BRENNO...
Terça feira, hoje é um dos dias que a ONG faz visita aqui no hospital, estou no quarto de uma das minhas pacientes mais especiais, quando alguns membros do grupo chegam.
— Pequena Flora, olha só o que lhe trouxe hoje — Theo, fantasiado de palhaço, puxa uma rosa de borracha de dentro da manga do macacão.
— É linda, Pipo.
— Não mais do que você, o doutor bonitão está cuidando bem de você? — ele joga pétalas em mim, e eu seguro a risada, mas a Flora ri bastante.
— Está sim, Pipo, o meu doutor bonitão é o melhor. Ele até conseguiu esse vestido de princesa pra mim, olha.
— Combinou bastante com você.
Abro um sorriso olhando para eles dois, a Flora está aqui no hospital há pouco mais de três anos, não tem pais, pois veio de um orfanato, com sintomas graves, e quando fizemos os devidos exames... Lá estava o triste resultado: câncer.
O orfanato não quis mais arcar com as despesas dela, por conta do tratamento ser caro e longo. Como estava em um estágio mediano, foram longos anos de quimioterapia, cuidados paliativos, recaídas, e graças a Deus... Hoje ela já está na fase de remissão.
Vocês perguntam quem assumiu os cuidados dela aqui no hospital... Eu.
Criei um laço muito profundo por essa garotinha, o sorriso dela apesar de banguela, é o que salva os meus dias ruins, como o meu tio Liam hoje é quem comanda o hospital, não tive muito trabalho em conseguir a guarda hospitalar dela, mas fora daqui... Bom... Ela ainda é responsabilidade do orfanato, de qualquer maneira, apenas assumi os cuidados dela aqui dentro.
Uma vez no mês um olheiro vem ver como ela está, e atualizar a situação dela quanto a fila de adoção, mas está sempre vazia, as famílias não parecem querer adotar uma criança em tratamento. Se eu não fosse solteiro, eu já teria adotado ela, mas como uma das malditas exigências é estar casado... Não posso adotar a minha pequena Flor, apenas cuidar dela da melhor forma.
— Princesa, vou te deixar aqui sob os cuidados do Pipo, preciso ver os seus amiguinhos, tá bom?
— Tá bom, tio bonitão. Mas o senhor volta né?
— Volto sim, e vou trazer aquele suco que você gosta — os seus olhinhos brilham e eu fico ainda mais feliz em poder proporcionar um pouco de alegria a minha Florzinha.
Saio do quarto dela, que está toda animada com o o palhaço Pipo, e vou visitar os outros pacientes, vejo que em todos os quartos tem algum membro da ONG fazendo alguma brincadeira, contando piada, ou história, e isso aquece o meu peito. Estou passando para a área dos traumas, quando vejo um rosto mais do que familiar, mas que faz o meu coração apertar no mesmo instante.
— Talita? O que aconteceu? Está doente? O que veio fazer no hospital? — ela abre um sorriso curto e me abraça, eu fico sem reação por alguns segundos, mas retribuo — Tudo bem, estou aqui...
— Você disse que as visitas comunitárias eram nas terças... Então quis vir... — solto o ar que estava segurando e abro um sorriso — Te atrapalhei?
— Não, claro que não. Eu estava só fazendo a ronda, o grupo comunitário chegou agora há pouco, então estava verificando se todas as crianças já estavam recebendo atenção deles.
— Entendi... Posso conhecer alguma? Gostaria de ajudar de alguma forma.
— Pode conhecer quantas quiser, só precisa usar isso — entrego uma máscara a ela — Como todas elas estão em tratamento, e algumas já estão em remissão da doença, é uma regra que todos usem.
Ela apenas sorri e coloca a máscara no rosto, sigo com ela ao meu lado e apresento algumas crianças a ela, que faz questão de perguntar qual o brinquedo preferido delas e o nome, vejo que anota num caderninho.
Quando chegamos ao último quarto, seguro em sua mão, e olho nos seus olhos.
— Talita, antes de entrarmos aqui... Bom... A Flora, a criança que tem ali dentro, tem um lugar muito especial em meu coração, ela é a única dessa equipe médica que não tem pais, e é de responsabilidade do Orfanato Santa Rute, mas quando eles descobriram a condição dela, três anos atrás, queriam deixa-la a própria sorte, e eu... Assumi tudo relacionado a ela, aqui no hospital, porém, fora dessas paredes brancas, o Orfanato é quem responde por ela. Já entrei com o pedido de adoção algumas vezes, mas... Negaram em todas elas por eu não ser casado, e essa é a principal exigência, principalmente eu sendo médico, alegaram ainda que eu não teria tempo para cuidar dela, devido aos meus plantões. Aquela menina lá dentro, Talita... É como se fosse uma filha para mim, então por isso estou lhe contando isso, pois, não quero que ache estranho eu falar com ela diferente de como falo com as outras crianças.
— Quando essa onda ruim passar, vamos adotar essa garotinha juntos.
Ela aperta a minha mão e deixa um beijo na minha bochecha, bem no cantinho da minha boca. Se eu não estivesse apaixonado por essa mulher, agora é que eu teria feito mesmo!
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Atualizado até capítulo 62
Comments
Maria Helena Ferreira Tomaz
Bia assim vc vai matar a gente está lindo
2025-01-30
2
LMCF
Tudo tão intenso e falam mais que palavras e sentem sem se tocar.
2025-04-03
1
Ely Ana Canto
paixonei por eles são muito lindos 🥰 ❤️ 🥰 ❤️ 🥰 ❤️
2025-03-25
1