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Vampiro Verdadeiro

Prólogo

Makoto era uma garotinha vibrante de cinco anos, sempre pronta para ver o lado bom da vida. Ao entrar no parquinho da creche, com seus cabelos castanhos balançando ao vento e olhos verdes brilhantes, ela avistou uma garotinha com cabelos castanhos ondulados e olhos azuis cristalinos, sentada sozinha no balanço, com uma expressão de tristeza.

Com cuidado, Makoto se aproximou, observando a tristeza da menina. Sentou-se no balanço ao seu lado, balançando lentamente, sem dizer nada, permitindo que a brisa suave trouxesse um pouco de conforto.

— Ei... — chamou, tentando captar a atenção da garotinha. Sua voz era doce e suave, típica de uma criança pequena. — Qual o seu nome?

A garotinha levantou a cabeça, notando a presença de Makoto. Seus olhos estavam levemente vermelhos de tanto chorar, mas a voz dela ainda era pequena e tímida.

— Arisu... — respondeu, um pouco hesitante.

Makoto sorriu, balançando o balanço devagar.

— Arisu... — repetiu, virando-se um pouco para a menina. — É um nome bonito... quer dizer Alice em japonês, não é?

Arisu olhou para Makoto, levemente surpresa por ela conhecer o significado do nome. A tristeza na expressão dela começou a dar sinais de melhora enquanto falava.

— Sim... é... — disse, levando a mão aos olhos e segurando o cordão do balanço. — Como sabe?

— Meu pai é japonês, então ele me contou... — Makoto fez uma pausa, hesitando em tocar no assunto delicado. — Por que você está triste?

Arisu fechou os olhos, como se tentasse reunir coragem para falar.

— Eu... — começou, fechando a mão em punho, sem saber como explicar o que sentia. — É que eu... eu soube que... meus pais morreram...

A expressão de Makoto mudou para uma leve surpresa, seguida de uma tristeza genuína. Sua voz agora tinha um misto de ternura e pesar.

— Oh... eu sinto muito... — disse, enquanto o peso da notícia se instalava entre elas.

Arisu fechou os olhos novamente, tentando se controlar para não chorar mais, sua voz fraca e melancólica.

— É que... eu fiquei muito... triste... eles... — A mão dela foi novamente aos olhos, segurando as lágrimas que ameaçavam cair. — Eu não cheguei a conhecê-los...

Makoto levou a mão até o ombro de Arisu, puxando-a para um abraço acolhedor. Sua voz ainda era terna, mas agora carregava um leve tom de tristeza.

— Então não é culpa sua... não precisa ficar triste...

Arisu começou a chorar no ombro de Makoto, envolvendo-se em seu abraço. Ela desejava aquele acolhimento que nunca tinha recebido de seus pais.

— Eu... eu sei... eu também não queria ficar triste... — soluçou, sua voz entrecortada pelas emoções. — Mas... parece impossível...

Makoto acariciou os cabelos de Arisu enquanto a abraçava.

— Tudo bem... tudo bem chorar, sabe? Chorar faz a gente se sentir melhor... — disse, com uma voz suave e reconfortante. — Pode chorar o quanto quiser... tá tudo bem...

Arisu afundou o rosto no ombro de Makoto, enquanto soluçava. A dor era intensa, mas o conforto da amiga a ajudava a sentir-se um pouco melhor.

— Obrigada... obrigada... eu... — Ela fechou os olhos, a tristeza dominando-a novamente. — Só queria... queria que meus pais me abraçassem...

Makoto apertou o abraço, fechando os olhos enquanto tentava transmitir toda a ternura que sentia.

— Eu sei... eu sei... — disse, mantendo o abraço apertado. — Mas... se eles não podem te abraçar... eu abraço por você.

Arisu apertou o abraço, suas lágrimas começando a secar lentamente.

— Obrigada... obrigada por... se importar comigo... — murmurou, afundando ainda mais no carinho da amiga.

— Você é minha amiguinha... — respondeu Makoto, com um sorriso gentil. — Eu ligo pra você...

As palavras de Makoto começaram a acalmar a tristeza de Arisu, que levantou a cabeça, embora ainda tivesse um olhar melancólico.

— Você é minha amiga favorita... — disse, esboçando um pequeno sorriso.

— Que bom... — Makoto respondeu, ajeitando os cabelos de Arisu. — Você ficou mais bonitinha sorrindo...

Quando Arisu avistou um garotinho de roupas estranhas sentado sozinho em uma árvore, seu olhar curioso se voltou para ele.

— Quem é aquele menino de lá? — perguntou, apontando.

Makoto imediatamente se escondeu atrás de Arisu, parecendo apreensiva.

— Por que você está se escondendo? — Arisu questionou, confusa.

— Ele... me dá medo... — Makoto respondeu, ainda um pouco assustada.

— Dá medo? Por quê? — Arisu insistiu, olhando para o garoto.

— Eu só sei... que dizem que ele é um filhote de vampiro... — Makoto disse, tremendo ligeiramente.

— Um filhote de vampiro? — Arisu repetiu, surpresa.

— Sim... dizem que ele tem dentes e tudo... — Makoto explicou, sua voz baixinha.

Arisu encarou o menino, observando-o com curiosidade.

— Ele... está sozinho... — disse, com um toque de compaixão.

— Provavelmente porque ninguém gosta dele... — Makoto comentou, ainda apreensiva. — Você não deveria ir falar com ele... ele é assustador...

— Mas ele parece triste... — Arisu insistiu, seu olhar fixo no garoto.

Makoto olhou para Arisu, preocupada.

— Arisu... você vai mesmo falar com ele?

— Sim... — respondeu Arisu, determinada. — Estou curiosa...

Makoto fez uma expressão preocupada.

— Mas e se ele for ruim?

Arisu caminhou em direção ao garoto, sua coragem crescendo com cada passo.

— Oi? — chamou, ao se aproximar.

O menino virou o olhar, avaliando Arisu. Apesar de sua expressão fria, havia algo curioso em seus olhos.

— O que foi?! Quer receber uma mordida?! — ele desafiou, mostrando seus dentes afiados.

Arisu arregalou os olhos, mas sua curiosidade apenas aumentou.

— São dentes de verdade? — perguntou, intrigada.

— É claro que são! E eu sei usá-los! — ele respondeu, um pouco irritado.

— Posso ver mais de perto? — Arisu perguntou, aproximando-se ainda mais.

O garoto ficou surpreso com a falta de medo dela.

— É sério? Você quer olhar mais de perto? Está pedindo pra eu te morder? — ele retrucou, ainda um tanto arrogante.

Arisu se sentou mais perto, os olhos brilhando de curiosidade.

— É tão afiado... — ela comentou, observando com atenção.

Ele abriu um pouco mais a boca, mostrando os dentes afiados.

— Então... vai olhar! Se arrependa depois! — desafiou, com um ar de desdém.

Arisu, porém, não se deixou intimidar.

— Eles são afiados de verdade... deve ser muito doloroso ser mordido... — disse, colocando um dedo próximo a um dos dentes.

E, por descuido, acabou se cortando.

— Isso dói... mas... é só um pouquinho... — comentou, admirando a gota de sangue que escorria.

O vampirinho observou com desejo, seus olhos se fixando no sangue.

— Quer ver se é doce? Eu te deixo provar... — Arisu ofereceu, sem medo.

Ele ficou surpreso com a proposta.

— Por que está me deixando provar? Você quer que eu te morda... — ele questionou, a curiosidade se misturando com a tentação.

— Eu não me importo... já mordeu várias pessoas, não é? — ela disse, buscando entender.

O vampirinho, incapaz de resistir, finalmente cedeu à tentação. Ele mordeu com força, sugando o sangue enquanto olhava para Arisu com uma expressão de deleite.

Arisu fechou os olhos, sentindo a dor da mordida misturada a uma estranha fascinação.

— E então? Era bom? — perguntou, ainda um pouco atordoada.

— Era... o sangue é doce e... ele me sacia... — respondeu o vampirinho, colocando a mão na barriga com satisfação.

Arisu, ainda encantada, fez uma proposta inesperada.

— Quer brincar com a gente?

Ele arregalou os olhos, surpreso.

