CAPÍTULO 2

Arisu voltava da universidade após as aulas, o sol se pondo lentamente no horizonte. Era uma tarde ensolarada, mas Arisu se sentia exausta depois de um longo dia repleto de aulas e trabalhos. Enquanto caminhava pelas ruas próximas à universidade, envolta em seus pensamentos sobre como passaria a noite, uma sensação estranha a invadiu. De repente, um olhar penetrante a fez parar. Alguém parecia estar a acompanhando.

Foi nesse momento que alguém a abraçou por trás.

A pele de Arisu se arrepiou com o abraço inesperado. Ela soltou um pequeno grito de surpresa e rapidamente se virou para ver quem a surpreendia.

— E aí, amiga maluca! Você ficou tão gamada naquele rapaz que nem veio conversar com a sua melhor amiga, que fica ao lado da sua carteira? — exclamou Makoto, com um sorriso travesso no rosto.

Era Makoto, a melhor amiga de Arisu e a responsável por introduzi-la no fascinante mundo dos doramas. Com seus cabelos castanhos presos por uma presilha em forma de borboleta, que gradualmente passava do rosa ao roxo, Makoto sempre emanava uma energia vibrante.

...Uma foto de Makoto...

Arisu, ainda recuperando-se do susto, sentiu um alívio ao perceber que era apenas sua amiga. Um pequeno sorriso se formou em seus lábios.

— Makoto! Você me assustou, sabia? E eu não estou "gamada" no Darius, você é exagerada!

Makoto soltou uma gargalhada alta, sem se importar com os olhares curiosos de algumas pessoas que passavam.

— Claro que não! Olha como seu rosto ficou vermelho só de dizer o nome dele. Confessa, você tá gostando dele, eu sei!

Arisu bufou, desviando o olhar para o chão, envergonhada. Era impossível esconder algo de Makoto, e ela sabia disso.

— Tudo bem, tudo bem, eu admito que ele é um pouco... bonito. Mas é só isso! Eu não tô "gostando" dele, ok? Nós mal conversamos.

Makoto soltou uma risadinha, claramente duvidando das palavras de Arisu.

— É claro, é claro. Você acha que tá enganando quem? O cara é gato, misterioso, cheio de segredos... e você tá tentando me vender que não tá gostando dele? Por favor!

Arisu sabia que não adiantava tentar convencer Makoto do contrário. Ela suspirou, revirou os olhos e tentou manter um semblante sério.

— Tá bom, tá bom, talvez eu ache ele um pouco atraente. Mas é só isso! Só acho que ele é bonito e misterioso. Nada além disso.

Makoto não perdeu a chance de provocar ainda mais a amiga.

— Ah, sim, só isso. Só acha ele bonito e misterioso... e talvez queira descobrir mais sobre ele, quem sabe passar mais tempo com ele, ou até mesmo beijá-lo. — A amiga soltou outra risada alta, percebendo que havia deixado Arisu ainda mais corada.

Arisu fechou a cara e evitou olhar para Makoto, tentando preservar um pouco de sua dignidade.

— Para de falar essas coisas, tá bom? Eu... eu só acho ele atraente, só isso! E eu não estou pensando em beijá-lo, por favor. Você fala cada coisa!

Makoto riu novamente, visivelmente se divertindo com o embaraço da amiga.

— Está bem, está bem, eu vou parar de te zoar. Por agora. Mas vou ficar de olho nos seus avanços, viu?

Arisu soltou um suspiro derrotado, decidindo ignorar a provocação. Elas continuaram a caminhar, enquanto Makoto desviava o assunto para falar de algo aleatório. Arisu tentava não pensar em Darius e nas implicações que sua amiga havia feito.

No fundo, Arisu sabia que Makoto não estava completamente errada. A atração pelo mistério que cercava Darius a intrigava, e sua beleza enigmática a deixava inquieta.

Elas caminharam por alguns quarteirões, enquanto o céu se tornava cada vez mais escuro.

Arisu seguia ao lado de Makoto, observando as ruas que ficavam mais vazias à medida que a noite avançava. Em algum momento, começou a sentir um desconforto crescente, mas não queria demonstrar isso para a amiga.

Makoto, alheia ao desconforto de Arisu, continuava a tagarelar sobre qualquer assunto que lhe passasse pela cabeça. Ela era bastante falante e podia falar sobre quase qualquer coisa por horas a fio.

