Capítulo 4- O Despertar da Verdade

Depois de três longos dias e noites, Cedrik e Selene estavam exaustos, mas algo havia mudado entre eles. O vínculo entre os dois, que inicialmente parecia ser apenas uma aliança política, agora era mais complexo, mais profundo. Selene sentia uma mistura de emoções intensas dentro de si. O prazer físico era inegável, mas algo mais estava acontecendo. Seu corpo e mente estavam reagindo de uma forma que ela nunca imaginou ser possível.

Ela não sabia se eram seus poderes que começavam a despertar ou se era a presença de Cedrik, mas algo em seu interior estava mais forte do que nunca. Ela sentia como se estivesse em dois mundos simultaneamente: o humano, com suas inseguranças e frustrações, e o lupino, que ansiava por liberdade, por conexão verdadeira e por poder.

Selene se deitou ao lado de Cedrik, observando o teto do quarto, ainda em silêncio. O cheiro de seu corpo, ainda marcando o ambiente, a envolvia. Cedrik, ao seu lado, parecia distante, como se estivesse lutando contra algo interno. Mesmo em silêncio, eles compartilhavam um espaço de tensão, ambos cientes de que algo muito maior estava em jogo.

"Eu nunca pensei que isso fosse acontecer", Selene disse, quebrando o silêncio. Sua voz era suave, mas havia uma profundidade nela que ela mesma não compreendia totalmente. "Nunca imaginei que, apesar de tudo, fosse sentir algo por você."

Cedrik a olhou, sua expressão impassível. Ele era um lobo forte, implacável, mas havia algo de vulnerável em seus olhos naquele momento. Ele não respondeu de imediato, mas as palavras estavam ali, nos olhos dele, nas pequenas mudanças em seu comportamento.

"Eu não queria que fosse assim", ele disse, sua voz grave. "Mas as circunstâncias... As circunstâncias nos obrigaram a fazer o que fizemos."

Selene assentiu, entendendo o que ele queria dizer. Ela sabia que ele estava falando da aliança, da política, da pressão dos clãs. Mas, ao mesmo tempo, ela também sabia que algo mais estava acontecendo entre os dois. Eles não eram apenas uma união de forças. Eles estavam ligados de uma maneira que transcendia a simples obrigação.

E foi nesse silêncio, nessa troca não verbalizada, que ambos sentiram a tensão do que estava por vir. Não era apenas o casamento ou a aliança. Era algo mais profundo, mais primitivo.

No terceiro dia, os dois finalmente saíram do quarto. O olhar dos membros de ambos os clãs estava fixo neles, esperando ansiosamente para ver a jovem esposa de Cedrik. A dúvida pairava no ar. Todos queriam saber se ela era virgem, se aquele casamento tinha cumprido sua função não apenas como uma aliança política, mas também como uma transação de pureza, algo fundamental para a segurança de ambos os clãs.

O mordomo entrou discretamente para entregar as refeições, mas Selene sentiu o peso dos olhares. As expectativas estavam sobre ela e Cedrik, como uma sombra. Ela sabia o que eles esperavam, e sabia que tudo o que aconteceria dali para frente seria fundamental para consolidar o que ela ainda não compreendia completamente.

"Vamos enfrentar isso", disse Cedrik, olhando para ela com um olhar que, pela primeira vez, parecia mais suave, mais compreensivo. "Vamos mostrar que somos mais do que o que todos pensam."

Selene respirou fundo, tentando se acalmar. Ela sentia que, de alguma forma, tudo estava prestes a mudar, e não sabia se estava preparada para o que viria. Ela sabia que os próximos passos seriam mais difíceis do que qualquer coisa que já enfrentara, mas estava disposta a encarar. Porque, dentro de si, ela sentia uma força crescente, algo que nem ela mesma compreendia completamente.

Parte 2

(O Despertar do Dom)

A luz da manhã invadia o quarto, suavemente, enquanto Selene observava o rosto de Cedrik, que ainda dormia ao seu lado. A exaustão física de três dias intensos não era o único fardo que ela carregava. Algo dentro dela começava a se agitar, algo além da sua compreensão. Seu poder, o dom que sempre esteve latente, parecia despertar com força renovada após a noite de núpcias.

Ela sempre soubera que tinha uma habilidade especial, um poder raro, que lhe permitia ver flashes do futuro. Mas até aquela noite, ela nunca tinha sentido a intensidade dessa habilidade. Ela conseguia ver imagens rápidas, confusas, que pareciam se dissipar tão logo apareciam, deixando-a fatigada e com a sensação de ter perdido uma parte de si mesma a cada visão.

