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Capítulo 5 – O Ritual Sombrio

A noite se derramava sobre o clã como um manto de escuridão densa e sufocante. O vento frio cortava os becos estreitos entre as construções de pedra, levando consigo os sussurros de feitiços antigos que pareciam ressoar no silêncio. Lysara caminhava apressada, envolta em um manto negro, o capuz cobrindo parte de seu rosto, mas não sua determinação feroz.

Seu coração batia pesado no peito, um tambor de guerra que ecoava sua ira. O que ela viu no baile não podia ser ignorado.

Kael não olhava para ninguém daquela forma.

Nunca olhara para ela assim.

E agora… tudo parecia mudar diante de seus olhos.

A simples presença de Selith Draven estava destruindo o que Lysara passara anos construindo.

Ela não era uma mulher qualquer. Era a noiva de Kael.

A futura líder ao lado dele.

E jamais permitiria que uma bruxa oportunista ameaçasse isso.

O Caminho para as Sombras

Lysara cruzou a floresta, seus pés movendo-se firmes sobre o solo úmido, desviando das raízes torcidas e das pedras afiadas. Ela sabia que ali, na parte mais profunda da floresta sagrada, havia um templo que não deveria ser visitado.

Pelo menos, não por aqueles que ainda desejavam manter a alma intocada.

Mas Lysara já não se importava com isso.

Se Selith estava tentando roubar Kael, ela precisava de respostas.

E se a resposta não fosse a que desejava…

Ela encontraria uma solução.

O Encontro com a Bruxa Sombria

A entrada do templo surgiu entre as árvores, uma estrutura de pedra antiga coberta por musgo e marcas rúnicas que brilhavam fracamente sob a luz pálida da lua. Havia algo de errado naquele lugar.

O ar era denso, carregado de magia ancestral. Aquele não era um templo comum.

Era um santuário de segredos proibidos.

Lysara engoliu em seco, mas sua raiva era mais forte do que o medo.

Ela empurrou a porta de madeira escura e entrou.

O salão estava iluminado apenas por velas negras que queimavam sem chamas, exalando uma fumaça azulada. No centro da sala, uma mulher encapuzada misturava ingredientes em um caldeirão de pedra, seu rosto oculto pela sombra do capuz.

A voz rouca da mulher ecoou sem que ela sequer se virasse.

— Você veio buscar a verdade.

Lysara parou no meio do salão, os punhos cerrados.

— Quero saber o que há entre Kael e Selith Draven. Quero entender por que ele… mudou.

A bruxa soltou um riso baixo, arrastado.

— Você já sabe a resposta, mas tem medo de ouvi-la em voz alta.

Lysara sentiu a raiva fervilhar em seu sangue.

— Diga-me.

A bruxa moveu as mãos sobre o caldeirão, murmurando palavras antigas. O líquido dentro da pedra brilhou em tons vermelhos e dourados, pulsando como um coração vivo.

— Se deseja ver a verdade, beba.

Lysara hesitou por um instante. Sabia que magia como aquela tinha consequências.

Mas ela não podia mais ignorar o que estava acontecendo.

Não podia perder Kael.

Então, sem pensar mais, agarrou a taça e bebeu o líquido de uma vez.

A Visão Proibida

O sabor era amargo e queimava sua garganta como fogo líquido. O mundo ao seu redor girou violentamente. Seu corpo tremia, os pulmões ardiam.

E então… veio a visão.

A princípio, tudo era escuridão.

Depois, Selith apareceu diante dela, envolta em uma luz prateada e dourada.

E ao lado dela… Kael.

Seus espíritos se entrelaçavam como fios de energia viva. Eram um só.