RF - 3 anos atrás

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~ 𝕽𝖎𝖐𝖆 𝕱𝖆𝖓𝖊 ~
Três anos atrás...
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Noah?
Reclinei-me contra a parede ao lado do armário do meu melhor amigo enquanto ele pegava o livro da próxima aula.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Você já tem um par para o Baile do inverno?
Ele fez uma careta.
Noah
Noah
— Isso é daqui a dois meses, Rika.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Eu sei. Estou aproveitando enquanto dá.
Ele sorriu, fechando a porta com um baque e abriu o caminho no corredor.
Noah
Noah
— Então você está me convidando para um encontro?
Ele me provocou com o seu jeito arrogante.
Noah
Noah
— Eu sabia que você estava a fim de mim.
Revirei os olhos, andando atrás dele, já que a minha sala de aula era na mesma direção.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Será que dá para você facilitar, por favor?
Porém tudo o que ouvi foi um bufo. O Baile de Inverno era um festival. As meninas convidam os garotos, e eu queria escolher a rota mais segura ao escolher um amigo para ir comigo. Os estudantes corriam à nossa volta, em direção às suas salas de aula, e segurei a alça da minha mochila sobre o ombro quando agarrei o braço de Noah, fazendo-o parar.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Por favor?
No entanto, ele desviou o olhar, parecendo preocupado.
Noah
Noah
— Tem certeza de que Trevor não vai chutar a minha bunda?
Noah
Noah
— A julgar pela maneira como ele sempre está ao seu redor, é até de se estranhar que ele não tenha instalado um GPS em você.
Aquela era uma boa pergunta.
Trevor ficaria bravo porque não ia convidá-lo, mas eu só queria amizade, e ele queria mais do que isso. Eu não queria lhe dar esperanças. Acho que poderia atribuir meu total desinteresse por conhecê-lo desde a infância – ele era praticamente da família – mas... Eu também conhecia seu irmão mais velho por toda a minha vida, e meus sentimentos por ele não tinham NADA de familiar.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Vamos lá... Seja meu parceiro
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Eu preciso de você.
Noah
Noah
— Não, você não precisa.
Ele parou na frente da minha sala de aula, que ficava antes da dele, e se virou para me encarar com um olhar aguçado.
Noah
Noah
— Rika, se você não está a fim de chamar o Trevor, então chame outra pessoa.
Exalei um suspiro profundo e desviei o olhar, cansada daquela conversa
Noah
Noah
— Você só está me convidando porque sabe que isso é seguro
Noah
Noah
— Você é linda e qualquer cara ficaria extasiado em poder sair contigo.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— É claro que eles estariam.
Sorri com sarcasmo.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Então diga sim.
Ele revirou os olhos, balançando a cabeça. Noah gostava de tirar conclusões ao meu respeito. Sobre a razão de eu nunca namorar ninguém ou porque eu me esquivava disso ou daquilo, mas, por mais que ele fosse um bom amigo, queria que parasse de fazer isso. Eu não me sentia confortável. Ergui a mão trêmula e acariciei a cicatriz fina e pálida em meu pescoço; aquela que ganhei aos treze anos. No acidente de carro que matou meu pai.
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Percebi que ele me observava e abaixei a mão, já sabendo o que estava pensando. A cicatriz que percorria a pele do meu pescoço no sentido diagonal, por mais que já estivesse esmaecida com o tempo, eu ainda achava que era a primeira coisa que as pessoas notavam em mim. Era sempre seguido de perguntas e olhares piedosos, seja da família ou amigos, isso sem mencionar os comentários e risos maldosos que eu recebia das meninas na escola na época do fundamental. Depois de um tempo, passei a senti-la apenas como um apêndice, do qual estava sempre consciente.
Noah
Noah
— Rika
Ele abaixou o tom de voz e disse, com um olhar gentil:
Noah
Noah
— Querida, você é linda. Com esse longo cabelo loiro, pernas que nenhum garoto dessa escola pode ignorar e os olhos azuis mais bonitos da cidade. Você é espetacular.