— Brincar? — repetiu, confuso.

— Sim, brincar! — Arisu insistiu, com um sorriso no rosto.

Makoto, do lado, exclamou:

— Não me mete nessa!!

Arisu virou-se para Makoto, com uma expressão brincalhona.

— Não seja chata, Makoto...

Voltando-se para o vampirinho, Arisu perguntou com seriedade.

— Então... você vem ou não?

— Eu vou... — ele respondeu, um pouco envergonhado.

— Vamos! — Arisu exclamou, animada.

— E... o que a gente vai brincar? — perguntou o vampiro, curioso.

— Que tal esconde-esconde? — sugeriu Arisu, com um brilho nos olhos.

— Eu adoro esconde-esconde! — o vampirinho respondeu, animado.

— Ótimo! Você conta e a gente se esconde, okay? — disse Arisu, sorrindo.

— Certo... eu vou contar! — afirmou ele, determinado.

— Um... dois... três... — começou a contagem, enquanto Arisu e Makoto se escondiam em lugares diferentes, ansiosas para a diversão que estava por vir.

Conforme Arisu crescia, a vida seguia seu curso, e aquele vampirinho desapareceu de sua vida, tornando-se apenas uma lembrança doce e nostálgica.

CAPÍTULO 1

Nexothia era uma ilha vibrante, um verdadeiro caldeirão de culturas situada entre a Europa e a Ásia. Embora fosse uma ilha, não faltavam nela distritos, cidades, estados e até bairros, cada um com seu próprio charme. Prédios altos se erguiam em algumas áreas, enquanto em outras, casas aconchegantes se alinhavam lado a lado. Era um lugar onde até usinas encontravam seu espaço, tudo em perfeita harmonia. A população, com seus costumes variados, mesclava tradições europeias e asiáticas: o uso de hashis nas refeições, o respeito profundo pelos mais velhos e uma cordialidade que deixava qualquer um à vontade. E, claro, não podiam faltar os festivais coloridos que enchiam as ruas de alegria.

Com um ambiente tão sustentável e desenvolvido, as universidades floresciam em Nexothia, e uma das mais cobiçadas era a Universidade de Kiyomi. nessa universidade, vários cursos profissionalmentes podiam ser feitos.

A universidade possuía uma floresta logo atrás. e uma das raças que mais saíam daquela floresta eram vampiros. Esses sanguessugas costumavam vir frequentemente àquela ilha para vitimizar pessoas inocentes. Como esses ataques eram frequentes, as pessoas sempre estavam preparadas com uma garrafa de água benta e alho. Afinal, tanto essas coisas quanto o sol combate essas criaturas. Pelo menos é o que todos pensam.

No segundo ano do curso de culinária coreana, Arisu se destacava. Aos 22 anos, essa jovem era completamente viciada em doramas, e seu entusiasmo era contagiante. Seus longos cabelos castanhos caiam em ondas soltas, e seus olhos azuis cristalinos brilhavam com a luz do sol.

...Uma foto de Arisu ...

Certa manhã, enquanto Arisu se acomodava em sua cadeira, um novo aluno foi apresentado à turma. Darius Moretti. O nome ecoou pela sala, trazendo consigo uma onda de curiosidade. O novato tinha olhos castanhos e um cabelo azul tão escuro que beirava o preto. Sua expressão era neutra e fria, e quando ele se apresentou, sua voz soou calma e baixa, quase como um sussurro.

...Uma foto de Darius...

Darius, com seu porte atlético e elegante, atraiu

olhares de inveja dos colegas. Até mesmo a professora, a amável Sra. Kwon, parecia hipnotizada pela aparência dele. Enquanto ele caminhava entre as carteiras, Arisu fixou os olhos nos cadernos abertos à sua frente, tentando parecer desinteressada. Mas, de soslaio, ela não pôde evitar observar o novo colega se acomodar na fileira atrás dela.

Durante a aula, Arisu sentia a presença de Darius logo atrás. Era como se os olhos dele a seguissem, e uma sensação desconfortável começou a se espalhar pelo seu estômago. Quando a campainha finalmente tocou, anunciando o intervalo, Arisu se apressou em guardar seu material na bolsa.

Enquanto caminhava pelo pátio, foi abordada por dois valentões da sala. O coração dela disparou, e ela tentou manter a calma no rosto, mas, por dentro, estava um caos. Os valentões, conhecidos por causar problemas, se aproximaram com sorrisos sarcásticos, prontos para fazer mais uma de suas brincadeiras cruéis.

— E aí, gatinha, que tal sair comigo depois das aulas? — provocou o primeiro, com um sorriso debochado.

— Me solta... me solta, por favor... — implorou ela, a voz tremendo.

Eles riram, apertando-a ainda mais contra a parede.

— Não precisa ter medo. A gente só quer te levar pra um lugar mais íntimo e agradável — disse o segundo, com um olhar malicioso.

— Isso... não precisa ter medo, bonequinha. Vai ser divertido, pode confiar em nós... — acrescentou o primeiro, enquanto colocava a mão no rosto dela.

De repente, um tapa ressoou, afastando o primeiro valentão.

— Ei! Não se meta! — reagiu o segundo, furioso.

O responsável pelo tapa era o aluno novato, Darius Moretti. Ele tinha um olhar frio e neutro, e suas palavras eram sempre tranquilas e baixas, quase como se estivesse em outra dimensão. A aparência dele se assemelhava à de um emo, mas sem o uso excessivo de preto.

— Vocês deveriam deixá-la em paz — disse Darius, a voz baixa, mas firme.

O primeiro valentão, recuperando-se do susto, deu um passo à frente.

— E se não quiser? O que você vai fazer, garotão? — desafiou.

— Ei, parece que ele é meio doente da cabeça, hein? — riu o segundo, olhando de cima a baixo para Darius.

— Vamos colocar as mãos nele e ver se ele aprende a não se meter na nossa conversa — disse o primeiro, com um ar de deboche.

— Exatamente, precisamos mostrar pra ele qual é o lugar de um moleque esquisito como ele — completou o segundo, rindo de forma maliciosa.

Os valentões começaram a se aproximar de Darius, a intenção clara de agredi-lo. O segundo segurava um soco-inglês na mão direita, enquanto o primeiro se preparava para atacar.

— Ei, garoto, eu não recomendaria tentar nenhuma gracinha agora — disse o primeiro, sarcasmo em cada palavra.

— Senão você pode se machucar, sabia? — acrescentou o segundo, com um olhar ameaçador.

Enquanto se aproximavam, Darius permaneceu inerte e calmo. Seus olhos, no entanto, mostravam um brilho intenso. O primeiro valentão desferiu um soco que atingiu o rosto de Darius, enquanto o punho do segundo o acertou repetidamente no abdômen.

A cena era surreal; mesmo com os golpes, Darius não emitia um único gemido, sua expressão permanecia inalterada.

— Não entendo, qual é a desse garoto? Ele sequer sente dor? — questionou o primeiro, enquanto continuava a socar.

— Não sei, mas não consigo suportar mais essa cara de maluco dele! — respondeu o segundo, a irritação crescendo.

Ambos pararam, confusos, enquanto se encaravam.

— Que droga ele tem? Parece um morto-vivo — comentou o primeiro, segurando o punho.

— Esse moleque só pode ser algum tipo de vampiro. Precisamos preparar a água benta... — sugeriu o segundo, um toque de medo na voz.

— Não podemos perder tempo. Eu trouxe o alho comigo — afirmou o primeiro, determinado.

— Sabia que esse alho ia ser útil um dia — riu o segundo, aliviado, enquanto abriam a mochila rapidamente.

Após alguns momentos de busca, o segundo finalmente encontrou o alho na parte de baixo da mochila.

— Aqui, tinha guardado aqui — disse, triunfante.

— Prepare-se, garoto sinistro. Vamos acabar com você agora — alertou o primeiro, apontando a garrafa de água benta para Darius.

— Sim, chegou a hora de mandar você de volta pra cova — acrescentou o segundo, a malícia estampada no rosto.

Eles abriram a garrafa de água benta e, em um movimento rápido, lançaram o líquido em direção a Darius.

