Cassandra Rossi ❄️
Lamentos e mais lamentos, por que estou correndo?
Não há saída, Cassandra, nunca houve.
— Cassy?
Essa voz?... Esse apelido...
Virei para trás e, com emoção, avistei o meu irmão.
— Nathanael? — perguntei, chocada, e ele sorriu, abrindo os braços.
Estamos distantes um do outro, mas isso não é um problema, basta eu correr, não é? Igual àquele dia... correr sem parar.
Não, não pode ser... estive tão perto.
— Nathanael... — digo em voz baixa ao vê-lo desfigurado e sangrando muito.
Ele continuou sorrindo, mas depois caiu no chão...
— Nat, NAT! — grito por ele e me abaixo para encará-lo.
— Por que você se foi, Cassy...? Por que me deixou para trás?
Ele me perguntou e minhas mãos começaram a tremer.
Do que ele está falando? Foi ele quem me disse para correr.
Eu só fiz o que ele mandou... não é?
— Você é uma péssima pessoa, foi culpa sua, culpa sua, Cassandra.
— Não, eu não queria aquilo — falei enquanto lágrimas desciam pelo meu rosto.
— Você foi uma covarde e me abandonou lá... Eu te odeio, Cassandra.
Cassandra?
Ele nunca me chamou assim, eu sempre fui a Cassy para ele...
— É culpa sua, sua, SUA!
— NÃO! — com o coração acelerado, olho ao redor do que me parece ser o meu quarto.
Então? Foi tudo um sonho?
Levo uma das minhas mãos ao peito e sinto as batidas aceleradas do meu coração.
Fecho os olhos e respiro fundo.
— Fique calma, Cassandra — falo comigo mesma antes de levantar da cama e ir até a janela.
Abro a janela e respiro o ar puro da manhã.
Só assim consigo me acalmar.
Mas esses pesadelos sempre voltam... sempre me deixam aflita.
— Mas você foi a culpada no final das contas, Cassy.
Um dos meus pensamentos intrusos apareceu em minha mente e eu tentei não me afetar com isso.
Hoje completa 16 anos desde a morte de Nathanael... E, embora isso faça tanto tempo, ainda me culpo pelo que aconteceu.
Talvez, se eu não tivesse o deixado para morrer ao invés de ajudá-lo, ele estaria aqui.
Mas eu obedeci e fui embora... E ele também não cumpriu o que me prometeu.
Ficar vivo...
Me assusto com as batidas na porta e corro para abri-la.
— Bom dia, chefe — disse uma das empregadas da mansão.
— Bom dia — respondo sem ânimo.
Ela entrou em meu quarto, como todos os dias, para fazer a faxina e garantir que tudo estivesse limpo.
Vou até o meu armário e pego uma toalha para ir tomar banho.
Mas, assim que me tranco no banheiro, ouço a voz da minha mãe e presto atenção.
— Esteja pronta daqui a meia hora, temos uma reunião importante com os Moretti. Espero que não tenha esquecido disso?!
Ouço ela dizer e abro a porta novamente.
— Não, eu não esqueci. Inclusive, estou indo tomar banho agora, então, se puder, saia do meu quarto.
Respondo, e ela me olha com desdém.
— Cuidado com a forma como fala comigo, sua bastarda.
Sorri pelo canto da boca.
Bastarda... é assim que ela se refere a mim, desde que Nathanael se foi.
Mas, diferente dos primeiros anos, agora eu não sinto mais nada.
Não tenho sentimentos e nem os sinto mais.
Amor? Dor?
São apenas palavras vazias no meu modo de vida.
— Mas sem a bastarda aqui, você não continuaria tendo essa vida de glamour. Então, se não for pedir muito, saia do meu quarto agora.
— Tudo seria mais fácil se Nathanael ainda estivesse aqui.
Fecho os lábios e a encaro.
— Foi culpa sua que ele se foi. Se tivesse ficado ao lado dele e lutado com ele, meu príncipe ainda estaria aq...
Não deixo ela terminar e dou um tapa em seu rosto.