O primeiro sino soou e mudei a posição dos pés, agarrando com força a alça da minha mochila.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— E você é meu amigo preferido
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
Quero ir com você. Tudo bem?
Ele suspirou, resignado. Eu sabia que tinha vencido aquela discussão, e abafei um sorriso.
Noah
Noah
— Tá bom
Noah
Noah
— Temos um encontro.
Virando-se, ele se afastou em direção à sua aula de Inglês.
Sorrindo, senti meus nervos relaxarem. Eu sabia que estava impedindo que Noah tivesse um encontro promissor com outra garota, então precisava fazer alguma coisa para compensá-lo. Entrei para a aula de Cálculo e coloquei a mochila na parte de trás da minha cadeira, na fileira da frente; peguei o livro e o coloquei sobre a mesa. Minha amiga Ivy se sentou ao meu lado, com um sorriso, e logo me sentei para escrever meu nome na folha em branco que o Sr. London deixou em cima de todas as carteiras. As aulas de sexta-feira sempre começavam com um teste surpresa, então todo mundo já sabia o que fazer. Vários alunos entraram apressados; as garotas agitando suas saias cor de vinho e Blazers e os garotos com os nós das gravatas quase desfeitos. Estávamos praticamente no fim do dia.
Gabrielle Owens
Gabrielle Owens
— Vocês souberam da novidade?
alguém disse atrás de nós, e virei a cabeça, vendo Gabrielle Owens inclinada sobre sua mesa.
Ivy
Ivy
— Que novidade?
Ela abaixou o tom de voz quase em um sussurro, emoção cruzando suas feições.
Gabrielle Owens
Gabrielle Owens
— Eles estão aqui.
Dei uma olhada para Ivy e de volta para Gabrielle, em confusão.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Eles quem?
Porém, o Sr. London chegou, alardeando em sua voz grave:
Sr. London
Sr. London
— Todos sentados!
Ivy, eu e Gabrielle nos ajeitamos e olhamos diretamente para a frente da sala, encerrando a conversa.
Sr. London
Sr. London
— Por favor, sente-se, Sr. Dawson.
O professor ordenou a um aluno nos fundos, assim que tomou seu assento à mesa.
𝑬𝒍𝒆𝒔 𝒆𝒔𝒕𝒂𝒐 𝒂𝒒𝒖𝒊?
Reclinei-me na minha cadeira, tentando entender o que ela quis dizer com aquilo. Eu talvez soubesse. Olhei para cima e vi uma garota entrar correndo na sala para entregar um bilhete ao Sr. London
Sr. London
Sr. London
— Obrigado
Observei sua reação passar de relaxamento para agitação; seus lábios franziram, assim como suas sobrancelhas ao ler o bilhete. O que estava acontecendo? Eles estão aqui. O que aquilo...? Arregalei os olhos e me senti enjoada. ELES ESTÃO AQUI. Abri a boca, em busca de ar, e senti a pele arrepiar como se estivesse com febre. Uma excitação me agitou e cerrei os dentes, tentando conter o sorriso que queria escapar.
𝑬𝒍𝒆 𝒆𝒔𝒕𝒂 𝑨𝒒𝒖𝒊
Ergui os olhos, de leve, observando o relógio que marcava quase duas da tarde. E era dia 30 de outubro, véspera do Halloween.
Véspera também de...
"𝕯𝖊𝖛𝖎𝖑'𝖘 𝖓𝖎𝖌𝖍𝖙... 𝕬 𝖓𝖔𝖎𝖙𝖊 𝖉𝖔 𝕯𝖎𝖆𝖇𝖔."
Eles estavam de volta.
Mas por quê?
Já haviam se formado a mais de um ano atrás, então, por que agora?
Sr. London
Sr. London
— Por favor, assegurem-se de colocar os nomes em suas folhas
Sr. London
Sr. London
—E resolvam os três problemas que estão no quadro.
Ele ligou o projetor, sem perder tempo, e as operações matemáticas apareceram de uma vez.
Sr. London
Sr. London
— Virem as folhas para baixo quando terminarem
Sr. London
Sr. London
— Vocês têm dez minutos.
Peguei o lápis, sentindo meu corpo inteiro agitar-se em antecipação, e tentei me concentrar na solução das equações ao quadrado. Mas estava sendo difícil. Eu olhava o tempo inteiro para o relógio. A qualquer minuto... Abaixei a cabeça e me obriguei a prestar atenção na tarefa; meu lápis cravando-se na superfície de madeira abaixo da folha, enquanto eu piscava, tentando focar nos exercícios.
Erika Isla Fane
Erika Isla Fane
— Encontre o vértice da parábola.
Sussurrei para mim mesma.
