Nyx

Ele está em silêncio caminhando para dentro da floresta densa e escura, aos poucos vejo pares de olhos brilhantes saírem de lugares por todos os lados. Esse homem seja quem for veio preparado para algo.

— Sou Ares, não acho justo saber seu nome e você não saber o meu. — ele fala de forma tranquila, mas não olha para mim.

— Tanto… — me sinto tonta e enjoada — Tanto faz, vou fugir de você.

Ele dá uma alta gargalhada jogando a cabeça para trás. Me encara como uma piada por não ter noção do que posso fazer em noites de lua.

Depois de meia hora andando chegamos em um lugar cheio de cabanas. Ele me leva para a maior delas, não enxergo muito bem por fora por causa da tontura. Ares abre a porta e entra comigo.

Ele me senta no sofá macio, estou envolta pela escuridão quente da cabana de Ares. Meu corpo ainda sentia os efeitos do pó de prata, fraqueza e tontura. Ares me observava com atenção, sem expressão.

— Aqui está segura. — disse ele, sua voz profunda e calma enquanto o lugar se ilumina cada vez mais.

Olhei ao redor. A cabana era simples, mas acolhedora. As paredes de madeira escura contrastavam com o fogo crepitante da lareira. O aroma de couro e fumaça enchia o ar. Um grande tapete de pele de urso cobria o chão, e uma mesa de madeira rústica ocupava o canto.

— É... aconchegante, mas não é meu lugar. — murmurei, tentando esconder minha vulnerabilidade.

Ares não respondeu, apenas me observou, como se estudasse uma presa. Eu era uma prisioneira, uma dívida paga. Meu irmão, Tristan, me vendeu ao estranho à minha frente. Sinto um peso pesar no meu peito.

— Onde... estou? — perguntei, tentando distrair-me.

— Na cabana do Alfa da alcateia de Darkmire. — respondeu Ares, simplesmente.

— É... sua? — pergunto desejando que a resposta seja não, mas Ares assentiu.

— Sim! Aqui é onde eu governo a alcateia.

Eu olhei para as chamas dançantes da lareira, sentindo-me uma estranha em terra alheia. Uma prisioneira. Uma dívida paga por alguém que deveria me proteger.

— Vamos ao que interessa, Nyx. Aqui você é minha… — olho para ele cobrindo meu corpo com as mãos, inútilmente — Não desse jeito que está pesando, lobinha.

— Então de que jeito? Por que me aceitou como pagamento da dívida? Passou pela sua cabeça que sou um ser humano e não um objeto?

— Não jogue para cima de mim algo que o seu irmão fez. Ele me devia e pagou com você, se é um objeto ou um ser humano não é problema meu. O que me importa é que a dívida está paga.

— Vou fugir, espere só meu corpo voltar ao normal. Não vai me encontrar. — ele abre um sorriso estranho e ao mesmo tempo sexy.

Ares se aproxima de mim, coloca suas duas mãos no encosto do sofá atrás de mim. Ele aproxima tanto seu rosto do meu que me faz deitar a cabeça no encosto do sofá.

Ele passa o nariz no meu pescoço e em seguida lambe. Minha loba se agita na minha mente.

— Pensa mesmo que não consigo seguir seu rastro? — ele sussurra no meu ouvido — Senti seu cheiro antes mesmo da sua figura sair da penumbra da floresta e estávamos a quilômetros de distância. Só tenta fugir de mim, lobinha.

Minha respiração está tão desregulada que meu peito sobe e desce descompassado. Tento abrir meus olhos para encarar o enorme homem à minha frente, mas meu coração está batendo tão rápido que mal consigo pensar no meu próximo passo.

— Enfim, quero que limpe a minha cabana, porém fique longe do meu quarto é o único lugar que não quero sua presença. Eu não almoço em casa, mas janto, então quero que prepare minha refeição e espero que saiba fazer comida, tenho paladar exigente.

— E por que eu faria o que está me pedindo?

— Você é surda, Lobinha? — inclino meu queixo para frente o afrontando — Você é minha! Tenho que soletrar? Faça o que eu mando e sua vida será tranquila aqui.

Eu não quero fazer nada por ele e muito menos para ele. Por que Tristan fez isso comigo? Kaid parecia não concordar, mas não foi contra o Alfa, mesmo eu sendo sua irmã caçula.

— Como pode ver, a cabana é grande, no andar de cima tem dois quartos, o meu e o de hóspedes. Você vai ficar no quarto que tem aqui embaixo, é menor, mas considerando a sua altura vai parecer grande. Não quero você lá em cima.

Eu não respondo, apenas olho para a lareira tentando entender quando minha vida virou de cabeça para baixo. Se meus pais estivessem vivos tenho certeza que nada disso teria acontecido.

— Eu estou falando com você! — ele braveja.

— Do que adianta eu responder? Qual a diferença daqui para o lugar onde fui criada? Presa dentro de casa, limpando, cozinhando, lavando… Já entendi. Posso ir para o tal quarto e tentar esquecer que existo pelo menos essa noite?

— E você consegue ir até lá sozinha? — ele zomba com um sorriso sacana no rosto.

Com a ajuda do homem que insiste em dizer que sou dele vou até o tal quarto que é o único da cabana em que posso entrar. Ele me deixa sentada na cama e pelo pouco que vejo tem uma cama larga de solteiro, penteadeira, um armário de solteiro e ao lado uma porta, tem também uma pequena janela.

— A porta ao lado do armário leva para um banheiro, não é muito grande, mas serve para tomar banho e uso pessoal. Vou para o meu quarto, mas a cabana está trancada e eu tenho sono leve. Até o amanhecer, lobinha.

Ele sai e consigo ouvi-lo trancando a porta, eu apenas choro desejando que tudo não passe de um pesadelo.

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Comments

Edilena Almeida

Edilena Almeida

deixa passar o efeito da prata que do corpo dela ,quero ver segurar os poderes dela, estou até imaginando ela tentando fugir dele kkkkkkk

2025-01-21

3

Graça Oliveira

Graça Oliveira

tadinha ninguém merece um estrupicio de irmão pestelento

2025-01-27

1

Patricia Medeiros

Patricia Medeiros

três miserável nao queria um irmão desse nunca

2025-02-06

1

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