Ana desceu as escadas com a mala em mãos, seus passos firmes, mas o coração apertado cada degrau parecia pesar mais, como se estivesse carregando não só suas roupas, mas também todas as emoções que ela tentava esconder, ela sabia que aquele momento era inevitável, mas ainda assim, o peso da despedida parecia aumentar a cada segundo.
Ao chegar ao último degrau, ela entrou na sala e encontrou seus pais esperando o silêncio entre eles era denso, como se todos soubessem o que estava prestes a acontecer, mas ninguém quisesse realmente admitir Julia, com os olhos vermelhos e marejados, estava sentada no sofá, as mãos entrelaçadas como se estivesse segurando a esperança de que Ana mudasse de ideia Pedro, em pé, com os braços cruzados, parecia uma parede difícil de derrubar.
— Ana... — a voz de Julia soou baixa, quase um sussurro, mas carregada de dor. — Você realmente vai? Não podemos conversar mais sobre isso? Isso não é uma decisão que você vai tomar em um dia só, querida... — Ela tentou, mais uma vez, apelar para o lado sensível da filha, mas o olhar de Ana era firme.
Ana respirou fundo, sentindo a tensão tomar conta de seu corpo ela sabia que esse momento seria difícil, mas não podia voltar atrás o sonho de Roma era maior do que qualquer discussão e se não fosse agora jamais seus pais permitiriam que ela fosse.
— Mãe, eu... eu já tomei a minha decisão eu não posso mais viver esperando, não posso mais ficar aqui, presa a uma vida que não é a minha na qual eu não escolhi.— ela falou, a voz ainda trêmula, mas determinada.
Pedro, que até então estava em silêncio, não aguentou mais ele se virou para ela, os olhos ardendo de frustração era evidente que ele não suportava ver a filha partir.
— Você vai fazer isso, Ana? Vai simplesmente jogar tudo fora, tudo o que construímos aqui, tudo o que você tem? — Ele avançou alguns passos, a raiva evidente em cada palavra. — Eu criei você para ser forte, mas não para ser irresponsável isso não é um sonho, é uma fuga!
Aquelas palavras atingiram Ana como um soco no estômago, mas ela não se deixou abalar ela sabia que seu pai não entenderia, ele nunca a entendeu ela fechou os olhos por um instante, respirou fundo e, ao abrir os olhos novamente, olhou diretamente para ele.
— Não é uma fuga, paiveu só estou indo atrás do que sempre quis eu sei o que estou fazendo, e sei que pode parecer um erro, mas é o meu erro para cometer e não vou deixar você me impedir.
Julia, sentindo o clima esquentar, se levantou rapidamente e se aproximou da filha, suas mãos trêmulas tocando seu braço as lágrimas já não eram mais contidas, e ela sabia que não havia mais nada que pudesse fazer para convencer Ana a ficar.
— Não faz isso, minha filha... — Julia implorou, a voz embargada. — Eu te criei para ser feliz, mas não assim você vai sofrer, vai se arrepender, e eu não sei o que será de nós sem você aqui não me deixe sozinha, por favor.
O pedido de sua mãe quase fez Ana vacilar, mas a decisão estava tomada ela não poderia deixar que o medo de machucar seus pais a fizesse voltar atrás.
— Eu... — Ana começou, tentando controlar a emoção que ameaçava tomar conta de si. — Eu não quero fazer vocês sofrerem, mas eu preciso ir, não posso viver com esse arrependimento eu já tomei minha decisão e eu... não vou mudar de ideia.
Pedro, furioso, a encarou com uma frieza que ela nunca havia visto antes era a primeira vez que ele a olhava assim ele não queria ver a filha seguir seu próprio caminho, ele não queria perder o controle sobre ela mas Ana já não era mais a mesma jovem que ele conhecia ela cresceu e agora, ela estava indo embora, sozinha, para construir sua vida.
Sem mais palavras, Ana se virou para a porta, sentindo o peso da despedida em cada movimento quando chegou à porta, parou por um momento e olhou para trás, para seus pais, Julia a observava com os olhos cheios de lágrimas, e Pedro, com os punhos cerrados, parecia mais distante do que nunca.
Ana não disse mais nada ela só abriu a porta e saiu, deixando para trás a casa que a acolheu por 25 anos, deixando para trás o amor e a dor que sua família representava.
Ela sabia que estava começando uma nova jornada, e que, por mais difícil que fosse, ela precisava seguir em frente.
Ana estava à porta, com a mala ainda em sua mão, o coração pesado e os olhos lacrimejando, mas nada a faria voltar atrás ela fechou a porta atrás de si com um leve estalo, o som ecoando em sua mente a sensação de liberdade era misturada com um amargo aperto no peito ela já estava fora, mas ainda sentia como se algo estivesse prendendo-a ao lugar que deixava para trás.
