o encontro no aeroporto

O telefone desligou e eu fiquei ali, sentada no sofá, com as pernas bambas. A adrenalina de falar com Cris ainda estava no meu corpo, mas agora só restava uma sensação de vazio. Eu tinha acabado de decidir algo grande, algo que parecia tão simples até poucos minutos atrás. Ir para a Coreia, começar uma nova vida... mas como eu ia fazer isso sem dinheiro? A realidade batia forte em minha mente. Eu sabia que não tinha condições financeiras para essa viagem, mas, ao mesmo tempo, sentia que não podia voltar atrás. Eu tinha que tentar.

Respirei fundo, decidida. Peguei o celular e disquei o número do meu pai. Ele sempre foi meu maior apoio, sempre acreditou nos meus sonhos. Se alguém poderia me ajudar, era ele.

O telefone tocou uma vez, duas... até que finalmente ouvi a voz familiar do meu pai do outro lado da linha.

Oi, filha, tudo bem? Aconteceu alguma coisa? Algo urgente?

A preocupação em sua voz me deu um certo conforto, mas também me fez hesitar. O que eu diria agora? Como contar que estava prestes a embarcar para outro continente, sem mais nem menos?

Pai... eu tô em uma novidade. Você lembra que falei sobre enviar meu currículo para aquela amiga? – eu falei rápido, tentando não dar muito espaço para ele questionar.

Hum... lembro sim, filha. Mas, e aí? Para onde foi esse currículo?

É, então... o currículo não é para o Brasil, pai. Eu estou falando sobre a Coreia do Sul.

Houve um silêncio do outro lado. Eu sabia que ele estava tentando processar o que eu estava dizendo. Eu apressei, tentando explicar.

Eu conheço uma amiga lá, pai. Faz quase um ano que a conheço. E ela foi quem me ajudou a enviar o currículo. Se eu for para lá, eu tenho onde ficar. Ela fala minha língua também, então não vou estar sozinha. Além disso, eu estudei coreano, eu sei me virar. Eu sei me virar, pai. E você sabe que já estive em outro país antes.

Eu sentia as palavras saindo mais rápido do que eu conseguia processar, como se estivesse tentando convencer a mim mesma mais do que a ele. Mas eu sabia que tinha que ser sincera. Minha vida estava prestes a mudar.

Você não acha muito longe? E se algo acontecer? – ele perguntou, sua voz carregada de preocupação.

Eu sabia que ele tinha razão. Eu não estava indo apenas para outra cidade, mas para o outro lado do mundo, sozinha. Mas, ao mesmo tempo, eu sentia que era a única coisa a fazer.

Pai, ele não vai me encontrar lá. E, além disso, eu realmente preciso dessa oportunidade. Você sabe que é o que eu quero.

Mais uma vez, houve uma pausa. Eu sabia que ele estava ponderando, pensando nas implicações. Ele sempre foi assim, cuidadoso, mas ao mesmo tempo sempre me deu liberdade para buscar o que queria.

Eu entendo... mas, filha, você tem que falar com sua mãe sobre isso. Antes de qualquer coisa, avise ela da viagem.

Com o coração acelerado, concordei. A primeira parte estava resolvida, mas faltava falar com minha mãe.

Logo, mandei uma mensagem para ela. A resposta veio rapidamente, com uma empolgação que me surpreendeu.

Que ótimo! Você vai estar longe do Júlio, e isso é bom! Vai dar certo, filha. Eu apoio você!

Isso me fez sorrir. Minha mãe sempre apoiou minhas decisões, principalmente quando envolvia ficar distante de Júlio. Ela sabia o quanto ele havia me machucado no passado.

De repente, meu celular vibrou novamente, interrompendo meus pensamentos. Era uma notificação de transferência bancária. Olhei para a tela e vi o valor: R$ 100.000. Era do meu pai. Eu sabia que ele não me daria apenas o dinheiro da passagem. Ele queria garantir que eu teria o suficiente para me manter lá por algum tempo. Um calor se espalhou pelo meu peito, e eu senti uma mistura de gratidão e amor por ele. Quando eu preciso, ele sempre esteve lá por mim.

Com o dinheiro na conta, rapidamente comprei as passagens e comecei a arrumar minhas malas. A sensação de pressa me invadiu, o tempo estava se esgotando. Eu tinha apenas um dia para organizar tudo. Só que o nervosismo não me deixava focar direito. As roupas estavam espalhadas pelo quarto, e eu não conseguia decidir o que levar. Meu pensamento estava longe, em tudo que me aguardava.

Finalmente, o dia da viagem chegou. Acordei cedo, já sentindo a pressão de tudo o que estava por vir. Eu sabia que tinha que pegar o voo de Fortaleza para São Paulo e de lá pegar o avião até a Coreia. Era uma jornada longa, e o que mais me preocupava era o fato de que essa mudança significava deixar para trás tudo o que eu conhecia.

Cheguei ao aeroporto de São Paulo com bastante antecedência. O dia estava nublado, como se o tempo quisesse acompanhar minha ansiedade. Eu passei pela segurança, organizei minha documentação e me dirigi ao portão de embarque. Estava quase no meu destino, quase no futuro que eu havia sonhado. O som ambiente do aeroporto era uma mistura de vozes, anúncios e passos rápidos de pessoas com destino a lugares desconhecidos.

Foi quando meus olhos se fixaram em uma figura conhecida ao longe. O coração parou por um instante. Júlio. Ele estava lá, parado perto da área de embarque, olhando fixamente para mim. Eu sabia o que ele estava fazendo ali, sabia que ele não me deixaria partir sem tentar algo.

O ar pareceu desaparecer por um segundo, e uma sensação de pânico tomou conta de mim. Eu tentei me mover, mas minhas pernas pareciam coladas ao chão. Ele ainda estava vindo na minha direção, e o que eu faria agora? Eu precisava sair dali, mas não queria que ele me encontrasse, não agora, não assim.

O que eu faria?

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Comments

Rebecca Liviero

Rebecca Liviero

autora cd as fotos dos personagens

2025-02-08

1

Yasmin Fernanda 💓

Yasmin Fernanda 💓

Estou adorando o livro!

2025-02-14

1

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Atualizado até capítulo 52

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