ME AME

ME AME

Linda Romano - Tudo certo

Notas da autora.

Antes de qualquer coisa, preciso que preste atenção ao que vou dizer antes de começar a leitura.

O que você está prestes a ler é, acima de tudo, uma história.

É verdade que me envolvi profundamente durante o processo de escrita e que me apaixonei por alguns personagens, mas, no final, continua sendo apenas isso: uma história de ficção, que a minha mente maluca criou.

E por que estou dizendo isso? Porque, embora eu acredite que os livros têm o poder de transformar vidas, essas mudanças só devem ser bem-vindas quando trazem algo positivo. Se em algum momento esta leitura ameaçar sua saúde mental ou causar desconforto, lembre-se de que você pode apenas deixar de ler.

Este livro é indicado para maiores de 18 anos, pois contém cenas de sexo explícito, palavrões e aborda temas muito sensíveis.

SOBRE O LIVRO.

Essa é uma obra de ficção que contém gatilhos e cenas pesadas, atente-se antes de continuar.

O livro contém cenas que podem ser gatilho para algumas pessoa, contém: Violência extrema, trauma, processo de morte, morte, luto, uso indiscriminado do consumo de bebida alcoólica; Agressão física e psicológica; Uso de drogas lícitas e ilícitas; Abuso sexual e violência

Os temas abordados fazem parte de uma narrativa que explora as complexidades das relações humanas profundas. “ME AME" é uma história intensa, mas se seu Desejo é continuar. Seja bem vindo.

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*Linda R**omano*

Luiz Romano

Bianca Romano

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Linda Romano

O tilintar dos talheres contra os pratos de porcelana se mistura às conversas ao redor da mesa, um som que me soa tão familiar quanto opressor. Meu sorriso está no lugar, os ombros retos, e minha postura impecável. Luiz gosta que eu me porte assim.

Ele está ao meu lado, uma presença que me pesa mais do que me conforta. Suas mãos repousam na mesa, os dedos longos e firmes segurando uma taça de vinho, e eu percebo o jeito sutil como ele a gira, um hábito que adquiri ao longo dos anos de casamento para identificar quando ele está descontente.

— Então, Linda, você também trabalha ou fica em casa com a pequena?

a esposa de um dos colegas de Luiz perguntou, sorrindo para mim.

Abro a boca para responder, mas Luiz se antecipou, como sempre.

— Ela é pedagoga, mas decidiu ficar em casa para cuidar da Bia. Família em primeiro lugar, não é?

 Ele soltou uma risada curta e segurou minha mão sobre a mesa, um gesto que, para os outros, parecia carinho. Para mim, é um aviso.

Fechei os lábios sem contestar. Minha garganta apertou, mas sorrio assim mesmo. Sempre sorrio.

— Que lindo!

 a mulher respondeu, genuinamente.

— Eu admiro muito quem escolhe se dedicar assim aos filhos.

Minha filha, Bia, estava sentada ao meu lado, pequena e quieta, mexendo nos legumes do prato sem realmente comê-los. Seus olhos azuis evitam os meus, e eu reconheço o desconforto ali, o mesmo que sinto dentro de mim.

A conversa segue, e Luiz domina as interações. Fala sobre sua carreira, seus projetos ambiciosos, suas conquistas. Ele era admirado, respeitado. Um homem de sucesso. Eu sou apenas a esposa troféu.

Em determinado momento, um dos colegas menciona um livro infantil que sua esposa estava escrevendo. Sinto um lampejo de interesse, algo que quase me faz esquecer onde estou.

— Eu também sempre gostei de escrever para crianças...

 disse, sem pensar.

Por um instante, senti um pouco de mim mesma ressurgir, uma versão esquecida que adorava transformar palavras em histórias coloridas para os pequenos. Mas Luiz riu.

— Linda tem muitas ideias, mas nunca passa disso. Ela se distrai fácil.

Ele apertou levemente minha mão, um gesto que os outros interpretam como brincadeira, mas que me esfria por dentro.

A mesa acompanha a risada dele, e eu baixo os olhos, queimando de vergonha.

Bia segura meu braço, seus pequenos dedos buscando refúgio no meu.

Ninguém percebe.

Ninguém nunca percebe.

O resto do jantar transcorre em um borrão. As conversas seguem, os risos se espalham, mas tudo soa distante para mim. Meus ouvidos filtram o que não é necessário, concentrando-se apenas no que Luiz diz e faz. Cada movimento dele, cada inflexão na voz, cada olhar que lança na minha direção é um aviso silencioso. Sei exatamente quando estou prestes a ultrapassar um limite que ele não tolera.

Bia, ainda agarrada ao meu braço, mantém a cabeça baixa, as bochechas coradas. Sei que ela não gosta desse tipo de evento. Ela se sente deslocada, assim como eu.

— Você está gostando da comida, querida?

a esposa do colega de Luiz pergunta, tentando incluí-la.

Minha filha olha para mim antes de responder, como se precisasse de permissão.

— Sim, senhora

diz baixinho, quase sussurrando.

A mulher sorri, mas Luiz revira os olhos de forma sutil.

— Ela é muito tímida

ele comenta.

— Precisa aprender a se soltar mais.

Engulo em seco e apertando a mão dela sob a mesa. O último jantar como esse em que Bia recusou-se a falar mais do que duas palavras terminou com Luiz reclamando o caminho inteiro de volta para casa.

Terminei meu prato devagar, sem pressa. Quanto mais tempo demorarmos aqui, menos tempo sobrará para o que quer que Luiz tenha a dizer quando estivermos sozinhos.

— Linda, você já pensou em voltar a dar aulas?

alguém me pergunta, e, por um momento, sinto um fiapo de ar fresco.

— Ela não tem tempo para isso

Luiz corta antes que eu possa responder.

— A casa e a Bia dão trabalho o suficiente.

Ele sorri, como se estivesse orgulhoso da minha dedicação. Como se fosse mérito dele. E, de certo modo, é.

Os outros concordam, fazem comentários sobre como é difícil equilibrar tudo. Eu apenas abaixo a cabeça, ajeitando o guardanapo no colo.

Luiz leva a taça de vinho aos lábios e me observa por cima da borda. Sei que ele está esperando. Esperando por algum erro meu, por algum deslize.

Eu não lhe darei esse prazer.

Terminado o jantar, despedimo-nos com a mesma cordialidade de sempre. Beijos no rosto, promessas vazias de que precisamos repetir a ocasião. No carro, Bia se mantém quieta no banco de trás, olhando pela janela.

Assim que nos afastamos algumas ruas do restaurante, Luiz solta um suspiro pesado e repousa a mão na minha coxa. O toque não é carinhoso.

— Você sabe que não gosto quando fala demais.

Eu aperto os dedos no tecido do meu vestido.

— Eu sei.

— Ótimo.

O silêncio se instala no carro. Olho pelo retrovisor e vejo que Bia apertou os olhos, fingindo dormir.

Gostaria de poder fazer o mesmo.

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Comments

Dulce Gama

Dulce Gama

essa marido paí é um traste controlador fica o tempo todo controlando a mulher qual é a dele 👍👍👍👍👍🎁🎁🎁🎁🎁

2025-02-07

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