{Conflitos e Revelações}
O dia seguinte ao jantar de gala na mansão Ferraz trouxe uma sensação de leve desconforto para Isabela. A noite havia sido marcada por olhares intensos e palavras não ditas, e, mesmo com as tarefas do dia, ela não conseguia esquecer a presença de Arthur. As palavras dele, os gestos e a maneira como ele parecia ler cada um dos seus movimentos a atormentavam, e ela sabia que estava se tornando difícil ignorá-lo.
Na cozinha, enquanto ajudava sua mãe, Helena, a preparar o café da manhã, Isabela tentava se concentrar na rotina. Mas a mente sempre voltava àquela conversa com Arthur no jardim. Como ele sempre conseguia fazer com que ela se sentisse como se estivesse em uma teia que ele controlava?
De repente, o som dos passos familiares ecoou pelo corredor. Ela reconheceu aquele ritmo seguro e arrogante. Não precisava olhar para saber que era ele.
Arthur apareceu na porta da cozinha com o sorriso de sempre, aquele que fazia Isabela se sentir desconfortável e, ao mesmo tempo, incrivelmente atraída. Mas ela não queria ceder a isso. Não queria ser mais uma distração para ele.
— Você parece perdida em pensamentos, Isabela — Arthur comentou, observando-a com curiosidade, como se fosse capaz de ver além da fachada impassível que ela tentava manter.
Ela forçou um sorriso seco, olhando-o sem interesse.
— Eu estou apenas tentando ajudar minha mãe. — Sua voz foi fria, mas sabia que não conseguiria manter essa distância por muito tempo. Ele tinha uma forma de se aproximar sem que ela percebesse, como uma sombra silenciosa.
Arthur deu um passo à frente, sem ser convidado, e parou ao lado dela, observando a forma cuidadosa com que ela mexia nas panelas.
— Isso é bom de ver — disse, com um tom mais suave. — Alguém tão dedicada. Não é todo dia que vejo pessoas como você.
Ela se endireitou, e seus olhos se encontraram por um segundo. Algo no olhar dele fez seu coração disparar, mas Isabela não ia permitir que ele percebesse.
— Não precisa tentar me agradar, Arthur. Só porque você acha que pode falar comigo como quiser, não significa que eu vou me deixar impressionar. — Ela sabia que ele gostava de testar os limites dela, e não podia permitir que isso acontecesse.
Arthur, no entanto, parecia mais calmo do que ela esperava. Ele não recuou nem se afastou. Ele parecia até... interessado? Mas não da maneira convencional.
— Eu nunca tentei te agradar, Isabela. Se você estivesse tentando entender alguma coisa sobre mim, perceberia que eu sou mais complicado do que você pensa. Eu não sou só o "riquinho safado", como você gosta de me chamar. — A sinceridade nas palavras dele parecia quase desconcertante. Ele parecia querer mais do que apenas uma conversa superficial.
Ela deu um passo para trás, não querendo ceder à conversa.
— Não me importa o que você é ou o que quer parecer. Eu já vi o suficiente para saber o tipo de pessoa que você é. E não estou aqui para mudar sua percepção de mim.
Mas Arthur não parecia disposto a deixar isso passar tão facilmente. Ele se aproximou mais uma vez, fechando a distância entre eles. O calor dele parecia envolvê-la, e ela lutava contra a sensação de que ele estava tentando quebrar suas defesas. Ele estava tão perto que ela podia sentir sua respiração, quase como se os dois estivessem sozinhos naquele momento, ignorando todo o resto do mundo ao redor.
— Não é sobre mudar sua percepção, Isabela. Eu só quero que você perceba que somos mais parecidos do que você pensa. Você também é... complexa. E isso me interessa. — Arthur disse, com uma voz quase baixa, como se estivesse revelando algo mais íntimo.
O coração de Isabela bateu mais forte, mas ela não cedeu. Ela se afastou, indo para o outro lado da cozinha, tentando afastar os pensamentos que ele havia plantado.
— Eu não sou como você, Arthur. Não se engane. — Ela respirou fundo, tentando se controlar.
