O sol já se despedia do horizonte, deixando para trás um céu manchado de laranja e roxo, enquanto as montanhas ao longe começavam a se cobrir com a sombra da noite. A escuridão que caía sobre o Alasca não trazia o alívio do descanso, mas uma sensação de peso e sufocamento, como se o mundo estivesse desabando sobre as famílias que ali viviam. A casa da família White, antes cheia de risos e alegria, agora parecia um lugar vazio, sem vida, em que cada canto refletia a dor imensurável que havia tomado conta de seus moradores.
Amelia estava de pé, com os olhos fixos na janela da sala de estar, encarando o vazio da noite. O vento uivava lá fora, fazendo as árvores balançarem de forma ameaçadora, mas ela não prestava atenção a isso. Não havia mais sons que a alcançassem, exceto o eco de sua própria dor, que reverberava em sua mente e no seu peito. O som dos gritos de Liana ainda estava claro em sua memória, ecoando a cada momento. Ela poderia ouvir o desespero em sua voz, o medo, a necessidade de ajuda, e sentia o peso de não ter podido fazer nada. O carro que a levava, junto com Liara, desapareceu na distância, levando suas filhas e a esperança da família.
Os olhos de Amelia estavam vermelhos e inchados, seus cabelos caíam de forma desordenada sobre seu rosto, como se a vida tivesse parado para ela. Mas, dentro de si, ela sabia que não podia se perder nesse abismo. Não agora. Não quando ela ainda tinha uma razão para lutar. Sua mente estava confusa, mas a certeza de que precisaria agir, de que precisaria fazer algo, a mantinha em pé.
Bruno estava ao lado dela, sentado no sofá, sua postura rígida, os ombros tensos. Seus olhos estavam vazios, como se o impacto da realidade o tivesse paralisado. Ele não conseguia entender, não conseguia aceitar que suas filhas haviam sido levadas. A manhã parecia uma lembrança distante, uma memória borrada, como se o tempo tivesse se esticado, e o que aconteceu fosse parte de um pesadelo do qual ele não conseguia acordar. Ele olhou para Amelia, tentando encontrar nela alguma resposta, mas a dor em seu olhar refletia a mesma angústia que ele sentia. Como ela poderia ter acreditado alguém levou suas filhas.
– Não... não pode ser verdade – murmurou Bruno, a voz baixa, tremendo, como se ele ainda estivesse tentando convencer a si mesmo de que aquilo era uma mentira. Como se pudesse acordar a qualquer momento desse pesadelo. Mas a realidade não era uma ilusão. A dor que ele sentia em seu peito era real.
Ele olhou para Amelia, seus olhos buscando algum consolo nela, mas não havia palavras que pudessem aliviar a agonia deles. Nada fazia sentido. A casa estava vazia sem as risadas das meninas, sem os sons das brincadeiras. E a culpa, a sensação de que ele deveria ter feito mais, de que poderia ter impedido mulher, estava tomando conta de sua mente. Como deixar alguém tão perigoso tão próximo de sua família? Quem será que levou as meninas.
Amelia se virou lentamente para ele. Seus olhos estavam vazios, como se já não restasse mais energia para chorar, apenas um vazio profundo que tomava conta de tudo. Ela não sabia mais o que fazer. Não sabia como seguir em frente. Mas uma coisa estava clara: ela não poderia se entregar à desesperança. Precisava encontrar suas filhas, trazê-las de volta.
– O que vamos fazer, Bruno? Como vamos encontrá-las? – Ela perguntou, a voz trêmula, mas com uma força escondida, uma urgência em suas palavras. Ela sabia que precisava agir, que precisava sair daquela paralisia que a consumia.
Bruno se levantou abruptamente, como se o simples ato de se mover fosse a única coisa que o mantinha lúcido. Sua mente estava em um turbilhão, mas uma coisa era clara: ele não podia ficar ali, impotente, olhando para Amelia, sem fazer nada. Ele sentia raiva, desespero, mas principalmente uma necessidade irreprimível de encontrar suas filhas, de trazê-las de volta, não importando o que fosse necessário.
– Eu... eu vou procurá-las, Amelia. Vou encontrar cada pista, cada vestígio que nos leve até elas. Não vou descansar até trazê-las de volta para casa – disse ele, a voz agora mais firme, com uma determinação que queimava em seu peito.
Amelia olhou para ele, e, por um momento, seu olhar ficou perdido, como se tentasse absorver a magnitude de suas palavras. Ela sabia que Bruno faria qualquer coisa para encontrá-las, mas a dor da perda ainda estava fresca, e o caminho à frente seria longo e perigoso. A culpa se enraizava ainda mais fundo em seu coração. Ela deveria ter percebido alguém desconhecido querendo se aproximar das minha, ela deveria ter sido mais atenta, mais cuidadosa. Como ela pôde ser tão ingênua?
Ela se aproximou dele, passos lentos e pesados, como se estivesse se arrastando. Colocou a mão sobre seu ombro, o toque suave, quase frágil, como se a simples ação de tocá-lo fosse uma forma de se manter ancorada à realidade. Ela precisava dele. Eles precisavam um do outro.
– Eu sei que você vai encontrá-las, Bruno... – Sua voz estava trêmula, mas havia uma dose de esperança quebrada nas palavras. – Mas, por favor, me prometa que vai tomar cuidado. Não sei o que está por trás disso, mas sei que não podemos confiar em ninguém agora. Não podemos permitir que nossa família se quebre ainda mais. Não sei o que a pessoa é capaz de fazer.
Bruno fechou os olhos, sentindo o peso das palavras dela. Ele sabia que Amelia estava certa. Não podiam confiar em ninguém, não enquanto não soubessem o que Anabela realmente queria e qual era o seu plano. Mas havia algo dentro de Bruno, uma chama inextinguível de amor por suas filhas, que o impelia a seguir em frente, não importando o que acontecesse.
– Eu prometo, Amelia. Vou tomar cuidado. Mas não vou descansar até encontrá-las. Não importa o que aconteça, vou lutar por elas. Não posso, não vou permitir que o que aconteceu fique assim. – Ele disse com uma determinação feroz. A cada palavra, sentia sua raiva, sua dor e sua esperança se misturando, transformando-se em um desejo incontrolável de agir.
O silêncio tomou conta da sala novamente, mas desta vez não era um silêncio vazio. Havia uma resolução no ar, uma determinação que havia se formado entre os dois, embora ambos soubessem que o caminho seria árduo e cheio de obstáculos. Mas não havia mais dúvida: juntos, iriam lutar, mesmo com a dor e o medo, para trazer suas filhas de volta.
Naquela noite, a neve caía pesadamente do lado de fora, e o vento parecia cortar a noite com sua intensidade. Dentro da casa, Amelia e Bruno se abraçaram em um silêncio profundo. Não havia palavras a serem ditas, apenas a sensação de que, enquanto estivessem juntos, ainda havia esperança. Eles não desistiriam. Não importava o que acontecesse, até que Liana e Liara estivessem de volta, eles lutariam.
O sequestro de suas filhas era apenas o começo de uma jornada que os levaria por caminhos escuros e tortuosos. Mas, para Amelia e Bruno, essa jornada só teria fim quando suas filhas estivessem de volta em casa, seguras e amadas. Até lá, nada poderia impedi-los. Eles seriam incansáveis.
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Atualizado até capítulo 40
Comments
Marcos Bec
Tô gostando de ler seu livro 😍
2025-03-06
0
Leoneide Alvez
história maravilhosa
2024-12-31
2