Resolvi rapidamente o problema, seguindo para a próxima, sabendo que se parasse um segundo, perderia o foco. Se o vértice da parábola tiver coordenadas... continuei. O gráfico de uma função é uma parábola, que se abre... Continuei fazendo os exercícios, terminando o primeiro, depois o segundo, e por fim, o último. Até que ouvi a música suave e congelei, de imediato. Meu lápis pairou sobre meus cálculos quando o som do leve solo de guitarra ressoou pelos alto-falantes. Ficando cada vez mais alto, encarei a folha do papel, sentindo o calor agitar meu peito. Sussurros ecoaram na sala de aula, seguidos de alguns risinhos animados, até que a suave melodia que tocava deu lugar aos violentos toques da bateria, guitarra e as insanas e rápidas batidas do coração. Segurei o lápis com mais força.
A música The Devil In I, do Slipknot, soou pela sala
...E, pela escola inteira também.
Gabrielle Owens
Gabrielle Owens
— Eu falei pra vocês!
Ergui a cabeça, vendo vários alunos saindo de seus lugares para correr até a porta.
?
?
— Eles estão aqui mesmo?
Alguém praticamente gritou.
Todo mundo se amontoou na porta da sala, espiando pelo pequeno vidro acima, tentando ter um vislumbre deles pelo corredor. No entanto, permaneci em minha cadeira, sentindo a adrenalina correr pelo meu corpo.
O Sr. London respirou profundamente e cruzou os braços, de costas, certamente esperando que o tumulto logo acabasse. A música ressoou e as conversas animadas dos outros alunos preencheram o ambiente.
?
— Onde?
?
?
Ah, lá estão eles!
Uma garota gritou, e ouvi as batidas vindas do corredor, como se estivessem socando os armários. Cada vez mais perto.
Malik Cramer
Malik Cramer
— Deixe-me ver!
outro aluno reclamou, empurrando quem estava na frente.
Uma garota se ergueu na ponta dos pés e gritou:
?
?
— Saiam da frente!
Então, todos eles se afastaram para trás.
Então, todos eles se afastaram para trás. A porta se abriu e os alunos se espalharam, como as ondulações na água de um lago.
Thomaz Cramer
Thomaz Cramer
— Eita, merda.
Ouvi um garoto susurrar.
Devagar, todo mundo se dispersou, alguns voltando a se sentar em suas cadeiras, outros permanecendo de pé. Agarrei meu lápis com as duas mãos, sentindo o estômago revirar como se estivesse em uma montanha-russa, assim que os vi entrando na sala, estranhamente calmos e sem pressa alguma.
Eles estavam aqui. Os Quatro Cavaleiros. Eles eram os filhos amados de Thunder Bay, e cursaram o ensino médio aqui. Haviam se formado quando eu ainda era caloura. Os quatro foram para diferentes universidades depois disso. Eram alguns anos mais velhos, e embora nenhum deles soubesse da minha existência, eu sabia quase tudo sobre eles. Os quatro adentraram lentamente na sala, preenchendo o espaço onde os raios de sol lançavam sua sombra no chão. Damon Torrance, Kai Mori, Will Grayson III e... – fixei o olhar na máscara chamativa pela cor vivida de sangue daquele que parecia sempre ser o líder mais que os outros – Michael Crist, o irmão mais velho de Trevor. Ele inclinou a cabeça para a esquerda e apontou com o queixo para algo no fundo da sala. Os alunos se viraram, observando um dos caras dar um passo adiante, com um sorriso no rosto, ainda que tentasse disfarçar.
Thomaz Cramer
Thomaz Cramer
— Kian
Um dos meninos disse, animadamente, enquanto se dirigia também em direção os cavalheiros.
Dando um tapa no ombro do garoto quando passou por ele
Thomaz Cramer
Thomaz Cramer
— Divirta-se. Use camisinha.
Disse em ar de deboche.
Kian Mathers
Kian Mathers
Sempre.
Respondeu sorridente enquanto ajeitava os belos cabelos e se direcionando também até os meninos
Alguns alunos riram
Enquanto algumas garotas se mexiam nervosamente em seus assentos, sussurrando e rindo umas com as outras.
Kian Mathers do terceiro ano, como eu, era um dos melhores jogadores de basquete da escola. Ele deu um passo em direção aos Cavaleiros, e um deles – o que usava a máscara branca com uma listra vermelha – enganchou um braço em seu pescoço e o levou para fora da sala.
Eles pegaram outro estudante, dessa vez Malik Cramer, gêmeo do primeiro selecionado -e o que usava a máscara totalmente preta- o puxou para o corredor, atrás dos outros dois, e provavelmente já pronto para recolher mais alguns jogadores de outras salas de aula.
