Lucca Moretti 🔥
— Limpem tudo. Quando eu voltar, quero que este lugar esteja brilhando.
Dei ordem para alguns dos meus capangas, e logo dois deles se aproximaram para recolher o corpo ainda quente do homem que acabei de matar.
Suspiro e caminho até uma das mesas, onde limpo minhas mãos sujas de sangue.
Olho para elas, e por um momento me pergunto se realmente era necessário matar aquele cara, já que ele tinha me dado as informações que eu queria.
Bom, parece que é tarde para arrependimentos.
Jogo o pano sujo que usei para limpar as mãos e dobro as mangas da minha camisa.
Viro-me para encarar este maldito lugar.
Estou em um dos nossos galpões de tortura, reservados para nossos inimigos.
O clima aqui é tão pesado que juro ser capaz de ouvir os gritos e lamentos das almas que mandei para o inferno.
— Chefe, seu pai está esperando no helicóptero.
Viro-me novamente e vejo um dos seguranças particulares do meu querido pai.
— Vamos, então — respondo, e ele se afasta da porta para que eu possa passar.
Ao caminhar pelo corredor, ouço os gritos e prantos dos homens presos aqui.
Mas para mim, são apenas melodias melancólicas, agradáveis aos meus ouvidos.
Acompanhado pelos meus seguranças, seguimos até o último andar, onde o helicóptero nos aguarda.
Assim que dou um passo à frente, a brisa fresca provocada pelas hélices bagunça meus cabelos.
— Lucca, meu filho — diz meu pai assim que nota minha presença — como é bom te ver.
Reviro os olhos e me aproximo dele.
Por que ele está tão contente hoje?
Entro no helicóptero, e o piloto começa a decolar.
— O que é tão importante para você estar aqui a essa hora?
Pergunto, e o sorriso dele se alarga ainda mais.
— Não me diga que esqueceu da reunião importante com os Rossi?
Ele responde, e eu levanto uma das sobrancelhas.
Merda, eu esqueci dessa maldita reunião.
— E então? Pronto? — ele me questiona ao perceber meu silêncio.
Olho diretamente nos olhos dele, sem expressar nenhuma emoção.
— Eu sempre estou pronto — respondo, e noto que ele engole em seco.
Passo a mão pelos cabelos e olho pela janela, para evitar que ele tente puxar conversa.
Odeio quando ele tenta interações de pai e filho.
Família Rossi...
Faz sete anos desde a última vez que ouvi algo sobre esse sobrenome.
Minha última interação com um membro dessa família foi no baile de máscaras da máfia.
E minha última lembrança foi dela...
Cassandra Rossi.
Quebrando todos os protocolos estabelecidos pelo Conselho Supremo da máfia, ela matou a mãos nuas um dos herdeiros da família Venturelli porque ele tocou nos seios dela.
Ver a morte dele foi extremamente satisfatório. E, além disso, excitante.
Aquele idiota não parava de fazer piadinhas inapropriadas e de encará-la como se fosse um pedaço de carne.
Mas tocar no corpo dela foi a gota d’água até para mim.
Depois que ela o matou, houve uma enorme confusão, surgiram novos rivais, e, claro, as pessoas passaram a desprezá-la, mesmo ela tendo feito a coisa certa.
Claro, se eu estivesse no lugar dela, não o mataria com um simples corte na garganta, mas teria o belo prazer de espremer os olhos dele e cortar suas bolas.
Mas ainda assim, não deixa de ser excitante o que ela fez naquele dia.
E, depois de algum tempo, soube que a lista de pretendentes dela diminuiu, pois todos, principalmente as famílias com herdeiras ao invés de herdeiros, ficaram com medo dela.
E, pela primeira vez em toda a minha vida, uma mulher permaneceu em meus pensamentos durante dois longos anos.
Depois daquele dia, Cassandra Rossi atiçou terrivelmente minha curiosidade, mas, principalmente, minha insanidade.
Pois, diferente das outras mulheres que fazem parte do mesmo mundo horrendo em que eu vivo, ela não abaixa a cabeça para nenhum homem, ou melhor, para ninguém.
E, depois de sete longos anos, agora eu me pergunto como será que ela está?!
O fato é que, da última vez que nossos olhos se cruzaram, acho que ela tinha 21 anos, e mesmo sendo nova, ela era belíssima.
E minha insanidade arde só de pensar naquele corpo esbelto que mais parece uma obra-prima
[....]
Cassandra Rossi ❄️
Paciência!
Essa é a palavra que estou tentando incorporar para que tudo corra bem durante a reunião que tenho com os Moretti.
— Cassy, minha filha, você sabe que esse acordo é de extrema importância para a nossa família, não é?
Perguntou meu pai, e eu virei o rosto para encará-lo.
— Jamais volte a me chamar assim, mas sim, eu sei perfeitamente da importância deste acordo — respondo, sem expressar nenhuma emoção.
Ele suspirou e me olhou com tristeza.
