Morte

Eu estava sentada observando todas as pessoas zanzando e bebendo por toda parte.

Uma mulher me trouxe um suco e eu estava bebericando quando Magnus veio pedindo desculpas. Engasguei na hora. O fingido veio tentar me ajudar.

- Não estou fingindo, Mia! Realmente eu sinto muito! - Falou se sentando ao meu lado.

- Sabe, Giordano...você daria um belo ator!

- Está atrevida hoje! Criou coragem de uma hora para outra? - perguntou me olhando nos olhos

- Disse que eu não poderia demonstrar fraqueza! Decida o que quer...querido!

Falei com um tom baixo,mas, ao mesmo tempo frio. Ele se aproximou do meu rosto vagarosamente.

- Gosto de você assim! Mais alguns jantares e ficará durona Mas não se esqueça de quem eu sou.

- Vai por mim...eu queria muito poder esquecer quem você é!

- É mesmo esposinha? - perguntou com um sorriso zombeiro.

Rápido demais vi dois Magnus. Minha cabeça rodou e eu me levantei desorientada e Magnus seguiu meus movimentos,me segurando pela cintura.

- Mia... Mia o que está acontecendo!

- Eu...estou..um pouco tonta! Minha boca está seca e me sinto mole e sonolenta. Hahahahaha.

Gargalhei como Molly fazia,o que era estranho já que eu nunca fiz isso... ele me apertou contra ele

- O que você tem? - perguntou

- Eu não sei! Eu...me sinto quente! Eu não estou normal...me ajuda...

- Vamos embora!

Ele me arrastou para fora e me colocou no carro. Ele dirigiu rapidamente e quando chegamos em casa eu já estava totalmente fora de mim. Estava quente com sensações que nunca havia tido na minha vida.

Magnus exclamou assim que eu comecei a tirar meu vestido.

- Tão quente...

Falei tentando me despir e ele segurou minhas mãos para que eu não prosseguisse. Ele me jogou sobre os ombros e subiu as escadas e eu só conseguia rir.

- Você foi drogada! Se lembra de quem te deu aquele suco?

- Eu já li um livro assim.

- Mia...não quero saber de livro nenhum. Me diga quem te deu aquele suco.

- Não! O livro é muito bom! Mas,não me lembro o nome. Não me lembro direito quem me deu o suco. Ele estava meio amargo,não era muito bom!

- Mia,tentei se lembrar.

......................

POv: Magnus

- No livro o homem carrega a garota nos ombros assim como você está fazendo comigo. Depois ele joga ela na cama e a beija... é quente.

Disse com a voz baixa e suspirei pesadamente. Suas palavras estão me deixando atordoado.

- Mia...por favor! Tentei se lembrar quem te deu o suco. Como era? O que disse...

Tornei a perguntar assim que a coloquei no chão do quarto dela.

- Não me jogou na cama, querido! Não quer me beijar?

Perguntou segurando minha gravata e encostando o corpo no meu.

- Mia! Pare com isso...

- Eu nunca beijei ninguém! Você me odeia! Eu sei...Sempre fui odiada por todos. - Ela deu um riso triste - Sabia que eu nunca fui amada também? Na verdade,Molly é a única que já me amou na vida. A minha tia só me humilhava. - se afastou - Ela me batia sempre que eu respirava. Ela me odeia por causa de alguma coisa que minha mãe fez a ela. Uma vez o ex-marido dela tentou me estrupar. Depois disso todos me odiaram, porque parece que eu o provoquei.

Ela parecia vulnerável e até...desolada. Se sentou na cama e escorou nos travesseiros. Se deitando vagarosamente.

- Eu não fiz. E se fiz eu não sei como. Eu estava lavando as louças na cozinha...quando...sentir ele...me apalpar, tentei me afastar mas ele não deixou...as mãos dele...eu gritei, gritei e gritei. Mas,quando ela apareceu ele se afastou dizendo que eu estava louca. Depois disso levei uma surra tão grande. Fiquei dias sem ir a escola. As cicatrizes nas minhas costas é o lembrete..não posso deixar nenhum homem se aproximar de mim. Nunca. Quando eu era criança...eu sonhava em ter um príncipe encantado..que me trataria como uma rainha. Que me amasse...que me aceitasse como eu sou.

Ela falava rápido

- Mas...eu nunca terei isso! Já aceitei meu destino. Nasci para ser sozinha,apesar de Molly ser minha pessoa...sei que ela vai se casar algum dia. Terá filhos lindos e eu ainda serei a mesma Mia Santini de sempre. Sozinha.

Quando eu menos esperava as lágrimas caíram do seu rosto delicado. Mas por incrível que pareça a voz dela não mudou.

- Talvez algum dia eu terei uma vida boa! Com alguém que me ame...mas não tenho esperança. Aprendi a não ter esperança desde de pequena. Eu rezava todos os dias para Deus. Mas,nada mudou. Então...estou....

A voz dela ficou cada vez mais fraca e pude ver que estava ficando cada vez mais sonolenta.

- Estou cansada da vida Magnus! Você me odeia...pode tirar a minha vida? - Fiquei surpreso com o seu pedido

- Mia?

- Sei que Molly ficaria triste. Mas logo ela me esquecerá. Será fácil pra você. Já fez isso antes. Já matou outra pessoa antes. Pode me ajudar? Tenha um pouco de empatia. Por favor..você é o único que pode fazer isso. Por favor.

O choro contido virou um choro desesperado e sem nem perceber o que eu estava fazendo...me deitei ao lado dela e a puxei para mim. Ela se virou e afundou a cabeça no meu peito.

Ela passou quase uma hora chorando e pedindo baixinho que eu acabasse com sua vida.

Aquilo me abalou profundamente.

Pelo que essa mulher de apenas 18 anos já passou?

Hoje eu descobri muita coisa sobre a Mia. Mas o que mais me chocou foi o fato de ela desejar a morte. Isso me chocou.

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