Observei Michael e a forma como sua estrutura física não tinha nada a ver com o modo como ele preenchia o ambiente, e pisquei com força, sentindo o calor aquecer minha pele. Tudo a respeito dos Cavaleiros me fazia sentir como se eu estivesse andando em corda-bamba. Balance o cabelo de forma errada ou pise com um pouco mais de força – ou com suavidade –, e você sumiria para tão longe da mira deles, e nunca mais apareceria. O poder deles veio de duas coisas: Eles tinham seguidores e não estavam nem aí. Todos os idolatravam, Inclusive eu. Mas ao contrário dos outros estudantes que os admiravam, os seguiam e fantasiavam com eles, eu simplesmente ficava imaginando como seria ser como eles. Eles eram intocáveis, fascinantes e nada do que fizessem era errado. Eu queria aquilo. Eu queria estar por cima.
Gabrielle Owens
Gabrielle Owens
— Sr. London?
?
?
...
Gabrielle Owens foi até o professor, com uma amiga logo atrás. Ambas levando seus materiais.
?
?
— Nós temos que ir até a enfermaria.
Gabrielle Owens
Gabrielle Owens
— Vemos o senhor na segunda!
Então se espremeram por entre os Cavaleiros e desapareceram pela porta. Olhei para o professor, sem saber por que ele simplesmente as deixou sair. Era óbvio que elas não estavam indo para a enfermaria, e sim, indo atrás dos caras. Mas ninguém – nem mesmo o próprio Sr. London – ousou contestá- las. Os Quatro Cavaleiros não apenas mandavam na cidade ou na escola quando estudaram aqui, mas também mandavam nas quadras, quase nunca perdendo uma partida nos quatro anos em que jogaram pelo time. No entanto, desde a saída deles, o time do colégio não foi mais o mesmo, e o ano passado praticamente foi um desastre humilhante para Thunder Bay. Doze derrotas dos vinte jogos, e acho que todo mundo já não aguentava mais. Alguma coisa estava faltando. Deduzi que talvez seja por essa razão que os Cavaleiros estavam aqui agora. Talvez tenham sido chamados de volta pela escola, para que durante o final de semana trouxessem alguma inspiração para o time ou seja lá o que fizessem para dar uma animada nos meninos para colocá-los de volta aos trilhos, antes que a temporada começasse. E, por mais que os professores, como o Sr. London, fechassem a cara para os trotes que eles pregavam, certamente foi isso o que ajudou o time a se tornar uma unidade naquela época. Por que não ver se isso poderia funcionar outra vez?
Sr. London
Sr. London
— Todo mundo sentado! Garotos, podem sair
Ele disse para os Cavaleiros. Abaixei a cabeça e senti a euforia percorrer meu corpo, flutuando desde a barriga até o peito. Fechei os olhos, sentindo a cabeça enevoada. Sim, talvez fosse disso que eles precisassem... Quando abri os olhos outra vez, deparei-me com um par de longas pernas em um jeans preto lavado passando pela minha mesa, perto da janela, até que ele parou. Mantive o olhar para baixo, com medo de que minha expressão pudesse revelar o que estava sentindo por dentro. Talvez ele apenas estivesse verificando a sala outra vez, em busca de mais jogadores.
Kai Mori
Kai Mori
— Alguém mais?
Mas ele não respondeu ao amigo. Ele apenas permaneceu ali parado, ao meu lado. O que ele estava fazendo? Mantendo a cabeça ainda para baixo, olhei de esguelha e vi as mãos dele levemente curvadas ao lado de seu corpo. Vislumbrei a veia na parte de cima de sua mão, e a sala inteira pareceu tão silenciosa, O pavor tomou conta de mim e prendi a respiração. O que ele estava fazendo parado aqui? Devagar, ergui o olhar e senti meu corpo ficar tenso na hora, vendo os olhos castanho-dourados apontando diretamente para mim. Desviei o olhar, imaginando se eu tinha perdido alguma coisa. Por que ele estava olhando para mim? Michael olhou para baixo, em sua máscara vermelha aterradora – uma réplica de uma das máscaras desfiguradas do jogo de videogame Arm of Two – fazendo meus joelhos tremerem. Sempre tive medo dele. O tipo emocionante de medo que sempre me deixava excitada. Contraí os músculos das coxas, sentindo a palpitação entre as pernas, naquele lugar que sempre parecia vazio quando ele estava perto, mas não o suficiente. Eu gostava daquilo. Gostava de me sentir apavorada. Todo mundo permaneceu em silêncio atrás de mim, e o vi inclinar a cabeça como se estivesse considerando alguma coisa. O que estava passando em sua cabeça?