Quem ela pensa que é?
Ela acha que foi fácil para mim?
Que a morte dele não me afetou?
Que não dói saber que ele morreu ao me salvar?
— SAIA DO MEU QUARTO AGORA, PORRA!
Grito, e ela continuou sem reação, então eu mesma a retirei do meu quarto.
— E você? — chamei pela empregada. — Saia daqui também, merda.
Apressadamente, ela saiu do meu quarto, e eu soquei a parede com tanta força que acho que quebrei a parede.
Mas lembram o que eu disse?
Eu não sinto mais nada, apenas vivo.
Fui ao banheiro e fiz minha higiene.
[...]
Me encaro no espelho depois de ter me arrumado toda para essa tal reunião.
Como todos os dias, me vesti de preto. Pois esta é a cor que representa o mundo em que eu vivo.
Deixei os meus cabelos negros soltos e passei um pouco de batom vermelho.
Quando Nathanael morreu, eu passei a ser a única herdeira da máfia Rossi. Mesmo contra a vontade dos meus pais, obtive o direito absoluto à sucessão, pois Nathanael havia decretado que, caso ele viesse a morrer, quem ocuparia o lugar dele seria eu.
E durante meus anos de treinamento para estar à altura desse imenso desafio, meus pais tentaram de tudo para que eu abandonasse a herança e desse meu título a um dos meus primos.
E vocês nem imaginam qual era o principal argumento deles para que eu desistisse de tudo:
Ser mulher!
Pois é, para eles, uma mulher nunca deveria estar na posição em que estou.
Minha própria mãe cuspiu na minha cara que, se Nathanael não tivesse me deixado o legado da herança, hoje eu estaria casada à força com um dos nossos aliados ou até mesmo com um dos nossos inimigos mortais.
Tudo dependeria da raiva que ela sentiria no dia em que esse suposto casamento arranjado acontecesse.
Acho que foi por isso que Nathanael me deu a liderança da família, pois ele era o único que acreditava em mim e o único que tinha o coração puro para entender que eu jamais estaria feliz em um casamento forçado com alguém que eu não escolhi por amor.
Mas tudo isso teve um preço... Por conta da minha rebeldia, eu nunca tive amigas, pois as máfias rivais temiam que eu forjasse uma rebelião entre as mulheres, para que elas se rebelassem e recusassem os casamentos oferecidos por eles.
Mesmo que eu jamais tenha tido uma amiga, vários homens vieram me cortejar, porque, infelizmente, eu sou uma mulher formosa.
Maldito seja o dia em que me tornei uma mulher tão atraente, por isso, os homens acham que sou fácil e burra.
Além de me fazerem ofertas indecentes e piadas de muito mau gosto.
Só que tudo mudou no dia em que matei um dos imbecis que tentou me beijar à força em um dos bailes de máscaras da máfia.
Me lembro daquele dia, cortei a garganta dele com uma das minhas adagas logo depois que ele tocou nos meus seios.
E, depois daquele dia, os idiotas pararam de me assediar, pois, caso contrário, virariam cinzas e queimariam no fogo do inferno antes da hora.
Mas por causa disso, ganhei vários inimigos, e muitos dos nossos aliados nos abandonaram.
Mas, no final, isso não importa. Eu sozinha derramei mais sangue do que Nathanael. Sabe por quê?
Porque, diferente dele, eu não penso duas vezes antes de tirar a vida de quem estiver no meu caminho.
Se dependesse de mim, eu mandava todos para o inferno.
Mas, por mais inacreditável que pareça, o inferno está vazio, pois todos os demônios estão vagando em terra seca.
E eu?
Sou o pior de todos.
Iniciação da postagem dos capítulos 15 de dezembro.
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Atualizado até capítulo 48
Comments
Érica Cristina
CARLOTINHA COMEÇANDO HOJE PORQUE IMAGINO QUE NÃO FALTA MUITO PARA O FINAL , ENTÃO NÃO TERI UM INFARTO!!! ANSIOSA É A PALAVRA QUE ME DEFINE BJOOOOO
2025-04-13
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