Após alguns minutos, chegaram perto de um parque. À noite, o lugar exibia uma beleza serena, com árvores altas contornando o perímetro e um lago central refletindo a luz da lua.

Arisu observou o parque pelo canto do olho, notando que havia poucas pessoas ali, apenas algumas caminhando ou passeando com seus cães. Tentou reprimir o crescente sentimento de desconforto, convencendo-se de que era apenas paranoia. Afinal, não havia motivo real para se preocupar.

Makoto finalmente percebeu o silêncio estranho de Arisu e perguntou:

— Ei, tudo bem? Por que você tá tão quieta?

Ela olhou diretamente para Arisu, preocupada.

Arisu se forçou a sorrir, tentando esconder seu desconforto.

— Ah, eu tô bem. Só um pouco cansada, sabe? As aulas estavam exaustivas hoje.

Tentou manter a voz firme, mas havia um tom de tensão que não passou despercebido por Makoto.

— Tá, tá. Acho que você tá mentindo na minha cara, sabia? — Makoto disse, cruzando os braços, claramente não convencida.

Arisu sentiu o estômago apertar, sabendo que não adiantava tentar esconder nada de sua melhor amiga. Suspendeu a respiração e decidiu se abrir.

— Tá bom, tá bom. Eu me sinto desconfortável aqui, tá bem? Sinto como se estivesse sendo seguida, é como se alguém estivesse nos observando.

Makoto franziu a testa, preocupada com a confissão de Arisu. Olhou rapidamente em volta, procurando algo de errado.

— Sério? Sério que você tá sentindo isso? Tem certeza de que não é só paranoia?

Arisu encolheu os ombros, frustrada consigo mesma.

— Sei lá, talvez seja só paranoia. Mas não consigo me livrar desse sentimento. Parece que há alguém nos observando, e isso me deixa nervosa.

Makoto permaneceu pensativa por um momento, buscando uma maneira de aliviar a situação.

— Olha, talvez seja só sua ansiedade falando mais alto, sabe? É meio estranho pensar que alguém estaria nos seguindo.

Arisu assentiu, desejando acreditar nas palavras de Makoto, mas o desconforto persistia.

— Tá, talvez você tenha razão. É só paranoia mesmo.

Forçou um sorriso, tentando se convencer de que tudo estava bem.

Makoto assentiu, parecendo satisfeita com a tentativa de tranquilidade de Arisu.

— Isso mesmo, relaxa. Vamos embora daqui, tá? Acho melhor irmos para mais perto de casa. Vai ser mais seguro.

Elas começaram a andar novamente, mais rapidamente agora. Enquanto percorriam o caminho, Arisu ainda se sentia tensa. Cada passo em direção a casa parecia eterno, mesmo que o caminho fosse familiar. Olhava constantemente por cima dos ombros, à procura de qualquer sinal de algo ou alguém suspeito. A ansiedade fazia sua cabeça latejar.

Makoto, percebendo o desconforto da amiga, decidiu puxar assunto para distraí-la.

— Ei, acabei de descobrir um novo dorama, parece que vai ser incrível! Vou baixar o primeiro episódio para assistir hoje mesmo.

Tentava usar um dos assuntos que sempre animavam Arisu: os dramas de televisão coreanos. Apesar de sua paixão por essas séries, Arisu tentava forçar um interesse na conversa enquanto seu olhar continuava a vagar pelo entorno.

— Ah, sério? Qual é o dorama?

Makoto parecia animada, pronta para contar todos os detalhes sobre a nova série.

— É um drama de romance, e pelo trailer, parece tão romântico! Tem o Minho, aquele ator gato, como protagonista. Confesso que isso já me fez me apaixonar pela série.

Arisu tentava se concentrar, esforçando-se para acompanhar a conversa sobre o dorama que Makoto queria assistir.

— Ah, o Minho é muito bom. Eu o vi em um filme há algum tempo, ele é um excelente ator.

Makoto acenou com a cabeça, satisfeita ao notar que Arisu conhecia o ator principal do novo dorama.

— Exatamente! Ele é incrível. E dizem que nesse dorama há uma química maravilhosa com a atriz principal, a Yoo-mi. Estou tão animada para assistir!

