Entre Sombras e Destinos
Aurora olhava pela janela do seu quarto, observando a cidade lá embaixo. A brisa suave tocava seu rosto, fazendo com que seus cabelos longos e escuros dançassem suavemente ao vento. Era um fim de tarde tranquilo, mas havia algo na atmosfera que não se alinhava com a serenidade que ela tanto buscava. O lugar, no qual ela se sentia segura, agora parecia abafado, como se as paredes estivessem se fechando ao seu redor.
A casa de sua família era imponente, com seus altos muros e portões de ferro, criando um limite invisível entre ela e o resto do mundo. Seus pais sempre foram figuras distantes, em especial seu pai. Ele raramente aparecia, salvo para reuniões de negócios ou eventos importantes, deixando-a entregue à solidão. A mãe de Aurora, uma mulher de beleza incomum, estava frequentemente imersa em seus próprios pensamentos. Aurora nunca soubera muito sobre sua vida, mas sentia que havia algo em seu passado que não podia ser desvendado.
Ela suspirou, afastando os pensamentos que surgiam como sombras em sua mente. O som do carro chegando até a entrada da mansão quebrou a calma de sua introspecção. Aurora se levantou com leveza e caminhou até a escada, curiosa sobre quem seria. Seu pai nunca a avisava quando chegava, e ela sempre se surpreendia com a pontualidade de suas visitas.
Ela desceu, o som de seus passos ecoando nas escadas de mármore. Ao chegar no hall, viu a figura do motorista da família, que a cumprimentou com um aceno de cabeça. Aurora o reconhecia de longas datas, mas seu olhar estava fixado na porta que agora se abria.
O homem que entrou não era como os outros que ela estava acostumada a ver. Ele era alto, de postura ereta, como se o peso do mundo repousasse sobre seus ombros. Seus cabelos escuros eram curtos, mas perfeitamente alinhados. Seu terno preto se ajustava ao seu corpo de maneira impecável, e os olhos azuis, penetrantes e misteriosos, pareciam observar tudo ao seu redor com uma intensidade que Aurora não estava preparada para enfrentar.
Quando ele olhou em sua direção, algo no fundo dos olhos dele fez com que o coração de Aurora disparasse sem explicação. Não era apenas a atração instantânea que qualquer mulher sentiria ao olhar para um homem tão imponente. Havia algo mais, algo profundo e sombrio, como se ele fosse capaz de ver através dela, para o que estava além da sua fachada tranquila.
"Você deve ser Aurora", disse ele, a voz grave, mas suave, como se estivesse sussurrando segredos. Aquele homem não se parecia com ninguém que ela já tivesse conhecido. "Tenho ouvido muito sobre você."
Ela hesitou por um momento antes de estender a mão em sua direção. "Sim, sou eu", respondeu, tentando manter a compostura. O toque dele foi firme, e algo em seu aperto fez com que um calafrio percorresse sua espinha.
Miguel. Esse era o nome dele. O homem que estava ali, no seu mundo protegido, trazendo consigo um mistério que ela não sabia identificar, mas que sentia invadir sua vida de maneira irreversível.
"Eu sou Miguel", ele disse, como se o nome fosse um selo de poder, e ela imediatamente sentiu que ele não estava ali por acaso. Sua presença parecia emanar algo inquietante, algo que a fazia se questionar sobre o verdadeiro motivo de sua visita.
A porta se fechou atrás dele, e o motorista retirou-se sem dizer uma palavra. Agora, apenas eles dois estavam na grande sala, com o eco das palavras de Miguel ressoando em sua mente. A tensão no ar era palpável. Aurora sentia o peso do olhar dele sobre ela, como se ele estivesse lendo cada um de seus pensamentos.
"Como posso ajudar?", perguntou Aurora, tentando quebrar o silêncio constrangedor. Sua voz soou mais firme do que ela se sentiu, mas algo na postura dele a desafiava a se manter alerta.
Miguel a observou por um momento antes de responder. "Há muitos modos de ajuda, Aurora. Alguns mais diretos, outros... mais sutis."
Ela não sabia o que responder a isso. Sua mente começava a correr em várias direções, tentando entender o que ele queria dizer. Ele parecia entender muito mais sobre sua vida do que ela estava disposta a admitir. Mas por que ele estava ali, agora, na sua casa?
Ele deu um passo em direção à janela, olhando para fora, como se estivesse calculando alguma coisa. "Eu vim por um motivo", disse por fim, a voz baixa, mas firme. "E você vai me ajudar, Aurora. De uma maneira ou de outra."
Aquelas palavras pairaram no ar como uma ameaça, mas ao mesmo tempo, havia algo sedutor nelas, algo que ela não conseguia identificar. Aurora sentiu seu coração acelerar novamente, e a inquietação cresceu em seu peito. Ele não era apenas um homem de negócios ou um visitante comum. Miguel estava ali por algo mais, algo que ela ainda não conseguia compreender.
"Meu pai..." Ela começou, mas foi interrompida por ele, que se virou com uma expressão enigmática.
"Seu pai não pode ajudá-la com isso", respondeu Miguel. "Mas você pode. Você é mais do que imagina, Aurora. Mais do que seu pai já lhe contou. Eu estou aqui para mostrar isso a você."
Aurora tentou manter a calma, mas a sensação de estar sendo observada e analisada, como se cada movimento seu fosse um pedaço de um quebra-cabeça que ele estava montando, a deixou desconfortável. Ela se afastou um passo, mas a presença dele parecia dominar o ambiente.
"Eu não sei do que você está falando", disse ela, sua voz mais firme agora, mas uma sensação de angústia tomava conta dela. "O que você quer comigo?"
Miguel sorriu de maneira enigmática. "Eu vou explicar, mas primeiro, você precisa entender uma coisa, Aurora. Nada na sua vida é o que parece."
Ele deu outro passo em sua direção, e ela sentiu um impulso de recuar. Mas o olhar dele, profundo e penetrante, manteve-a ali, imóvel, sem saber o que esperar.
"Você está prestes a descobrir coisas sobre o seu passado, sobre sua família, que irão mudar tudo o que você acreditava ser verdade. Mas você tem que estar disposta a aceitar."
Aurora sentiu o peso das palavras dele e, por um momento, a ideia de se afastar parecia quase insuportável. Algo em Miguel a atraía, mas ela não conseguia entender o que era. Ela não sabia se deveria temer ou confiar nele.
"Eu não quero me envolver em nada que ameace minha família", disse ela, finalmente. Sua voz agora estava mais suave, mas cheia de determinação. Ela não queria que sua vida fosse jogada para fora de sua zona de conforto. Mas, ao mesmo tempo, ela não conseguia evitar a curiosidade crescente.
Miguel se aproximou ainda mais, a distância entre eles agora quase inexistente. "É tarde demais para evitar, Aurora. O jogo já começou."
Aurora sentiu um calafrio percorrer sua espinha. Algo havia mudado naquele momento. O que quer que fosse que Miguel trouxesse consigo, ela não poderia mais escapar.
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Atualizado até capítulo 49
Comments
Ana Geraldina
Começando a ler agora 😃
2024-12-20
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