( Elizabeth )
Depois que pego o trem, chego no meu trabalho, no restaurante "Novo Horizonte".
Começar o dia no Novo Horizonte é como acordar com o despertador berrando dentro da sua cabeça. Só que o barulho, nesse caso, é a voz da minha supervisora, dona Neide, gritando com a equipe inteira enquanto equilibra uma bandeja com um café que nunca esfria.
Neide: Elizabeth! Tem gente esperando nos banheiros! Tá achando que limpam sozinhos? Anda logo!
Sim, eu sou a “moça da limpeza” do Novo Horizonte. Também conhecida como a faz-tudo, quebra-galho e aquela que recebe ordens o tempo todo. Se fosse um concurso de quem aguenta mais humilhação no menor intervalo de tempo, eu ganhava disparado.
Pego o balde com os produtos de limpeza e sigo para os banheiros, meu território diário. Enquanto esfrego o chão imundo, minha mente voa para o homem misterioso da estação de trem.
O cara era irritante. Tipo, absurdamente irritante. Mas... salvou minha vida, né? Isso conta bastante. E, que fique registrado, ele não era só bonitinho. Não. O sujeito parecia ter saído de uma revista de moda. O cabelo dele era tão perfeito que até me pergunto como não despencou nem um fio enquanto ele me puxava dos trilhos.
Eu tinha que encontrá-lo de novo. Não é só gratidão, tá? É curiosidade também. Quem ele era? O que ele fazia na estação? E como alguém pode ser tão insuportável e ainda me deixar intrigada?
Dou uma risadinha pra mim mesma enquanto termino o trabalho. Quem sabe o destino não me dá uma ajudinha, né?
Neide: Elizabeth! Você tá rindo de quê? Só pode ser piada mesmo, rindo enquanto o chão ainda tá molhado!
Dona Neide aparece do nada, como um daqueles chefes irritantes de filmes.
Ela revira os olhos e continua, sem dó:
Neide: Tem um cliente reclamando que a cozinha tá um caos. Vai lá ajudar antes que ele peça o livro de reclamações!
Suspiro, deixando o pano de lado, e sigo em direção à cozinha. É como um campo de batalha ali dentro – pratos voando de um lado pro outro, uma panela prestes a transbordar, e o chefe gritando algo que soa mais como uma ópera italiana do que palavras compreensíveis.
Começo a reorganizar as coisas, ajudando onde consigo, mas é claro que o universo adora testar minha paciência.
Neide: Elizabeth! Minha paciência acabou. Você só atrapalha o fluxo da equipe. Pode pegar suas coisas e ir embora.
A voz aguda da dona Neide corta o barulho da cozinha como uma sirene. Ela está parada na porta, me olhando com aquela expressão de quem já decidiu meu destino.
Pausa dramática.
Eu olho pra ela, sem acreditar. Então, solto um riso seco.
Elizabeth: É sério isso? Tudo culpa do “fluxo”? Neide, se alguém aqui atrapalha o fluxo, esse alguém é você.
Dona Neide arqueia a sobrancelha, mas não recua.
Neide: Se quer sair reclamando, vai em frente. Só não esqueça que sua ficha aqui está manchada.
Ah, Neide, minha querida. Como se minha “ficha” já não fosse um desastre. Pego minha mochila sem dizer mais nada. Deixo o restaurante com um misto de frustração e alívio.
Na rua, sento em um banco qualquer, encarando o céu cinza. Um suspiro escapa antes que eu perceba. Minha mente volta, inevitavelmente, para o homem misterioso.
Elizabeth: Talvez ele possa me dar alguma sorte — murmuro pra mim mesma. Ou quem sabe, pelo menos, algo mais emocionante do que isso aqui.
E, sem nenhum plano claro, decido que vou encontrá-lo. Nem que eu tenha que procurar em todas as estações de trem dessa cidade.
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Atualizado até capítulo 93
Comments
Elenir Lima
mulher como tu vai procurar um homem desconhecido e que tu nem o nome sabe?
2025-03-08
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