Capítulo 3 – A Revelação Proibida
A lua alta iluminava o castelo com uma luz prateada, projetando sombras longas e misteriosas pelos corredores de pedra escura. O baile ainda acontecia no grande salão, mas Selith Draven já havia se retirado. Seu coração martelava no peito, e sua mente estava em ebulição.
Ela mal conseguira manter a compostura após aquele encontro intenso com Kael Varyon. O olhar dele, carregado de algo primitivo e profundo, grudara em sua alma como um feitiço impossível de quebrar.
Ele a sentiu.
Mesmo que não soubesse por quê, ele a sentiu.
Mas Selith não era ingênua. Kael nunca aceitaria isso facilmente.
O Ritual da Revelação
Apressando o passo, Selith caminhou pelos corredores vazios do castelo até chegar ao antigo salão subterrâneo. Ali, entre as ruínas esquecidas e os vestígios de feitiçaria ancestral, estava o espelho negro – um artefato que revelava verdades ocultas.
Ela se posicionou diante da superfície escura e opaca, sentindo o ar vibrar ao seu redor. Seu destino estava prestes a ser revelado.
— Se há um elo, que ele seja exposto. Se há uma verdade, que ela me seja mostrada.
Com um gesto fluido, Selith invocou um pequeno punhal de obsidiana e deslizou a lâmina sobre a palma da mão. O sangue quente escorreu em gotas perfeitas, caindo sobre o círculo de runas entalhado no chão de pedra.
O espelho tremeu.
As sombras ondularam dentro dele, e então, a visão tomou forma.
Kael e a Dúvida Profunda
Kael estava ali. Seus olhos azul-gelo estavam mais intensos do que nunca, seu corpo rígido, como se lutasse contra algo invisível.
Ao seu lado, Lyara Aedrys segurava seu braço, os lábios apertados numa linha fina. Havia fúria contida em seu olhar dourado.
— Ela te enfeitiçou, Kael. — Sua voz saiu melíflua, mas o veneno escondido em cada palavra era nítido. — Essa mulher… essa bruxa não deveria estar aqui. Você precisa vê-la como uma ameaça. Ela não é digna de estar ao seu lado.
Kael continuava calado, os músculos tensos, os olhos fixos em um ponto distante, como se estivesse em outro lugar.
Selith observava a cena com o coração acelerado. Ele sentia o elo, mesmo que tentasse negar.
Então, a visão mudou.
Agora, Kael caminhava sozinho pelo bosque escuro. O vento sacudia suas vestes pesadas, e o céu estrelado parecia distante, como se o mundo ao seu redor estivesse fora de foco.
Ele avançou até um pequeno rio cristalino e ajoelhou-se à beira da água.
Seus punhos estavam cerrados. Seu olhar estava perdido.
— Quem é você? — murmurou, sua voz grave quebrando o silêncio da noite.
Mas quando ergueu os olhos para a água, algo o fez prender a respiração.
No reflexo da superfície, não era apenas ele que aparecia.
Era Selith.
Seus olhos vermelhos brilhavam como brasas vivas, encarando-o de volta.
A presença dela era tão real que Kael chegou a esticar a mão para tocá-la, mas a imagem ondulou como se a própria água se recusasse a mostrar a verdade completa.
A voz de Selith soou dentro da mente dele, suave como um sussurro proibido:
— Você sabe quem eu sou.
O corpo de Kael ficou rígido. Seus olhos brilharam em reconhecimento.
Mas antes que ele pudesse reagir, a visão se dissipou em um redemoinho de sombras.
O Destino Inevitável
Selith arfou ao ser arrancada da visão. Seu corpo caiu sobre os joelhos no chão frio da câmara subterrânea.
Agora ela sabia.
O elo entre eles não era imaginação.
Kael sentia a conexão tanto quanto ela—mesmo que sua mente recusasse a verdade, mesmo que sua lógica tentasse negá-la.
Mas ele não aceitaria isso sem lutar.
E Selith sabia que, se quisesse fazê-lo reconhecer o que realmente eram um para o outro, teria que desafiar todas as leis do clã.
O destino não era uma escolha.
Ele era inevitável.
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Comments
Nathália Maria!
Nossa, por que tudo é tão difícil para as heroínas? Poxxaaa
2025-03-17
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