Vampiro Verdadeiro
Makoto era uma garotinha vibrante de cinco anos, sempre pronta para ver o lado bom da vida. Ao entrar no parquinho da creche, com seus cabelos castanhos balançando ao vento e olhos verdes brilhantes, ela avistou uma garotinha com cabelos castanhos ondulados e olhos azuis cristalinos, sentada sozinha no balanço, com uma expressão de tristeza.
Com cuidado, Makoto se aproximou, observando a tristeza da menina. Sentou-se no balanço ao seu lado, balançando lentamente, sem dizer nada, permitindo que a brisa suave trouxesse um pouco de conforto.
— Ei... — chamou, tentando captar a atenção da garotinha. Sua voz era doce e suave, típica de uma criança pequena. — Qual o seu nome?
A garotinha levantou a cabeça, notando a presença de Makoto. Seus olhos estavam levemente vermelhos de tanto chorar, mas a voz dela ainda era pequena e tímida.
— Arisu... — respondeu, um pouco hesitante.
Makoto sorriu, balançando o balanço devagar.
— Arisu... — repetiu, virando-se um pouco para a menina. — É um nome bonito... quer dizer Alice em japonês, não é?
Arisu olhou para Makoto, levemente surpresa por ela conhecer o significado do nome. A tristeza na expressão dela começou a dar sinais de melhora enquanto falava.
— Sim... é... — disse, levando a mão aos olhos e segurando o cordão do balanço. — Como sabe?
— Meu pai é japonês, então ele me contou... — Makoto fez uma pausa, hesitando em tocar no assunto delicado. — Por que você está triste?
Arisu fechou os olhos, como se tentasse reunir coragem para falar.
— Eu... — começou, fechando a mão em punho, sem saber como explicar o que sentia. — É que eu... eu soube que... meus pais morreram...
A expressão de Makoto mudou para uma leve surpresa, seguida de uma tristeza genuína. Sua voz agora tinha um misto de ternura e pesar.
— Oh... eu sinto muito... — disse, enquanto o peso da notícia se instalava entre elas.
Arisu fechou os olhos novamente, tentando se controlar para não chorar mais, sua voz fraca e melancólica.
— É que... eu fiquei muito... triste... eles... — A mão dela foi novamente aos olhos, segurando as lágrimas que ameaçavam cair. — Eu não cheguei a conhecê-los...
Makoto levou a mão até o ombro de Arisu, puxando-a para um abraço acolhedor. Sua voz ainda era terna, mas agora carregava um leve tom de tristeza.
— Então não é culpa sua... não precisa ficar triste...
Arisu começou a chorar no ombro de Makoto, envolvendo-se em seu abraço. Ela desejava aquele acolhimento que nunca tinha recebido de seus pais.
— Eu... eu sei... eu também não queria ficar triste... — soluçou, sua voz entrecortada pelas emoções. — Mas... parece impossível...
Makoto acariciou os cabelos de Arisu enquanto a abraçava.
— Tudo bem... tudo bem chorar, sabe? Chorar faz a gente se sentir melhor... — disse, com uma voz suave e reconfortante. — Pode chorar o quanto quiser... tá tudo bem...
Arisu afundou o rosto no ombro de Makoto, enquanto soluçava. A dor era intensa, mas o conforto da amiga a ajudava a sentir-se um pouco melhor.
— Obrigada... obrigada... eu... — Ela fechou os olhos, a tristeza dominando-a novamente. — Só queria... queria que meus pais me abraçassem...
Makoto apertou o abraço, fechando os olhos enquanto tentava transmitir toda a ternura que sentia.
— Eu sei... eu sei... — disse, mantendo o abraço apertado. — Mas... se eles não podem te abraçar... eu abraço por você.
Arisu apertou o abraço, suas lágrimas começando a secar lentamente.
— Obrigada... obrigada por... se importar comigo... — murmurou, afundando ainda mais no carinho da amiga.
— Você é minha amiguinha... — respondeu Makoto, com um sorriso gentil. — Eu ligo pra você...
As palavras de Makoto começaram a acalmar a tristeza de Arisu, que levantou a cabeça, embora ainda tivesse um olhar melancólico.
— Você é minha amiga favorita... — disse, esboçando um pequeno sorriso.
— Que bom... — Makoto respondeu, ajeitando os cabelos de Arisu. — Você ficou mais bonitinha sorrindo...
Quando Arisu avistou um garotinho de roupas estranhas sentado sozinho em uma árvore, seu olhar curioso se voltou para ele.
— Quem é aquele menino de lá? — perguntou, apontando.
Makoto imediatamente se escondeu atrás de Arisu, parecendo apreensiva.
— Por que você está se escondendo? — Arisu questionou, confusa.
— Ele... me dá medo... — Makoto respondeu, ainda um pouco assustada.
