Capítulo 4 A Promessa de Luke

Apresentando os personagens

Liana com seu 26 anos

Liara com 24 anos

Laila

Luke 28 anos

Marcel 25 anos

Kael 27 anos

Amélia 45 anos

Bruno 49 anos

Anabela

Paula 47 anos

Marcus

Magnus

Capítulo 4 A promessa do luke

O vento cortava o ar do Alasca com sua intensidade gélida, assobiando entre as árvores altas que cercavam a casa da família White. O silêncio da noite era quase insuportável, quebrado apenas pelo som ocasional do estalar da madeira na lareira. Dentro da casa, a atmosfera era ainda mais pesada do que o frio lá fora. Amelia estava sentada em uma cadeira próxima à lareira, apertando as mãos uma contra a outra, como se estivesse tentando se aquecer, mas a verdade era que não havia calor suficiente no mundo para aliviar a dor que consumia seu coração.

Bruno estava ao seu lado, de pé, andando de um lado para o outro na pequena sala, seus passos rápidos e irregulares. Ele tentava encontrar um plano, uma solução, mas sua mente parecia um labirinto de pensamentos sombrios e desesperados. Enquanto ele andava, murmurava palavras inaudíveis, talvez uma tentativa de acalmar a si mesmo, mas nada parecia funcionar.

Foi então que a porta da casa se abriu lentamente. Paula, a matriarca da família Luke, entrou com o rosto marcado por preocupação. Atrás dela, Luke, com apenas 8 anos, caminhava com passos decididos. Seu rosto infantil carregava uma expressão incomum para alguém tão jovem. Havia determinação em seus olhos, algo que ninguém esperava de uma criança, mas que naquele momento parecia mais sólido do que qualquer coisa.

– Amelia, Bruno – Paula começou, com a voz baixa e cheia de cuidado. – Assim que soubemos do que aconteceu... viemos imediatamente.

Amelia ergueu os olhos, o rosto pálido e os olhos inchados. Ela parecia à beira do colapso, mas fez um esforço para receber Paula e Luke com alguma dignidade.

– Obrigada por virem – disse ela, a voz quase um sussurro.

Paula se aproximou, sentando-se ao lado de Amelia e segurando suas mãos firmemente.

– Nós estamos aqui para vocês. Não importa o que aconteça, vocês não estão sozinhos. A matilha inteira está pronta para ajudar no que for necessário – disse Paula com um tom firme, mas cheio de empatia.

Enquanto as duas mulheres compartilhavam um olhar de dor e compreensão, Luke deu um passo à frente. Ele não esperou ser chamado. Ele sabia por que estava ali. Ele sabia o que precisava dizer.

– Senhora Amelia – começou ele, com uma voz surpreendentemente estável para alguém tão jovem. – Eu sei que a Liana e a Liara foram levadas. E quero que saiba que não vou descansar até trazê-las de volta.

Amelia olhou para o garoto, surpresa. Seus olhos se encheram de lágrimas ao ouvir aquelas palavras tão sinceras e determinadas de alguém tão jovem. Ela sabia que Luke sempre tinha uma ligação especial com Liana, mesmo quando eram crianças pequenas, mas a força em sua voz agora a deixou sem palavras.

– Luke... – começou ela, mas ele a interrompeu, com uma postura que parecia quase adulta.

– Eu prometi a você quando tinha 6 anos que cuidaria da Liana, porque ela é minha noiva. Eu sei que sou só uma criança, mas meu pai sempre diz que a palavra de um lobo é sagrada. Então, eu prometo, senhora Amelia: eu vou encontrá-la. E vou trazer a Liara também. Elas são minha família.

Bruno, que até então estava quieto, parou de andar e olhou para o menino. Havia algo naquelas palavras que o atingiu profundamente. Ele viu nele um reflexo de sua própria determinação, mas de uma forma mais pura, sem o peso da culpa que ele sentia. Bruno se aproximou, ajoelhando-se para ficar na altura de Luke.

– Luke, eu agradeço por suas palavras. Você tem mais coragem do que muitos homens adultos que conheço – Bruno falou.

Paula apertou as mãos de Amelia, oferecendo conforto com sua presença maternal. Bruno parou de andar e olhou para Luke, que permanecia firme ao lado da mãe. O jovem parecia carregado por algo maior que ele mesmo, e isso chamou a atenção de todos no cômodo.

– Luke... – disse Amelia, limpando as lágrimas do rosto. – Você não precisava estar aqui, querido. É muito para você...

