encontro com Cris

Assim que entro no avião, meu coração ainda está acelerado. Meus dedos tremem ao apertar as alças da bolsa, tentando acalmar a respiração. O avião ainda não decolou, e meu medo cresce: E se ele entrar? E se ele descobrir para onde estou indo?

O susto me faz pular quando o celular vibra em minhas mãos. Olho para a tela e vejo o nome de Cris.

Cris: Oi, Jojo! O avião já decolou?

Minhas mãos ainda tremem enquanto digito.

Eu: Cris, se eu te contar o que aconteceu agora, você não vai acreditar.

Cris: Me conta logo, mulher!

Respiro fundo, ainda sentindo aquele arrepio na espinha.

Eu: Júlio trabalha no aeroporto agora. Acho que ele é segurança. Ele me viu, Cris. Eu tive que fazer um escândalo pra conseguir embarcar... e o pior, você não sabe...

Cris: Amiga, ainda piora?!

Eu: Sim... ele sabia onde eu estava durante esses três anos.

Cris: Mentira! Tô em choque!

Cris: Mas ele não viu sua passagem, né?

Eu: Não! Eu saí antes que ele tentasse alguma coisa.

Cris: Graças a Deus...

O som do comandante ecoa pelo avião:

"Senhores passageiros, por favor, desliguem seus celulares. Estamos nos preparando para a decolagem."

Olho pela janela, tentando me acalmar. Digito rapidamente:

Eu: Amiga, vou desligar. O avião vai decolar. Beijos!

Cris: Beijos! Até já, já!

Desligo o celular e respiro fundo. Pela primeira vez em anos, estou deixando esse passado para trás.

Me aconchego na poltrona da classe executiva, graças ao dinheiro que meu pai enviou. Acomodo os fones de ouvido e escolho uma playlist do BTS na tela à minha frente. RUN BTS começa a tocar, e enquanto assisto aos episódios, sinto meu corpo finalmente relaxar. O sono me vence, e quando acordo, olho no relógio da tela: ainda faltam 10 horas para pousar.

A viagem é tranquila. Alterno entre assistir vídeos dos meninos no YouTube e admirar a paisagem pelas janelas do avião. As nuvens brancas abaixo parecem algodão, e o céu azul sem fim me dá uma sensação de liberdade.

De repente, a voz do comandante retorna:

"Senhores passageiros, favor afivelar os cintos. Estamos nos aproximando da capital da Coreia do Sul, Seul. Em breve pousaremos."

Um arrepio percorre minha pele. Eu consegui.

O avião pousa suavemente na pista, e um alívio toma conta do meu corpo. Estou segura.

Assim que desembarco, o calor humano do aeroporto de Incheon me envolve. Luzes brilhantes, vozes misturadas em coreano e inglês, painéis digitais piscando com informações de voos. O cheiro de café e comida quente vem de pequenas cafeterias espalhadas pelo terminal.

Meu olhar percorre o saguão até que finalmente a vejo.

Cris.

Minha melhor amiga está lá, segurando um cartaz improvisado escrito "Bem-vinda, Jojo!".

Seus cachos curtos balançam quando ela pula animada, e aquele sorriso largo e contagiante se abre no rosto dela.

Meus olhos se enchem de lágrimas antes que eu perceba. Largo minhas malas no chão e corro em sua direção.

— CRIS! — Minha voz sai embargada.

Ela abre os braços e me envolve num abraço forte, apertado, cheio de carinho e saudade.

— Você conseguiu, amiga! — Cris diz, sua voz tremendo com a emoção. — Agora ninguém mais vai te machucar. Você está segura.

Eu soluço contra seu ombro.

— Finalmente... finalmente livre.

Cris enxuga minhas lágrimas com as mãos e sorri.

— Vamos conhecer Seul, amiga. Seu novo lar te espera!

Pegamos nossas malas e saímos do aeroporto, prontos para começar essa nova fase da minha vida.

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