— Tome! Essa água benta vai te fritar, morto-vivo! — gritou o primeiro, enquanto o segundo arremessava o alho.

— Você está acabado, vampiro sinistro! — riu o segundo, todos dois divertidos com o plano.

Porém, nada aconteceu. Darius apenas ficou encharcado e com um forte cheiro de alho. seus olhos castanhos agora estavam intensamente vermelhos.

Os valentões pararam, perplexos, enquanto se encaravam novamente, a incredulidade tomando conta.

— Não é possível. Ele não reagiu... — murmurou o primeiro, a voz trêmula.

— Como assim? Era pra ele ter virado cinzas! — exclamou o segundo, agora visivelmente constrangido.

— Vocês acham mesmo que essas coisas funcionam? — perguntou Darius, com um tom irônico que desafiava a lógica dos valentões.

Os dois o encararam surpresos, especialmente pela forma como Darius falava, como se zombasse deles.

— E por que não dariam certo? — indagou o primeiro, irritado.

— Sempre vimos em filmes de terror que coisas como alho, água benta e luz do sol matam vampiros... — explicou o segundo, cada vez mais nervoso.

— Está de dia e eu estou no sol — respondeu Darius, apontando para o céu, onde o sol brilhava intensamente.

Os valentões olharam para cima, percebendo que a luz solar ainda iluminava o pátio.

— Mas como é possível...? — questionou o primeiro, assustado.

Darius estalou o punho cerrado contra a palma da mão, um som seco que ecoou no ar.

Ambos os valentões se encolheram, a preocupação evidente em seus rostos.

— O que você vai fazer...? — gaguejou o primeiro, a voz falhando.

— Acho melhor correrem — disse Darius, um tom de aviso na voz.

Não foi preciso mais do que isso. Os dois valentões saíram correndo desesperados pelo pátio, tentando se afastar de Darius o mais rápido possível, suas risadas e provocações se transformando em gritos de pavor.

Arisu assistiu à cena com incredulidade. Os valentões, conhecidos por intimidar e causar problemas, agora corriam desesperados, aterrorizados pelo novo colega. Darius permanecia indiferente, como se a situação não o afetasse de forma alguma. Arisu se aproximou cautelosamente, ainda surpresa pelo que acabara de presenciar.

— Você está bem? — perguntou Arisu, sua voz trêmula devido à tensão. Darius a olhou, o brilho vermelho ainda presente em seus olhos. A expressão neutra em seu rosto fez com que ele assentisse levemente.

— Por acaso... você é algum tipo de... vampiro? — questionou Arisu, desconfiada. Darius permaneceu imóvel por um momento, e então um leve sorriso surgiu em seus lábios, como se achasse a situação cômica.

— E se fosse? O que você faria? — respondeu Darius, com um tom divertido, como se estivesse brincando com ela. Arisu não esperava essa reação e ficou em silêncio por um instante, incerta sobre como reagir.

— Por que você não reagiu à água benta e ao alho? — questionou Arisu, ainda tentando entender a situação. Darius riu baixinho, aproximando-se dela e ficando a poucos centímetros do seu rosto.

— Você realmente acredita que água benta e alho poderiam ferir um verdadeiro vampiro? — provocou Darius, sua voz baixa e calma. Um arrepio percorreu o corpo de Arisu ao sentir o rosto dele tão próximo do seu.

— Então... se isso não funciona, o que funciona? — perguntou Arisu, finalmente encontrando coragem para se expressar. Darius se afastou levemente, uma mecha de cabelo caindo sobre seu rosto enquanto pensava por alguns segundos.

— Bem, basicamente, fogo e decapitação. É a única forma de matar um puro-sangue — respondeu Darius, com a frieza de quem falava sobre algo trivial.

Os olhos de Arisu se arregalaram ao ouvir isso, e um leve pavor a invadiu. Darius deu um meio sorriso, percebendo a reação dela.

— Mas não se preocupe — continuou Darius, com a voz novamente calma. — Eu não sou um desses vampiros sanguinários que atacam humanos aleatoriamente.

Arisu estava em um dilema. Por um lado, aliviava-se ao saber que não corria o risco de ser atacada por um vampiro; por outro, sentia-se desconfortável com essa nova realidade. Nunca imaginara que houvesse um vampiro em sua turma, vivendo tranquilamente entre os humanos.

— Então... como você consegue entrar na escola durante o dia? — indagou Arisu, curiosa. — Você não seria prejudicado pela luz solar ou algo assim?

Darius deu de ombros, como se a questão não tivesse a menor importância.

— Vampiros mortos-vivos sentem queimaduras pelo sol e viram cinzas, mas eu não sou um desses. Vampiros verdadeiros, como eu, apenas ficam frágeis no sol. Se fosse à noite, você veria que eu conseguiria desviar de todos os golpes daqueles dois e ainda deixá-los inconscientes.

Arisu tentou visualizar a cena, mas era difícil acreditar que Darius pudesse fazer algo assim. Ele a encarava, enquanto ela processava toda essa nova informação. Ele parecia muito diferente dos vampiros que ela conhecia de filmes e livros.

— E as suas presas? — perguntou Arisu, apontando para a boca de Darius. Os dentes dele pareciam perfeitamente normais, nada fora do comum.

— Vampiros verdadeiros podem controlar a forma de suas presas quando querem. Também podemos manipulá-las para crescer e encolher, então você nunca saberia se eu fosse um vampiro apenas olhando para minha boca — explicou Darius, com um tom de satisfação.

Arisu ficou impressionada com a habilidade de Darius de controlar suas presas de forma tão discreta. Ele parecia ter domínio sobre seu corpo de maneiras que ela nunca imaginara. Sentia que ainda havia muito a descobrir sobre ele.

— Há quanto tempo você é um vampiro? — perguntou Arisu, finalmente se sentindo mais à vontade para explorar mais sobre Darius. Ele pensou por alguns momentos antes de responder.

— Como assim? — indagou Darius, com uma expressão de confusão.

Arisu franziu o cenho, confusa com a pergunta.

— O que quer dizer com "como assim"? Estou perguntando há quanto tempo você se tornou um vampiro.

— Eu nasci de um pai vampiro e uma mãe vampira — respondeu Darius, de maneira direta.

Arisu ficou surpresa com a revelação. A ideia de nascer de pais vampiros era algo totalmente novo para ela.

— Isso significa que não houve nenhum tipo de transformação ou algo do tipo? Você sempre foi um vampiro desde o início? — questionou Arisu, sua curiosidade crescendo.

— Vampiros de verdade, como eu, são um caso diferente dos vampiros mortos-vivos que você vê em livros e filmes. Nós não nos tornamos vampiros por morder um ou beber sangue. Nossa espécie simplesmente se originou dessa forma, multiplicando-se por si só — explicou Darius, com a firmeza de quem conhecia bem sua história.

Arisu ficou admirada com a explicação. Nunca imaginara que os vampiros pudessem nascer dessa maneira, como qualquer outro ser vivo. Tudo o que pensava saber sobre vampiros parecia estar completamente errado.

— Então, qual é a principal diferença entre você e os vampiros mortos-vivos? — perguntou, querendo entender melhor as distinções entre os dois tipos de vampiros.

— Como eu disse antes, os vampiros mortos-vivos são mais fracos e desajeitados. Eles ficam debilitados com alho, água benta e luz solar, e precisam se alimentar de sangue constantemente, ou então morrem rapidamente — respondeu Darius, com um tom quase didático.

Arisu acenou com a cabeça, absorvendo mais uma nova informação. Sentia-se como uma criança aprendendo sobre um novo mundo e suas regras.

— Mas você... você também precisa beber sangue para sobreviver, certo? — indagou Arisu, hesitante.

— Sim, mas não de forma tão constante quanto um vampiro morto-vivo. Posso ficar bastante tempo sem beber sangue, enquanto os vampiros mortos-vivos começam a se desintegrar rapidamente quando passam longos períodos sem se alimentar — explicou Darius, com um ar de confiança.

Arisu ficou novamente impressionada. A força física de Darius começava a fazer sentido. Se ele podia beber sangue com menos frequência do que os vampiros mortos-vivos, era natural que ele fosse mais forte e ágil.

