capítulo 04 ciúmes

Nos dias seguintes ao seu encontro com Lívia, Enzo se viu mais distante, mais distraído, como se estivesse lutando contra algo que não podia controlar. Algo dentro dele tinha mudado desde aquele momento em que confessou sentir algo por ela. Ele sabia que não deveria se envolver com ela — sabia que seu mundo e o dela eram incomparáveis. Ele estava muito além de tudo o que ela poderia oferecer, e, talvez, ela fosse mais forte do que ele imaginava. Mas o que ele não conseguia entender era o que ela despertava nele.

A verdade era que, apesar de todos os seus princípios, Enzo estava começando a se importar. E isso o incomodava. Ele sentia uma sensação de possessividade que ele nunca soubera que existia dentro dele. Ele não queria isso. Não podia querer isso.

Naquela manhã, enquanto se dirigia para sua próxima reunião, seus pensamentos estavam longe. Ele não conseguia deixar de se perguntar o que Lívia estava fazendo. O que ela estava pensando. E o que ele faria se ela se aproximasse de outro homem. Ele nunca se sentira assim, e isso o deixava irritado.

Enzo entrou na cafeteria mais tarde naquele dia, um pouco mais cedo do que o habitual, esperando encontrar Lívia. Mas, para sua surpresa, ela não estava atrás do balcão. Seu coração acelerou levemente, mas ele tentou se manter calmo. Ela tinha dito que trabalhava até o fim da tarde, então ele sabia que não devia se preocupar.

Foi então que viu algo que o fez congelar. Um homem desconhecido, alto e com um sorriso travesso, estava se aproximando de Lívia. Ele estava conversando com ela de forma animada, fazendo-a rir, e algo dentro de Enzo o fez se afastar um passo, sem querer ser visto.

Lívia nunca sorria daquele jeito para ele. O homem parecia encantado com ela, e isso fez o coração de Enzo apertar. Ele sentiu uma raiva súbita, irracional, invadir seu peito. O que aquele homem estava fazendo ali? Como ele ousava falar com ela assim? Por que estava tentando conquistar a atenção dela?

Enzo não queria admitir o que estava sentindo. Ele sabia que estava sendo ridículo. Ele não tinha direito de se importar. Lívia não era sua. Ela nunca seria sua. Mas, mesmo assim, a imagem deles juntos o incomodava de uma forma insuportável.

Ele não conseguia suportar a ideia de outro homem tocando ela, rindo com ela, e talvez até conhecendo-a de uma maneira que ele ainda não conhecia. Enzo, que sempre controlava tudo ao seu redor, agora se via completamente fora de controle.

Ele caminhou até o balcão e, com uma voz fria, chamou Lívia.

— Você tem um bom cliente hoje, não? — Ele disse, mais ríspido do que gostaria.

Lívia se virou rapidamente, seu sorriso desaparecendo assim que viu Enzo. O homem ao lado dela olhou para Enzo com uma expressão confusa, mas logo se afastou, percebendo a tensão no ar.

— Enzo, você… você chegou mais cedo hoje. — Ela parecia um pouco desconfortável.

Enzo se aproximou, seus olhos fixos nela. Ele não sabia o que estava acontecendo consigo mesmo, mas o ciúmes o consumia. Ele não conseguia tirar os olhos dela, não conseguia imaginar ela com outro homem, especialmente alguém que provavelmente não faria ideia do quanto ela era especial.

— Eu só queria ver como você estava. — Ele falou, o tom mais suave agora, mas ainda havia uma intensidade que pairava no ar.

Lívia ficou sem saber o que responder. Ela sentia a mudança no clima, mas não entendia o motivo. O que estava acontecendo com ele? Por que ele estava agindo assim? Eles nunca tinham tido esse tipo de interação antes.

— Eu… eu estou bem. Aquele homem só estava perguntando sobre o cardápio, não se preocupe. — Ela tentou suavizar a situação, mas algo em sua voz denunciava a inquietação.

Enzo não parecia convencido. Ele não conseguia se afastar do que tinha visto. Sentiu um peso em seu peito.

— Eu não estou preocupado, Lívia. Eu só… não gosto de ver você sorrindo com outros homens. — Ele disse, sem pensar.

As palavras caíram no ar, pesadas, e por um momento, Lívia ficou em silêncio, olhando para ele com os olhos arregalados. Ela nunca imaginou ouvir algo assim de Enzo.

— O que você quer dizer com isso? — Perguntou ela, agora mais cautelosa.

Enzo olhou para ela, o coração batendo forte. Ele sabia que estava sendo impulsivo, mas, ao mesmo tempo, não conseguia parar. Ele estava começando a se perder naquilo tudo.

— Eu não sei. — Ele admitiu, finalmente, em um suspiro. — Eu… nunca senti isso antes. Mas, quando vejo você com outros homens, sinto que… algo está errado. Eu não gosto disso.

Lívia o olhou, atônita. Ela não sabia o que responder. A confusão tomou conta dela. Ele estava dizendo o quê? Que sentia ciúmes? Que queria ela para si? Mas… por quê?

Aquelas palavras mudaram tudo. O ciúmes de Enzo, aquela emoção crua e inesperada, fazia Lívia se sentir vulnerável de uma forma que ela nunca imaginou. Ela estava começando a perceber que havia algo mais ali, algo que ela não sabia se estava pronta para enfrentar.

— Enzo… — ela começou, mas não sabia como continuar.

Enzo deu um passo atrás, sentindo a tensão se dissolver. Ele sabia que não devia ter falado daquele jeito, mas algo em sua atitude não podia ser ignorado. A conexão entre os dois estava se tornando mais forte, mais intensa, e ele já não sabia mais se estava apenas lutando contra seus próprios sentimentos ou se estava pronto para dar um passo além.

— Desculpe. Eu não devia ter dito isso. — Ele murmurou, virando-se para sair.

Mas antes que ele pudesse ir embora, Lívia o chamou, com a voz trêmula, mas cheia de emoção.

— Enzo… não vá.

Ele parou na porta, olhando para ela. Algo nas palavras dela fez seu coração acelerar. Ela estava começando a entender o que ele sentia. Mas será que ela também estava pronta para esse jogo de sentimentos que começava a entrelaçá-los de forma tão inesperada?

-Fim do Capítulo 3.

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