Apesar do desânimo que a consumia, Arisu tentava estar presente na conversa, sabendo que isso era importante para Makoto. Ela sorriu e acenou com a cabeça, como se realmente estivesse interessada, mas seu olhar continuava inquieto, buscando qualquer sinal suspeito.

Quando, de repente, uma figura sombria emergiu dos arbustos. Não parecia alguém comum. O vampiro, vestido em trajes antiquados, era como um verdadeiro ser do século 19 — uma capa reluzente, olhos vermelhos como os de um animal, presas longas e afiadas, cabelos brancos e bagunçados.

Arisu ficou paralisada ao ver a criatura se aproximar, os olhos arregalados de medo. O coração disparou em seu peito, enquanto Makoto, ao seu lado, também ficou assustada, agarrando o braço de Arisu com força.

À medida que a criatura se aproximava, Arisu percebeu mais detalhes sobre sua aparência. O traje antiquado, os olhos vermelhos e as presas afiadas deixaram claro que se tratava de um vampiro. Ela lutou contra o impulso de gritar, mas o medo a dominava.

Makoto ofegou ao lado de Arisu, claramente aterrorizada com a situação. O vampiro continuou a se aproximar lentamente, com um olhar faminto em seu rosto.

— Qu-quem... qu-quem você é? O que você... quer? — Arisu conseguiu finalmente perguntar, sua voz trêmula.

O vampiro soltou uma risada fria e profunda, revelando suas presas afiadas.

— Ora, querida, é claro que eu quero algo. — Ele deu um passo mais próximo. — Estou faminto e você parece deliciosa.

Arisu sentiu seu corpo gelar com as palavras do vampiro. O medo tomou conta dela, fazendo suas entranhas revirarem. Ao seu lado, Makoto soltou um pequeno grito e tentou se esconder atrás de Arisu.

O vampiro se aproximou ainda mais, tão perto que Arisu podia sentir o hálito frio e metálico dele. Suas presas estavam à vista, ameaçadoras e famintas.

— Acalme-se, querida. Não vou te machucar... muito. — Ele riu novamente, de forma debochada.

Arisu sentiu as lágrimas se acumularem em seus olhos, o medo a paralisava. O coração batia descompassado, como se estivesse prestes a explodir.

Makoto, por sua vez, soltou um soluço trêmulo, agarrando-se ainda mais a Arisu, claramente apavorada.

O vampiro continuou a olhar diretamente para Arisu, como se estivesse escolhendo sua vítima. Aproximou-se ainda mais, colocando a mão gelada na bochecha dela.

— É uma tragédia ter que matar uma garota tão linda como você. Mas, às vezes, o prazer de caçar é melhor do que o próprio alimento. — Ele apertou a bochecha de Arisu com força, quase dolorosamente.

As mãos vampíricas eram incrivelmente frias, e Arisu sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao sentir o toque gélido em sua pele. Lutou para se afastar, mas o aperto do vampiro era forte demais.

Ele continuou a olhar para Arisu, como um predador observando sua presa. A proximidade a fazia sentir-se completamente vulnerável. O medo a dominava, e ela tremia incontrolavelmente.

O vampiro soltou outra risada debochada, notando claramente o medo evidente de Arisu. Ele aproximou seu rosto do dela, seus olhos vermelhos brilhando com malícia.

— Oh, você é uma garota linda quando tem medo, minha querida. — Ele cheirou o pescoço dela, inalando seu odor.

Um arrepio percorreu seu corpo novamente. As presas do vampiro roçavam sua pele sensível, e Arisu sentiu que a dor iminente era quase palpável. O vampiro continuava a cheirá-la, sua respiração pesada e irregular, enquanto mantinha seu aperto firme.

Preparou-se para o impacto das presas, o corpo todo tenso, esperando pela dor iminente. Tentou novamente se soltar, mas a força do vampiro era inabalável. Tudo o que restava era fechar os olhos e esperar pelo inevitável.

Foi então que Makoto, em um momento de coragem, retirou um pequeno frasco de spray da bolsa. O frasco continha água benta. Com mãos trêmulas, quase deixando-o cair, ela abriu a tampa e direcionou-o para o vampiro, sem hesitar.

A água benta atingiu o rosto e os olhos da criatura, fazendo-o gritar de dor. Ele soltou Arisu, levando as mãos aos olhos enquanto a água benta queimava sua pele como ácido.