— Filha, você é uma mulher tão linda... sei que a morte do seu irmão ainda é uma ferida aberta, mas você não acha que já está na hora de...
— Por favor, pare. Eu sei perfeitamente o que quero fazer da minha vida. E eu também não vou passar o meu lugar como chefe para um dos meus primos.
Meu pai permaneceu mudo, mas continuou me olhando nos olhos.
Possivelmente está à procura de algo que possa mostrar a ele que a antiga Cassandra ainda está viva, mas, infelizmente, ela morreu.
— Você me dá medo, Cassandra — disse ele, e eu sorri com orgulho do que ele acabara de me dizer.
— Ótimo — respondi, e depois parei de encará-lo.
Um silêncio imenso se formou durante toda a viagem.
[...]
— Por aqui, senhores, meus chefes estão esperando por vocês no escritório.
Disse a governanta da mansão Moretti.
Chegamos há mais ou menos 5 minutos, mas eu já quero ir embora.
Esse lugar é tão apagado quanto a minha vida.
As paredes estão pintadas com cores neutras, a decoração e a maioria dos móveis são pretos.
A única coisa de cor viva e fluorescente é o vaso de plantas e as rosas brancas dentro dele.
Dei um passo adiante e acompanhei a governanta até o escritório, mas, antes que ela pudesse abrir a porta, uma das empregadas apareceu.
— Boa noite, senhores. Peço desculpas, mas houve uma mudança de planos.
Disse ela, e tanto a governanta quanto meu pai e eu ficamos surpresos.
— Como assim? — perguntou a governanta.
— O pai do senhor Lucca quer conversar com o senhor Álvaro à sós. E pediu que a senhorita Cassandra vá ao escritório e converse com o senhor Lucca.
Franzi uma das minhas sobrancelhas e encarei meu pai, mas ele parecia não saber do que estava acontecendo também.
— E por que o seu chefe quer conversar apenas com meu pai, sendo que o acordo tem que ser assinado por mim, já que eu sou a chefe? — perguntei com certa raiva, e ela me olhou com medo.
Quem esse homem pensa que é?
Isso é algum jeito de me humilhar por eu ser mulher?
Ele acha que não estou à altura de conversar com ele?
Como todos permaneceram calados, acabei ficando com mais raiva.
— Diga ao seu chefe que nós vamos embora — falei assim que me virei para ir embora.
— O que está fazendo, Cassandra? — perguntou meu pai com um certo medo.
Encarei meus seguranças, e eles vieram até mim.
— Dois de vocês ficam com meu pai. O resto vem comigo.
— Como desejar, senhora.
Disseram eles, e eu me preparei para andar, mas alguém chamou por mim, então olhei para trás.
— O que está acontecendo? Por que está indo embora, Cassandra?
Um homem de idade apareceu, acompanhado por quatro seguranças, e ele, por algum motivo, está sorrindo para mim e para meu pai.
Eu continuei olhando para ele, e então ele caminhou até nós.
- Peço desculpas pela demora, Thomas Moretti. Sou o pai de Lucca.
Disse ele ao estender a mão para me cumprimentar.
- Não faz mal, eu já estava de saída - respondi assim que apertei a mão dele.
Ele parece confuso.
- Mas nós ainda não concluímos o nosso acordo - respondeu ele depois de cumprimentar meu pai. - O que houve para que você ficasse tão estressada?
- Me diz você! Por que quer conversar apenas com meu pai, sendo que eu sou a chefe? Sem a minha assinatura, nenhum acordo será feito!
Perguntei, cruzando os braços.
- Oh, acho que houve uma confusão. Talvez a minha empregada tenha esquecido de mencionar que quem vai assinar é meu filho, e não eu. Lucca já é o chefe da nossa máfia. Por isso, achei que somente vocês dois precisariam conversar e decidir os termos do acordo. Eu e seu pai apenas esperaríamos pela conclusão final.
Respondeu ele de forma neutra, e me amaldiçoei por ter perdido a paciência tão cedo.
Odeio que os homens pensem que, por eu ser mulher, não tenho capacidade de liderar uma máfia.
Mas odeio ainda mais quando eu mesma dou motivos para eles pensarem isso.
Respirando fundo, forcei um pequeno sorriso nos lábios.
- Então, quem deve se desculpar aqui sou eu - respondi, com um nó na garganta.
E ver este sorriso largo no rosto dele me deixa mais irritada. Certamente, ele acaba de marcar um ponto.
Ótimo.
Homens 1, Cassandra 0.
- Não faz mal, todos nós temos um dia ruim, não é mesmo? - perguntou ele, e eu continuei calada. - Então, você pode ir para o escritório, meu filho está à espera.
Encarei meu pai, que sorriu sem mostrar os dentes.
"Por aqui, senhora," disse a governanta, e passei por Thomas e pelo meu pai.
Depois de alguns passos, chegamos ao escritório.
E a governanta acabou de girar a maçaneta da porta.
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Atualizado até capítulo 48
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