Luke deu um passo à frente, encarando Amelia com olhos que brilhavam de seriedade e uma resolução incomum para alguém tão jovem.

– Eu precisava estar aqui, senhora White. Eu prometi a Liana que cuidaria dela. Eu prometi que seria forte por ela – disse ele, com uma voz firme, apesar de ser de um menino de apenas 8 anos.

O silêncio caiu sobre a sala. Bruno, surpreso pela maturidade do garoto, abaixou-se para ficar na altura dele.

– Luke, eu sei o quanto você amava a Liana, mas isso não é uma responsabilidade que você precisa carregar. Somos nós, os adultos, que temos que resolver isso – disse Bruno, com um tom calmo, embora sua voz ainda estivesse marcada pelo desespero.

Luke balançou a cabeça.

– Com todo o respeito, senhor White, isso não é só sobre responsabilidade. Eu amo a Liana. Eu sempre amei. Mesmo que eu só tenha 8 anos, eu sei que quero ficar com ela, que quero protegê-la. E agora que ela está longe, eu vou fazer o que for preciso para trazê-la de volta.

Paula olhou para o filho com orgulho, mas também com preocupação. Ela colocou a mão no ombro dele, oferecendo suporte.

– Meu filho tem um coração grande – disse Paula, olhando para Bruno e Amelia. – Sei que parece muito para alguém tão jovem, mas ele sempre foi assim. E, como mãe, prometo a vocês que nossa família fará de tudo para ajudar a encontrar Liana e Liara.

Amelia começou a chorar novamente, mas dessa vez não de desespero, e sim de gratidão. Ela estendeu a mão para Luke, que a segurou com firmeza.

– Luke, obrigada. Isso significa muito para mim. Mas você precisa entender... essa busca pode ser perigosa. Não quero que você se machuque – disse Amelia, com um tom preocupado.

Luke assentiu.

– Eu entendo. Não vou fazer nada sozinho. Mas, quando vocês encontrarem Liana, eu quero estar lá. Quero ser o primeiro a vê-la, quero dizer a ela que nunca desisti.

Bruno passou a mão pelo rosto, sentindo a pressão da responsabilidade aumentar, mas também algo que parecia esperança. Pela primeira vez desde o sequestro, ele não se sentia sozinho na luta.

– Luke... – Bruno começou, sua voz trêmula. – Eu prometo que vamos encontrá-las. E quando isso acontecer, vou garantir que você tenha a chance de dizer tudo isso a Liana.

A partir daquele momento, a casa da família White começou a se encher de movimento. Paula organizou os lobos da matilha para iniciar buscas. Notícias foram espalhadas por toda a região, e qualquer pista, por menor que fosse, seria investigada.

Luke, apesar de sua pouca idade, passou a ajudar onde podia. Ele se dedicava com uma seriedade assustadora para um menino tão jovem, memorizando detalhes sobre o que poderia ser útil na busca. Muitas noites ele passava ao lado de Bruno, estudando mapas e áreas onde poderiam começar as investigações.

Em uma noite particularmente fria, Luke e Bruno estavam sentados na varanda, com a neve caindo suavemente ao redor. Amelia havia ido descansar, mas Luke se recusou a sair do lado de Bruno.

– Você acha que vamos encontrá-las? – perguntou Luke, quebrando o silêncio.

Bruno olhou para o garoto, admirando sua coragem e determinação.

– Sim, Luke. Nós vamos encontrá-las. Não sei quanto tempo vai levar, mas não vou parar até que estejam em casa novamente.

Luke olhou para o céu estrelado e, após um momento de reflexão, falou com uma voz que parecia ecoar na noite gelada:

– Quando trouxermos Liana de volta, eu vou dizer a ela que esperei todos esses anos. Vou protegê-la, como prometi quando éramos pequenos.

Bruno não respondeu de imediato. Em vez disso, colocou a mão no ombro de Luke, percebendo que aquele menino tinha algo raro: uma determinação inabalável, movida pelo amor.

– Você é um garoto especial, Luke. E, com a sua força, eu sei que vamos trazê-las de volta.

Naquele momento, algo mudou entre Bruno e Luke. Apesar da diferença de idade, havia um laço profundo que os conectava: o amor por Liana e Liara, e a promessa de nunca desistir até que estivessem juntas novamente.

Enquanto a neve continuava a cair, cobrindo a paisagem com um manto branco, a família White e os Luke se uniram. A busca estava apenas começando, mas a promessa de Luke ecoaria como um farol de esperança nas noites mais escuras que ainda estavam por vir.

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