...HELENA:...
No fim da tarde, monto em um dos cavalos e sigo junto dos vaqueiros para trazer o gado do pasto. O vento bate forte no rosto e o som das patas ecoa pelo chão de terra. O barulho da boiada correndo unida chega a ser assustador, e sempre tenho a impressão de que posso ser engolida por aquele mar de animais, mas ao mesmo tempo o coração dispara de emoção. É uma mistura de medo e de prazer em estar ali, no meio daquela vida que amo tanto.
Quando terminamos, desço do cavalo, acaricio seu pescoço suado e o conduzo com cuidado de volta para o estábulo.
ROGER: —Caramba, mulher de Deus! Fiquei com o coração na mão achando que você ia cair no meio dessa boiada. O patrão ia acabar comigo e com os outros!
HELENA: —Não se preocupe. Eu já estou acostumada. Os vaqueiros sabem bem disso, por isso nem se preocupam comigo. Faço de tudo por aqui.
ROGER: —Dá pra ver. Você parece ter nascido pra isso. Passou o dia inteiro cuidando dos bichos sem reclamar.
HELENA: —É verdade… eu amo! Aqui me sinto no paraíso.
ROGER: —E de onde você é?
HELENA: —De São Paulo. Tenho uma clínica veterinária na cidade.
ROGER: —Sabia! Já dava pra imaginar. Seu amor pelos animais é coisa rara de se ver.
HELENA: —Sou apaixonada, não sei viver de outra forma.
ROGER: —Bom… deixa eu terminar meu trabalho, senão o seu pai me dá bronca. Com licença, dona Helena.
HELENA: —Nada de dona! Só Helena.
ROGER: —Certo, Helena. Com licença.
Ele se afasta sorrindo, e eu fico por alguns instantes observando. Seus olhos claros e o sorriso fácil têm algo de hipnotizante, diferente de qualquer outro homem que já vi por aqui; até mesmo na cidade grande. Dou uma última atenção ao cavalo, aliso sua crina, e sigo para dentro de casa. Subo para o quarto, tomo um banho demorado e depois me deito um pouco, até a hora do jantar com meu pai.
DIA SEGUINTE — ROGER:
Passei a noite na fazenda. Tenho o costume de dormir aqui em dias alternados. O sol ainda está nascendo quando me levanto para cuidar dos animais.
ROGER: —Bom dia, boiada! Vamos acordar, seus preguiçosos!
Enquanto jogo capim e silagem para o gado, aproveito para dar uma olhada no restante. Galinhas, porcos, cavalos… Quando chego no galinheiro, encontro Helena já de cócoras, espalhando ração.
ROGER: —Bom dia, dona Helena!
Ela ergue o rosto e sorri, ainda com as mãos cheias de grãos.
HELENA: —Bom dia!
ROGER: —Já de pé a essa hora?
HELENA: —Eu adoro acordar cedo, ainda mais aqui. O dia rende muito mais.
Ela termina a tarefa e se levanta, quando ouvimos passos atrás.
SENHOR AFONSO: —Ah, aqui está você!
HELENA: —Oi, pai. Bom dia!
SENHOR AFONSO: —Bom dia, minha borboletinha!
HELENA: —Pai, já falei pra não me chamar assim na frente dos outros!
SENHOR AFONSO: —Essa é a minha borboletinha, Roger.
Senhor Afonso ri, e eu sorrio observando os dois.
SENHOR AFONSO: —Já tomou café, filha?
HELENA: —Ainda não!
SENHOR AFONSO: —Então vamos. A Berta fez café fresquinho, pão de queijo e bolo de fubá.
HELENA: —Ah, que delícia! Eu amo!
Ele a envolve pelo ombro e os dois saem juntos, enquanto volto para terminar o meu trabalho.
...HELENA:...
HELENA: —Minha nossa, Berta, isso é uma tentação. Não é à toa que sempre ganho uns quilinhos quando venho pra cá!
ROGER: —A Berta é demais, né?
HELENA: —É mesmo! Você é maravilhosa, Berta!
BERTA: —Ah, deixa de bobagem, menina. Vocês dois são muito puxa-saco.
HELENA: —Eu tô falando sério. Vou te levar comigo pra São Paulo. Pai, posso?
SENHOR AFONSO: —De jeito nenhum! Como eu fico sem essas mãos mágicas?
HELENA: —Arruma outra cozinheira.
SENHOR AFONSO: —Essa daqui não sai daqui por nada!
BERTA: —Vocês dois não prestam!
Rimos juntos. Logo depois, meu pai me convida para ir com ele à cidade. Aceito, e passamos pouco mais de uma hora fora antes de voltar para a fazenda.
...MAIS TARDE — ROGER:...
No fim do dia, volto para casa.
LAURA: —Papaiii!
ROGER: —Oi, minha bonequinha!
Ela pula no meu colo e seus olhos brilham quando entrego o chocolate que trouxe.
LAURA: —O meu preferido! Obrigada, pai!
ROGER: —Tudo por você, meu amor.
Sigo até Luana e lhe dou um beijo na testa, depois um rápido nos lábios.
ROGER: —Oi, amor. Como você tá?
LUANA: —Bem.
ROGER: —Trouxe uma coisinha também pra você. Seu bombom preferido… e flores.
LUANA: —Que lindo, Roger. Obrigada.
ROGER: —Quer ajuda no jantar?
LUANA: —Não precisa, já tô terminando. Vai tomar um banho, você tá todo cheirando a fazenda.
ROGER: —Tá certo. Te amo.
LUANA: —Também te amo.
Depois do banho, jantamos juntos. Coloco Laura pra dormir e ajudo Luana a arrumar a cozinha. Quando volto para o quarto, encontro-a saindo do banheiro com uma lingerie nova.
ROGER: —Uau…
LUANA: —Gostou?
ROGER: —Ô se gostei! Tá maravilhosa.
Aproximo-me dela e a abraço pela cintura, beijando-a devagar. Entre risos e carícias, nos deixamos levar, sem pressa, até cairmos na cama. Não há pressa, só o aconchego de estarmos juntos. O resto da noite é apenas nosso.
Depois, deitados, ela me olha com um sorriso travesso.
LUANA: —Amor, meu aniversário está chegando… O que acha de irmos para os Estados Unidos?
ROGER: —Estados Unidos?
LUANA: —Se você não puder ir, eu levo a Laura e convido algumas amigas.
ROGER: —Tá brincando? Com que dinheiro, Luana?
LUANA: —É só um empréstimo no banco. Você podia…
ROGER: —Nem pensar. Não vou me endividar só por isso.
Ela suspira, visivelmente chateada.
LUANA: —Nossa, Roger…
ROGER: —Se quer tanto, continua trabalhando e junta. Mas não vou me meter em dívida.
O clima fica pesado. Ela se vira na cama, encerrando a conversa. Eu também suspiro, sentindo o peso daquela discussão.
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Atualizado até capítulo 86
Comments
Pati 🎀
Essa Luana é insuportável.... só esperando o momento que ela vai largar a família por causa de dinheiro... ai Laura e Roger vão morar na fazenda... já louca esperando o romance dele com a Helena 🤭😄
2025-07-03
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Mônica
Roger essa mulher tá te traindo, e sua filha sabe, eu acho, por isso ela não deixa a criança ir c vc pra Fazenda, com medo q ela solte essa bomba nas suas mãos.
2025-03-31
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Thayane Portal
E tu deve ser um deles kkkkkk
2025-08-02
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