O castelo estava em silêncio depois da batalha improvável, mas a tensão no ar ainda pairava. Os cavaleiros derrotados estavam sendo levados para a enfermaria, com suas armaduras amassadas e olhares perplexos. Kael, com a postura de quem não se abalava com a situação, observava tudo com um certo desinteresse, mas sem deixar de olhar para Elira.
A princesa estava paralisada em sua posição inicial, um pouco atônita, mas uma estranha sensação de alívio começava a crescer dentro dela. Kael, o homem que caíra do céu, havia acabado de salvar sua vida de maneira espetacular e, de alguma forma, a sensação de segurança em sua presença era inegável.
— Você… você derrotou todos eles… com uma facilidade impressionante! — Elira, um pouco embaraçada, disse com um sorriso hesitante.
Kael, sentindo-se mais à vontade agora, arrumou o cabelo bagunçado e sorriu de volta.
— Ah, não foi nada demais. Eu só estava tentando não ser esmagado por eles. — Ele riu, com uma leveza que contrastava com a situação tensa.
A princesa, no entanto, não conseguia entender. O homem havia caído do céu, derrotado soldados com facilidade, e agora estava ali, diante dela, como se fosse a coisa mais normal do mundo. Ela não sabia se deveria achar aquilo tudo fascinante ou completamente insano. Mas algo dentro dela, aquela chama de curiosidade, não a deixava afastar os olhos dele.
— Eu ainda não entendo. Quem é você, Kael? De onde vem? Como pode ser tão… forte? — Elira perguntou, com uma mistura de fascinação e desconfiança em sua voz.
Kael suspirou, sentando-se em uma das cadeiras próximas. Ele parecia ponderar a melhor maneira de responder.
— Eu… não sei. Eu simplesmente apareci aqui, sem mais nem menos. E quanto à força… bem, eu não sei o que aconteceu comigo. Só sei que algo está diferente. Eu não sou quem eu era.
A princesa olhou para ele, claramente intrigada, mas também sentindo algo mais. Era uma sensação que ela não podia ignorar — a necessidade de se aproximar dele, de entender melhor quem ele realmente era.
De repente, a porta se abriu com um estrondo, interrompendo o momento silencioso entre os dois. Era o chefe dos cavaleiros, com um semblante sério e tenso.
— Princesa Elira, há um problema sério. Seu pai, o rei, ordenou que você comparecesse à corte imediatamente. Ele está… muito insatisfeito com o que aconteceu aqui. — O homem falou, se aproximando com passos firmes.
Kael se levantou automaticamente, como se estivesse pronto para proteger a princesa, mas Elira o deteve com um gesto. Ela sorriu, sem saber direito o motivo, mas aquilo era… reconfortante.
— Pode me dar um momento, por favor? — Ela pediu ao cavaleiro, que, um tanto relutante, acenou com a cabeça e se retirou.
Elira respirou fundo antes de se voltar para Kael. Ela sabia que precisava lidar com a situação de uma maneira cuidadosa, especialmente porque seu pai estava começando a pressioná-la sobre o casamento arranjado. Mas, de alguma forma, ela não conseguia se concentrar totalmente em suas responsabilidades. Havia algo em Kael que a distraía — e isso a incomodava.
Kael, por sua vez, a observava com uma expressão mais suave agora. Ele notava a tensão em seus ombros e sabia que ela carregava mais do que parecia. Mas ele não sabia como ajudar. Não ainda.
— Vou ter que ir à corte. Meu pai… ele está esperando por mim. — Ela disse com um tom cansado.
Kael, sem pensar muito, se aproximou dela e, com um gesto simples, colocou a mão no ombro dela.
— Se precisar de ajuda, estarei aqui. — Ele disse, com uma sinceridade que fez o coração dela dar um salto.
Elira olhou para ele, surpresa. A maneira como ele falou… Era como se ele já tivesse decidido que ficaria ao seu lado, não importasse o que acontecesse.
Ela sorriu suavemente, a emoção de suas palavras fazendo com que ela se sentisse mais confusa do que antes. Ela sabia que algo estava nascendo entre eles, algo que ela não entendia, mas que, de alguma forma, queria explorar.
— Obrigada, Kael. — Ela murmurou, sua voz baixa, quase como um suspiro.
Mas o destino não deixaria o momento ser tão simples. Quando Elira entrou na sala do trono, a corte estava em alvoroço. Seu pai, o rei, estava de pé, em um estado de grande frustração.
— Elira! — O rei gritou, sua voz reverberando por todo o salão. — Onde você estava? Com o que estava se ocupando? Eu já disse que você precisa tomar uma decisão! Os pretendentes estão esperando por você!
Elira olhou para ele, seus olhos brilhando com uma determinação que ela mal conhecia. Ela não queria se casar com alguém só porque o reino precisava. Ela queria mais. Ela queria… algo diferente.
— Pai, eu… — Ela tentou falar, mas o rei a interrompeu.
— Não há mais tempo para hesitar! Você precisa se casar logo, ou o reino vai cair em desgraça! — Ele exclamou, com o rosto vermelho de raiva.
A princesa engoliu em seco, sentindo o peso da responsabilidade pressionando sobre seus ombros. Mas antes que pudesse responder, uma figura inesperada entrou na sala — Kael, com um olhar determinado.
— Se o problema for um casamento arranjado, talvez eu possa ajudar. — Ele disse, interrompendo o rei com sua presença imponente.
A sala inteira ficou em silêncio. Todos os olhos estavam sobre Kael e Elira, esperando ansiosamente o que viria a seguir.
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Atualizado até capítulo 35
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