— Além disso, nós, os vampiros puro-sangue, possuímos órgãos funcionais. Nossa pele é bem mais saudável do que a dos vampiros mortos-vivos, e somos quentes, embora menos quentes do que os humanos. Temos até nosso próprio sangue correndo nas veias. Contudo, nosso sangue não serve para alimentação. O sangue humano contém uma enzima especial que o nosso não tem. Assim como o nosso sangue possui uma enzima especial que o de vocês não tem — disse Darius, com um tom de seriedade.

As palavras de Darius pareciam um verdadeiro tapa na cara de Arisu, que se via mais uma vez confrontada com informações completamente novas. Nunca antes imaginara que os vampiros verdadeiros pudessem ser tão diferentes dos vampiros mortos-vivos, tendo uma anatomia quase idêntica à dos humanos.

— Isso é... impressionante — murmurou Arisu, quase sem palavras. Ela nunca pensou que existisse uma espécie de vampiros tão diversa e complexa. Levantou a cabeça e percebeu que Darius a observava com um olhar curioso.

— Você tem medo de mim? — perguntou Darius, quebrando o silêncio.

A pergunta pegou Arisu desprevenida. Ela parou para refletir antes de responder. Nunca pensara na possibilidade de temer Darius. Havia muito a considerar, mas não havia razão para temê-lo.

— Não... não tenho. Por que eu teria medo de você? — respondeu Arisu, com sinceridade.

— Bem, a maioria dos humanos tem... e a maioria dos que não têm ainda assim sente algum tipo de aversão por mim. Isso é natural... medo, repulsa, nojo... — comentou Darius, com um tom de desdém.

— Bom... eu não tenho nenhum desses sentimentos. Para ser sincera, acho você bastante interessante — admitiu Arisu, um sorriso tímido surgindo em seu rosto.

— Você é estranha — disse Darius, observando-a com um semblante sério.

Arisu não soube se ria ou se ficava ofendida com o comentário de Darius.

— Você me chama de estranha só porque eu não tenho medo de um vampiro? — questionou, com um toque de incredulidade.

— Não, estou te chamando de estranha porque você está agindo como se fosse perfeitamente natural conviver com um vampiro e conversar com um como se estivesse falando com um humano qualquer — explicou Darius, com um ar de curiosidade.

— E qual é o problema de agir assim? Você disse que não é de machucar humanos, né? Então não precisa se preocupar que vou contar para alguém o seu segredinho. E eu nunca pensei que teria a chance de falar com um vampiro, então... estou apenas aproveitando a oportunidade enquanto ainda posso — respondeu Arisu, com determinação.

— É isso... essa é a estranheza. Você está conversando muito casualmente com um vampiro e não está nem aí para o que eu sou. Mesmo que eu pudesse te agarrar a qualquer momento e te morder, não é? — provocou Darius, um brilho travesso em seus olhos.

As palavras de Darius começaram a afetar Arisu. Ela percebeu que poderia haver algo de errado com ela. A maioria das pessoas ficaria apavorada de conversar assim com um vampiro, mas não ela. Ela não sentia medo algum. Pelo contrário, a ideia de conversar com um vampiro a fazia sentir-se até mesmo... à vontade.

— Você não vai me morder, eu sei disso — assegurou Arisu, com uma expressão confiante.

— É disso que estou falando... qual é o seu problema? É falta de auto-preservação ou algo assim? Por que um humano normal nunca conseguiria agir do jeito que você está agindo agora? — perguntou Darius, com um tom de curiosidade.

— Não acho que seja nada disso. É só que... você não parece ser um vampiro perigoso. Você agiu normalmente até agora, não fez nada para me assustar e... eu nem sei... eu só não sinto nenhum tipo de perigo vindo da sua direção — explicou Arisu, gesticulando levemente.

Darius a encarou em silêncio por alguns momentos. Depois, deu um leve suspiro e falou novamente.

— Você tem sorte de eu ser um vampiro de boa índole, de bom caráter. Se você fosse tão descontraída assim perto de qualquer outro vampiro nesse mundo, já estaria morta.

Arisu sabia que Darius tinha razão. A maioria dos vampiros não hesitaria em atacá-la se soubessem de sua natureza "tranquila". Ainda assim, ela não conseguia evitar agir como agia ao lado de Darius, sentindo uma confiança inexplicável.

Os olhos de Darius finalmente deixaram de ser vermelhos e voltaram à sua cor castanha normal. Arisu sentiu-se aliviada ao ver essa mudança. Um suspiro profundo escapou de seus lábios, e ela começou a se sentir mais calma, sem o olhar vermelho e penetrante do vampiro.

Darius permaneceu em silêncio, observando a reação de Arisu. A situação ainda era estranha para ele. Ela era a primeira pessoa que conseguia ficar ao seu lado sem se encolher de medo ou repulsa.

— E... o que você faz em uma universidade? De tantos cursos que prestam aqui, por que culinária coreana? — Arisu perguntou, interessada.

A pergunta pegou Darius desprevenido. Depois de alguns momentos de silêncio, ele respondeu.

— Na verdade, eu nem queria estar aqui. Mas meu pai me obrigou a estudar algo. Então, decidi me inscrever em culinária apenas porque gostava da comida coreana — explicou Darius, com um tom de resignação.

Arisu ficou um pouco surpresa com a sinceridade dele. Não tinha pensado que um vampiro se preocuparia com coisas como ir para a universidade.

— Por que seu pai te obrigou a estudar? — indagou Arisu, a curiosidade pulsando em sua mente.

— Na real, meu pai quer que eu seja um diplomata, como ele. Mas eu sou rebelde — respondeu Darius, um leve sorriso se formando em seus lábios.

Arisu não pôde evitar uma risadinha ao imaginar um vampiro sendo rebelde.

— Então você é basicamente um filho mimado que não gosta de seguir as ordens — brincou Arisu, piscando um olho.

— Eu não diria mimado, e sim independente. A vida não é fácil quando você tem um pai extremamente tradicional por perto — disse Darius, com um ar de seriedade.

Arisu estava começando a gostar cada vez mais de Darius, apesar de sua aura e aparência assustadoras. Ela não o via como um vampiro perigoso, mas como alguém com um exterior difícil e um interior sensível.

Os dois começaram a perambular pelo campus enquanto conversavam sobre assuntos triviais. Enquanto caminhavam, Arisu notou que Darius tinha reflexo nos espelhos e que o sol incidia sobre eles, fazendo com que Darius projetasse sombra.

Arisu ficou surpresa ao notar que Darius possuía reflexo e sombra, apesar de ser um vampiro. Ela estava começando a entender que ele não era o clássico vampiro dos filmes. Em vez disso, ele era uma entidade própria, com sua própria anatomia e habilidades.

Enquanto continuavam a andar pelo campus, Arisu não pôde deixar de notar que Darius era extremamente alto e ágil, conseguindo andar rapidamente enquanto ela tentava acompanhá-lo o melhor que podia.

Darius, por sua vez, notou os cabelos castanhos ondulados e longos de Arisu, que se estendiam até seus pés.

— Ei, seus cabelos não atrapalham em nada na hora de andar? — perguntou Darius, com um tom curioso.

Arisu parou para refletir sobre o comentário inesperado. Depois de alguns segundos, deu um leve suspiro e respondeu.

— Bem, às vezes. Mas eu gosto deles longos — confessou, um sorriso nos lábios.

— Deve ser cansativo cuidar de cabelos tão compridos, não? — questionou Darius, observando-a atentamente.

Arisu sorriu novamente, sabendo bem o quanto seus cabelos eram grandes e difíceis de cuidar, mas mesmo assim, nunca pensara em desistir deles.

— A-ah, sim. Tem horas que é meio difícil cuidar deles. Mas, ao mesmo tempo, eles me dão um charme especial — respondeu Arisu, com um brilho nos olhos.

Darius parecia ponderar sobre as palavras de Arisu, com o olhar ligeiramente desviado. Depois de alguns momentos, ele finalmente respondeu.

— Eu não posso opinar muito, já que não me preocupo muito com meu próprio cabelo. Mas... acho que consigo entender um pouco do que você quer dizer — disse Darius, com um ar pensativo.

