O relógio marcava exatamente " 13h12 da tarde quando eu e Helen finalmente conseguimos se sentar na praça de alimentação do aeroporto. Entre uma garfada e outra de arroz com frango grelhado e salada murcha, nos duas conversávamos sobre amenidades, rindo discretamente para aliviar o estresse daquela manhã de voos lotados e passageiros impacientes.e de agitação diária que se encontrava aquele aeroporto em alta temporada;
— Você viu aquele senhor que quase surtou por causa da mala que não fechava direito? — comentou Helen, balançando a cabeça.
— Vi sim, e fui eu quem atendeu ele! A mala dele parecia um armário inteiro dentro de um zíper. Quase tive que sentar em cima pra fechar — respondi eu, rindo.
Quando já estávamos quase terminando a refeição, o rádio no meu bolso chiou.
— Atenção, Anne, por favor, dirija-se ao balcão 7. Temos um passageiro da classe executiva que solicitou atendimento imediato. — era a voz de Robson, o supervisor.
— Ah não... justo agora? — ela olhou para Helen, que deu de ombros.
— Vai lá, amiga. Boa sorte com o VIP.
então não tinha o que fazer, me levantei e segui a passos firmes pelo corredor até o balcão 7, tentando me recompor mentalmente. Ao chegar, vi um homem de postura elegante, com terno escuro bem alinhado, um relógio caro e uma mala de mão de couro olhos azuis e cabelos castanhos e sedosos, pele clara como a neve bem musculoso parecia que praticava esporte pois seu corpo parecia bem definido e alinhado ao terno ao qual estava usando. Ele olhava o celular enquanto esperava, mas assim que eu me aproximei , ele ergueu o olhar e me encarou diretamente como se soubesse que o observava atentamente naquele milésimo de fração de segundos.
Havia algo naquele olhar que me desconcertou. Os olhos eram de um azul profundo, quase hipnotizante, e a forma como ele se expressava era calma, mas firme. Como de alguém que estivesse sempre no controle da situação.logo arrumei um jeito de disfarçar e continuar o bom atendimento já que Robson havia me pedido para ser cortês e gentil mesmo que o tal vip tenha me tirado do pouco tempo de descanso ao qual me encontrava. Estava ali para atender seu pedido e prestar um bom atendimento ao mesmo;
— Boa tarde, senhor. Me chamo Anne, serei responsável pelo seu atendimento. Como posso ajudar? — perguntei eu, mantendo a postura profissional.
— Boa tarde, Anne. Preciso de uma alteração no meu destino final. Era para Paris, mas surgiu um contratempo. Agora preciso ir para Lisboa com urgência. Há alguma possibilidade? — ele disse, com um sotaque estrangeiro difícil de identificar.
Anne digitou rápido no sistema, tentando encontrar opções.mais pela alta demanda estava bem complicado até que uma luz no fim do túnel surgiu e então....
— Senhor, conseguimos remanejá-lo num voo com escala em Madrid, com conexão direta para Lisboa. Posso confirmar?
— Perfeito. Obrigado pela eficiência — respondeu ele, sorrindo brevemente.
Enquanto eu finalizava o atendimento, não conseguia parar de pensar na presença daquele homem. Algo nele me deixava curiosa, como se ele carregasse um segredo, um enigma, um mistério .Ao terminar, ele me estendeu o cartão de embarque e, ao pegar de volta o passaporte, de suas mãos eu notei o nome: Sr.Salvator Dalí
— Senhor Dalí, aqui está seu novo cartão de embarque. Boa viagem.
— Obrigado, Anne. Tenho a sensação de que nos veremos novamente — disse ele, antes de desaparecer entre os passageiros.
Aquilo ficou em minha mente ele se.virou lentamente deu um breve sorriso como quem se confirma-se que isso realmente poderia acontecer.Eu fiquei parada por alguns segundos, como se o tempo tivesse desacelerado. Aquela simples interação não parecia ter sido só mais um atendimento... havia algo além.
