A Chegada de Isabela

         {A Chegada de Isabela}

O relógio da cozinha marcava 6h30 da manhã, e a mansão Ferraz já começava a despertar. Helena, como fazia há mais de vinte anos, ajustava os utensílios na bancada enquanto preparava o café da manhã da família. Para ela, aquela rotina era familiar, mas para Isabela, a filha que agora a acompanhava com mais frequência, tudo parecia uma afronta.

Isabela olhou para a mãe com uma expressão levemente irritada.

— Mãe, por que você tem que fazer isso tudo sozinha? Essa família não tem mais empregados? — perguntou, cruzando os braços enquanto observava o tamanho exagerado da cozinha.

Helena, sem se virar, respondeu com a calma de quem já estava acostumada.

— Eles têm, Isa, mas a responsabilidade é minha. Já falei, não quero problemas.

Isabela suspirou, mas não insistiu. Ela sabia o quanto aquele emprego significava para a mãe. Ainda assim, não conseguia entender como alguém podia suportar tantos caprichos de pessoas tão... mimadas.

Enquanto ajudava a colocar os pratos na mesa de jantar, o som de pneus cantando no asfalto chamou sua atenção. Ela olhou pela janela e viu um carro esportivo brilhante entrando na garagem. A porta se abriu, e dele saiu Arthur Ferraz, o filho mais velho, conhecido não apenas pela fortuna da família, mas por seu estilo de vida irresponsável e pelas inúmeras manchetes escandalosas que protagonizava.

Arthur não parecia se importar com o horário. Vestia uma camisa branca aberta no colarinho e jeans rasgados, com o cabelo bagunçado, como se tivesse saído de uma festa que durou a noite toda. Ele carregava um sorriso preguiçoso e despreocupado enquanto caminhava para a entrada principal.

— Lá vem ele... — murmurou Helena, com uma expressão apreensiva.

Isabela, no entanto, manteve o olhar fixo nele, mas não porque estava impressionada. Na verdade, sentia uma mistura de irritação e curiosidade. “Esse é o príncipe herdeiro? Que piada”, pensou, enquanto continuava a organizar os pratos.

Arthur entrou na cozinha sem cerimônias, bocejando alto.

— Bom dia... ou algo assim — disse ele, pegando uma maçã da bancada. Ele olhou para Isabela, que o ignorou deliberadamente.

— Você é nova aqui? — perguntou, com um tom casual, enquanto dava uma mordida na maçã.

Isabela se virou devagar, cruzando os braços.

— Não, só estou ajudando minha mãe. E você devia saber disso, já que é a casa dela também.

Arthur arqueou uma sobrancelha, surpreso com o tom dela. Ninguém falava com ele daquele jeito, especialmente alguém que não fazia parte da elite que o rodeava.

— Interessante... — disse ele, com um sorriso que parecia mais uma provocação. — Então você é a filha da Helena. Achei que ela trabalhava aqui sozinha.

— Minha mãe trabalha. Eu só estou aqui porque tenho consideração por ela. Algo que, pelo visto, você não tem por ninguém — retrucou Isabela, antes de se virar e sair da cozinha, deixando Arthur sozinho.

Ele ficou parado, olhando para a porta por onde ela saiu, ainda mastigando a maçã. Um sorriso se formou em seus lábios, dessa vez mais genuíno do que provocativo.

— Isso vai ser interessante... — murmurou para si mesmo.

No corredor, Helena alcançou Isabela.

— Isa, por favor, não faça isso! Ele é... complicado. Não quero que você crie problemas aqui.

Isabela suspirou.

— Não fui eu quem começou, mãe. Só não vou abaixar a cabeça para gente arrogante.

Helena segurou o braço da filha com delicadeza.

— Eu entendo, mas preciso que você mantenha a calma. Esse emprego é importante para nós duas.

Isabela sabia que sua mãe estava certa, mas algo naquele Arthur a deixava inquieta. Ele era tudo o que ela desprezava: mimado, arrogante e convencido. Ainda assim, algo nela dizia que ele não era só isso.

Enquanto isso, Arthur, no andar de cima, observava Isabela pela janela do corredor, intrigado. Pela primeira vez em muito tempo, alguém havia enfrentado sua postura despreocupada e desdenhosa. Ele gostava de desafios, e Isabela, claramente, seria um.

                             Continua

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O spoiler para o nosso próximo capítulo:

Arthur começa a buscar oportunidades para provocar Isabela, enquanto ela tenta ignorá-lo e se concentrar nos estudos e na ajuda à mãe. Mas a convivência forçada pode trazer sentimentos inesperados para ambos.....

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