Beth e Otávio ajudam Sarah a arrumar o apartamento, e a colocar as coisas no lugar, já que ela levou apenas as coisas pessoais. Otávio o tempo todo resmunga que ela deveria ter levado as obras de arte e os tapetes e cortinas, pois, evitaria gastos. Beth o olha com cara de poucos amigos e ele não se manca nem um pouco.
__ Olha\, se fosse eu a mulher traída\, deixava ele a pão e mexerica. Ele se arrependeria até de ter nascido. __ Fala Otávio\, batendo com raiva numa almofada como se ela fosse a culpada.
Mesmo estando abatida e muito triste, Sarah ri do jeito do seu amigo e sabe que ele fala dessa forma, por gostar muito dela.
__ Otávio\, fica quieto e pare de falar\, tem meia hora que você está colocando as almofadas no sofá! __ Beth zanga com ele\, tomando a almofada da sua mão e o empurrando no sofá.
O apartamento é pequeno e o prédio tem poucos moradores. Uma habitação recém-construída, para pessoas que moram sozinhas.
__ Sarah\, minha diva! Por que você escolheu este local minúsculo para morar? Juro que não te entendo\, você morava numa mansão\, com todo conforto\, empregados e uma enorme área verde\, agora\, se quiser ver um passarinho\, terá que atravessar a cidade e ir até o parque municipal.__ Otávio a questiona\, esparramado no sofá\, vendo as duas mulheres retirando as coisas das caixas.
__ Não quero depender de ninguém, cuidarei eu mesma das minhas coisas e quando quiser sair e ficar fora por um tempo, passarei a chave na porta e não quero me preocupar com nem mesmo um vaso de flor para regrar.
__ Nossa\, amiga! Parece que você não quer nem mesmo a gente com você. Não tem um quarto de hóspedes nem nada\, se viermos passar um final de semana com você\, terei que dormir no sofá e a Beth no chão.__ Otávio arranca um sorriso do seu rosto cansado e triste.
__ Por que eu tenho que dormir no chão\, você\, por ser um cavalheiro\, me cedera o sofá e desfrutará uma noite maravilhosa no tapete. __ Beth se espalha ao lado de Otávio no sofá e decide onde dormirá.
Sarah, olhando os dois brigando por uma hipótese, logo se joga entre os dois e passando os seus braços por seus ombros, diz:
__ Não precisam brigar\, a minha cama é enorme\, dormiremos os três no meu quarto. __ Eles a beijam e ficam conversando no sofá e com o jeito fofo dos amigos\, ela consegue se distrair um pouco e até mesmo sorrir ao lado deles.
Logo a solidão bate a porta, pois eles vão embora e ela não tem nem mesmo um gato por companhia.
Observando pela janela, as ruas movimentadas da cidade e buzinas por todos os lados, ela sente um vazio na alma e se dá conta que depois de todos os anos de conquistas, sucesso profissional e vida familiar, ela está sozinha e assim permanecerá, pois não consegue ver um futuro com a casa cheia de gente, pessoas sorrindo e dançando. Só uma senhora, sem estímulo ou sentido de viver.
A solidão é uma péssima companhia, pensa ela, com uma lágrima nos olhos e um nó na garganta. De repente ela ouve um casal discutindo e logo em seguida uma porta batendo forte. Minutos depois, um homem entra no carro apressado, jogando as malas no banco de trás e uma mulher chorando, de camisola, sentada na calçada.
Pelo olhar da artista, ela vê um drama e mais um coração partido. Então, ela continua na janela, observando o tempo que aquela mulher sofre os seus desencantos. A sua alma de artista se identifica com a cena e pegando um bloco de papel vergê, ela risca as silhuetas da pessoa que com a cabeça entre as pernas, chora desesperada.
Sentada no sofá, ela dorme, deixando o bloco cair no tapete e passando por uma madorna, ela acorda desesperada, não sabendo onde está e perdida, não lembrando que está sozinha num apertado apartamento, quarto e sala.
__ Droga! Onde estou? __ Desnorteada\, ela lembra-se de tudo e começa a chorar\, escorregando o seu corpo até o chão\, sentindo medo e pena de si mesma.
A realidade é dura, principalmente quando não se foi preparada para viver esse momento. Os seus pensamentos vagam nas lembranças de um quarto aconchegante e um beijo de boa noite que foi dado durante trinta anos. O cheiro de loção pós-barba e o creme hidratante que passava antes de dormir e que ao aconchegar nos braços um do outro os perfumes se misturavam nos lençóis onde o amor fluia, carícias e beijos. Uma ausência e uma dor no peito, a certeza de que nunca mais sentirá essa paixão ou reviverá esse amor, que quer arrancar do seu peito. Sarah chora até soluçar e abraçando as suas pernas em desespero, fica em posição fetal, no tapete da sala, o qual é o seu único amparo.
__ Roberto\, como você pode nos destruir desse jeito\, eu te amei tanto!__ ela chora\, falando baixinho\, como se ele pudesse lhe ouvir.
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Atualizado até capítulo 78
Comments
Renata Nascimento
Mulher de Deus, vc n precisa depender e ngm, vc é o q mantém galeria viva.
2025-04-17
2
Júlia Caires
essa mulher qdo se levantar vai abalar estruturas, viva sua dor querida e renasça
2025-04-10
3
Júlia Caires
mas pra quê a mexerica, só o pão estava bom kkkkkkkk
2025-04-10
0