Arisu caiu no chão devido à força do empurrão que recebeu, aterrissando com um estrondo. Permaneceu ali, tentando recuperar o fôlego e restaurar a calma. Seu corpo ainda tremia, mas o desespero foi substituído por uma leve esperança.

O vampiro continuava com os olhos fechados, tentando recuperar a visão. Sua pele fumegava onde a água benta havia feito contato, causando uma dor agonizante.

Makoto permaneceu firme diante do vampiro, segurando o frasco como se fosse sua única linha de defesa.

O vampiro finalmente abriu os olhos, olhando para Makoto com ódio e rancor, as pupilas vermelhas parecendo ainda mais assustadoras após o incidente.

Makoto engoliu em seco, mas manteve-se firme, pronta para usar o spray novamente, se necessário. O vampiro soltou um rosnado, claramente irritado por ter sido surpreendido.

Ele hesitou por um momento, percebendo que a presença da água benta mudara completamente a situação. Agora, era ele quem parecia vulnerável.

Arisu se levantou do chão, ainda atordoada, mas viu a hesitação do vampiro e aproveitou a oportunidade. Pegou a mão de Makoto e tentou puxá-la.

Mantendo as mãos unidas, Arisu e Makoto recuaram algumas passadas do vampiro, mantendo uma distância segura. O vampiro permaneceu imóvel, relutante em se aproximar novamente, com a ameaça da água benta ainda pairando no ar.

Aproveitando a oportunidade, as garotas correram, afastando-se o máximo possível do vampiro ainda aturdido. Arisu mal conseguia acreditar que haviam escapado de uma situação tão aterradora, seu coração ainda palpitava enquanto corriam.

Makoto puxou Arisu para frente, segurando sua mão com força, enquanto avançavam pela escuridão da noite. Sem olhar para trás, temia que o vampiro pudesse aparecer a qualquer momento.

Após minutos intermináveis, com as pernas trêmulas e os pulmões ardendo, finalmente pararam para recuperar o fôlego. Apoiaram-se contra a parede de um edifício, ofegantes e suando frio.

Arisu olhava em volta, procurando qualquer sinal do vampiro, seu coração ainda acelerado. Finalmente, se virou para Makoto, que se apoiava na parede, claramente exausta.

— Acho que escapamos dele... pelo menos por agora — disse Arisu, arfando. Seus olhos ainda estavam arregalados devido ao susto, e seu coração não havia retornado ao ritmo normal.

— Espero que sim... não quero ver aquele monstro nunca mais — respondeu Makoto, ainda tremendo, seu rosto pálido de medo.

— Você tá bem? Foi muita... emoção para uma noite só — Arisu perguntou, preocupada. Notou o tremor em Makoto, e isso a deixava inquieta.

— Estou... ainda estou assustada, mas vou ficar bem. Só preciso recuperar o fôlego — Makoto respondeu, soltando um longo suspiro, tentando se acalmar.

— Entendo... eu também — concordou Arisu, apoiando-se na parede ao lado de Makoto. Seu corpo ainda tremia levemente, mas o medo diminuía gradativamente.

As duas permaneceram em silêncio por um tempo, tentando se recompor após o susto com o vampiro. O ar da noite estava frio, e a escuridão parecia ainda mais densa após o encontro aterrador.

Arisu olhou ao redor, em busca de qualquer sombra que pudesse indicar a presença do vampiro novamente. Contudo, tudo parecia calmo e silencioso, exceto pelo som distante de carros nas ruas.

— Acho que... ele não está mais aqui — Arisu finalmente quebrou o silêncio, seu corpo começando a relaxar. O medo havia sido gradualmente substituído por alívio.

Makoto concordou, sentindo-se mais aliviada. Ela soltou um suspiro e finalmente afrouxou o aperto em torno da mão de Arisu, mostrando que já não estava tão assustada.

— Acho que agora podemos voltar pra casa — Arisu disse, soltando a mão de Makoto e endireitando as costas. Sentia-se exausta e só queria chegar ao seu apartamento o mais rápido possível.

— Sim, acho melhor irmos embora o quanto antes — confirmou Makoto, levantando-se também e esticando o corpo cansado. Ela esfregou os olhos, ainda com vestígios de tensão.