Sr. London
Sr. London
— Ela tem apenas 16.
O Sr. London informou.
Michael olhou para mim por mais um instante antes de se virar para o professor.
Eu tinha somente dezesseis
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– até o próximo mês, de qualquer forma – O que significava que não poderiam me levar com eles. A idade dos jogadores de basquete não influenciava em nada, mas qualquer garota que se juntasse a eles deveria ter 18 anos, deixando as dependências da escola por escolha própria. Não que eles fossem me levar, de qualquer jeito. O Sr. London estava enganado. O professor o encarou e, por mais que eu não conseguisse ver o olhar de Michael, de onde estava, acho que irritou bastante o professor, já que o dele vacilou. Ele abaixou o olhar, piscou e recuou. Michael voltou a olhar para mim, e senti uma gota de suor escorrer pelas costas. Então, ele deixou a sala, com Kai logo atrás. E eu sabia que era ele, porque a máscara que usava era a prateada. A porta se fechou em seguida. Mas que porcaria tinha sido aquela? Sussurros se espalharam pela sala, e pude ver, pelo canto do olho, a cabeça de Ivy inclinada na minha direção. Olhei para ela, vendo suas sobrancelhas arquearem em uma pergunta silenciosa, mas a ignorei, voltando a focar a atenção no meu teste. Eu não o tinha visto desde que ele havia aparecido em sua casa, rapidamente, no verão. E, como de costume, fui totalmente ignorada.
Sr. London
Sr. London
— Tudo bem, pessoal!
Sr. London
Sr. London
— De volta aos exercícios.
Sr. London
Sr. London
— Agora!
As conversas animadas se transformaram em sussurros, e todos, aos poucos, voltaram a seus afazeres. A música, que havia desvanecido a um zumbido, parou, e pela primeira vez, desde que entrei na sala, deixei que um sorriso deslizasse pelo meu rosto. Esta noite seria o caos. A Noite do Diabo não era apenas um trote. Era algo especial. Não somente porque eles haviam escolhido novos jogadores de todas as turmas, os levariam para um lugar desconhecido, zoariam com eles e os deixariam bêbados, mas pelo que fariam depois... Os Cavaleiros tocariam o terror na cidade como se aqui fosse o playground deles. No ano passado, com a ausência deles, tudo havia sido tedioso, mas todo mundo sabia o que aconteceria esta noite. A começar de agora, no estacionamento, onde os caras e algumas garotas se enfiariam em seus carros, sem sombra de dúvidas. Peguei o lápis de volta e respirei rapidamente enquanto balançava meu joelho direito para cima e para baixo. Eu queria ir. O calor em meu peito estava começando a se dissipar, e minha cabeça, que parecia mais aérea que tudo há um minuto, estava aos poucos se assentando no lugar. Em mais um instante eu me sentiria do mesmo jeito de sempre antes que ele entrasse na sala: comum, fria e insignificante. Depois da aula, eu iria para casa, veria como minha mãe está, mudaria de roupas, e iria passar um tempo na casa dos Crist; uma rotina que começou logo depois da morte do meu pai. Algumas vezes eu ficava para jantar, e em outras voltava para casa para comer com a minha mãe se ela estivesse disposta. Então iria para a cama, tentando não me preocupar com o fato de um irmão tentar me colocar para baixo mais um pouco, enquanto me recusava a aceitar o que havia sido despertado dentro de mim, sempre que o outro estava perto. Risadas e uivos se fizeram ouvir do lado de fora das janelas, e eu hesitei, fazendo meu joelho parar de balançar. Foda-se.
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Comments

Selma Azevedo

Selma Azevedo

vey q lindaaa juroo

2025-07-07

0

Rillary Ramos

Rillary Ramos

oi

2025-06-21

0

karolayne silveira ribas

karolayne silveira ribas

do nada a foto do Taehyung kkkkkk. que coincidência kkkkk, eu escutando BTS e lendo

2025-04-10

1

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