Mal sabia Eu que aquele homem carregava uma ligação com algo maior — algo que envolvia sua própria história, escolhas do passado e uma oportunidade de mudar meu futuro. E aquele voo, aquele simples pedido de alteração de destino, seria o ponto de partida de uma reviravolta que nem os meus sonhos mais ousados teriam previsto. Ainda segurava o cartão de embarque dele na mão quando o Sr. Salvator Dalí se afastou. Sim, esse era mesmo o nome dele. Um nome estranho, meio antigo, meio saído de um livro. E eu? Fiquei parada, olhando pro nada por uns segundos, como se tivesse levado um choque suave. O perfume dele ainda estava no ar — amadeirado, leve, elegante. Diferente de tudo que eu já tinha sentido.
Já atendi tanta gente nesses anos todos, mas aquele homem... não sei explicar. Me deixou com a sensação de que alguma coisa tinha mudado. Meu coração acelerou, minha mão suou, um arrepio me atravessou de cima a baixo. E não era só atração, não. Era como se ele tivesse vindo de outro tempo. Ou como se soubesse de algo que eu ainda não sei sobre mim mesma.
Quando a Helen voltou do almoço, me pegou ali, parada, com cara de quem viu um fantasma.
— E aí, tá viva? Te chamaram aqui e você saiu não muito satisfeita e agora tá aí com essa cara ! — ela disse, dando uma mordida no salgado dela.
Olhei pra ela ainda meio aérea.
— Helen, acabei de atender um passageiro muito esquisito... no bom sentido. O nome dele é Salvator Dalí.
— Tipo o artista?
— Igualzinho. Mas não é só o nome. O jeito... o olhar dele. Me deu um arrepio, como se o tempo tivesse parado por um segundo. Foi surreal.Ele era..., não ele era não, ele é muito muito gostoso.Meu Deus que Homem Helen que Homem - indaquei eu.
— Você tá bem? Isso é ressaca do dia anterior com café ruim, certeza.
Ri, mas aquela sensação ainda grudava em mim.
— Tô falando sério. Não sei o que foi, mas senti como se ele soubesse de mim, entende? De coisas que nem eu sei ainda.aquele olhar azul avassalador me pegou de jeito amiga.
Antes que a gente pudesse continuar o papo, o rádio da companhia chia alto no cinto.
— Atenção equipe: reforço solicitado na área de segurança, setor internacional precisamos de agentes e pessoas da companhia pra acompanhar o caso . Ocorrência não identificada. Anne, Helen, portão 23 agora já !
Helen já levantou o crachá com aquele suspiro de quem sabe que o descanso acabou.
— Vambora. Lá vamos nós salvar o mundo de novo — ela brincou.
Fomos caminhando rápido pelos corredores. O clima tava esquisito. Segurança indo de um lado pro outro, passageiros olhando em volta. Quando chegamos no portão 23, já tinha uma pequena aglomeração e um passageiro visivelmente alterado. Dois agentes da aviação tentavam acalmar o homem, que insistia que sua mala tinha sido sabotada.
— Disse que tem documentos confidenciais e que foi alvo de alguém da equipe — cochichou um dos supervisores.
Respirei fundo, dei aquele passo à frente e me apresentei com calma.
— Senhor, meu nome é Anne. Eu posso te acompanhar até uma área reservada, onde a gente consegue rastrear a sua bagagem em tempo real e esclarecer tudo. Pode confiar em mim.
A princípio ele respirou fundo, olhou para mim.olhou para o relógio ele tinha acabado de desembarcar e iria fazer outra conexão. Pensou então concordou e decidiu ir até a sala reservada para esse tipo de situação.Levei o homem até a sala reservada com a respiração meio presa. Eu já tinha lidado com passageiro exaltado antes, mas algo nesse senhor me deixava em alerta. Ele falava rápido, os olhos inquietos, repetindo que estava sendo seguido, que sua mala tinha “informações sensíveis” e que aquilo não era uma simples confusão de bagagem.
— Senhor, por favor, me diga seu nome completo novamente e o número da etiqueta da sua mala — pedi com a voz o mais calma possível.
