A casa parecia estar em um silêncio absoluto, quebrado apenas pelos ecos suaves dos passos de Aurora. Ela caminhava lentamente pelos corredores, seu coração ainda batendo forte após o encontro inesperado com Miguel. Sua mente estava turbilhonada com as palavras dele, que pareciam ter sido lançadas com a precisão de uma flecha certeira.
“Você é mais do que imagina, Aurora. Mais do que seu pai já lhe contou.”
As palavras dele ressoavam em sua mente como um sussurro constante, desafiando a lógica e a realidade que ela sempre conhecera. Por que Miguel estava ali? O que ele sabia que ela não sabia? E o mais importante, o que isso significava para sua família? Seu pai, tão distante e secreto, nunca havia falado sobre coisas que envolvessem mistérios tão profundos.
Aurora parou em frente à grande porta de madeira, que dava acesso à biblioteca de sua casa. O cheiro do pó e dos livros antigos era reconfortante, mas havia algo sinistro no ar. Talvez fosse a presença de Miguel em sua casa, ou talvez fosse a crescente sensação de que algo estava prestes a ser revelado, algo que ela não estava preparada para enfrentar.
Ela empurrou a porta e entrou na biblioteca, que se estendia por toda a parede à sua frente. O espaço era imenso, com prateleiras repletas de livros que se empoleiravam até o teto. Ela adorava aquele lugar, passava horas ali, mergulhando nos mundos fictícios dos livros. Mas naquele momento, ela não tinha cabeça para ler. Sua mente estava voltada para Miguel e para as palavras que ele deixara no ar.
Enquanto caminhava em direção à mesa, sua atenção foi atraída para a estante no canto esquerdo da sala, onde um pequeno baú de madeira repousava. Aurora se aproximou, sentindo um impulso de abrir o baú, como se ele contivesse respostas para as perguntas que não sabiam sequer como formular. Ela hesitou, mas algo a levou a levantar a tampa com cautela.
Dentro do baú, havia uma coleção de cartas antigas e um livro de capa preta, com o título desgastado pelo tempo. Aurora sentiu o estômago revirar ao ver o nome no livro: “Os Segredos de Familiares Antigos”. O título parecia mais um aviso do que uma descrição. Ela abriu o livro, e suas páginas estavam cobertas com anotações em uma caligrafia que ela não reconhecia. Os nomes e as palavras estavam entrelaçados de forma enigmática, mas a única coisa que era clara era a sensação de que aquilo tudo tinha algo a ver com Miguel, com o que ele havia dito.
Ela começou a folhear as páginas, mas o som da porta se abrindo a fez parar imediatamente. Seus olhos se fixaram na figura de Miguel, que agora estava na porta da biblioteca. O rosto dele estava sério, mas seus olhos brilhavam com uma intensidade que Aurora não conseguia entender.
“Eu sabia que encontraria você aqui”, disse ele, sua voz suave, mas carregada de uma autoridade inegável.
Aurora tentou esconder o livro, mas foi em vão. Ele já havia visto.
“Você encontrou algo que não deveria”, continuou ele, dando um passo para dentro da sala. “Essa não é a informação que você deveria ter.”
Aurora sentiu um calafrio ao ouvir as palavras de Miguel. O livro parecia estar envolto em uma energia sombria, e, mesmo sem saber ao certo o que ele significava, ela sentia que ele estava lhe oferecendo um pedaço de um quebra-cabeça que ela não estava pronta para montar.
“Por que você está aqui, Miguel?”, perguntou ela, sua voz agora tensa. “O que você sabe sobre o meu pai? Sobre minha família?”
Ele a olhou por um longo momento, como se estivesse calculando suas palavras. O silêncio que se seguiu parecia mais denso do que nunca, e Aurora sentia uma estranha mistura de medo e curiosidade a invadir suas veias.
“Seu pai tem muito mais a esconder do que você imagina”, respondeu ele, com uma calma inquietante. “Mas não sou eu quem devo contar a você. A verdade está bem diante dos seus olhos. O que você está procurando, Aurora, é algo que vai mudar tudo.”
Aurora não conseguiu se controlar. O medo que a tomava agora era palpável, mas havia algo mais – algo que a impulsionava a continuar, a descobrir o que estava por trás daquele mistério. Ela precisava de respostas.
“Por que você não me diz logo o que está acontecendo?”, perguntou, sua voz agora carregada de frustração. “Quem é você para falar sobre a minha família assim?”
Miguel deu um passo mais perto, sua presença dominando o ambiente. “Eu sou alguém que sabe o que você precisa saber. Alguém que pode ajudar você a entender a verdade. Mas você precisa confiar em mim.”
Ela olhou para ele, o queixo erguido com desafio, mas, ao mesmo tempo, sentiu uma estranha atração por ele. Algo no olhar dele, algo em sua postura fazia com que suas palavras não parecessem uma ameaça, mas uma promessa. Uma promessa de algo muito maior e mais complexo do que ela poderia compreender naquele momento.
“Eu não confio em você”, disse ela, tentando soar firme, mas a dúvida ainda estava lá, em seu olhar. “Eu não sei nem quem você é de verdade.”
Miguel parecia não se importar com a falta de confiança. Em vez disso, ele olhou para o livro em suas mãos e, com um movimento suave, pegou-o, virando as páginas com delicadeza. “Esse livro pertence à sua família, mas é mais do que isso. Ele é a chave para entender o que está acontecendo. E você vai precisar dele.”
Aurora sentiu sua respiração prender, mas antes que pudesse dizer algo, Miguel a interrompeu.
“Não estou aqui para causar problemas, Aurora. Estou aqui para ajudá-la a entender as coisas que seu pai nunca foi capaz de explicar. E, mais importante, estou aqui porque há forças muito mais poderosas do que nós que estão em jogo agora.”
“E o que você quer de mim?” Aurora perguntou, finalmente se permitindo expressar o medo que a consumia.
Miguel sorriu, mas foi um sorriso misterioso, cheio de segundas intenções. “Eu quero que você saiba a verdade, e para isso, você terá que fazer escolhas difíceis.”
O silêncio caiu novamente, mais pesado que antes. Aurora estava perdida em seus pensamentos, tentada a acreditar nas palavras de Miguel, mas ao mesmo tempo desconfiada de suas intenções.
Ele colocou o livro de volta na estante, mas antes de sair da sala, ele se virou para ela, seu olhar penetrante como uma lâmina afiada.
“Você não vai conseguir fugir disso, Aurora”, disse ele, quase em um sussurro. “A verdade sempre vem à tona. E quando isso acontecer, você será forçada a escolher um lado.”
Aurora observou sua saída, o coração batendo descompassado. A presença de Miguel ainda estava em seus pensamentos, mas o que mais a dominava era a crescente sensação de que nada seria como antes. Ela estava prestes a mergulhar em um abismo de revelações que mudariam sua vida para sempre.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Ana Geraldina
Não tem foto dos personagens??
2024-12-20
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