Capítulo 4 – O Conflito Interno
A noite no castelo de Varyon era silenciosa, mas dentro da mente de Kael, uma tempestade se formava. Ele se afastara do baile logo após aquele momento estranho com Selith Draven, mas a presença dela continuava impregnada em seus sentidos como uma maldição.
O olhar dela...
Os olhos vermelhos como fogo líquido, os cabelos brancos como a lua, a pele pálida e hipnotizante… Tudo nela o perturbava. Tudo nela o atraía.
Isso não deveria estar acontecendo.
Kael percorreu os corredores do castelo, os passos pesados ecoando pelo piso de pedra. Ele sentia o peito apertado, como se estivesse aprisionado por algo invisível.
Havia lutado contra inimigos poderosos, enfrentado rituais antigos e liderado seu povo com mão firme. Nunca vacilara. Nunca hesitara.
Mas agora… havia Selith.
Ela não era uma simples bruxa do clã.
E isso o apavorava.
A Negação do Destino
Kael entrou em sua câmara particular e trancou a porta com um feitiço silencioso. O fogo na lareira tremulava, lançando sombras sobre as paredes de pedra escura.
Ele se aproximou do espelho, encarando o próprio reflexo. Os olhos azul-gelo pareciam ainda mais profundos, como se guardassem segredos que ele não queria enfrentar.
Então, sem aviso, a visão o atingiu.
Selith.
Seu rosto, seus lábios entreabertos, os olhos brilhando com algo desconhecido. Ele podia sentir o cheiro dela, doce e envolvente, como uma poção proibida.
Kael cambaleou para trás, respirando fundo.
— Maldição.
O que estava acontecendo com ele?
Isso era magia. Só podia ser.
Ele sabia que bruxas poderosas tinham dons de sedução, que algumas podiam envenenar a mente de um homem sem que ele percebesse.
Mas Selith não tinha feito nada.
Ela sequer falara com ele no baile.
E, no entanto, ele não conseguia esquecê-la.
O Confronto com Selith
Sem pensar, Kael saiu da câmara e caminhou pelos corredores até os aposentos reservados para as sacerdotisas do clã. Ele sabia que a encontraria lá.
E não estava errado.
Quando abriu a porta, Selith estava diante do espelho, os olhos fixos em seu próprio reflexo.
Ela girou o corpo devagar, como se já esperasse por ele.
— Kael. — Seu nome nos lábios dela soou como uma invocação proibida.
Ele avançou até ela, parando a poucos passos de distância. Selith não recuou.
Kael sentiu o ar vibrar entre eles. Havia algo invisível ali, uma energia crua e intensa que parecia querer arrastá-los um para o outro.
— O que você fez comigo? — Ele rosnou, a voz baixa, mas carregada de fúria.
Os lábios de Selith se curvaram em um sorriso quase melancólico.
— Nada que já não estivesse destinado a acontecer.
Kael sentiu o coração acelerar. O destino.
Essa palavra o irritava.
Ele não acreditava em destino.
— Isso não pode ser real. — Ele cerrou os punhos. — Eu sou o líder deste clã. Meu futuro já foi decidido. Meu dever já foi traçado.
Os olhos vermelhos de Selith brilharam.
— E, ainda assim, está aqui, diante de mim.
A raiva borbulhou no peito de Kael. Ele não podia permitir que uma mulher desafiasse sua lógica dessa forma.
Ele se aproximou mais, até que seus rostos ficassem perigosamente próximos.
— Se acha que pode me dobrar, está enganada. — Sua voz saiu grave, quase uma ameaça.
Selith não desviou o olhar.
— E se eu não precisar te dobrar? E se você já estiver quebrando sozinho?
Kael sentiu um arrepio subir por sua espinha.
Ele precisava sair dali.
Antes que fizesse algo que não poderia desfazer.
Antes que cedesse ao que seu coração gritava para aceitar.
Ele não podia amá-la.
Mas e se já fosse tarde demais?
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