Mas o que aconteceu naquela noite foi diferente. Pela primeira vez, as visões não a deixaram exausta. Elas surgiram com clareza, e ela não pôde ignorar a sensação de que algo tinha mudado dentro dela, algo que ela não entendia ainda, mas sabia que estava sendo despertado.

"Selene..." A voz de Cedrik a interrompeu, e ela virou-se para vê-lo acordando lentamente, seus olhos ainda carregados de sono. "O que houve? Você está diferente..."

Ela o olhou nos olhos, sentindo uma onda de poder crescer dentro de si, como se uma força invisível começasse a se expandir ao seu redor. Algo primal e incontrolável. "Eu... eu vi algo", disse ela, com a voz baixa, ainda tentando processar as imagens que invadiram sua mente durante a noite.

Cedrik a observou atentamente. Ele sabia que ela tinha essa habilidade, mas sempre fora uma habilidade limitada. O que ele sentiu naquele momento era diferente, como se o ar ao redor dela tivesse mudado, mais denso, mais pesado.

Selene se levantou, tentando se concentrar na sensação que lhe invadia, mas logo percebeu que o que ela sentia não era apenas um poder crescente. Era como se ela tivesse a capacidade de se conectar com todos os lobos ao seu redor, como se sua própria energia se tivesse ampliado e agora conseguisse sentir a presença deles em sua mente.

De repente, uma onda de energia a envolveu, e ela fechou os olhos, concentrando-se nas emoções e pensamentos dos lobos ao seu redor. Ela podia sentir cada um deles. Os de seu clã, os de Cedrik, até os de seus sogros. O alfa, Cedrik, era o mais forte, mas Selene não sentia mais a necessidade de se submeter a ele. Não era mais apenas uma esposa, uma mulher sob sua autoridade. Ela sentia o poder de sua linhagem lupina, mais forte do que nunca, e sabia que tinha o controle sobre todos eles.

"Selene...", Cedrik chamou, mas sua voz parecia distante. Ele havia se levantado também, observando-a com uma mistura de fascinação e cautela. "O que você está fazendo?"

Selene abriu os olhos, agora com um brilho intenso neles. Ela se virou para ele, e seu poder parecia palpável no ar. "Eu não sei exatamente o que está acontecendo", respondeu ela, sua voz mais firme. "Mas sei que agora eu tenho controle. Eu posso ver o futuro, posso sentir tudo o que está acontecendo ao meu redor... e posso controlar os lobos. Até você, Cedrik."

As palavras saíram de sua boca como se fosse algo simples, mas a tensão que pairava entre eles estava claramente visível. Cedrik sentiu um frio correr por sua espinha. Ele não duvidava do poder de Selene, mas o que ela acabara de afirmar era algo muito mais complexo. Ele sempre fora o alfa, sempre tivera o controle sobre seu clã. Mas agora ela falava de algo maior, mais profundo.

"Você... pode me controlar?", ele perguntou, quase num sussurro.

Selene sorriu, mas não era uma expressão de malícia. Era a certeza de alguém que havia finalmente compreendido o poder que possuía. "Sim. E mais, posso controlar todos os lobos do seu clã. Você não será mais o único a comandá-los."

A revelação foi como uma explosão de energia. Cedrik sentiu algo dentro dele se sacudir, mas ele não conseguia compreender totalmente o impacto que isso teria em seu relacionamento com Selene, nem nos rumos de sua liderança. Ela agora era mais do que apenas uma esposa. Ela era a força que ele nunca soubera que existia.

Selene olhou ao redor, sentindo o pulso dos lobos que estavam por toda a propriedade. Ela conseguia perceber seus sentimentos, seus medos e até mesmo suas intenções. Mas o que mais a surpreendia era a maneira como ela agora podia dominá-los, influenciar suas ações. Ela não só via o futuro, como também podia alterar o curso das coisas, manipular as situações a seu favor.

O poder se tornava mais forte a cada respiração que ela dava, e ela sabia que tinha que aprender a controlar essa força antes que fosse tarde demais. Ela não podia se deixar dominar pela intensidade de seu dom. Ela precisava ser cautelosa, entender o que realmente significava controlar todos os lobos, inclusive Cedrik.

Cedrik, por sua vez, sentiu um misto de medo e respeito por Selene. Ele sempre soubera que ela era especial, mas o que ela havia se tornado ali, naquele momento, era algo que ele nunca imaginara. Ela não era apenas uma mulher, não era apenas uma loba. Ela agora era uma força com a qual ele teria que aprender a lidar.

"Você está pronta para o que isso significa?" ele perguntou, sua voz baixa, mas firme.

Selene sorriu novamente, mais confiante do que nunca. "Sim, Cedrik. E juntos, vamos dominar este reino. Não importa o que aconteça."

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