Dias depois...
Eu estava no Mirage Noir, o cassino mais exclusivo de Marselha. Um lugar onde as apostas não eram apenas fichas, mas vidas inteiras. O ar era pesado com o cheiro de charutos caros e promessas quebradas. A luz dourada refletia nas mesas de jogo, iluminando os olhares de ganância e desespero.
No canto de sempre, Émile Castelli, o dono dessa porra toda, estava com o Jules, dando ordens como um general no campo de batalha. Eu, por outro lado, estava encostado no balcão, cigarro entre os dedos e um whisky do tipo que faz qualquer pobre coitado vender a alma para experimentar. Observava tudo com calma, mas minha cabeça estava uma confusão.
Essa garota, Charlotte, era o verdadeiro inferno na Terra. Mandona, mimada e teimosa. Se fosse qualquer outro no meu lugar, já teria largado essa missão no segundo dia. Mas eu? Não. Eu tinha um dever.
Quando o Émile finalmente olhou na minha direção, o sorriso dele era tão afiado quanto uma lâmina.
— Alors, Victor, minha irmã tem se comportado? — perguntou, como se isso fosse uma piada. Desgraçado.
Dei uma tragada no cigarro, soltando a fumaça lentamente. Podia dizer que a irmã dele era um tornado vestido de vermelho ou mentir.
— Elle est sous contrôle (Ela está sob controle). — Minha voz saiu seca.
Ele riu, satisfeito.
— Bon. Agora, preciso de um favor. Limpo e rápido.
Abaixei o copo de whisky, já sabendo onde isso ia dar.
— O que você precisa?
— Phillip. Aquele fils de pute (filho da puta) está roubando meus carregamentos. Quero ele morto antes do amanhecer.
— Considere feito.
Me levantei, mas antes que pudesse sair, ele acrescentou:
— E deixa os seguranças com a Charlotte. Essa tarefa é sua.
Eu só assenti, sem olhar para trás. Não precisava de mais instruções. Matar Phillip era o menor dos meus problemas. O maior? Voltar para aquele SUV e encarar a irmã dele.
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Ao chegar no carro, lá estava ela. Como sempre, impecável. O vestido ajustado que valorizava cada maldita curva, o cabelo solto caindo como seda sobre os ombros. Ela tinha essa aura de poder e sensualidade que fazia qualquer um perder o foco. Mas não eu. Eu estava ali para destruí-la, não o contrário.
— Você demorou — ela disparou, cruzando os braços, com aquele tom arrogante que me fazia querer rir e gritar ao mesmo tempo.
— Tava resolvendo os negócios do seu irmão. Se quiser reclamar, liga pra ele.
— Preciso ir para a ONG. Maintenant (Agora).
No carro
O caminho foi silencioso, mas carregado. Eu sentia o olhar dela queimando minha nuca, e cada vez que ela cruzava as pernas, o couro do banco fazia um som irritante que só piorava meu humor.
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Na ONG
O clima era outro mundo. Era como se aquele lugar não pertencesse a Marselha. Charlotte entrou como uma rainha em seu reino. As crianças correram para ela, rindo, gritando seu nome. E, pela primeira vez, ela não parecia a garota mimada que eu conhecia.
Ela se ajoelhou para abraçar um garotinho de cabelo bagunçado, limpando o rosto dele com um lenço de seda.
— Ça va, mon petit(Tudo bem, meu pequeno)? — perguntou, com uma suavidade que eu nunca tinha ouvido antes.
O garoto assentiu, e ela sorriu. Um sorriso genuíno, que não tinha nada a ver com o olhar provocante que ela lançava para mim.
Enquanto ela distribuía atenção para cada criança ali, eu fiquei encostado na parede, observando. Cada risada, cada toque delicado dela me levava para um lugar que eu odiava lembrar. Um lugar onde eu era como aquelas crianças, perdido e fodido, esperando por um milagre que nunca veio.
Ela brincava com uma garotinha, girando-a no ar enquanto o riso da criança enchia o salão. Porra, ela era boa nisso. Boa demais.
— Qu'est-ce que tu regardes(O que está olhando)? — ela perguntou, me pegando no flagra.
Eu dei de ombros, acendendo outro cigarro.
— Você parece menos insuportável aqui. — Soltei a fumaça lentamente, tentando esconder o desconforto que crescia no peito.
Ela revirou os olhos, mas o sorriso não desapareceu.
— Talvez seja porque aqui tem gente que não tenta me controlar a cada passo.
Não respondi. Não podia. Algo naquela cena tinha mexido comigo. Talvez fosse a lembrança de um passado que eu enterrava a cada trago e cada gole. Ou talvez fosse a constatação de que, por mais insuportável que essa garota fosse, ela tinha um lado que fazia até um desgraçado como eu parar pra pensar.
E pensar era perigoso.
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Atualizado até capítulo 102
Comments
Mariliaa vitoria
Eita que , a vingança do grandão, vai se transformar em um amor muito louco, com hots da pesada, do jeitinho que eu gosto
2025-04-15
0
vanderlene Silva
daqui a pouco está com os 4 pneus a riado
2025-01-10
6
Rosana Silva Mariano
um soldado abatido com sucesso kkkk é Victor vc já era,já caiu no encanto dela kkkkkk
2025-01-27
0