No outro dia no colégio
O sol brilhava alto no céu, aquecendo suavemente o ambiente enquanto os estudantes começavam a chegar. O barulho das vozes misturadas preenchia a entrada do colégio, criando um clima animado de início de dia.
O trio chegou junto mais uma vez. Aoki estava visivelmente mais animado naquele dia, os olhos brilhando com expectativa. Ele não parava de falar, movimentando os braços enquanto explicava algo aos amigos, Ishida e Takahashi, que sorriam com a energia contagiante dele.
“Hoje voltamos aos clubes!” — disse Aoki, empolgado. — “Estou tão animado!”
Enquanto conversavam, Hayashi passou por eles. Ele caminhava com passos decididos, mas a expressão no rosto era fria e distante. Sem desviar o olhar, seguiu para a entrada do prédio, ignorando a presença do trio.
Aoki notou de relance e, por um momento, o sorriso dele vacilou. Ele desviou o olhar rapidamente, fingindo que não tinha visto. Apertou os lábios e deu um suspiro leve, mas logo forçou sua atenção de volta à conversa com os amigos, determinado a esquecer a curiosidade que sentia.
Na sala de aula
Os raios de sol filtravam-se pelas janelas da sala, iluminando as carteiras organizadas em fileiras. Os alunos conversavam entre si, animados, enquanto aguardavam o início da aula.
O professor entrou com passos firmes e um ar sério, mas sua voz era acolhedora quando começou a falar:
“Como vocês sabem, a participação nos clubes é uma parte fundamental da experiência escolar. É um dos pilares que moldam tanto a formação pessoal quanto a social de vocês.”
Os estudantes ficaram animados com a ideia. Muitos começaram a cochichar sobre quais clubes pretendiam ingressar ou para quais voltariam. O ambiente da sala ficou mais vibrante, cheio de entusiasmo juvenil.
Do fundo da sala, Aoki acompanhava o alvoroço, participando da conversa com os amigos, mas mantendo um olho disfarçado em Hayashi. Ele estava sentado perto da janela, com o queixo apoiado na mão e o olhar fixo no lado de fora, completamente alheio à excitação ao redor. Sua postura parecia quase melancólica, os ombros levemente caídos.
Aoki franziu as sobrancelhas por um momento, mas logo sacudiu a cabeça, voltando a focar na conversa.
Depois da aula
Quando o sinal tocou, Ishida e Takahashi foram juntos ao clube de natação. Aoki, por sua vez, seguiu para o clube de atletismo, onde o calor e o cheiro de grama cortada preenchiam o ar do campo esportivo.
Nos vestiários, enquanto trocava de roupa, Aoki ouviu partes de uma conversa entre dois colegas do clube.
Uns caras da minha sala estavam falando sobre um aluno novo do segundo ano — começou um deles. — “ Eles disseram que ele teve um desentendimento no banheiro ontem… E que ele… mat@u os próprios pais.”
“Que absurdo. Esses caras devem estar assistindo animes demais, né? “ — respondeu o outro, rindo. — “ Deve ser só um boato idiota.”
Aoki, que estava amarrando os cadarços, ficou imóvel por um segundo. Seu maxilar travou, mas ele não disse nada. Respirou fundo e tentou afastar o incômodo.
“Não é da sua conta,” repetiu mentalmente para si mesmo, suspirando enquanto se levantava.
Logo, todos estavam no campo, e Aoki se juntou aos outros na pista de corrida. Ele colocou os fones de ouvido e começou a aquecer, sentindo o vento fresco bater contra o rosto. O som dos passos no chão e ouvindo o som das folhas das árvores ao redor criavam um ritmo quase hipnotizante enquanto ele corria.
Enquanto seguia pelo trajeto, percebeu alguém parado do outro lado da grade que cercava o campo. A pessoa parecia confusa, observando atentamente a lista de clubes fixada ali. Aoki continuou correndo, mas seu coração deu um leve salto ao perceber quem era.