Arthur ficou parado, olhando para ela, seus olhos fixos nela com uma intensidade que parecia que ele via algo mais profundo. Algo que ela não queria que ele visse.
— Talvez você só não tenha percebido isso ainda — ele disse, com um sorriso enigmático, como se estivesse brincando com a ideia de que ela não sabia o que estava realmente acontecendo.
Isabela não queria discutir mais. Ela estava exausta emocionalmente. Antes que pudesse falar mais alguma coisa, ele deu um passo para trás, deixando-a mais aliviada do que queria admitir.
— Vou te deixar trabalhar, Isabela. Mas não pense que vai conseguir me evitar por muito tempo. Eu sempre volto. — Ele se virou e começou a sair da cozinha, deixando uma sensação de expectativa no ar.
Enquanto Isabela tentava processar o encontro tenso com Arthur, Mariana, a ex-namorada dele, não estava tão disposta a deixar as coisas escorrerem pelas bordas. Ela estava em uma posição desconfortável. Sempre foi a favorita, sempre foi a pessoa que Arthur parecia querer ao seu lado. Mas, com a chegada de Isabela, ela sentia que seu lugar estava em risco. E ela não ia permitir que isso acontecesse.
Mariana encontrou Arthur na varanda da mansão, olhando o horizonte com os olhos distantes, como se estivesse pensando em algo que a perturbava. Ao ver isso, ela não perdeu tempo.
— Arthur — disse, interrompendo o silêncio com sua voz aguda e cheia de preocupação disfarçada. — Precisamos conversar.
Arthur virou-se lentamente, o olhar neutro, como se estivesse apenas esperando o inevitável.
— Claro, Mariana. O que aconteceu?
Ela não hesitou.
— Você está se afastando de mim, e eu não sei por quê. Não podemos simplesmente ignorar o que temos. Eu sei o que você sente por mim. Não é como essa... garota. Não como você pensa que é.
Arthur olhou para ela com uma expressão cansada.
— Mariana, eu não estou ignorando nada. Eu só estou... começando a ver as coisas de outra perspectiva. E isso não tem nada a ver com você.
Ela se aproximou dele, tentando manter a confiança.
— Eu sei que você não está apaixonado por ela. Não precisa me dizer isso. Eu sei o que estamos construindo aqui, e ela não é nada mais do que uma distração. Eu sou a pessoa que sempre esteve ao seu lado.
Arthur a olhou com frieza, como se estivesse começando a se irritar com a insistência dela.
— Eu não preciso mais disso, Mariana. Eu sou capaz de fazer minhas próprias escolhas agora. E, sinceramente, não acho que você esteja me ajudando com isso.
Mariana sentiu uma onda de raiva crescer dentro de si. Mas, ao invés de explodir, ela se controlou, sorrindo de forma tensa.
— Vamos ver o quanto você pode se controlar, Arthur. Porque, no final, você vai perceber que não pode fugir do que realmente deseja.
Enquanto tudo acontecia, Isabela estava sozinha em seu quarto, tentando entender as emoções conflitantes que surgiam dentro de si. A sensação de atratividade por Arthur, o magnetismo que ele emanava, estava se tornando difícil de controlar. Mas ela sabia que precisava manter o controle. Ele não poderia ser a chave para a sua felicidade, não daquele jeito.
Ela sabia que o jogo dele estava apenas começando. Mas ela também estava começando a perceber algo. Talvez o que ela realmente queria não fosse resistir, mas entender o que ele realmente era e o que ele queria dela.
Ela olhou pela janela, vendo a mansão Ferraz no horizonte. Tudo ao seu redor parecia grande demais para ela. Mas, ao mesmo tempo, ela sabia que algo grande estava por vir, algo que mudaria tudo entre ela e Arthur.
Continua....❤️
O spoiler para o nosso próximo capítulo:
Arthur começa a pressionar Isabela, enquanto Mariana intensifica suas tentativas de reconquistar o controle sobre ele. Isabela, agora mais envolvida do que gostaria de admitir, começa a se questionar sobre suas próprias emoções e o que está realmente em jogo.
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Atualizado até capítulo 61
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