Controlei a respiração ao terminar mais uma repetição no supino. Cento e quinze quilos, três séries de dez, e ainda assim a endorfina parecia insuficiente para acalmar a tempestade dentro de mim. Travei o aparelho, deixei os braços caírem ao lado do banco e respirei fundo, tentando fazer meu coração voltar ao ritmo normal.
Peguei a garrafinha de água ao lado e virei quase tudo de uma vez, sentindo o líquido gelado correr pela garganta e aliviar, por um instante, o calor que consumia meu corpo. Na caixinha de som da academia do meu apartamento, tocava alguma música aleatória da playlist de treino que Susi montou para mim.
Susi, minha secretária, vive dizendo que eu preciso "acalmar os ânimos" e me convenceu a testar essa playlist cheia de músicas que ela jura serem boas para relaxar. Funciona — pelo menos até certo ponto.
Levantei-me do aparelho e caminhei até a janela de vidro que ia do chão ao teto, contemplando a vista panorâmica. Três anos morando aqui, e eu ainda não me cansei desse visual. Mas, pensando bem, isso não é novidade. Eu admiro a mesma mulher há vinte e sete anos, e sua beleza nunca deixou de me surpreender.
— Pronto, Gallanis.
Quase engasguei com a água ao ouvir uma voz feminina atrás de mim. Virei-me de supetão e dei de cara com uma mulher alta, morena, de cachos volumosos, descendo as escadas da minha academia.
Que porra...
Meu cérebro deu um nó. Será que eu bebi demais ontem e quebrei minha regra número um de ouro? Nunca trago ninguém para casa. Nunca.
— É... — Ela pigarreou, percebendo meu olhar confuso. — Eu sou a Phoebe. Susi me pediu para passar aqui e pegar esses papéis que você deixou com ela.
Ah, claro. Susi havia mencionado algo sobre isso ontem, mas, com meu humor, não prestei muita atenção.
— Certo, lembrei. — Murmurei, passando a mão pelos cabelos e tentando recuperar a postura. — Fique à vontade.
— Já peguei o que precisava, estou indo. Obrigada.
E assim, ela sumiu pela porta antes que eu pudesse dizer mais alguma coisa.
Nota mental: Menos vinho e mais atenção às coisas importantes.
...👑...
Estacionei meu carro na imponente mansão dos Salvatore, o motor roncando baixo antes de desligá-lo. Desci, ajustando o terno, e cumprimentei alguns dos seguranças que rondavam a entrada como cães de guarda bem treinados. Caminhei até a porta de três metros de altura, usando minha digital para destrancá-la. A tecnologia de ponta dava um toque de modernidade ao estilo clássico da casa.
Ao entrar, desci os dois degraus que levavam à sala principal. O lugar era uma obra de arte — amplos espaços, móveis luxuosos, tudo no seu devido lugar. Foi quando avistei Victtoria descendo as escadas, equilibrando uma pilha de livros que parecia maior que ela mesma.
— Eles estão no jardim — avisou, com um sorriso cordial, antes de sair pela porta principal.
Segui pelo corredor até a porta de vidro que dava acesso à cozinha. Lá estavam Camille, Elisa e Michel, sentados ao redor da mesa. Mas, ao invés de conversarem, todos pareciam imersos nos celulares. Mavie, como sempre, estava no canto, pintando concentrada em suas telas, enquanto os gêmeos dormiam tranquilamente em uma rede.
— Boa tarde, família — cumprimentei, minha voz ecoando suavemente no ambiente silencioso.
— Boa tarde, irmão — Michel respondeu, levantando os olhos por um breve instante.
— Onde está o Dom? – Perguntei.
— No escritório.
Franzi as sobrancelhas. Havia algo no tom de Michel que não me pareceu casual.
— Algum problema?
Ele soltou um suspiro breve e inclinou a cabeça em direção ao corredor.
— Vamos lá dentro.
Segui Michel até o escritório de Dominic. Assim que passamos pela porta, ouvimos o som da voz de Dom, exaltada e carregada de raiva. Ele estava discutindo com alguém ao telefone.
— Seus incompetentes! — gritou, a voz reverberando pelas paredes. — Vocês estão todos mortos!
Ele jogou o celular na mesa com força, fazendo um barulho seco. O aparelho girou antes de parar na beirada.
— Imbecis.
— O que aconteceu? — perguntei, parando ao lado de Michel, minhas sobrancelhas ainda unidas em preocupação.
Dominic ergueu os olhos, seu semblante endurecido, e soltou um suspiro pesado.
— As cargas foram desviadas — respondeu com um tom sombrio. — Quase doze mil armas... desapareceram. — Sua voz saiu carregada de raiva contida, e era evidente que o controle que ele exibia estava no limite.
— Deduzimos que alguém está tentando nos sabotar — Michel afirmou, virando-se para mim com um olhar sério.
Senti meu sangue ferver.
— Filhos da puta — murmurei entre dentes, tentando conter a raiva que já subia pelo meu corpo.
Michel continuou, com a calma característica de quem já lidou com situações como essa antes:
— Nathalie e Fabrizio estão cuidando da parte do desvio. Nosso foco agora é descobrir quem está por trás disso e resolver o problema pela raiz.
Dominic passou a mão pelos cabelos, claramente tentando manter o controle, mas o ódio em sua expressão era impossível de ignorar.
— Eu vou matar quem está tentando me sabotar — ele rosnou, os olhos fixos em um ponto invisível na parede.
Seu tom não era uma figura de linguagem; ele falava com a determinação de quem já tinha passado por situações onde as ameaças eram convertidas em ação.
— Se vamos lidar com isso, precisamos de estratégia, não de impulsividade — alertei, tentando manter o foco.
Dominic soltou um suspiro exasperado, mas balançou a cabeça, concordando de forma relutante. Sabíamos que qualquer movimento precipitado poderia colocar não apenas os negócios, mas nossa própria família em risco.
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Atualizado até capítulo 32
Comments
Dulce Gama
eu ainda não terminei de ler o segundo livro daqui a pouco vou dá uma olhada mas essa história está muito linda parabéns 🌟🌟🌟🌟🌟/Rose//Rose//Rose//Rose//Rose//Gift//Gift//Gift//Gift//Gift//Heart//Heart//Heart//Heart//Heart//Good//Good//Good//Good//Good/
2024-12-16
1
Sandra Camilo
➕ e mais capítulos por favor autora linda 🌹👏👏
2024-12-16
2