Arisu sorriu mais uma vez. Ela estava começando a gostar ainda mais da companhia de Darius, apesar de toda a estranheza da situação. Ele era um vampiro, mas ao mesmo tempo, era alguém interessante e atencioso. O contraste entre sua aparência e sua personalidade surpreendia Arisu, que nunca esperaria algo assim de um vampiro.

O sinal do fim do intervalo tocou, fazendo Arisu suspirar profundamente ao lembrar-se de que a aula iria recomeçar.

— Bem, acho que é hora de voltarmos, né? — sugeriu Arisu, olhando para Darius.

— Acho que sim — respondeu Darius, começando a andar em direção ao prédio principal da universidade.

A essa altura, acompanhá-lo parecia completamente natural para Arisu, apesar de tudo.

— Você promete guardar segredo? — perguntou Darius, olhando para ela com seriedade.

Arisu parou de andar ao lado de Darius, encarando os olhos castanhos dele. Com uma confiança inesperada, respondeu.

— Sim. Prometo guardar segredo — assegurou Arisu, sentindo um peso na responsabilidade.

— Que bom. Se alguma coisa vazar, a minha família vai atrás de você — alertou Darius, com um tom sombrio.

Arisu franziu o cenho, lembrando-se da família tradicional de Darius.

— Você fala como se sua família fosse da máfia ou algo do tipo — comentou, tentando aliviar a tensão.

— Bom, a minha família não é exatamente da máfia, mas são bastante influentes e muito tradicionais. Qualquer deslize, qualquer falha, e você vai ter uma família de vampiros descontentes na sua cola — respondeu Darius, com um tom sério.

Arisu não pôde deixar de estremecer um pouco com as palavras de Darius. A ideia de ser perseguida por uma família de vampiros era assustadora, para dizer o mínimo.

Eles entraram na sala de aula. Enquanto Arisu se sentava em seu lugar, não pôde deixar de pensar na conversa que tivera com Darius durante o intervalo. Era surreal que ela havia acabado de conversar casualmente com um vampiro e agora iria assistir à aula com ele sentado logo atrás dela.

Enquanto Darius se acomodava atrás dela, algumas garotas cochichavam sobre aquele rapaz encantador. As garotas da turma não conseguiam desviar o olhar de Darius, admirando sua aparência e beleza surpreendente.

Arisu ouvia os cochichos e não conseguia evitar uma pontada de ciúme ao ver as garotas admirando Darius daquela forma. Ele, por outro lado, parecia completamente alheio à atenção que recebia. Apenas se sentou em sua carteira, mexendo no celular, enquanto as conversas continuavam.

A aula começou, e mesmo com todas as distrações, Arisu se forçou a prestar atenção. Sabia que era importante se concentrar na aula, mas toda vez que sentia o olhar de Darius por trás dela, era difícil manter o foco. As garotas continuavam a admirar Darius, mas Arisu tentava ignorar o fato e se manter concentrada, mesmo que o coração acelerasse a cada instante.

CAPÍTULO 2

Arisu voltava da universidade após as aulas, o sol se pondo lentamente no horizonte. Era uma tarde ensolarada, mas Arisu se sentia exausta depois de um longo dia repleto de aulas e trabalhos. Enquanto caminhava pelas ruas próximas à universidade, envolta em seus pensamentos sobre como passaria a noite, uma sensação estranha a invadiu. De repente, um olhar penetrante a fez parar. Alguém parecia estar a acompanhando.

Foi nesse momento que alguém a abraçou por trás.

A pele de Arisu se arrepiou com o abraço inesperado. Ela soltou um pequeno grito de surpresa e rapidamente se virou para ver quem a surpreendia.

— E aí, amiga maluca! Você ficou tão gamada naquele rapaz que nem veio conversar com a sua melhor amiga, que fica ao lado da sua carteira? — exclamou Makoto, com um sorriso travesso no rosto.

Era Makoto, a melhor amiga de Arisu e a responsável por introduzi-la no fascinante mundo dos doramas. Com seus cabelos castanhos presos por uma presilha em forma de borboleta, que gradualmente passava do rosa ao roxo, Makoto sempre emanava uma energia vibrante.

...Uma foto de Makoto...

Arisu, ainda recuperando-se do susto, sentiu um alívio ao perceber que era apenas sua amiga. Um pequeno sorriso se formou em seus lábios.

— Makoto! Você me assustou, sabia? E eu não estou "gamada" no Darius, você é exagerada!

Makoto soltou uma gargalhada alta, sem se importar com os olhares curiosos de algumas pessoas que passavam.

— Claro que não! Olha como seu rosto ficou vermelho só de dizer o nome dele. Confessa, você tá gostando dele, eu sei!

Arisu bufou, desviando o olhar para o chão, envergonhada. Era impossível esconder algo de Makoto, e ela sabia disso.

— Tudo bem, tudo bem, eu admito que ele é um pouco... bonito. Mas é só isso! Eu não tô "gostando" dele, ok? Nós mal conversamos.

Makoto soltou uma risadinha, claramente duvidando das palavras de Arisu.

— É claro, é claro. Você acha que tá enganando quem? O cara é gato, misterioso, cheio de segredos... e você tá tentando me vender que não tá gostando dele? Por favor!

Arisu sabia que não adiantava tentar convencer Makoto do contrário. Ela suspirou, revirou os olhos e tentou manter um semblante sério.

— Tá bom, tá bom, talvez eu ache ele um pouco atraente. Mas é só isso! Só acho que ele é bonito e misterioso. Nada além disso.

Makoto não perdeu a chance de provocar ainda mais a amiga.

— Ah, sim, só isso. Só acha ele bonito e misterioso... e talvez queira descobrir mais sobre ele, quem sabe passar mais tempo com ele, ou até mesmo beijá-lo. — A amiga soltou outra risada alta, percebendo que havia deixado Arisu ainda mais corada.

Arisu fechou a cara e evitou olhar para Makoto, tentando preservar um pouco de sua dignidade.

— Para de falar essas coisas, tá bom? Eu... eu só acho ele atraente, só isso! E eu não estou pensando em beijá-lo, por favor. Você fala cada coisa!

Makoto riu novamente, visivelmente se divertindo com o embaraço da amiga.

— Está bem, está bem, eu vou parar de te zoar. Por agora. Mas vou ficar de olho nos seus avanços, viu?

Arisu soltou um suspiro derrotado, decidindo ignorar a provocação. Elas continuaram a caminhar, enquanto Makoto desviava o assunto para falar de algo aleatório. Arisu tentava não pensar em Darius e nas implicações que sua amiga havia feito.

No fundo, Arisu sabia que Makoto não estava completamente errada. A atração pelo mistério que cercava Darius a intrigava, e sua beleza enigmática a deixava inquieta.

Elas caminharam por alguns quarteirões, enquanto o céu se tornava cada vez mais escuro.

Arisu seguia ao lado de Makoto, observando as ruas que ficavam mais vazias à medida que a noite avançava. Em algum momento, começou a sentir um desconforto crescente, mas não queria demonstrar isso para a amiga.

Makoto, alheia ao desconforto de Arisu, continuava a tagarelar sobre qualquer assunto que lhe passasse pela cabeça. Ela era bastante falante e podia falar sobre quase qualquer coisa por horas a fio.

Após alguns minutos, chegaram perto de um parque. À noite, o lugar exibia uma beleza serena, com árvores altas contornando o perímetro e um lago central refletindo a luz da lua.

Arisu observou o parque pelo canto do olho, notando que havia poucas pessoas ali, apenas algumas caminhando ou passeando com seus cães. Tentou reprimir o crescente sentimento de desconforto, convencendo-se de que era apenas paranoia. Afinal, não havia motivo real para se preocupar.

Makoto finalmente percebeu o silêncio estranho de Arisu e perguntou:

— Ei, tudo bem? Por que você tá tão quieta?

Ela olhou diretamente para Arisu, preocupada.

Arisu se forçou a sorrir, tentando esconder seu desconforto.

— Ah, eu tô bem. Só um pouco cansada, sabe? As aulas estavam exaustivas hoje.

Tentou manter a voz firme, mas havia um tom de tensão que não passou despercebido por Makoto.