Caminhou até o carro estacionado na calçada, o motor já aquecido, esperando por ela cada passo parecia mais distante de tudo o que ela conhecia, mas ao mesmo tempo, mais perto de tudo o que ela queria conquistar a única coisa que a impedia de olhar para trás eram as palavras do seu pai, que ainda martelavam em sua cabeça. "Você vai sofrer, vai se arrepender..."
Mas Ana não sabia viver na dúvida ela preferia arriscar tudo a continuar uma vida que não fosse dela ela precisava de Roma, da moda, e de algo que a fizesse sentir que a vida tinha mais a oferecer.
Ainda com a mala na mão, ela abriu a porta do carro e se acomodou no banco olhou para o celular mais uma vez, conferindo a hora: 9h40 a mensagem de Carla ainda estava lá, aguardando por sua confirmação ela deu um sorriso triste, mas determinado, e com os dedos ágeis, respondeu rapidamente.
“Estou a caminho vou fazer isso, Carla eu vou dar o meu melhor.”
Ela respirou fundo e, com um leve tremor nas mãos, ligou o motor do carro o som do motor a trouxe de volta ao presente, afastando as lembranças de seu pai e da dor de deixar sua casa quando o carro se afastou lentamente da rua, ela não olhou para trás.
Dentro de casa, Pedro e Julia ainda estavam na sala o silêncio que se seguiu à saída de Ana foi denso, pesado, como se o ar tivesse ficado irrespirável, Julia sentou-se novamente no sofá, as mãos cobrindo o rosto, enquanto as lágrimas começaram a cair livremente ela queria ter feito algo mais, mas o que poderia fazer se a filha já estava decidida?
Pedro, por sua vez, estava mais distante do que nunca ele olhou pela janela, observando o carro de Ana desaparecer na esquina, e uma raiva silenciosa tomou conta de seu peito ele não entendia como ela podia fazer isso com ele, com a família ele a amava, mas a dor da perda de controle sobre ela era mais do que ele conseguia suportar.
— Ela vai se arrepender... — Pedro murmurou para si mesmo, mais para acalmar a própria raiva do que para qualquer outra coisa.
Julia olhou para o marido, seus olhos cheios de tristeza, e sem dizer uma palavra, se aproximou dele ela queria falar, mas as palavras não saíam o que poderiam fazer agora? Eles haviam dado tudo o que podiam à filha, e agora ela os estava deixando para trás.
— Talvez ela não se arrependa, Pedro... Talvez ela só precise encontrar o caminho dela — ela falou suavemente, com uma tristeza mansa, mas um toque de esperança em sua voz.
Pedro se virou para ela, seus olhos endurecidos pela frustração ele não conseguia ver nada além da dor da perda era difícil aceitar, difícil admitir que Ana estava certa, mas no fundo, ele sabia que não poderia mudar nada.
Enquanto isso, Ana dirigia pela estrada, sem olhar para trás as ruas de sua cidade iam ficando cada vez mais distantes, até se tornarem apenas um borrão no retrovisor ela olhou para frente, para o futuro, onde os desafios a aguardavam ela estava indo para Roma, a cidade dos seus sonhos, onde a moda a esperava mas, em seu coração, sabia que a estrada à frente não seria fácil mas ela estava pronta para enfrentar tudo.
Ela teria que lutar por cada oportunidade, por cada chance de mostrar quem realmente era a dor da despedida dos pais ainda a consumia, mas ela não deixaria que isso a impedisse Ana estava disposta a ser a protagonista de sua própria história, por mais difícil que fosse.
O telefone vibrou, interrompendo seus pensamentos. Era uma mensagem de Carla.
“Bom, Ana, espero que você já esteja a caminho temos muito o que fazer por aqui a primeira missão será um pouco difícil, mas tenho certeza que você está pronta para ela nos vemos em breve.”
O sorriso apareceu no rosto de Ana, um sorriso discreto, mas cheio de determinação a sensação de estar em movimento, de estar se aproximando da realização de seu sonho, a fazia sentir-se mais forte do que nunca ela estava longe de casa, longe de tudo o que a prendia, mas agora era ela quem guiava sua vida e, embora o caminho fosse incerto, ela não tinha medo de seguir em frente.
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Atualizado até capítulo 61
Comments
Valeria Grossi de Almeida
A família vai sofrer, mas ela tem que ir atrás dos seus sonhos
2025-02-24
1
bete 💗
compmicado a aceitação dos pais e difícil
ver sua cria criar asas
❤️❤️❤️❤️❤️
2025-02-12
1
🌹
É difícil ver um filho ir embora de casa mas é um dever dos pais desejar que eles sejam felizes com suas escolhas.
2025-02-16
2