— Dá medo? Por quê? — Arisu insistiu, olhando para o garoto.
— Eu só sei... que dizem que ele é um filhote de vampiro... — Makoto disse, tremendo ligeiramente.
— Um filhote de vampiro? — Arisu repetiu, surpresa.
— Sim... dizem que ele tem dentes e tudo... — Makoto explicou, sua voz baixinha.
Arisu encarou o menino, observando-o com curiosidade.
— Ele... está sozinho... — disse, com um toque de compaixão.
— Provavelmente porque ninguém gosta dele... — Makoto comentou, ainda apreensiva. — Você não deveria ir falar com ele... ele é assustador...
— Mas ele parece triste... — Arisu insistiu, seu olhar fixo no garoto.
Makoto olhou para Arisu, preocupada.
— Arisu... você vai mesmo falar com ele?
— Sim... — respondeu Arisu, determinada. — Estou curiosa...
Makoto fez uma expressão preocupada.
— Mas e se ele for ruim?
Arisu caminhou em direção ao garoto, sua coragem crescendo com cada passo.
— Oi? — chamou, ao se aproximar.
O menino virou o olhar, avaliando Arisu. Apesar de sua expressão fria, havia algo curioso em seus olhos.
— O que foi?! Quer receber uma mordida?! — ele desafiou, mostrando seus dentes afiados.
Arisu arregalou os olhos, mas sua curiosidade apenas aumentou.
— São dentes de verdade? — perguntou, intrigada.
— É claro que são! E eu sei usá-los! — ele respondeu, um pouco irritado.
— Posso ver mais de perto? — Arisu perguntou, aproximando-se ainda mais.
O garoto ficou surpreso com a falta de medo dela.
— É sério? Você quer olhar mais de perto? Está pedindo pra eu te morder? — ele retrucou, ainda um tanto arrogante.
Arisu se sentou mais perto, os olhos brilhando de curiosidade.
— É tão afiado... — ela comentou, observando com atenção.
Ele abriu um pouco mais a boca, mostrando os dentes afiados.
— Então... vai olhar! Se arrependa depois! — desafiou, com um ar de desdém.
Arisu, porém, não se deixou intimidar.
— Eles são afiados de verdade... deve ser muito doloroso ser mordido... — disse, colocando um dedo próximo a um dos dentes.
E, por descuido, acabou se cortando.
— Isso dói... mas... é só um pouquinho... — comentou, admirando a gota de sangue que escorria.
O vampirinho observou com desejo, seus olhos se fixando no sangue.
— Quer ver se é doce? Eu te deixo provar... — Arisu ofereceu, sem medo.
Ele ficou surpreso com a proposta.
— Por que está me deixando provar? Você quer que eu te morda... — ele questionou, a curiosidade se misturando com a tentação.
— Eu não me importo... já mordeu várias pessoas, não é? — ela disse, buscando entender.
O vampirinho, incapaz de resistir, finalmente cedeu à tentação. Ele mordeu com força, sugando o sangue enquanto olhava para Arisu com uma expressão de deleite.
Arisu fechou os olhos, sentindo a dor da mordida misturada a uma estranha fascinação.
— E então? Era bom? — perguntou, ainda um pouco atordoada.
— Era... o sangue é doce e... ele me sacia... — respondeu o vampirinho, colocando a mão na barriga com satisfação.
Arisu, ainda encantada, fez uma proposta inesperada.
— Quer brincar com a gente?
Ele arregalou os olhos, surpreso.
— Brincar? — repetiu, confuso.
— Sim, brincar! — Arisu insistiu, com um sorriso no rosto.
Makoto, do lado, exclamou:
— Não me mete nessa!!
Arisu virou-se para Makoto, com uma expressão brincalhona.
— Não seja chata, Makoto...
Voltando-se para o vampirinho, Arisu perguntou com seriedade.
— Então... você vem ou não?
— Eu vou... — ele respondeu, um pouco envergonhado.
— Vamos! — Arisu exclamou, animada.
— E... o que a gente vai brincar? — perguntou o vampiro, curioso.
— Que tal esconde-esconde? — sugeriu Arisu, com um brilho nos olhos.
— Eu adoro esconde-esconde! — o vampirinho respondeu, animado.
— Ótimo! Você conta e a gente se esconde, okay? — disse Arisu, sorrindo.
— Certo... eu vou contar! — afirmou ele, determinado.
— Um... dois... três... — começou a contagem, enquanto Arisu e Makoto se escondiam em lugares diferentes, ansiosas para a diversão que estava por vir.
Conforme Arisu crescia, a vida seguia seu curso, e aquele vampirinho desapareceu de sua vida, tornando-se apenas uma lembrança doce e nostálgica.
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Atualizado até capítulo 33
Comments
Panqueca Com Morango
cadê o resto?
2025-01-18
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