Ele se chamava Sr. Renato França, segundo a reserva. Digitei as informações no sistema e, ao mesmo tempo, sinalizei pelo interfone para que o pessoal da triagem de bagagens revisasse o setor de extraviados com urgência. O homem suava frio e olhava por sobre o ombro como se alguém pudesse invadir a sala a qualquer momento.
— Eu vou resolver isso, senhor Renato. Pode confiar. Seu voo para Santiago já está sendo remarcado para o primeiro horário da manhã. Vou garantir que o senhor tenha uma noite tranquila até lá.
— E minha mala? — ele insistiu, a voz agora um pouco mais baixa, mas ainda carregada de tensão.
— Assim que encontrarmos, vamos chamar o senhor imediatamente. Posso acompanhá-lo até um hotel conveniado da companhia, fica dentro do aeroporto mesmo. Não precisa se preocupar com custos. Está tudo sob responsabilidade da empresa.
Ele me olhou com uma mistura de exaustão e alívio.
— Tudo bem... Mas se alguém mexer naquela mala... — ele começou a dizer, mas parou no meio da frase. E aí, como num passe de mágica, a mudança veio.
— Você é nova aqui?
— Trabalho aqui há cinco anos.
— Hm. Interessante — ele murmurou, como se tivesse acabado de descobrir algo que só ele sabia.
Confesso que fiquei meio desconcertada. Senti um arrepio estranho, a mesma sensação que tive mais cedo com o tal Sr. Salvator Dalí. E por um momento me peguei me perguntando: será que essa confusão era só uma coincidência?
Organizei rapidamente o voucher do hotel e entreguei os dados de contato. Quando fui acompanhá-lo até a saída da sala, reparei que ele estava um pouco mais calmo. Ainda desconfiado, mas mais centrado.
— Obrigado por me ouvir — ele disse antes de sair —. A maioria só me manda esperar. Mas você... você escuta com os olhos.
Fiquei ali parada por uns segundos, pensando naquela frase. “Você escuta com os olhos”. O que aquilo queria dizer? Ou melhor: por que ele me disse isso?
Na mesma hora, a central me avisou pelo rádio: “Anne, mala encontrada. Revisada. Nenhum item irregular. Está sob custódia e aguardando instruções”.
Peguei o rádio e respondi:
— Perfeito. Avisem ao Sr. Renato assim que ele estiver instalado.
Voltei pro salão principal e dei de cara com a Helen me esperando com uma marmita na mão.
— Você tá branca, mulher. Que foi?
— Nada demais. Só mais um passageiro achando que é protagonista de filme de espionagem.
Ela riu, mas eu... Eu não conseguia rir. Ainda não. Tava exausta já o dia estava bastante repetitivos em algumas coisas não via a hora de chegar em casa e me deitar na cama ligar a TV e assistir um bom filme comer e dormir.O fim do expediente finalmente chegou. O relógio já marcava 15:12 quando bati o ponto. Peguei minhas coisas, coloquei os fones e fui caminhando pelos corredores enormes de Guarulhos com as pernas quase bambas. O aeroporto tava um pouco mais calmo do que de manhã, mas ainda assim cheio de gente indo e vindo, arrastando malas e histórias. O barulho de voos sendo chamados ecoava enquanto eu pegava o ônibus da empresa, que me levaria até Congonhas. Ainda restavam duas conduções depois disso.
No ônibus, o ar-condicionado estava forte, o banco era confortável, mas minha cabeça não desligava. O rosto do Sr. Salvator Dalí surgia nítido toda vez que eu fechava os olhos. Era como se ele tivesse deixado uma marca sem nem ter tocado em mim. Misterioso, discreto, mas com um olhar que parecia atravessar camadas... Como se tivesse lido algo em mim que nem eu sabia que existia.
Desci em Congonhas e fui direto pra estação de bikes. Peguei uma e segui pedalando até o metrô, onde entrei espremida entre mochilas, cansaços e silêncios. A cidade pulsava, o céu já começava a se tingir de tons alaranjados. Lá fora, gente vendendo fruta no copo, pedintes nas calçadas, e dentro de mim um misto de cansaço, curiosidade e algo mais difícil de descrever.