Era Hayashi.
Ele fingiu que não o notou e manteve os olhos no caminho à frente. Mas, por mais que tentasse se concentrar, sabia que o olhar de Hayashi o seguia.
Hayashi, por sua vez, observava Aoki correr. Seus olhos estavam fixos nos movimentos dele, como se estivesse sendo puxado por alguma força invisível. Era um olhar neutro, mas havia algo profundo escondido ali, algo que nem mesmo ele conseguia explicar.
Mas o momento durou apenas alguns segundos. Hayashi piscou, voltando ao presente. Ele balançou a cabeça e deu um passo para trás, afastando-se da grade. Olhou novamente para a lista de clubes, mas a ideia de escolher qualquer um parecia insuportável. “Socializar, criar laços, conviver… isso não é pra mim,” pensou.
Com esse pensamento, virou-se e começou a caminhar em direção à saída. A decisão sobre os clubes podia esperar. Para ele, adiar parecia muito mais fácil do que encarar algo tão desconfortável.
Correr
Aoki continuava focado em sua corrida, seus passos ritmados ressoando na pista enquanto o vento cortava seu rosto e bagunçava seus cabelos loiros e desgrenhados, que sempre pareciam rebeldes, como ele mesmo. Cada passada era uma libertação, um jeito de transformar o peso em leveza, o estresse em velocidade e a dor em esforço físico. Ele sentia que, enquanto corria, o mundo ao seu redor desaparecia. Naquele momento, era só ele, sua determinação, e o movimento.
Apesar de gostar de correr no colégio, sua verdadeira paixão sempre foi as trilhas da floresta. Desde pequeno, aquele lugar o chamava. As árvores altas e robustas, as folhas que pareciam dizer algo enquanto balançavam com a brisa suave, os raios de sol atravessando os galhos e se refletindo em seus olhos azuis vivos, tudo naquela floresta parecia convidá-lo a explorar e a se perder — mas, na verdade, era onde ele se encontrava.
Aoki usava a corrida como refúgio, um escape para a dor que o acompanhava desde o nascimento. Ele nunca conheceu seus pais. Seu pai, um socorrista dedicado, havia morrido tragicamente enquanto resgatava pessoas de uma casa em chamas. Após salvar a última vítima, a casa explodiu, e ele não conseguiu escapar. Pouco depois, sua mãe teve complicações no parto e também faleceu, deixando Aoki sozinho antes mesmo de conhecer o mundo.
Foi o avô paterno quem assumiu sua criação. Um homem de poucas palavras, mas com um coração enorme, que se esforçava para ser o exemplo que Aoki precisava. Ele ensinou ao neto o valor da resiliência, do trabalho e da conexão com a natureza. E foi o avô quem apresentou a floresta a Aoki, um lugar que se tornou mais do que um refúgio; tornou-se seu lar.
Ainda assim, havia momentos em que Aoki sentia a falta de algo que nunca teve. Quando criança, ele observava outras famílias reunidas e sentia um vazio, uma tristeza muda que não conseguia explicar. E quando esse sentimento o dominava, ele corria. Ao entrar na floresta, sentia como se as árvores o acolhessem, os ventos o confortassem, e os sons naturais o lembrassem de que ele não estava sozinho.
Ele corria por trilhas cobertas de folhas secas, por caminhos estreitos e raízes expostas. Seu corpo se movia em harmonia com a floresta, seus cabelos dourados reluziam ao sol enquanto seus olhos atentos absorviam cada detalhe ao redor: o verde vivo das plantas, o brilho da luz solar refletida em pequenas poças d’água, o som distante de um riacho.
Para Aoki, a corrida era mais do que um esporte ou um hábito. Era a sua forma de conectar-se com o mundo, de superar as adversidades, e de, mesmo que por um momento, deixar as sombras do passado para trás.
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Atualizado até capítulo 119
Comments
Puji Lestari Putri
😍😭♥️😂👏🏼👍🏼😊
2024-12-28
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