Em meio à garoa persistente que tecia um véu úmido sobre a paisagem urbana, Vinsmoke vagava pelas ruas desertas e frias, entregue a um vazio mental que ecoava a solidão do ambiente. A chuva implacável encharcava suas vestes, mas ele seguia adiante com uma placidez surpreendente, alheio à urgência ou à apreensão. Uma sensação paradoxal de liberdade o envolvia, como se o peso de ter ferido um coração sensível tivesse, ironicamente, libertado sua mente de correntes invisíveis. Ele se sentia como um pássaro finalmente liberto da gaiola, capaz de planar sem rumo por um céu vasto e chuvoso, guiado apenas pela própria vontade de seguir em frente.
Seus passos lentos e constantes o conduziram, quase que inconscientemente, a um destino incerto até então. Ao se deter diante do local, uma onda de frio percorreu seu ventre, uma sensação familiar à antecipação de um momento crucial, como se fosse a primeira vez que se encontrava naquela situação. Sem se permitir hesitar por muito tempo, ergueu a mão e seus nós dos dedos encontraram a superfície fria da porta, produzindo um som discreto na quietude da noite chuvosa: toc toc toc... Seu coração palpitava com uma intensidade crescente, o ritmo acelerado audível em seus próprios ouvidos: tum tum tum... A ansiedade se intensificava a cada segundo de espera sob a chuva incessante, enquanto aguardava, com uma expectativa quase palpável, que a porta fosse finalmente aberta pela pessoa que ali residia.
A porta cedeu com um ranger baixo, revelando uma silhueta hesitante, como se acabasse de ser arrancada de um sono profundo. Os olhos ainda pesados de sono lutavam para se abrir, semicerrados contra a invasão da luz prateada do luar que banhava o aposento. A vestimenta eram leves e inadequadas para a fria e sombria noite, mal protegendo a pele arrepiada.
Sanji observava a figura com intensidade, seus olhos faiscando com uma chama crescente de desejo. Uma onda de expectativa percorria seu corpo, a ânsia por um acontecimento iminente o consumia. Um anseio irresistível o invadia: abraçá-lo com firmeza, envolver seus braços ao redor daquela forma trêmula e beijá-lo com uma intensidade avassaladora.
Do outro lado da porta, Zoro franzia a testa, a mente ainda turva pelo sono interrompido. “Quem seria você?”, pensava, confuso, “e o que quer batendo à minha porta a esta hora?”. A confortável e quente cama implorava para que ele permanecesse, mas o persistente barulho que perturbava seu descanso o obrigou a ceder. Com evidente preguiça, arrastou os pés lentamente até a porta. Ao abri-la, seus olhos tentaram, com grande esforço, focalizar a figura parada no limiar. A silhueta encharcada, banhada pelo brilho lunar, parecia a personificação da ansiosa, espera.
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Elísia>:3
Mano
2025-04-27
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