2 Tão Longe de Casa.

Luke se mostrava um motorista habilidoso e concentrado, mantendo os olhos fixos na estrada e as mãos firmes no volante. Não era de falar muito enquanto dirigia, e o silêncio dele contrastava com o alvoroço no banco de trás, onde os trigêmeos pareciam incapazes de ficar quietos. Quando não estavam se estapeando, trocavam provocações e insultos com uma energia que parecia infinita. Por um momento, me peguei pensando como seria ter irmãos. Será que minha casa seria tão agitada? Será que eu me sentiria menos sozinha? Mas agora, essas reflexões não tinham importância. Minha vida estava do outro lado do país, e não havia volta.

A paisagem pela janela era linda, marcada por campos verdes pontuados por pequenas flores que pareciam acenar com o vento. Ao longe, uma floresta densa se erguia como um muro natural. No entanto, esse cenário idílico logo deu lugar a ruas com casas simples e ordenadas, sinais de que estávamos nos aproximando da cidade. Não demorou muito até o carro parar em frente a um prédio grande, com alunos espalhados pela entrada: a escola.

Ao estacionarmos, algumas garotas se viraram ao reconhecer o carro, cochichando entre si. Luke desceu com a mesma confiança de sempre, passando a mão pelos cabelos enquanto caminhava em direção a um grupo de rapazes encostados no pequeno muro que cercava o terreno. Eles acenaram ao vê-lo, claramente animados com sua chegada, e logo começaram a se aproximar.

- Ei, Lara! Você tem que descer - disse Ariel, com um tom sarcástico, enquanto abria a porta do meu lado. Com um suspiro, desci do carro, sentindo um desconforto crescente. Era como uma chama pequena e discreta que ameaçava se transformar em um incêndio a qualquer momento.

Ajustei a saia do uniforme que estava um pouco amassada, embora não tanto quanto eu imaginava. Meu olhar pairava nos detalhes ao redor enquanto tentava ignorar a sensação de estar sendo observada.

- O que temos aqui? - perguntou um garoto loiro assim que seus olhos caíram sobre mim. Ele estava do outro lado do carro, ao lado de Luke, e tinha um sorriso curioso que me fez apertar os lábios em um sorriso nervoso.

- Essa é a Lara, cara! Eu já tinha falado pra vocês! Aqui está a mais nova integrante da família Miley! - disse Luke, com um tom animado e alto o suficiente para que não apenas seus amigos, mas praticamente toda a entrada da escola pudesse ouvir. Ele deu a volta no carro rapidamente, e os trigêmeos no banco de trás começaram a rir ao perceber o rubor que subia pelo meu rosto.

- Esqueceram de nos avisar que ela era linda! - comentou um rapaz moreno, com porte atlético que lembrava um jogador de basquete. Ele tinha um sorriso fácil e confiante. - Eu sou Noah.

- Muito prazer - respondi, estendendo a mão, que pareceu pairar no ar por um momento desconfortavelmente longo até que ele finalmente a apertasse.

- Esses são Mike e Johan - disse Luke, apontando para outros dois rapazes que se aproximavam. Mike, loiro de olhos claros, era bonito de uma forma óbvia e confiante. Uma camisa de lacrosse estava casualmente jogada sobre seu ombro enquanto ele acenava para mim com um sorriso fácil, claramente acostumado a chamar atenção. Johan, por outro lado, era moreno e igualmente charmoso, mas mais reservado. Limitou-se a um "oi" curto, acompanhado de um olhar rápido e discreto. Ambos pareciam pertencer ao mesmo grupo descolado que gravitava em torno de Luke.

Antes que qualquer conversa se aprofundasse, o sino da escola soou, ecoando pelo pátio e chamando todos para dentro. As garotas que estavam sentadas nas escadas da entrada se levantaram de imediato, ajeitando os cabelos e assumindo poses quase ensaiadas enquanto os garotos passavam. Não consegui evitar uma risada baixa ao vê-las tão óbvias. "Como elas são fáceis", pensei, observando o teatro delas.

Caminhei junto com o grupo, tentando acompanhar o ritmo natural que eles pareciam ter. Os trigêmeos seguiam logo atrás, rindo alto e cumprimentando colegas em uma sinfonia de "E aí, cara!" e "Oi, gente!" que fazia parecer que conheciam todo mundo. Um pensamento me atravessou: será que todos nessa família eram populares?

Ao chegarmos ao corredor principal, Luke parou e apontou para um dos armários metálicos.

- É aqui, o seu. Não esqueça - disse ele com um sorriso antes de seguir adiante com os amigos.

Fiz que sim com a cabeça, embora não precisasse do lembrete. Na semana anterior, durante a visita para conhecer a escola, uma instrutora já tinha me mostrado exatamente onde ficava. Respirei fundo e comecei a abrir a porta do armário, tentando ignorar o burburinho ao meu redor.

- Oi! - A voz feminina me pegou de surpresa. Um belo rosto apareceu atrás da porta aberta do meu armário, com olhos brilhantes e um sorriso simpático.

- Eu sou Megan.

- Lara - respondi, retribuindo o sorriso. Megan parecia genuinamente amigável, e isso me deu uma pequena sensação de alívio em meio ao caos do primeiro dia.

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