o sistema da oprotunidade

Capítulo 17: O Peso das Escolhas

Gabriel estava sentado em sua nova sala de escritório, agora decorada com móveis modernos e janelas de vidro que ofereciam uma vista panorâmica da cidade. O som da chuva batendo contra o vidro criava um ritmo constante, quase hipnotizante. Ele deveria estar focado nos relatórios e metas que a empresa alcançara naquela semana, mas sua mente estava em outro lugar. Ou melhor, em outra pessoa.

Lúcia.

Ela era a única constante em sua vida desde os dias em que ele carregava sacos de cimento e se esforçava para sobreviver. Lúcia, com seu sorriso genuíno e olhar cheio de esperança, era a primeira pessoa a acreditar nele, mesmo quando ele próprio duvidava. Agora, tudo era diferente. Ele não era mais o mesmo Gabriel, e ela... bem, Lúcia parecia ser a mesma pessoa doce e humilde de sempre, mas Gabriel sabia que algo havia mudado entre eles.

Uma batida na porta o trouxe de volta à realidade.

— Entre — ele disse, ajeitando-se na cadeira.

Lúcia apareceu, segurando uma pequena pasta nas mãos. Ela usava uma blusa simples e calça jeans, mas, para Gabriel, ela parecia mais deslumbrante do que qualquer pessoa com roupas caras que ele encontrava nas reuniões de negócios.

— Trouxe os papéis que pediu para revisar — disse ela, colocando a pasta sobre a mesa. Seu tom era profissional, mas havia algo em seus olhos que entregava o desconforto.

Gabriel sorriu, tentando aliviar a tensão.

— Obrigado, Lúcia. Mas... podemos conversar um pouco antes?

Ela hesitou, claramente surpresa pelo pedido.

— Claro, Gabriel. O que foi?

Ele apontou para a cadeira à sua frente, e ela se sentou, cruzando as mãos no colo. Gabriel respirou fundo, como se estivesse se preparando para um salto.

— Lúcia, eu... eu sei que as coisas mudaram muito desde que comecei a usar o sistema. Minha vida deu uma guinada que eu nunca imaginei. Mas, às vezes, sinto que estou me distanciando do que realmente importa.

Ela franziu a testa, inclinando-se ligeiramente para frente.

— Por que está dizendo isso? Você alcançou tanto, Gabriel. Construiu uma empresa do nada, ajudou tantas pessoas... Isso é incrível!

Ele balançou a cabeça, olhando para as próprias mãos.

— Sim, mas, em algum lugar no meio disso tudo, sinto que perdi algo. Ou alguém.

Lúcia ficou em silêncio, mas ele pôde ver que suas bochechas coraram ligeiramente.

— Você está falando de mim? — perguntou ela, quase em um sussurro.

Gabriel levantou o olhar, e seus olhos encontraram os dela.

— Estou, Lúcia.

O silêncio que se seguiu foi pesado, mas cheio de emoção não dita. Lúcia desviou o olhar, nervosa, enquanto Gabriel continuava.

— Lúcia, você esteve ao meu lado quando ninguém mais acreditava em mim. Você me apoiou nos dias mais difíceis, me incentivou a seguir em frente. E agora, com tudo isso... — ele gesticulou em direção à sala, ao prédio, à cidade inteira que parecia ser sua. — Sinto que estou te perdendo.

Ela mordeu o lábio inferior, como se estivesse tentando segurar as palavras que estavam prestes a sair.

— Gabriel... eu nunca quis que você se sentisse assim. Eu só... — Ela parou, respirou fundo e continuou: — Eu sempre soube que você era capaz de grandes coisas. Mas, às vezes, sinto que não faço mais parte do seu mundo.

— Não diga isso — ele interrompeu, sua voz firme. — Você é a parte mais importante.

Os olhos dela brilharam com lágrimas não derramadas, mas Lúcia rapidamente desviou o olhar, tentando se recompor.

— Gabriel, eu te admiro muito. De verdade. Mas... você mudou. Não de uma forma ruim, mas de uma forma que me faz perguntar se eu ainda sou suficiente para você.

— Suficiente? — Gabriel se levantou, caminhando até ela e ajoelhando-se ao seu lado. Ele segurou suas mãos com firmeza. — Lúcia, você é mais do que suficiente. Sem você, eu nem sei se teria conseguido chegar até aqui.

Ela olhou para ele, surpresa pela intensidade de suas palavras.

— Então por que parece que você está sempre tão distante? Tão... inalcançável? —

Gabriel fechou os olhos por um momento, tentando encontrar as palavras certas.

— Talvez porque eu tenha me perdido no meio disso tudo. O Sistema me deu tantas oportunidades, tantas responsabilidades... que, por um tempo, eu esqueci o que realmente importa. Eu esqueci de você.

Lúcia não respondeu imediatamente. Em vez disso, ela apertou suavemente as mãos dele, como se estivesse tentando sentir a sinceridade por trás de suas palavras.

— Gabriel, eu nunca quis competir com o seu sucesso. Só queria saber se ainda havia espaço para mim no meio de tudo isso.

— Sempre haverá espaço para você, Lúcia — disse ele, com a voz firme. — E eu prometo que vou fazer o que for preciso para te provar isso.

Por um momento, o mundo ao redor deles pareceu desaparecer. Não havia empresa, Sistema ou responsabilidades. Apenas Gabriel e Lúcia, dois corações que, apesar de tudo, ainda buscavam se conectar.

Finalmente, Lúcia deu um pequeno sorriso, embora seus olhos ainda estivessem marejados.

— Eu acredito em você, Gabriel. Sempre acreditei.

Ele sorriu, sentindo um peso enorme sair de seus ombros.

— Obrigado, Lúcia. Eu não vou decepcionar você.

Nos dias que se seguiram, Gabriel fez questão de mostrar a Lúcia que ela era parte essencial de sua vida. Ele começou a delegar mais tarefas na empresa, liberando tempo para passarem juntos. Jantares simples, conversas longas e caminhadas pela cidade se tornaram momentos preciosos.

E, para Lúcia, cada gesto dele era uma prova de que o Gabriel que ela conhecia ainda estava lá, sob toda a grandiosidade que o Sistema havia proporcionado.

Em uma noite especial, Gabriel a levou para um pequeno mirante fora da cidade, um lugar onde podiam ver as luzes brilhantes à distância. Ele preparou um piquenique simples, como nos velhos tempos, e, enquanto observavam as estrelas, ele falou algo que há muito estava em sua mente.

— Lúcia, eu sei que ainda estou aprendendo a equilibrar tudo isso. Mas quero que saiba que, independentemente do que aconteça, você sempre será minha prioridade.

Ela olhou para ele, e naquele momento, toda a dúvida que ela sentira parecia desaparecer.

— Eu acredito em você, Gabriel. E eu também estou aqui, sempre estarei.

Os dois se abraçaram sob o céu estrelado, e, pela primeira vez em muito tempo, Gabriel sentiu que estava exatamente onde deveria estar.

E assim, Gabriel percebeu que, por mais poderoso que fosse o Sistema e por maiores que fossem as conquistas, nada valia mais do que as pessoas que caminhavam ao seu lado. E Lúcia, com sua força e amor inabaláveis, era o maior tesouro que ele poderia ter.

Continua...

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