senti um misto de alívio e desespero. Parte de mim sabia que havia feito a coisa certa, mas outra parte questionava se eu estava enlouquecendo. Quem termina um relacionamento estável por conta de um homem que só aparece em sonhos? Quem abandona uma vida planejada por algo incerto, uma sensação, um vislumbre de alguém que pode nem existir?
Mas, por mais irracional que parecesse, algo dentro de mim gritava que eu estava no caminho certo.
No começo, tentei ignorar os sonhos, mas eles continuaram vindo. Sempre o mesmo homem sem rosto, sempre a tatuagem no antebraço. Parecia que ele estava esperando por mim, e isso só me fazia ter mais certeza de que eu precisava encontrá-lo.
O problema era: por onde eu começaria?
Certa tarde, estava em casa, sentada no sofá, encarando a tela do meu celular sem saber o que fazer. Minhas amigas já estavam questionando por que eu terminei com Daniel, e minha família estava ainda pior.
Foi quando minha melhor amiga, Bianca Ribeiro, me ligou. Nós somos amigas desde de crianças, nós conhecemos quando sua família morava do lado da minha casa.
— Hady, preciso que você saia dessa toca em que se enfiou! — ela disse com a voz animada vindo do celular.
— Eu não estou me escondendo — revirei os olhos, mesmo sabendo que, de certa forma, era verdade.
— Ah, claro que não. Só está evitando todo mundo, inclusive a mim! — Bianca fez uma pausa e depois continuou: — Olha, eu entendo que terminar um noivado deve ser difícil, mas você não pode se fechar assim. Vem sair comigo hoje.
— Não sei, Bia...
— Nada de desculpas! — ela interrompeu. — Vamos a um bar novo que abriu aqui perto. Quem sabe você não conhece alguém interessante?
Prendi a respiração. Conhecer alguém novo. Eu queria isso, mas e se esse alguém não fosse ele? E se eu recusasse e perdesse a chance de encontrá-lo?
— Tá bom — suspirei. — Mas só uma hora, ok?
— Sim, sim! Te vejo às oito!
À noite, me arrumei com pressa. Optei por um vestido preto simples, cabelos soltos e maquiagem leve. Olhei para o espelho e tentei sorrir, mas não parecia natural.
Bianca me pegou no apartamento e seguimos para o bar. O lugar era sofisticado, com uma iluminação baixa e um clima aconchegante. Música tocava suavemente ao fundo, e o ambiente estava cheio, mas não lotado.
Nos sentamos em uma mesa perto do balcão, e logo um garçom veio anotar nossos pedidos.
— Como você está de verdade? — Bianca perguntou, observando-me com atenção.
Suspirei.
— Confusa. Parece que tomei a decisão certa, mas ao mesmo tempo, não sei o que fazer agora.
— Você nunca me contou o real motivo do término. Quer falar sobre isso?
Eu hesitei. Contar sobre os sonhos parecia absurdo. Mas Bianca era minha melhor amiga. Se alguém poderia me entender, era ela.
— Eu... comecei a sonhar com um cara — soltei de uma vez.
Ela ergueu uma sobrancelha.
— Sonhar? Como assim?
— Um homem. Sempre o mesmo. Mas nunca vejo o rosto dele, só sei que ele tem uma tatuagem de símbolo musical no antebraço. E sempre que eu acordo, sinto que ele é real, que preciso encontrá-lo.
Bianca ficou em silêncio por um instante. Depois riu.
— Espera, você terminou com o Daniel por causa de um cara que você sonha?
— Eu sei que parece loucura, mas... — abaixei a cabeça. — Eu sinto que ele é minha alma gêmea.
Ela me observou com mais atenção, o sorriso sumindo.
— E se ele for só um reflexo do que você queria que Daniel fosse? Um desejo inconsciente?
— E se não for? — retruquei.
Ela suspirou, balançando a cabeça.
— Ok, então... você vai sair por aí procurando um cara com uma tatuagem de símbolo de nota musical?
— Basicamente.
— Uau. Você realmente enlouqueceu — Bianca riu, mas depois seu rosto ficou sério. — Mas se isso é importante pra você, eu te apoio.
Sorri, aliviada.
— Obrigada.
Ela ergueu a taça de vinho.
— A um amor que ainda não tem rosto, mas que já roubou seu coração!
Toquei minha taça na dela, rindo.
Eu passei o ano de 2021 inteiro procurando, mas, na verdade, não sabia exatamente o que estava procurando. Aquele vazio dentro de mim parecia maior a cada dia que passava. Eu procurava sinais em todos os lugares, me entregava a cada possibilidade, mas nada fazia sentido. Era como se o meu coração estivesse preso em um labirinto sem fim, e eu não conseguisse encontrar a saída.
Eu acordava, ia para o trabalho e, depois, voltava para casa. O tempo parecia se arrastar como uma eternidade. Eu me sentia presa em uma rotina sem emoção, sem sentido. E então, Bianca, minha melhor amiga, sugeriu algo que me parecia uma loucura, mas, ao mesmo tempo, uma forma de me distrair.
— Hady, você já pensou em ir a uma cartomante? — ela perguntou com um sorriso meio travesso no rosto.
Fiquei em silêncio por um momento, surpresa com a sugestão.
— Uma cartomante? Você está falando sério?
Bianca deu de ombros, como se fosse algo simples.
— Ué, por que não? Você está aqui, se sentindo perdida, e quem sabe isso não te dá uma luz? Você acredita em signos, em tarot, em energias, não é?
Eu suspirei, relutante. Sabia que ela só queria me ajudar, mas, ao mesmo tempo, a ideia de confiar nas cartas, de buscar respostas nas mãos de uma estranha... parecia meio exagerado. No entanto, eu estava tão desesperada por qualquer coisa que me fizesse sentir que não estava sozinha nesse processo, que concordei.
— Tá, vou, mas só para ver o que acontece. Não vou acreditar em tudo o que ela disser, ok?
Bianca sorriu de orelha a orelha.
— Combinado! Vai ser divertido, você vai ver!
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Atualizado até capítulo 67
Comments
Luisa Nascimento
Tomara que encontre o dito cujo!
2025-04-20
0
Dulce Gama
a história está muito boa mas eu antes eu acreditava em cartomante tarô essas coisas hoje eu não acredito más não sou contra quem gosta mas eu zinha não mas mesmo assim vou continuar lendo porque a história está ficando interessante 👍👍👍👍👍🎁🎁🎁🎁🎁🌹🌹🌹🌹🌹
2025-03-16
2
nandinha
Eu já sonhei com uma pessoa e quando acordei, sentir uma falta
2025-02-12
3