— Tá, tá. Acho que você tá mentindo na minha cara, sabia? — Makoto disse, cruzando os braços, claramente não convencida.

Arisu sentiu o estômago apertar, sabendo que não adiantava tentar esconder nada de sua melhor amiga. Suspendeu a respiração e decidiu se abrir.

— Tá bom, tá bom. Eu me sinto desconfortável aqui, tá bem? Sinto como se estivesse sendo seguida, é como se alguém estivesse nos observando.

Makoto franziu a testa, preocupada com a confissão de Arisu. Olhou rapidamente em volta, procurando algo de errado.

— Sério? Sério que você tá sentindo isso? Tem certeza de que não é só paranoia?

Arisu encolheu os ombros, frustrada consigo mesma.

— Sei lá, talvez seja só paranoia. Mas não consigo me livrar desse sentimento. Parece que há alguém nos observando, e isso me deixa nervosa.

Makoto permaneceu pensativa por um momento, buscando uma maneira de aliviar a situação.

— Olha, talvez seja só sua ansiedade falando mais alto, sabe? É meio estranho pensar que alguém estaria nos seguindo.

Arisu assentiu, desejando acreditar nas palavras de Makoto, mas o desconforto persistia.

— Tá, talvez você tenha razão. É só paranoia mesmo.

Forçou um sorriso, tentando se convencer de que tudo estava bem.

Makoto assentiu, parecendo satisfeita com a tentativa de tranquilidade de Arisu.

— Isso mesmo, relaxa. Vamos embora daqui, tá? Acho melhor irmos para mais perto de casa. Vai ser mais seguro.

Elas começaram a andar novamente, mais rapidamente agora. Enquanto percorriam o caminho, Arisu ainda se sentia tensa. Cada passo em direção a casa parecia eterno, mesmo que o caminho fosse familiar. Olhava constantemente por cima dos ombros, à procura de qualquer sinal de algo ou alguém suspeito. A ansiedade fazia sua cabeça latejar.

Makoto, percebendo o desconforto da amiga, decidiu puxar assunto para distraí-la.

— Ei, acabei de descobrir um novo dorama, parece que vai ser incrível! Vou baixar o primeiro episódio para assistir hoje mesmo.

Tentava usar um dos assuntos que sempre animavam Arisu: os dramas de televisão coreanos. Apesar de sua paixão por essas séries, Arisu tentava forçar um interesse na conversa enquanto seu olhar continuava a vagar pelo entorno.

— Ah, sério? Qual é o dorama?

Makoto parecia animada, pronta para contar todos os detalhes sobre a nova série.

— É um drama de romance, e pelo trailer, parece tão romântico! Tem o Minho, aquele ator gato, como protagonista. Confesso que isso já me fez me apaixonar pela série.

Arisu tentava se concentrar, esforçando-se para acompanhar a conversa sobre o dorama que Makoto queria assistir.

— Ah, o Minho é muito bom. Eu o vi em um filme há algum tempo, ele é um excelente ator.

Makoto acenou com a cabeça, satisfeita ao notar que Arisu conhecia o ator principal do novo dorama.

— Exatamente! Ele é incrível. E dizem que nesse dorama há uma química maravilhosa com a atriz principal, a Yoo-mi. Estou tão animada para assistir!

Apesar do desânimo que a consumia, Arisu tentava estar presente na conversa, sabendo que isso era importante para Makoto. Ela sorriu e acenou com a cabeça, como se realmente estivesse interessada, mas seu olhar continuava inquieto, buscando qualquer sinal suspeito.

Quando, de repente, uma figura sombria emergiu dos arbustos. Não parecia alguém comum. O vampiro, vestido em trajes antiquados, era como um verdadeiro ser do século 19 — uma capa reluzente, olhos vermelhos como os de um animal, presas longas e afiadas, cabelos brancos e bagunçados.

Arisu ficou paralisada ao ver a criatura se aproximar, os olhos arregalados de medo. O coração disparou em seu peito, enquanto Makoto, ao seu lado, também ficou assustada, agarrando o braço de Arisu com força.

À medida que a criatura se aproximava, Arisu percebeu mais detalhes sobre sua aparência. O traje antiquado, os olhos vermelhos e as presas afiadas deixaram claro que se tratava de um vampiro. Ela lutou contra o impulso de gritar, mas o medo a dominava.

Makoto ofegou ao lado de Arisu, claramente aterrorizada com a situação. O vampiro continuou a se aproximar lentamente, com um olhar faminto em seu rosto.

— Qu-quem... qu-quem você é? O que você... quer? — Arisu conseguiu finalmente perguntar, sua voz trêmula.

O vampiro soltou uma risada fria e profunda, revelando suas presas afiadas.

— Ora, querida, é claro que eu quero algo. — Ele deu um passo mais próximo. — Estou faminto e você parece deliciosa.

Arisu sentiu seu corpo gelar com as palavras do vampiro. O medo tomou conta dela, fazendo suas entranhas revirarem. Ao seu lado, Makoto soltou um pequeno grito e tentou se esconder atrás de Arisu.

O vampiro se aproximou ainda mais, tão perto que Arisu podia sentir o hálito frio e metálico dele. Suas presas estavam à vista, ameaçadoras e famintas.

— Acalme-se, querida. Não vou te machucar... muito. — Ele riu novamente, de forma debochada.

Arisu sentiu as lágrimas se acumularem em seus olhos, o medo a paralisava. O coração batia descompassado, como se estivesse prestes a explodir.

Makoto, por sua vez, soltou um soluço trêmulo, agarrando-se ainda mais a Arisu, claramente apavorada.

O vampiro continuou a olhar diretamente para Arisu, como se estivesse escolhendo sua vítima. Aproximou-se ainda mais, colocando a mão gelada na bochecha dela.

— É uma tragédia ter que matar uma garota tão linda como você. Mas, às vezes, o prazer de caçar é melhor do que o próprio alimento. — Ele apertou a bochecha de Arisu com força, quase dolorosamente.

As mãos vampíricas eram incrivelmente frias, e Arisu sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao sentir o toque gélido em sua pele. Lutou para se afastar, mas o aperto do vampiro era forte demais.

Ele continuou a olhar para Arisu, como um predador observando sua presa. A proximidade a fazia sentir-se completamente vulnerável. O medo a dominava, e ela tremia incontrolavelmente.

O vampiro soltou outra risada debochada, notando claramente o medo evidente de Arisu. Ele aproximou seu rosto do dela, seus olhos vermelhos brilhando com malícia.

— Oh, você é uma garota linda quando tem medo, minha querida. — Ele cheirou o pescoço dela, inalando seu odor.

Um arrepio percorreu seu corpo novamente. As presas do vampiro roçavam sua pele sensível, e Arisu sentiu que a dor iminente era quase palpável. O vampiro continuava a cheirá-la, sua respiração pesada e irregular, enquanto mantinha seu aperto firme.

Preparou-se para o impacto das presas, o corpo todo tenso, esperando pela dor iminente. Tentou novamente se soltar, mas a força do vampiro era inabalável. Tudo o que restava era fechar os olhos e esperar pelo inevitável.

Foi então que Makoto, em um momento de coragem, retirou um pequeno frasco de spray da bolsa. O frasco continha água benta. Com mãos trêmulas, quase deixando-o cair, ela abriu a tampa e direcionou-o para o vampiro, sem hesitar.

A água benta atingiu o rosto e os olhos da criatura, fazendo-o gritar de dor. Ele soltou Arisu, levando as mãos aos olhos enquanto a água benta queimava sua pele como ácido.

Arisu caiu no chão devido à força do empurrão que recebeu, aterrissando com um estrondo. Permaneceu ali, tentando recuperar o fôlego e restaurar a calma. Seu corpo ainda tremia, mas o desespero foi substituído por uma leve esperança.

O vampiro continuava com os olhos fechados, tentando recuperar a visão. Sua pele fumegava onde a água benta havia feito contato, causando uma dor agonizante.

Makoto permaneceu firme diante do vampiro, segurando o frasco como se fosse sua única linha de defesa.

O vampiro finalmente abriu os olhos, olhando para Makoto com ódio e rancor, as pupilas vermelhas parecendo ainda mais assustadoras após o incidente.