— Vamos embora então... e espero não encontrar nenhum outro monstro no caminho — Arisu tentou brincar, embora o medo ainda estivesse presente em sua voz. Começou a andar, pronta para voltar para casa e finalmente descansar.

......................

Na manhã seguinte, Arisu decidiu contar tudo para Darius.

— Um vampiro antigo atacou vocês? — Darius comentou enquanto comia a comida do refeitório, como se fosse um humano normal.

Arisu assentiu, ainda com a imagem do vampiro assombrando sua mente devido ao trauma da noite anterior.

— Sim, ele parecia saído de um filme de terror. Meus ossos tremem só de lembrar dele.

— No reino dos vampiros, esse tipo de vampiro é chamado de nejire. Isso acontece porque os puro-sangue acreditam que são os verdadeiros vampiros, com o direito exclusivo de existir, enquanto esses estereotipados são simples aberrações que distorcem a verdadeira essência dos vampiros, que com certeza não envolve vestimentas tradicionais, uma obsessão por sangue e uma aparência geral que remete ao conceito clássico de um vampiro. Claro, vampiros puro-sangue com vestimentas tradicionais de sua nação podem existir, mas isso apenas se eles forem patriarcas de uma família, ou se o próprio patriarca decidir quem se veste de acordo com a tradição.

Arisu escutava atentamente enquanto Darius explicava sobre os nejires. Ela já tinha uma visão preconcebida sobre os vampiros por conta dos mitos populares, mas agora sabia que as coisas podiam ser completamente diferentes.

Refletiu por um longo momento, assimilando a informação.

— Então esses nejires são uma espécie de "falsos vampiros"?

— Mais ou menos. Os puro-sangue nasceram de um útero. Eles naturalmente possuem mais anticorpos, têm mais cor e são um tanto menos quentes que os humanos. Já os nejires são basicamente mortos que ressuscitaram.

Arisu franziu a testa.

— Mortos que ressuscitaram? Então quer dizer que um vampiro assim era alguém que já foi humano em vida? E o que exatamente torna um vampiro assim diferente de um puro-sangue? — questionou, ainda curiosa.

— A principal diferença é a consciência. Um vampiro puro-sangue possui um grau de consciência que se assemelha muito mais à de um humano, enquanto um nejire apenas segue instintos básicos, como sede de sangue e agressividade. É por isso que, na maioria das vezes, esses vampiros agem de maneira tão animalesca.

Arisu assentiu, começando a entender um pouco melhor a verdade sobre os nejires.

— Entendo... então, basicamente, eles são mais propensos a agir de forma violenta e a beber sangue impulsivamente.

— Basicamente, sim. Eles têm um desejo quase incontrolável de sangue, que os faz agir como animais à procura de sua próxima refeição — Darius explicou, terminando de comer a refeição em seu prato.

— Entendo... então é por isso que aquele vampiro de ontem quase me matou — Arisu comentou, a voz trêmula, claramente ainda assombrada pela situação.

— Nejires não sabem sugar sem matar uma pessoa. A mordida deles é violenta demais, quase desesperada.

Arisu estremeceu ao relembrar a violência do vampiro e o medo que sentiu.

— Sim, foi como você disse. Ele parecia desesperado por sangue, como se fosse um animal faminto. Foi realmente aterrorizante...

Enquanto falavam sobre os vampiros, Makoto apareceu, sempre abraçando Arisu por trás. Ela parecia alegre novamente, como se nada tivesse acontecido.

Arisu sentiu o abraço de Makoto e, embora surpresa, sentiu-se reconfortada.

— E aí, Makoto, já está melhor? — Arisu perguntou, virando-se para olhar para a amiga.

Makoto assentiu, com o rosto iluminado por um sorriso.

— Sim, estou bem melhor! Acho que já estou totalmente recuperada do susto de ontem.

Arisu respirou aliviada, contente em ver que sua amiga estava bem novamente.

— Que bom, fiquei preocupada com você — disse, acariciando suavemente o braço de Makoto.

— E esse gatão aí, amiga? Depois vai dizer que não tá gamada! — Makoto provocou, piscando para Arisu.

A amiga ficou levemente sem jeito com a menção de Darius, um rubor surgindo em suas bochechas.

— Que nada, ele é só um amigo. Nada de mais nisso — Arisu respondeu rapidamente, tentando disfarçar a cor em seu rosto.

