Quando chegamos ao local, uma casa discreta no centro da cidade, uma sensação estranha tomou conta de mim. O lugar parecia tão comum por fora, mas o interior tinha uma atmosfera densa e misteriosa. As cortinas estavam fechadas, o ambiente era iluminado apenas por velas, e o cheiro de incenso preenchia o ar.
A cartomante, uma mulher com cabelos grisalhos e um olhar profundo, nos convidou a entrar. Sua presença era serena, mas tinha algo no ar que fazia a minha pele arrepiar.
Bianca, sem cerimônias, se sentou à mesa e sorriu para a mulher.
— Olá, querida! Estamos aqui em busca de respostas.
A cartomante me olhou com um olhar penetrante, como se soubesse exatamente o que eu estava sentindo. Ela acenou para que eu me sentasse, e eu o fiz, hesitante.
— O que você procura, minha filha? — a mulher perguntou com a voz suave, quase como um sussurro.
— Eu... estou tentando encontrar alguém. Minha alma gêmea, eu acho... — comecei, minha voz vacilante.
A cartomante sorriu de forma enigmática e pediu para eu esticar as mãos.
— Vamos ver o que as cartas têm a dizer sobre o seu destino.
Ela começou a embaralhar as cartas com uma calma impressionante e depois as colocou sobre a mesa, viradas para baixo. Fez um gesto com as mãos e pediu para que eu as olhasse.
Enquanto ela revelava as cartas uma por uma, meu coração batia mais rápido. Algo nas imagens parecia ressoar com a minha alma. As cartas falavam de um amor que estava distante, de uma espera que eu não podia controlar, e, conforme a cartomante falava, senti como se o peso de uma verdade não dita caísse sobre mim.
— Sua alma gêmea está chegando, minha filha — disse ela com uma suavidade que me fez prender a respiração.
Eu olhei para ela, sem acreditar no que estava ouvindo.
— Ele está resolvendo pendências do passado para poder seguir em frente. Está muito próximo de você, mas não será fácil para ele. — A cartomante pausou, olhando-me com um semblante sério. — No começo, ele pode não querer te conhecer, ou achar que não quer um relacionamento sério, pois tem medo de ser machucado. Ele já foi ferido, e, embora te ame, tem receio de se entregar.
Eu sentia uma sensação de déjà vu, como se as palavras dela tivessem sido ditas pela minha alma antes.
— Ele tem medo de se machucar. E você precisa estar bem consigo mesma, para que possa amá-lo como ele merece. Não é só ele que precisa curar-se, você também.
Aquelas palavras me cortaram profundamente. Era como se tudo o que eu sentia tivesse sido cristalizado nas palavras da cartomante. Eu não estava pronta para ele. Não estava pronta para ninguém.
Ela continuou, enquanto as cartas ainda estavam espalhadas sobre a mesa.
— Tenha paciência. Ele virá até você. Não é você que irá até ele. O tempo irá te trazer para o que é seu.
— Mas quanto tempo? — perguntei, sentindo a agonia me consumir.
A cartomante me olhou com um sorriso calmo.
— O tempo não pode ser apressado, minha filha. É a espera que traz a resposta. Quando você aprender a esperar com paciência, o universo alinhará tudo.
Fiquei em silêncio, processando tudo o que ela disse. Eu queria acreditar. Mas o medo da espera, da incerteza, do desconhecido... aquilo me consumia. Como eu poderia esperar por algo que não sabia se existia?
Quando saímos da casa da cartomante, Bianca estava radiante.
— Eu sabia! Sabia que ela ia te ajudar! Agora você tem as respostas que precisava.
Eu, por outro lado, estava imersa em um turbilhão de emoções. As palavras da cartomante ficaram ecoando na minha cabeça: ele virá até você. Eu sentia uma pressão crescente em meu peito.
Os dias passaram lentamente. Eu tentava focar no trabalho, tentar seguir em frente com minha vida, mas tudo parecia tão vazio. A única coisa que preenchia meu pensamento eram os sonhos com aquele homem sem rosto. Mesmo quando estava acordada, eu sentia a dor de algo que faltava. Como se a peça que faltava ao meu quebra-cabeça nunca fosse ser completada.
Comecei a correr, como forma de tentar afastar os pensamentos. A corrida me ajudava a aliviar a ansiedade, mas a dor no meu peito nunca ia embora. À noite, muitas vezes me pegava chorando, sentindo uma saudade de algo que eu não sabia o que era. Era uma saudade sem nome, uma dor insuportável que me fazia sentir que algo estava muito errado, mas ao mesmo tempo, eu não sabia o que era.
Eu estava à deriva, perdida em um mar de incertezas, e nada parecia me tirar daquela sensação de vazio. Mas, no fundo, sabia que precisava aprender a esperar. Mesmo que isso me corroesse por dentro.
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Atualizado até capítulo 67
Comments
nandinha
Será mesmo que agora ela tem as respostas ??
2025-02-28
0
Fátima Silveira
É uma espera incerta ainda
2025-03-30
0
Luisa Nascimento
Muito enigmático.
2025-04-20
0