Makoto engoliu em seco, mas manteve-se firme, pronta para usar o spray novamente, se necessário. O vampiro soltou um rosnado, claramente irritado por ter sido surpreendido.

Ele hesitou por um momento, percebendo que a presença da água benta mudara completamente a situação. Agora, era ele quem parecia vulnerável.

Arisu se levantou do chão, ainda atordoada, mas viu a hesitação do vampiro e aproveitou a oportunidade. Pegou a mão de Makoto e tentou puxá-la.

Mantendo as mãos unidas, Arisu e Makoto recuaram algumas passadas do vampiro, mantendo uma distância segura. O vampiro permaneceu imóvel, relutante em se aproximar novamente, com a ameaça da água benta ainda pairando no ar.

Aproveitando a oportunidade, as garotas correram, afastando-se o máximo possível do vampiro ainda aturdido. Arisu mal conseguia acreditar que haviam escapado de uma situação tão aterradora, seu coração ainda palpitava enquanto corriam.

Makoto puxou Arisu para frente, segurando sua mão com força, enquanto avançavam pela escuridão da noite. Sem olhar para trás, temia que o vampiro pudesse aparecer a qualquer momento.

Após minutos intermináveis, com as pernas trêmulas e os pulmões ardendo, finalmente pararam para recuperar o fôlego. Apoiaram-se contra a parede de um edifício, ofegantes e suando frio.

Arisu olhava em volta, procurando qualquer sinal do vampiro, seu coração ainda acelerado. Finalmente, se virou para Makoto, que se apoiava na parede, claramente exausta.

— Acho que escapamos dele... pelo menos por agora — disse Arisu, arfando. Seus olhos ainda estavam arregalados devido ao susto, e seu coração não havia retornado ao ritmo normal.

— Espero que sim... não quero ver aquele monstro nunca mais — respondeu Makoto, ainda tremendo, seu rosto pálido de medo.

— Você tá bem? Foi muita... emoção para uma noite só — Arisu perguntou, preocupada. Notou o tremor em Makoto, e isso a deixava inquieta.

— Estou... ainda estou assustada, mas vou ficar bem. Só preciso recuperar o fôlego — Makoto respondeu, soltando um longo suspiro, tentando se acalmar.

— Entendo... eu também — concordou Arisu, apoiando-se na parede ao lado de Makoto. Seu corpo ainda tremia levemente, mas o medo diminuía gradativamente.

As duas permaneceram em silêncio por um tempo, tentando se recompor após o susto com o vampiro. O ar da noite estava frio, e a escuridão parecia ainda mais densa após o encontro aterrador.

Arisu olhou ao redor, em busca de qualquer sombra que pudesse indicar a presença do vampiro novamente. Contudo, tudo parecia calmo e silencioso, exceto pelo som distante de carros nas ruas.

— Acho que... ele não está mais aqui — Arisu finalmente quebrou o silêncio, seu corpo começando a relaxar. O medo havia sido gradualmente substituído por alívio.

Makoto concordou, sentindo-se mais aliviada. Ela soltou um suspiro e finalmente afrouxou o aperto em torno da mão de Arisu, mostrando que já não estava tão assustada.

— Acho que agora podemos voltar pra casa — Arisu disse, soltando a mão de Makoto e endireitando as costas. Sentia-se exausta e só queria chegar ao seu apartamento o mais rápido possível.

— Sim, acho melhor irmos embora o quanto antes — confirmou Makoto, levantando-se também e esticando o corpo cansado. Ela esfregou os olhos, ainda com vestígios de tensão.

— Vamos embora então... e espero não encontrar nenhum outro monstro no caminho — Arisu tentou brincar, embora o medo ainda estivesse presente em sua voz. Começou a andar, pronta para voltar para casa e finalmente descansar.

Na manhã seguinte, Arisu decidiu contar tudo para Darius.

— Um vampiro antigo atacou vocês? — Darius comentou enquanto comia a comida do refeitório, como se fosse um humano normal.

Arisu assentiu, ainda com a imagem do vampiro assombrando sua mente devido ao trauma da noite anterior.

— Sim, ele parecia saído de um filme de terror. Meus ossos tremem só de lembrar dele.

— No reino dos vampiros, esse tipo de vampiro é chamado de nejire. Isso acontece porque os puro-sangue acreditam que são os verdadeiros vampiros, com o direito exclusivo de existir, enquanto esses estereotipados são simples aberrações que distorcem a verdadeira essência dos vampiros, que com certeza não envolve vestimentas tradicionais, uma obsessão por sangue e uma aparência geral que remete ao conceito clássico de um vampiro. Claro, vampiros puro-sangue com vestimentas tradicionais de sua nação podem existir, mas isso apenas se eles forem patriarcas de uma família, ou se o próprio patriarca decidir quem se veste de acordo com a tradição.

Arisu escutava atentamente enquanto Darius explicava sobre os nejires. Ela já tinha uma visão preconcebida sobre os vampiros por conta dos mitos populares, mas agora sabia que as coisas podiam ser completamente diferentes.

Refletiu por um longo momento, assimilando a informação.

— Então esses nejires são uma espécie de "falsos vampiros"?

— Mais ou menos. Os puro-sangue nasceram de um útero. Eles naturalmente possuem mais anticorpos, têm mais cor e são um tanto menos quentes que os humanos. Já os nejires são basicamente mortos que ressuscitaram.

Arisu franziu a testa.

— Mortos que ressuscitaram? Então quer dizer que um vampiro assim era alguém que já foi humano em vida? E o que exatamente torna um vampiro assim diferente de um puro-sangue? — questionou, ainda curiosa.

— A principal diferença é a consciência. Um vampiro puro-sangue possui um grau de consciência que se assemelha muito mais à de um humano, enquanto um nejire apenas segue instintos básicos, como sede de sangue e agressividade. É por isso que, na maioria das vezes, esses vampiros agem de maneira tão animalesca.

Arisu assentiu, começando a entender um pouco melhor a verdade sobre os nejires.

— Entendo... então, basicamente, eles são mais propensos a agir de forma violenta e a beber sangue impulsivamente.

— Basicamente, sim. Eles têm um desejo quase incontrolável de sangue, que os faz agir como animais à procura de sua próxima refeição — Darius explicou, terminando de comer a refeição em seu prato.

— Entendo... então é por isso que aquele vampiro de ontem quase me matou — Arisu comentou, a voz trêmula, claramente ainda assombrada pela situação.

— Nejires não sabem sugar sem matar uma pessoa. A mordida deles é violenta demais, quase desesperada.

Arisu estremeceu ao relembrar a violência do vampiro e o medo que sentiu.

— Sim, foi como você disse. Ele parecia desesperado por sangue, como se fosse um animal faminto. Foi realmente aterrorizante...

Enquanto falavam sobre os vampiros, Makoto apareceu, sempre abraçando Arisu por trás. Ela parecia alegre novamente, como se nada tivesse acontecido.

Arisu sentiu o abraço de Makoto e, embora surpresa, sentiu-se reconfortada.

— E aí, Makoto, já está melhor? — Arisu perguntou, virando-se para olhar para a amiga.

Makoto assentiu, com o rosto iluminado por um sorriso.

— Sim, estou bem melhor! Acho que já estou totalmente recuperada do susto de ontem.

Arisu respirou aliviada, contente em ver que sua amiga estava bem novamente.

— Que bom, fiquei preocupada com você — disse, acariciando suavemente o braço de Makoto.

— E esse gatão aí, amiga? Depois vai dizer que não tá gamada! — Makoto provocou, piscando para Arisu.

A amiga ficou levemente sem jeito com a menção de Darius, um rubor surgindo em suas bochechas.

— Que nada, ele é só um amigo. Nada de mais nisso — Arisu respondeu rapidamente, tentando disfarçar a cor em seu rosto.

Makoto soltou uma risada com as declarações de Arisu, claramente não acreditando muito.

— Oh, claro. Só amigo. E eu sou astronauta.

— Ei, é a verdade! — Arisu exclamou, um pouco irritada, mas mantendo um tom brincalhão.

— Não tem nada acontecendo entre eu e ele, e você sabe disso.

Makoto riu ainda mais, divertindo-se com o nervosismo de Arisu.