Makoto soltou uma risada com as declarações de Arisu, claramente não acreditando muito.

— Oh, claro. Só amigo. E eu sou astronauta.

— Ei, é a verdade! — Arisu exclamou, um pouco irritada, mas mantendo um tom brincalhão.

— Não tem nada acontecendo entre eu e ele, e você sabe disso.

Makoto riu ainda mais, divertindo-se com o nervosismo de Arisu.

— Ah tá, claro. Você sabe que não é boa em mentir, né, amiga?

— Estou falando sério, Makoto! Para de zoar! — Arisu respondeu, levemente irritada, mas começando a rir devido à zombaria da amiga.

— Ok, ok, eu paro de brincar. Eu acredito em você — Makoto finalmente disse, a risada diminuindo um pouco.

— Obrigada, eu acho — Arisu disse, dando um meio sorriso, embora ainda estivesse frustrada com as insinuações da amiga. No fundo, sabia que Makoto estava apenas se divertindo, então decidiu deixar passar. Olhou novamente para Darius, que parecia concentrado em um canto.

— Ei, Darius. Algo errado? — Arisu perguntou, notando que o olhar dele estava distante.

— Quem é aquele? — Darius indagou, sua expressão mudando rapidamente.

Arisu seguiu o olhar de Darius e viu um jovem rapaz de cabelo marrom esvoaçante, cercado por garotas que suspiravam de paixão.

...Uma foto de Henry Acabane...

— Ah, aquele ali? — Arisu perguntou, reconhecendo o garoto.

— Sim, parece que ele é bastante popular — Darius comentou, observando o grupo de garotas ao redor do rapaz.

— Ah, sim. Ele é bastante querido por aqui, especialmente pelas meninas — Arisu explicou, lembrando-se de como o jovem era admirado por sua aparência e carisma. Enquanto falava, não pôde evitar notar a aura encantadora que ele emanava.

— Esse cheiro...

Arisu franziu a testa ao ouvir Darius.

— Cheiro? Do que você tá falando?

Darius se levantou como se estivesse hipnotizado, indo em direção ao garoto, seus olhos exibindo uma irritação crescente.

Arisu observou surpresa enquanto Darius se encaminhava para o rapaz. Ela trocou olhares confusos com Makoto, sem entender exatamente o que ele pretendia fazer.

As garotas ao redor do jovem perceberam a aproximação de Darius e ficaram um pouco receosas com a expressão irritada dele. Elas se afastaram automaticamente, abrindo espaço para que ele se aproximasse.

O rapaz manteve-se impassível, analisando Darius com curiosidade.

— Com licença? — Darius falou, seu tom de voz mais alto e irritado, algo incomum nele.

O rapaz pareceu surpreso com a abordagem, mas manteve a calma.

— Sim? Em que posso ajudar? — perguntou, levantando uma sobrancelha enquanto olhava para Darius de cima a baixo.

— Poderia me informar o seu sobrenome? — Darius inquiriu, a irritação evidente em sua voz.

O rapaz hesitou por um instante, mas respondeu sem hesitação.

— O meu sobrenome? É Akabane. Por que você quer saber?

Darius ficou visivelmente irritado. As famílias Moretti e Akabane eram rivais, ambas vampíricas puro-sangue.

O rapaz, agora identificado como Akabane, permaneceu impassível, mantendo a calma, mesmo diante da irritação de Darius. Os alunos ao redor começaram a murmurar, claramente preocupados com o que parecia ser uma briga iminente.

— Você é... um Akabane? — Darius finalmente perguntou, embora já soubesse a resposta.

O jovem confirmou com um aceno de cabeça, mantendo um semblante tranquilo, apesar da tensão.

— Sim, sou um Akabane. Algum problema?

— Tem problema sim — Darius respondeu, sua voz carregada de irritação. Os olhos dele brilhavam com raiva enquanto encarava o rapaz à sua frente.

As garotas ao redor começaram a sussurrar entre si, apreensivas com o clima pesado que se formava entre os dois.

— Você é... um Moretti, não é? — Ele perguntou com um tom frio.

Darius apenas assentiu, sua irritação se intensificando. As garotas começaram a se afastar, percebendo a tensão entre os dois rapazes.

— O que você está fazendo aqui? — Akabane perguntou, cruzando os braços e mantendo o olhar fixo em Darius.

