Os dias seguintes foram mais desafiadores para Théo e Christian. O incidente no parque ainda ecoava em suas mentes, especialmente para Christian, que não conseguia se livrar da sensação de ser observado, julgado, como se cada passo que desse fosse acompanhado por olhares de reprovação. Embora tentassem seguir em frente, o peso das palavras cruéis ainda os alcançava, uma sombra que pairava entre eles.
Foi numa tarde de segunda-feira que o impacto das palavras ficou ainda mais evidente. Théo estava em uma cafeteria, esperando Christian, quando uma conhecida do passado, Beatriz, se aproximou. Ela sempre foi uma amiga de longa data de Théo, mas, ao vê-la, ele percebeu que algo estava diferente. O sorriso de Beatriz estava forçado, e seu olhar era desconfortável.
“Oi, Théo”, disse ela, de forma gentil, mas sem o entusiasmo habitual.
“Oi, Beatriz! Como você está?” Théo respondeu, tentando manter o tom leve.
Ela hesitou por um momento, olhando ao redor antes de continuar. “Eu… Eu só queria saber se está tudo bem com você. Com você e o Christian, quero dizer.”
A menção de Christian fez o coração de Théo apertar. A maneira como Beatriz falava, os olhares furtivos que ela lançava para ele, estavam carregados de algo mais.
“Está tudo bem, sim. Por que a pergunta?” Théo tentou não soar defensivo, mas a insegurança já tomava conta dele.
Beatriz deu um suspiro profundo antes de falar, quase como se estivesse escolhendo as palavras com cuidado. “Théo, eu não sei como dizer isso… mas o pessoal aqui da cidade, sabe… tem comentado. E… bom, algumas pessoas não sabem bem como lidar com a relação de vocês. Não estou dizendo que seja errado, mas… você sabe como são as coisas, né?”
As palavras de Beatriz caíram como pedras pesadas. Théo sentiu uma mistura de raiva e tristeza, mas, ao mesmo tempo, uma parte dele queria entender. Ela estava apenas tentando ser cuidadosa, mas ele não podia deixar de sentir que ela estava, de alguma forma, se distanciando.
"Beatriz, o que você quer dizer com isso?" Théo perguntou, tentando manter a calma.
Ela olhou para ele, parecendo relutante, mas continuou. “Só acho que talvez seja melhor você pensar no que as pessoas estão dizendo, sabe? A cidade é pequena, e algumas pessoas não vão aceitar tão facilmente.”
Théo sentiu seu estômago revirar. Ele não conseguia acreditar no que estava ouvindo. As palavras de Beatriz, embora ditas com boa intenção, estavam carregadas de preconceito. Ele não queria acreditar que a amiga de tantos anos pensasse assim. Ela sempre o apoiara, mas agora, o silêncio entre eles parecia mais pesado do que jamais fora.
“Eu entendo o que você está dizendo, Beatriz. Mas eu e o Christian, estamos bem. A nossa felicidade não depende do que os outros pensam. Não vou esconder quem eu sou para agradar ninguém.”
Beatriz abriu a boca, provavelmente para protestar, mas foi interrompida pela chegada de Christian. Ele entrou na cafeteria e, ao ver a expressão tensa de Théo, percebeu que algo não estava bem. Ele se aproximou de Théo, colocando uma mão em seu ombro, mas a tensão no ar era palpável.
“Oi, gente. Tudo bem?” Christian perguntou, tentando suavizar a situação, mas imediatamente notou a estranheza entre os dois.
Beatriz forçou um sorriso e disse, “Oi, Christian. Só estava conversando um pouco com o Théo. Não se preocupe, estamos só nos atualizando.”
Théo olhou para Christian, sentindo seu coração se apertar. Ele queria evitar mais confrontos, mais discussões sobre o que os outros pensavam. Ele só queria que o mundo os deixasse viver em paz, mas, naquele momento, parecia que não seria tão fácil assim.
Quando Beatriz se despediu, Théo se virou para Christian, com uma expressão de frustração.
“Ela disse algumas coisas, Christian… sobre o que as pessoas estão falando. E, cara, eu não sei mais como lidar com isso. Não é só sobre nós. É sobre a forma como todo mundo está vendo a gente, como se tivéssemos que pedir permissão para ser quem somos.”
Christian ficou em silêncio por um momento, absorvendo as palavras de Théo. Ele sabia o quanto isso doía para o namorado, como era difícil lidar com a pressão de ser constantemente julgado.
“Eu sei, Théo. Eu sei o quanto isso é difícil. Mas, não importa o que as pessoas digam. O que importa é que a gente tem um ao outro. E nós vamos fazer isso dar certo, mesmo que o mundo tente nos convencer do contrário.”
Théo olhou nos olhos de Christian, buscando força. “Eu sei que você tem razão, mas… você não tem medo, Christian? Medo do que pode acontecer se a gente continuar assim, sendo quem somos?”
Christian apertou a mão de Théo com firmeza. “Eu tenho medo, Théo. Mas tenho ainda mais medo de viver uma vida sem ser eu mesmo. E eu sei que, com você ao meu lado, podemos enfrentar qualquer coisa. Não vamos deixar que o medo nos vença.”
Aquelas palavras, simples mas profundas, trouxeram um conforto inesperado para Théo. Ele sabia que as coisas não seriam fáceis, que ainda teriam que lutar contra os preconceitos e os julgamentos. Mas ele também sabia que, com Christian ao seu lado, não havia nada que não pudessem superar.
E, naquele momento, Théo percebeu que, apesar dos obstáculos, o amor deles era mais forte do que qualquer desafio que o futuro lhes reservasse. Ele sorriu, sentindo o peso nas costas diminuir, e apertou a mão de Christian, mais uma vez.
“Juntos, sempre”, Théo murmurou, com a confiança renovada.
Christian sorriu de volta, e, juntos, eles saíram da cafeteria, prontos para enfrentar o que quer que o mundo ainda lhes apresentasse. Porque, enquanto estivessem juntos, nada mais importava.
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Atualizado até capítulo 61
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