— Ah tá, claro. Você sabe que não é boa em mentir, né, amiga?

— Estou falando sério, Makoto! Para de zoar! — Arisu respondeu, levemente irritada, mas começando a rir devido à zombaria da amiga.

— Ok, ok, eu paro de brincar. Eu acredito em você — Makoto finalmente disse, a risada diminuindo um pouco.

— Obrigada, eu acho — Arisu disse, dando um meio sorriso, embora ainda estivesse frustrada com as insinuações da amiga. No fundo, sabia que Makoto estava apenas se divertindo, então decidiu deixar passar. Olhou novamente para Darius, que parecia concentrado em um canto.

— Ei, Darius. Algo errado? — Arisu perguntou, notando que o olhar dele estava distante.

— Quem é aquele? — Darius indagou, sua expressão mudando rapidamente.

Arisu seguiu o olhar de Darius e viu um jovem rapaz de cabelo marrom esvoaçante, cercado por garotas que suspiravam de paixão.

...Uma foto de Henry Acabane...

— Ah, aquele ali? — Arisu perguntou, reconhecendo o garoto.

— Sim, parece que ele é bastante popular — Darius comentou, observando o grupo de garotas ao redor do rapaz.

— Ah, sim. Ele é bastante querido por aqui, especialmente pelas meninas — Arisu explicou, lembrando-se de como o jovem era admirado por sua aparência e carisma. Enquanto falava, não pôde evitar notar a aura encantadora que ele emanava.

— Esse cheiro...

Arisu franziu a testa ao ouvir Darius.

— Cheiro? Do que você tá falando?

Darius se levantou como se estivesse hipnotizado, indo em direção ao garoto, seus olhos exibindo uma irritação crescente.

Arisu observou surpresa enquanto Darius se encaminhava para o rapaz. Ela trocou olhares confusos com Makoto, sem entender exatamente o que ele pretendia fazer.

As garotas ao redor do jovem perceberam a aproximação de Darius e ficaram um pouco receosas com a expressão irritada dele. Elas se afastaram automaticamente, abrindo espaço para que ele se aproximasse.

O rapaz manteve-se impassível, analisando Darius com curiosidade.

— Com licença? — Darius falou, seu tom de voz mais alto e irritado, algo incomum nele.

O rapaz pareceu surpreso com a abordagem, mas manteve a calma.

— Sim? Em que posso ajudar? — perguntou, levantando uma sobrancelha enquanto olhava para Darius de cima a baixo.

— Poderia me informar o seu sobrenome? — Darius inquiriu, a irritação evidente em sua voz.

O rapaz hesitou por um instante, mas respondeu sem hesitação.

— O meu sobrenome? É Akabane. Por que você quer saber?

Darius ficou visivelmente irritado. As famílias Moretti e Akabane eram rivais, ambas vampíricas puro-sangue.

O rapaz, agora identificado como Akabane, permaneceu impassível, mantendo a calma, mesmo diante da irritação de Darius. Os alunos ao redor começaram a murmurar, claramente preocupados com o que parecia ser uma briga iminente.

— Você é... um Akabane? — Darius finalmente perguntou, embora já soubesse a resposta.

O jovem confirmou com um aceno de cabeça, mantendo um semblante tranquilo, apesar da tensão.

— Sim, sou um Akabane. Algum problema?

— Tem problema sim — Darius respondeu, sua voz carregada de irritação. Os olhos dele brilhavam com raiva enquanto encarava o rapaz à sua frente.

As garotas ao redor começaram a sussurrar entre si, apreensivas com o clima pesado que se formava entre os dois.

— Você é... um Moretti, não é? — Ele perguntou com um tom frio.

Darius apenas assentiu, sua irritação se intensificando. As garotas começaram a se afastar, percebendo a tensão entre os dois rapazes.

— O que você está fazendo aqui? — Akabane perguntou, cruzando os braços e mantendo o olhar fixo em Darius.

Darius cerrou os punhos, tentando manter a calma, mas a irritação era evidente em seu tom de voz.

— Estou estudando aqui, obviamente. O que mais você queria que eu estivesse fazendo?

— Sim, mas por que aqui? — Akabane questionou, desconfiado da presença de Darius. O olhar dele estava fixo no Moretti, como se estivesse esperando um movimento inesperado.

— Não sou obrigado a responder a suas perguntas — Darius retorquiu, sua irritação crescendo.

— Mas eu estou no direito de perguntar — Akabane afirmou, seu tom ainda frio e desafiador. A tensão no ar aumentava, atraindo a curiosidade dos alunos ao redor.

— E eu estou no direito de não responder — Darius rebateu, sua raiva transbordando.

— Você está me irritando, Moretti — Akabane disse com ênfase, a ameaça clara em seu tom de voz.

— Você também está me irritando, Akabane — Darius respondeu, sarcasmo evidente. Os olhos dele estavam semicerrados, e ele podia sentir as presas começando a se alongar.

As garotas que estavam ao redor recuaram, temendo a possibilidade de uma briga. No entanto, alguns alunos mais ousados se aproximaram, curiosos para ver o que poderia acontecer a seguir.

Foi então que o sinal tocou, interrompendo a tensão.

Todos os alunos começaram a se dispersar rapidamente, indo para suas salas de aula. Darius e Akabane, porém, continuaram onde estavam, os olhos fixos um no outro em um desafio silencioso.

Em poucos momentos, o pátio esvaziou-se, restando apenas alguns alunos atrasados. Darius e Akabane estavam finalmente sozinhos, a tensão entre eles ainda palpável.

— Você não vai à aula? — Akabane perguntou, quebrando o silêncio entre os dois. Embora seu tom de voz tivesse esfriado, a desconfiança persistia.

— Vou — Darius respondeu, sua irritação ainda presente, mas ele tentava se acalmar.

— Então deveria ir logo — Akabane disse, desviando o olhar e começando a andar em direção ao prédio, passando por Darius.

— Sim, eu devia — Darius concordou, observando enquanto Akabane se afastava. Seu olhar ainda estava sombrio, mas a irritação começava a diminuir.

Arisu e Makoto, que observavam a discussão à distância, começaram a se aproximar de Darius agora que ele estava sozinho. Seus olhos expressavam curiosidade e preocupação.

Darius ouviu os passos das duas e virou-se para elas, sua expressão ainda séria, mas menos irritada.

— O que foi isso? — Arisu perguntou, sua voz soando preocupada. Ela e Makoto estavam intrigadas com a situação que acabaram de presenciar.

— Foi só um desentendimento — Darius respondeu, embora não quisesse entrar em detalhes.

— Desentendimento? Você parecia que ia matar aquele garoto a qualquer momento — Arisu comentou, lembrando-se da intensidade da discussão.

— Não, não chegaria a tanto — Darius rebateu, dando de ombros, como se nada tivesse acontecido. Mas Arisu e Makoto ainda estavam céticas.

— Mas como assim? Vocês eram praticamente rivais de filme de kung-fu tentando pular na garganta um do outro! — Makoto comentou, rindo da situação.

— Foi só uma pequena discussão, só isso — Darius reiterou, tentando desviar das perguntas.

Arisu olhou para Darius com incredulidade.

— Se foi só uma pequena discussão, não quero ver o que seria uma grande discussão! — exclamou, enquanto Makoto soltava uma risadinha, achando a situação divertida.

Darius sentiu-se um pouco desconfortável com as perguntas. Ele desviou o olhar para o lado, não querendo encarar as meninas. Suas mãos estavam fechadas em punhos enquanto tentava mudar de assunto.

— De qualquer forma, e a aula? Já não deveriam estar indo? — Darius sugeriu, tentando encerrar o tópico.

— Está bem, não vamos perguntar mais sobre seu desentendimento com o galã — Makoto disse em tom brincalhão, levantando as mãos em rendição. Arisu, por outro lado, ainda olhava para Darius, ansiosa por mais respostas, embora soubesse que era inútil insistir.

Darius soltou um suspiro silencioso, aliviado pelo fato de que as meninas haviam desistido de questioná-lo. Seu olhar voltou a ficar sério enquanto observava Arisu, se perguntando por que ela o encarava daquele jeito.

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