Darius cerrou os punhos, tentando manter a calma, mas a irritação era evidente em seu tom de voz.

— Estou estudando aqui, obviamente. O que mais você queria que eu estivesse fazendo?

— Sim, mas por que aqui? — Akabane questionou, desconfiado da presença de Darius. O olhar dele estava fixo no Moretti, como se estivesse esperando um movimento inesperado.

— Não sou obrigado a responder a suas perguntas — Darius retorquiu, sua irritação crescendo.

— Mas eu estou no direito de perguntar — Akabane afirmou, seu tom ainda frio e desafiador. A tensão no ar aumentava, atraindo a curiosidade dos alunos ao redor.

— E eu estou no direito de não responder — Darius rebateu, sua raiva transbordando.

— Você está me irritando, Moretti — Akabane disse com ênfase, a ameaça clara em seu tom de voz.

— Você também está me irritando, Akabane — Darius respondeu, sarcasmo evidente. Os olhos dele estavam semicerrados, e ele podia sentir as presas começando a se alongar.

As garotas que estavam ao redor recuaram, temendo a possibilidade de uma briga. No entanto, alguns alunos mais ousados se aproximaram, curiosos para ver o que poderia acontecer a seguir.

Foi então que o sinal tocou, interrompendo a tensão.

Todos os alunos começaram a se dispersar rapidamente, indo para suas salas de aula. Darius e Akabane, porém, continuaram onde estavam, os olhos fixos um no outro em um desafio silencioso.

Em poucos momentos, o pátio esvaziou-se, restando apenas alguns alunos atrasados. Darius e Akabane estavam finalmente sozinhos, a tensão entre eles ainda palpável.

— Você não vai à aula? — Akabane perguntou, quebrando o silêncio entre os dois. Embora seu tom de voz tivesse esfriado, a desconfiança persistia.

— Vou — Darius respondeu, sua irritação ainda presente, mas ele tentava se acalmar.

— Então deveria ir logo — Akabane disse, desviando o olhar e começando a andar em direção ao prédio, passando por Darius.

— Sim, eu devia — Darius concordou, observando enquanto Akabane se afastava. Seu olhar ainda estava sombrio, mas a irritação começava a diminuir.

Arisu e Makoto, que observavam a discussão à distância, começaram a se aproximar de Darius agora que ele estava sozinho. Seus olhos expressavam curiosidade e preocupação.

Darius ouviu os passos das duas e virou-se para elas, sua expressão ainda séria, mas menos irritada.

— O que foi isso? — Arisu perguntou, sua voz soando preocupada. Ela e Makoto estavam intrigadas com a situação que acabaram de presenciar.

— Foi só um desentendimento — Darius respondeu, embora não quisesse entrar em detalhes.

— Desentendimento? Você parecia que ia matar aquele garoto a qualquer momento — Arisu comentou, lembrando-se da intensidade da discussão.

— Não, não chegaria a tanto — Darius rebateu, dando de ombros, como se nada tivesse acontecido. Mas Arisu e Makoto ainda estavam céticas.

— Mas como assim? Vocês eram praticamente rivais de filme de kung-fu tentando pular na garganta um do outro! — Makoto comentou, rindo da situação.

— Foi só uma pequena discussão, só isso — Darius reiterou, tentando desviar das perguntas.

Arisu olhou para Darius com incredulidade.

— Se foi só uma pequena discussão, não quero ver o que seria uma grande discussão! — exclamou, enquanto Makoto soltava uma risadinha, achando a situação divertida.

Darius sentiu-se um pouco desconfortável com as perguntas. Ele desviou o olhar para o lado, não querendo encarar as meninas. Suas mãos estavam fechadas em punhos enquanto tentava mudar de assunto.

— De qualquer forma, e a aula? Já não deveriam estar indo? — Darius sugeriu, tentando encerrar o tópico.

— Está bem, não vamos perguntar mais sobre seu desentendimento com o galã — Makoto disse em tom brincalhão, levantando as mãos em rendição. Arisu, por outro lado, ainda olhava para Darius, ansiosa por mais respostas, embora soubesse que era inútil insistir.

Darius soltou um suspiro silencioso, aliviado pelo fato de que as meninas haviam desistido de questioná-lo. Seu olhar voltou a ficar sério enquanto observava Arisu, se perguntando por que ela o encarava daquele jeito.

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