Ainda estávamos no pátio quando ouvi o som dos passos apressados. Mesmo sem olhar, eu sabia quem era. Isa tinha um jeito de chegar que fazia todos ao redor notarem, como se o mundo precisasse parar só para ela passar. E, claro, naquele momento, ela estava vindo direto para nós.
— Eduardo! — a voz dela soou doce, como sempre, mas eu percebi o tom de urgência escondido ali. Quando ela chegou, lançou um olhar rápido e afiado para mim antes de abrir o sorriso que ela usava para encantar todo mundo. — O que você está fazendo aqui?
Eduardo levantou o olhar, tranquilo como sempre.
— Conversando com a Pâmella. E você? — ele perguntou casualmente.
— Procurando você, claro — ela respondeu, ignorando completamente o fato de que eu estava ali. — Achei que íamos almoçar juntos hoje. Esqueceu?
Eu sabia que era mentira. Isa nunca mencionou nada sobre almoçar com Eduardo naquele dia, mas, mesmo assim, ele parecia não perceber.
— Não esqueci, só vim aqui primeiro. Quer se sentar com a gente?
O sorriso de Isa diminuiu um pouco. Eu sabia que a última coisa que ela queria era se sentar comigo.
— Aqui? — ela perguntou, olhando em volta, como se o lugar fosse indigno dela. — Não, Eduardo, você merece algo melhor. Vamos para a cantina, onde está todo mundo. Não sei por que você está perdendo tempo aqui.
Eu abaixei os olhos, sentindo o calor subir para o rosto. Isa tinha um jeito de dizer coisas que pareciam inocentes, mas que carregavam veneno.
— Não estou perdendo tempo — Eduardo respondeu, lançando um olhar breve para mim. — Na verdade, estava dizendo para a Pâmella que ela não precisa se esconder aqui.
Isa riu, como se ele tivesse contado uma piada.
— Ah, Eduardo, você é tão bom. Mas... Pâmella sempre gostou de lugares como este, sabe? Mais calmos, mais... adequados para ela. — Ela colocou a mão no braço dele, um gesto tão natural que parecia ensaiado. — Vamos?
Por um momento, Eduardo olhou para Isa, depois para mim. Meu coração estava disparado. Eu sabia o que ia acontecer. Ele iria com ela. Por que não iria? Isa era linda, encantadora, e eles pertenciam ao mesmo mundo, um mundo do qual eu nunca faria parte.
Mas, para minha surpresa, ele balançou a cabeça.
— Na verdade, vou ficar aqui um pouco mais. Mas você pode ir na frente, Isa. Te encontro depois.
O rosto dela ficou rígido por um instante antes de voltar ao sorriso perfeito.
— Claro — ela disse, com uma voz mais baixa. — Mas não demore, tá bom?
Ela lançou um último olhar para mim, um olhar cheio de algo que eu não conseguia descrever – ciúme, talvez? E então saiu, com passos firmes, como se quisesse deixar claro que ainda estava no controle.
Quando ela desapareceu, Eduardo voltou a me olhar.
— Você está bem? — ele perguntou.
— Sim — menti, mesmo que meu coração estivesse apertado.
Isa sempre foi assim. Ela precisava ser o centro das atenções, precisava garantir que todos sabiam que ela era melhor. E, naquele momento, eu sabia que ela não suportava me ver tão próxima de Eduardo.
Mas, mesmo que ele não percebesse o que estava acontecendo, aquele simples gesto – ele ficar ao meu lado, mesmo com Isa o chamando – foi suficiente para me fazer sentir algo que não sentia há muito tempo: esperança. Talvez, só talvez, eu tivesse uma chance de ser mais do que apenas a sombra de minha irmã.
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Atualizado até capítulo 28
Comments
Jussara De Paula Rodrigues
Faz virar um uma mulher empondeirada
2025-01-14
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