Enzo passava os dias entre reuniões e negócios, mas algo estava sempre em sua mente, desconfortável como uma pedra no sapato. Era a imagem de Lívia, com seus olhos castanhos cheios de tristeza, seu corpo arredondado que ela tentava esconder, e aquele sorriso tímido que parecia gritar por ajuda. Ela não era sua típica mulher. Era tudo o que ele sempre evitou.
Aquele pensamento o atormentava à noite. Ele tentava se distrair com a agitação do seu mundo, com os negócios ilícitos e com as mulheres que faziam fila à sua porta, mas nada parecia afastar aquela sensação. Quando seus olhos se fixavam nela, uma parte dele queria protegê-la, algo que ele nunca sentira por qualquer outra mulher. Era confuso e, para Enzo, perigoso.
“Ela não é para mim”, repetia consigo mesmo todas as vezes que a imagem de Lívia invadia sua mente. “Eu não sou o tipo de homem para ela.”
Mas, no fundo, ele sabia que essa lógica não era tão simples quanto desejava.
Lívia e o Medo do Rejeição
Lívia, por outro lado, não sabia como lidar com o olhar de Enzo. A cada vez que ele entrava na cafeteria, seu coração acelerava. Ele não fazia ideia do impacto que causava nela. Para uma jovem que sempre se sentiu invisível, o simples fato de ser notada por um homem como ele era algo que a fazia se perguntar se estava sonhando. Mas ela também sabia que ele era o tipo de homem que não olhava para mulheres como ela.
Ela se perguntava se ele sentia pena de ela ser tão desajeitada, tão… diferente das mulheres que ele costumava se relacionar. Pensava que talvez ele estivesse apenas sendo gentil, ou pior, se divertindo com ela de algum jeito.
Quando ele a olhou pela primeira vez, seu coração quase parou. Mas, logo em seguida, a vergonha tomou conta dela. Quem ela pensava que era para merecer um olhar de um homem como Enzo Moretti?
Ela sabia o que os outros falavam sobre ela: que ela não era bonita o suficiente para chamar a atenção de um homem tão imponente, tão perfeito. E, embora quisesse acreditar que não importava, no fundo, a solidão apertava seu peito todos os dias.
O Encontro Quebra-Gelos
Naquela tarde, enquanto Lívia limpava uma mesa perto da janela, ela percebeu Enzo entrando novamente na cafeteria. O som do sino parecia mais alto naquele momento, e ela sentiu seu estômago se revirar. Ele não parecia tão tranquilo quanto da última vez. Seus olhos estavam mais fechados, como se algo o incomodasse.
Ele se aproximou do balcão e, para a surpresa de Lívia, não pediu seu café habitual. Em vez disso, ele olhou para ela por um longo momento, o que fez seu rosto ficar ainda mais quente.
— Como vai você? — perguntou ele, com um tom de voz mais suave que o normal.
Lívia hesitou. Aquelas palavras simples lhe causaram uma sensação de desconforto e ao mesmo tempo um inexplicável alívio.
— Eu… eu estou bem, obrigado — respondeu ela, tentando parecer calma, mas sua voz traía a ansiedade que ela sentia por dentro.
Enzo ficou em silêncio por um momento, observando-a. A distância entre eles parecia crescer, mas ao mesmo tempo, ele sentia uma curiosidade que o impulsionava a querer saber mais sobre aquela garota.
— Sabe… eu… Não costumo vir aqui com frequência, mas algo me fez voltar. — Ele sorriu de leve, e, por um momento, Lívia sentiu seu coração disparar novamente.
Ela não sabia o que responder a isso. O que ele queria dizer? Por que ele estava ali, falando com ela de maneira tão… pessoal?
Enzo percebeu que estava criando uma situação desconfortável e decidiu mudar o rumo da conversa.
— Quero dizer… o café daqui é boa. E o seu atendimento é excelente.
Lívia olhou para ele, ainda um pouco desconcertada, e agradeceu com um sorriso tímido. Não sabia o que ele estava tentando dizer, mas a gentileza em sua voz a deixou mais tranquila. Era como se ele quisesse provar algo — ou talvez estivesse tentando lutar contra algo em si mesmo.
Mas o que?
— Acho que vou continuar passando por aqui. — Ele fez uma pausa e, com um olhar mais sério, acrescentou: — Você parece ser uma boa pessoa.
Lívia ficou sem palavras. Aquelas palavras… Aquela frase simples era mais do que ela jamais esperara ouvir. Mas ao mesmo tempo, algo a impedia de acreditar que aquilo fosse real. Ele, alguém tão distante de seu mundo, tinha dito aquilo?
— E-eu não sou… Não sou tão boa assim — murmurou ela, com um sorriso triste.
Enzo a observou com atenção. Algo em sua postura, em seu olhar, fez com que ele quisesse dizer algo mais, algo que quebrasse as barreiras entre eles, mas ele hesitou. Ele estava lutando com algo que não compreendia totalmente, e isso o fazia ainda mais confuso.
— Não se subestime, Lívia.
Era isso. Um simples elogio. Mas para Lívia, parecia mais do que isso. Era como se, naquele momento, ela tivesse sido vista, finalmente.
E para Enzo, algo estava mudando, embora ele não soubesse exatamente o que era. Ele sentia uma atração inexplicável, mas também um desconforto. Ele tinha suas regras, suas crenças sobre o que merecia. E ela, com todos os seus defeitos e inseguranças, estava começando a quebrar cada uma dessas regras sem sequer tentar.
- Fim do Capítulo 2.
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Atualizado até capítulo 36
Comments
Carla Santos
Sinceramente já livro assim que mulher gordelicia ou negra sofre muito preconceito do parceiro a depois o parceiro se arrepende e vai atrás da mulher nesse caso autora faça diferente pelo que ela sofreu na vida injusta dela ela não precisa sofrer pelo parceiro já basta o preconceito da própria pessoa e dos outros faça diferente deixe ela se acha linda maravilhosa poderosa mudar o visual dela mostrar a beleza dela
2025-01-15
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Juliana Do Rocio
leia alguns vídeos sobre gordinhas e nunca dessas obras li sobre uma gordinha que era secretária na época eu não entendia muito sobre seguir sobre deixar comentários né tudo mais mas foi um livro fabuloso
2025-01-24
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Reh❤️
Perfeito. espero que ele não a faça sofrer.
2025-01-12
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