Capítulo 4

Cristopher Royal

Ao sair da academia, estou de volta à minha antiga casa. Eu mandei fazer uma reforma e mudei tudo. Na verdade, eu não queria voltar e ter as mesmas lembranças.

— Cristopher, como você está! Mais lindo do que antes.

— Fininha, e você continua sendo a minha melhor funcionária.

Recebo um abraço da Fininha; ela sempre esteve nessa casa cuidando de tudo, e ela me conhece como ninguém, sabe tudo sobre mim, acho que até mais do que eu próprio.

— Eu mandei arrumar o seu quarto, e está tudo do jeito que você gosta. — dou um beijo na bochecha dela.

— Eu te amo, Fininha. É estranho entrar nessa casa novamente, depois de anos. — falo, olhando tudo ao meu redor.

— Eu entendo, sei o quanto o senhor sofreu, mas Cristopher, você é jovem, e pode fazer novas escolhas.

Direciono o meu olhar para a Fininha e sorrio.

— Estou exausto e preciso de um banho, prepara aquele belo jantar que só você sabe fazer. E se aparecer visita, diga que eu não estou disponível.

— Pode deixar!

Toco no ombro da Fininha e subo as escadas até o meu quarto. Tiro os meus sapatos e os jogo para o canto. Ao abrir o meu closet, meu sorriso se abre porque ele agora é só meu. Muitos dizem que o divórcio é algo difícil, mas na verdade, o meu foi bem fácil. A Sara Lincoln foi meu primeiro amor, a minha primeira namorada. Apesar de eu ter todo esse charme e ser Lindão, eu nunca fui de me apaixonar. Na verdade, o balé sempre foi a minha primeira paixão. A Sara era a bailarina mais velha da academia na época, eu era do segundo ano e ela do terceiro. Na nossa primeira apresentação juntos, rolou nosso primeiro beijo, e assim por diante, até o nosso casamento.

Até que um dia tudo mudou... E eu resolvi fugir!

Desligo o chuveiro, depois de tomar um banho, me enrolo na toalha e passo um desodorante. Até ouvi gritos...

— Faça mil favores, Fininha, eu vou subir e ele vai me ouvir! — essa voz eu conheço, e essa é a...

— Sentiu minha falta, Sara! —Ela entra no quarto furiosa, mas não deixa de me olhar de cima a baixo.

— Você não pode cancelar as bolsas, Cristopher, você não é assim! — entro no meu closet, e ela vem atrás.

— Já disse que não vou mudar de ideia.

— Está fazendo isso por quê? É por minha culpa? Se for, eu peço demissão, mas mantém as bolsas. — visto uma camiseta e olho bem nos olhos dela.

— Sara, você não mudou nada, sempre se achando a importante. Isso não é por sua causa, nada é por você! Eu estava num concerto e sabe o que me disseram? — ela balança a cabeça que não enquanto eu pego uma cueca na gaveta para vestir.

— Eles riram da Academia que a minha mãe fez de tudo para ser reconhecida. Eu tomei a decisão naquele momento de esquecer a merda do inferno do meu passado, para trazer de volta a fama da academia, porque ela é tudo que ainda resta do meu passado que não me causa pesadelos. — ela está em lágrimas. E eu só visto uma bermuda e passo por ela, secando os meus cabelos.

— Eu sinto muito, eu já implorei seu perdão, mas Cristopher, aquelas crianças sonham em ser bailarinhos, muitos largaram tudo. Pense neles.

— Eu pensei, Sara, por isso eu só estou exigindo 50% do valor a ser pago. E tem outras academias de dança em Londres, a minha não é a única. E se você me der licença, eu só quero jantar com tranquilidade e descansar.

— Lá no estúdio, você teria me beijado se a minha aluna não atrapalhasse. Você ainda me ama, Cristopher? — ela está bem próxima, e nossos olhares estão ligados. E eu vejo as lágrimas dela, e eu também vejo que ela ainda me ama.

Seguro o rosto dela e beijo os lábios dela, que se aproveita e mata a saudade, mas na verdade eu paro o beijo pois...

— Sinto muito, Sara, mas eu não te amo mais! E esse beijo prova isso. — passo por ela indo até a porta enquanto ela fica parada chorando.

— Se você puder ir, eu agradeço. — ela vira de frente e ergue a cabeça, já com suas lágrimas enxugadas por ela mesma. E antes mesmo de sair, ela me olha nos olhos.

— Saiba que eu ainda te amo! E mais uma coisa, Cristopher, tirar a piscina não vai mudar o passado. A área de lazer ficava melhor com ela lá. Sei que você nunca vai me perdoar e nem esquecer. Porque não tem uma noite sequer que eu não tenha pesadelos, sinto muito. — ela sai aos prantos, e eu bato essa porta, com raiva e com força.

Esquece o que eu disse, pois divórcios são a pior parte de um casamento, principalmente quando sua ex-esposa, que foi a única mulher que você criou sentimentos, te causou o maior trauma da sua vida.

Vou até o closet e mudo os meus planos de ficar só em casa. Na verdade, eu preciso sair, e beber e esquecer Sara Lincoln e os pesadelos que, por culpa dela, eu tenho toda noite.

(...)

Depois de pronto, saio com o meu motorista, Joanito, ao melhor lugar de Londres.

— Não acredito! Cristopher Royal, está de volta! — sorrio após entrar ,no maior bordel de Londres e já ser recebido dessa forma calorosa.

— Madame Morone — beijo a mão dela. — Quanto tempo não venho aqui, mas aqui continua um espetáculo como sempre. — tiro sorrisos dela enquanto vejo as melhores bailarinas.

— Eu estou sempre fazendo as melhores escolhas, Cristopher, os meus clientes são exigentes. — sento numa mesa e ela já manda me servir a melhor bebida.

— Estou vendo, hoje quero me divertir, então vou ver se alguma dançarina sua me agrada; sabe que eu adoro o seu quarto exclusivo. — Madame Morone passa as mãos pelos meus ombros e sorri bem perto do meu ouvido.

— E eu adorei tê-lo de volta, Cristopher, fique à vontade. As minhas meninas são todas suas...

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