local que já tenha visitado.
Ela acenou com a cabeça e indicou que eu me posicionasse diante do portal.
Seraphis• Deusa dos portais
— Está na hora, Harry. Ah, e um último detalhe… Você se lembrará de todas as memórias da sua vida passada.
Minha respiração vacilou por um instante. Todas as memórias? Isso significava que, ao cruzar o portal, eu carregaria comigo cada dor, cada lembrança, cada fragmento da minha existência anterior.
Antes que eu pudesse hesitar, Seraphis girou a espada.
O portal se abriu diante de mim—um vórtice de energia vibrante e instável. Dei um último olhar para aqueles que estavam ali, então inspirei fundo e atravessei.
No instante em que entrei, senti meu corpo ser desmembrado e reconstruído ao mesmo tempo. Mas não havia dor, apenas uma sensação estranha e suave, como se eu estivesse sendo moldado novamente.
Eu não sabia o que me esperava do outro lado.
Mas sabia que, dessa vez, eu aproveitaria minha vida ao máximo—na tristeza ou na alegria.
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