Cheguei perto das 17h30. Subi os dois lances de escada do prédio, a mochila pesando nas costas e o corpo pedindo banho e cama. Mas assim que abri a porta...
— Ai... ai... porra... mais forte, vai... ai... issooo...Me come seu filho da PUTA ..!!! Me fode gostoso, mais ele é grosso da porra. Delicia!....... ( Ela gemia exaltadamente)
Parada na entrada, tudo que vi foi a Alex, pelada de novo, dessa vez em cima de um cara diferente, gemendo alto como se o prédio fosse dela — o que, tecnicamente, era.
— CARALHO, ALEX! — gritei sem nem pensar.
Ela pulou de cima do cara como um gato assustado, tropeçando no sofá, tentando pegar um lençol jogado no chão. E que membro grande e groso era aquele meu Deus como ela aquenta isso tudo.parecia que ela tava de divertindo até demais não deixei de botar por um segundo.
— ANNE?! Já chegou, mulher?! — ela falou com os olhos arregalados, o rosto vermelho de vergonha.
— Cheguei, né! Tô viva, graças a Deus, mas quase tive um infarto aqui na porta!
O cara, um moreno tatuado, se levantou rápido, vestiu a calça jeans sem cueca e saiu dizendo um “falamos depois” bem sem graça. A porta bateu. E ficou só eu e a Alex na sala, ela se enrolando no lençol, rindo e meio sem graça.
— Desculpa, véi... não achei que ia chegar tão cedo. O cara tava aqui e aí... você sabe, o fogo…
— Eu sei. Teu fogo eterno. Já ouvi esse discurso antes.
Caí no sofá, tirei os tênis e respirei fundo.
— Mas me conta... e o trabalho hoje? Tá com uma cara meio aérea...
— Aérea é pouco — falei, ainda meio longe —. Hoje aconteceu uma parada estranha.
Ela me olhou com mais atenção, os olhos ainda meio desfocados da transa.
— Estranha tipo quê? Cliente surtando?
— Teve isso também. Mas... teve um cara.
— Ahhh, agora entendi esse olhar aí! Teve boy magia no aeroporto!
— Alex, não foi só “boy”. Foi um homem. Diferente. Refinado. Misterioso. O nome dele... acredita? Salvator Dalí.
— Pera, tipo o pintor surrealista?
— Mesmo nome. Mas esse... era real. De carne, osso e um perfume que eu tô sentindo até agora.
— E o que ele fez?
— Nada demais. Só... apareceu. Pediu uma alteração de voo. Foi educado, sereno. Mas o jeito como ele falava comigo... sei lá, mexeu comigo de um jeito estranho. Fiquei curiosa. Como se ele tivesse... me lido. Como se visse além da Anne agente aeroportuária.
Alex arregalou os olhos e puxou o lençol mais pra perto, como se fosse um cobertor de revelações.
— Véi... cê tá apaixonada!
— Não. Não é isso. É outra coisa. Não sei explicar. É como se o ar tivesse mudado quando ele apareceu. Juro. Tudo ficou mais leve. Silencioso. Mesmo com a loucura do aeroporto.
Ela sorriu, mordeu o lábio e disse:
— Isso aí, minha amiga... é o prenúncio de encrenca boa. E eu adoro.
— Só espero que eu veja ele de novo. Preciso saber mais. Descobrir quem ele é. Que história é essa por trás daquele olhar.
— E quando descobrir, me conta. Porque agora eu quero saber também quem é esse Salvador que mexe com o coração da minha baiana favorita.
Eu também quero saber , mais por hora meu corpo pede descanso e tudo o que fiz foi tomar um ótimo banho e descansar ligar a TV e dormir como havia prometido a mim mesma. Mais aquele dia concerteza iria me acompanhar até em meus sonhos. Que dia mais louco u tive em tudo isso.
***Faça o download do NovelToon para desfrutar de uma experiência de leitura melhor!***
Atualizado até capítulo 21
Comments